O Benfica goleou este domingo do Vizela, por 6-1, tendo construído uma vantagem tão robusta quanto justa no primeiro tempo, por 5-0, depois de 45 minutos em que os encarnados desenvolveram uma das melhores exibições conseguidas na presente época. Só que o mesmo Benfica, no segundo tempo sem Rafa e com Di Maria, desligou o turbo, parou o carrossel ofensivo, e perante a formação “lanterna vermelha” do campeonato, acabou por marcar apenas mais um golo, vindo a sofrer um golo dos vizelenses, podendo dizer-se que depois de uma vitória robusta e merecida no primeiro tempo, o Benfica não conseguiu melhor do que um empate nos segundos 45 minutos.
Aliás, o Vizela até poderia ter feito mais um golo na segunda parte, algo que não aconteceu porque Trubin, depois de ter oferecido o golo da turma minhota ao minuto 48′, apontado por Essende na sequência de um erro do guarda-redes ucraniano, o mesmo Trubin defendeu uma grande penalidade assinalada ao minuto 70′ por falta de Morato sobre Tomás Silva. Essende quis converter o castigo máximo, mas o guardião ucraniano adivinhou o lado, caiu para a esquerda e defendeu o penálti, passando a ser o primeiro guarda-redes na história do Benfica a defender três grandes penalidades na mesma época.
Foi assim possível assistir à exibição de um Benfica bipolar, com duas prestações totalmente distintas do primeiro para o segundo tempo, com uma primeira parte em que goleou, mostrou ter jogadores que quiseram mostrar capacidade para ter mais tempo de jogo e justificou o 5-0 ao intervalo, mas com uma segunda parte igual à de tantas outras exibições menos conseguidas da turma benfiquista. É claro que se poderá dizer que depois de estar a vencer por cinco golos o Benfica baixou naturalmente o ritmo, mas também é um facto que o Vizela pôde finalmente assentar o seu jogo, conseguindo chegar com mais perigo à baliza de Trubin, algo que não tinha conseguido fazer antes do intervalo.
Rafa faz a diferença no Benfica… para melhor!
Além disso, ficou claro que o Benfica com Rafa é totalmente diferente do Benfica sem Rafa, um jogador que na primeira parte marcou golos, deu a marcar e foi claramente ele o turbo da equipa encarnada. Depois do intervalo, quando Rafa ficou no balneário e foi chamado à equipa o argentino Di Maria, a equipa de Roger Schmidt perdeu a capacidade de acelerar o jogo, e apenas a espaços continuou a aparecer David Neresjogador que mereceu mesmo a indicação de “homem do jogo” no final da partida.
Convém dar conta que Roger Schmidt começou por surpreender na forma como organizou a sua equipa para este embate com o Vizela, com uma linha defensiva formada por Bah, Otamendi, Tomás Araújo e Morato — António Silva ficou no banco depois de ter perdido o seu avô, falecido durante a semana —, ainda João Neves e João Mário na linha média, surgindo depois uma linha de três elementos — Tiago Gouveia, Rafa e David Neres — no apoio ao avançado Casper Tengsted. Do lado do Vizela, o técnico espanhol Ruben de la Barrera escalou um onze com o guarda-redes Ruberto, uma primeira linha de três centrais — Jota, Anderson e Lebedenko —, quatro médios com os laterais a fecharem os corredores — Tomás Silva, Diogo Nascimento, Bruno Costa e Matheus Pereira —, sobrando Abdul Awudu, Essende e Domingos Quina para a linha mais adiantada no terreno.
Com estes esquemas, o Benfica entrou melhor no jogo, sempre em enorme velocidade nos lances ofensivos e levando o Vizela ao erro fácil, sempre aproveitado pelos jogadores benfiquistas. Acabou assim a equipa da casa por marcar o primeiro golo aos 16 minutos, por David Neres, depois de uma recuperação de posse de bola por Rafa com Tengsted a fazer a assistência para o golo.
Aberta a contagem, e depois do Vizela ter sofrido nova contrariedade, com a lesão do seu guarda-redes Ruberto, que sofreu uma lesão muscular que o obrigou a sair dando o seu lugar a Buntic, o marcador foi incrementado logo de seguida, ao minuto 26, num cabeceamento de Otamendi a responder a um cruzamento milimétrico batido por David Neres, com o capitão do Benfica a conseguir o segundo golo do jogo. Rafa Silva era por esta altura o verdadeiro motor dos encarnados, e de tal forma que à passagem da meia-hora foi o camisola 27 a conduzir novo contra-ataque, assistindo Tengsted que rematou a bola ao poste esquerdo da baliza do Vizela, aparecendo Tiago Gouveia a fazer a recarga vitoriosa para o 3-0.
O Benfica não baixava o ritmo e ninguém estranhou que os encarnados conseguissem mais dois golos, o quarto do jogo ao minuto 45’+01′, por David Neres, que bisou depois de uma assistência de Rafa Silva, e o quinto ao minuto 45’+04′, apontado por Rafa depois de uma assistência de Tengsted, fechando-se a contagem ao intervalo com uma tão convincente quando justificada goleada do Benfica sobre o Vizela.
Di Maria sozinho não chama a Primavera
Para o segundo tempo, quando se esperaria que o Benfica pudesse continuar com a mesma qualidade do futebol praticado, Roger Schmidt começou por tirar Rafa do jogo fazendo entrar Di Maria, passando Tiago Gouveia a aparecer mais a meio do terreno, nas costas de Tengsted, perdendo a equipa benfiquista a facilidade com que havia causado desequilíbrios na primeira metade do encontro.
O argentino, sem ninguém a construir a contento, raramente conseguiu colocar o Benfica a brilhar, e pior ficou a equipa benfiquista mais tarde quando João Neves deu o seu lugar a Aursnes, tudo isto enquanto o Vizela conseguia assentar o seu jogo, faturando mesmo um golo ao minuto 48′ por Essende, depois do erro já referido de Trubin.
O Vizela não reduziu ainda mais a desvantagem porque Trubin defendeu a grande penalidade cobrada por Essende ao minuto 72′, acabando o Benfica por fechar a contagem ao minuto 88′, por Marcos Leonardo, avançado que entretanto havia entrado por troca com Tengsted.
Schmidt ainda utilizou Álvaro Carreras e Rollheiser, por troca com David Neres e Tiago Gouveia, mudanças ocorridas ao minuto 90′ que pouco ou nada trouxeram ao jogo, isto porque nem permitiram alterar o jogo do Benfica, nem dar minutos aos dois jovens reforços do Benfica, isto porque o jogo terminou logo depois das mudanças.
É claro que Roger Schmidt pôde dizer no final que se tratou de uma das melhores exibições do Benfica na presente temporada, mas resta agora saber se já na próxima quinta-feira, quando defrontar o Toulouse, irá apostar numa equipa com base no onze e na velocidade e criatividade exibidos no primeiro tempo contra o Vizela, ou se voltará ao registo do segundo tempo, de novo com Di Maria e João Mário na linha ofensiva, com Kokçu no meio do terreno e David Neres no banco de suplentes. Resta-nos esperar para vermos se o Benfica voltará a este registo no jogo em França.
Já o Vizela, que reforçou ainda mais o estatuto de “lanterna vermelha” depois deste jogo, terá que encontrar outra fórmula para não cometer tantos erros e conseguir construir mais e ser mais assertivo, nomeadamente na fase para a qual o campeonato irá avançar nas próximas semanas em que se irão definir as posições do fundo da tabela com as lutas cada vez mais intensas pela manutenção.