Um empate praticamente arrancado a ferros depois de duas situações de desvantagem, vários lances polémicos com muitas críticas dirigidas à equipa de arbitragem e a expulsão de Evanilson com um cartão vermelho directo ao minuto 90’+04′ por agressão sobre Mihaj dentro da área da turma visitante, assim se pode resumir a história do empate entre FC Porto e Famalicão, em jogo referente à 29ª jornada da I Liga. Pelo terceiro jogo consecutivo (e o segundo jogo consecutivo no Estádio do Dragão) o FC Porto não conseguiu vencer o seu jogo para a I Liga, acabando os jogadores e a equipa técnica dos dragões por serem “brindados” com uma enorme vaia por parte dos seus próprios adeptos, uma assobiadela que levou mesmo o técnico Sérgio Conceição, no final do jogo, a colocar o seu lugar à disposição do presidente Pinto da Costa, afirmando que a sua saída “pode ser agora”.
Sobre este jogo, a verdade é que mesmo a jogar em casa o FC Porto apenas conseguiu alguma superioridade no jogo na fase final do mesmo, quando lutava para chegar ao empate e, eventualmente, marcar o golo que desse a conquista dos três pontos. Do outro lado, o Famalicão, que esteve por duas vezes em vantagem no marcador, sempre com golos de Jonder Cádiz, evidenciou uma prestação tranquila e assertiva, frente a um adversário que jogou claramente sobre brasas, com o técnico Sérgio Conceição a errar nas opções iniciais de uma equipa portista que entrou em campo com algumas novidades face aos jogos mais recentes.
Com efeito, Conceição apostou para este jogo em Grujic, Jorge Sánchez e Ivan Jaime, três elementos que sem qualquer dúvida não justificaram a aposta que o técnico fez na sua utilização e que logo ao intervalo ficaram no balneário, permitindo as entradas de Galeno, Alan Varela e Taremi, jogadores normalmente titulares que desta feita começaram o jogo no banco de suplentes numa estratégia que se revelou errada da parte de Sérgio Conceição. Estas apostas do técnico do FC Porto, para além de não terem funcionado no capítulo da construção do jogo do FC Porto, permitiram ainda que o Famalicão recolhesse aos balneários em vantagem no marcador, obrigando o conjunto azul e branco a correr atrás do prejuízo, demorando todo o segundo tempo até conseguir o golo que permitiu o empate, para um mal menor já que o FC Porto esteve mesmo à beira de somar nova derrota no seu próprio estádio.
Famalicão dominou e FC Porto só acordou no fim
Com Diogo Costa entre os postes, Jorge Sánchez, Zé Pedro, Otávio e Wendell na defesa, para um jogo em que Pepe ficou de fora a cumprir castigo, ainda Grujic e Nico González na linha média, aparecendo depois Francisco Conceição, Pepê, Ivan Jaime e Evanilson no ataque, o FC Porto não conseguiu agarrar o jogo após o seu início e, ao invés, foi o Famalicão quem entrou melhor na partida, concretizando o primeiro golo logo ao minuto 9′, por Jander Cádiz. Armando Evangelista, o técnico da turma famalicense, apostou no guarda-redes Luíz Júnior, ainda em Nathan, Mihaj, Justin de Haas e Francisco Moura para a defesa, Topic, Zaydou Youssouf e Gustavo Sá a aparecerem no meio-campo e ainda Sorriso, Puma Rodríguez e Cádiz no ataque.
Porventura mais descontraídos e sem tanta pressão acumulada, os jogadores famalicenses entraram melhor no jogo e responderam à qualidade que lhes é reconhecida, nomeadamente à dupla ofensiva formada por Puma Rodriguez e Jonder Cádiz, os dois homens que construíram o primeiro golo do Famalicão no jogo, bem cedo no jogo, logo ao nono minuto. Rodriguez cruzou a partir do lado direito, Cádiz apareceu a cabecear entre os centrais do FC Porto e a bola entrou na baliza do FC Porto mesmo depois de um toque ainda dado por Diogo Costa que desviou a bola para a trave sem conseguir contudo impedir o golo famalicense.
O FC Porto conseguiu, ainda assim, chegar ao empate, depois de um lance individual de Francisco Conceição concluído com um remate em que a bola acabou por ser desviada no peito de Zaydou Youssouf para dentro da sua própria baliza. Decorria por esta altura o minuto 17′, a equipa da casa chegava ao empate e os adeptos portistas voltavam a acreditar que o jogo viria a ter uma história tranquila. Só que o Famalicão manteve a sua postura em campo, mais assertivo e com maior eficácia, conseguindo o segundo golo já nos minutos de compensação do primeiro tempo, uma vez mais a partir de um cruzamento do corredor direito do ataque famalicense, agora por Gustavo Sá ao qual apareceu o Jonder Cádiz para nova finalização certeira.
Sérgio Conceição mexeu na sua equipa ao intervalo, procurando conferir outro ímpeto a uma equipa até ali apática e sem convicção, e apostou então em elementos normalmente titulares, como Galeno ou Alan Varela. Contudo, as coisas teimavam em não correr bem ao FC Porto e os 30.510 espectadores nas bancadas no Estádio do Dragão, na sua grande maioria, naturalmente, adeptos do FC Porto, começavam a ficar ansiosos perante novo resultado negativo para os dragões. Ao minuto 54′, Taremi caiu na grande-área do Famalicão mas o árbitro Gustavo Correia mandou seguir sem nada assinalar. Depois, ao minuto 72′, primeiro Evanilson e depois Taremi perderam duas oportunidades flagrantes para fazer o empate, para desespero do técnico Sérgio Conceição e, porventura mais forte ainda, o desespero dos adeptos portistas que seguiam um jogo em que o Famalicão se mantinha na frente do marcador.
Árbitro poupou Zaydou Youssuf mas expulsou Evanilson
Finalmente, ao minuto 82′, Taremi conseguiu mesmo marcar para o FC Porto, na resposta a um lance construído a partir do corredor esquerdo por Galeno, com o avançado iraniano a fuzilar autenticamente a baliza famalicense para euforia dos adeptos portistas a partir das bancadas do Estádio do Dragão. O FC Porto já não tinha muito mais tempo para conseguir virar o resultado, mas ainda o tentou, num jogo em que foi no entando uma decisão do árbitro Gustavo Correia, ao minuto 85′, que provocou maior polémica, isto porque ficou por exibir um segundo cartão amarelo a Zaydou Youssuf depois de um pisão dado a Nico Gonzalez, o que seria sinónimo do cartão vermelho e expulsão para o defesa famalicense, algo que o juíz da partida não considerou já que a cartolina amarela ficou no seu bolso, apesar dos muitos protestos compreensíveis por parte dos homens do FC Porto.
Até ao final da partida o FC Porto jogou claramente mais com o coração do que com a cabeça, e já sobre o final do período de compensação ainda ficou sem o concurso de Evanilson, ele que se envolveu numa troca de argumentos com Mihaj, com este a cair depois de levar um “chega para lá” do avançado portista. O jogador do Famalicão recebeu um cartão amarelo, mas para Evanilson o árbitro Gustavo Correia mostrou um vermelho direto por considerar que se tratar de uma agressão, levando Sérgio Conceição a novo ataque de nervos.
O jogo terminou pouco depois, com o empate a dois golos, e com os adeptos a vaiarem a turma portista quedeixou o relvado do Estádio do Dragão debaixo de um coro de assobios. Afinal, o FC Porto averbou novo resultado negativo e, pior do que isso, cai para a quarta posição depois desta jornada, com os mesmos pontos do agora terceiro Sporting de Braga e com o Vitória de Guimarães à espreita a dois pontos dos portistas.