Na final da Taça de Portugal de futebol feminino, disputada este domingo no Estádio Nacional, no Jamor, Oeiras, o Benfica, logo depois de se ter consagrado campeão nacional, garantiu a conquista da Taça, com a vitória por 4-1 sobre o Racing Power, num jogo que começou equilibrado mas que, lenta e gradualmente, as jogadoras encarnadas foram desequilibrando os acontecimentos a seu favor.
Com o Estádio Nacional a registar novo recorde de assistência em finais da Taça em futebol feminino, com mais de 18 mil adeptos nas bancadas, as jogadoras do Benfica, às ordens de Filipa Patão, técnica de 35 anos das encarnadas, começaram por ser pressionadas pela formação do Racing Power que, bem orientada por João Marques, entrou em campo com alguma determinação e vontade de assumir o jogo.
A equipa do Benfica, porém, tinha a possibilidade de garantir um objectivo único, passando a ser a única equipa portuguesa a conquistar na mesma temporada a Liga, a Taça da Liga, a Supertaça e agora a Taça de Portugal, num oportunidade única que as jogadoras do clube da Luz não queriam deixar passar em claro.
Acabou assim a equipa do Benfica por, gradualmente, agarrar o controlo da partida, mostrando-se mais forte e mais eficaz. Com um onze iniciado formado por Lena Pauels, Christy Ucheibe, Carole Costa, Ana Seiça, Lúcia Alves, Anna Gasper, Andreia Faria, Andreia Norton, Francisca Nazareth, Marie Alidou e Chandra Davidson, a formação encarnada conseguiu mesmo ser a primeira a chegar à vantagem, ao minuto 25′, com um golo da canadiana Alidou.
Na sequência de um lance de contra-ataque, Kika Nazareth lançou a corrida de Andreia Faria, pela direita que, entrando na área do Racing Power, assistiu a canadiana Alidou que, no coração da área, inaugurou o marcador.
João Marques mostrou ainda assim ter uma formação bem estruturada e rapidamente o Racing Power quis responder à situação de desvantagem em que se encontrou.
Com uma equipa formada por Michaely Bihina, Beatriz Rodrigues, Jenna Tivnan, Lúcia Lobato, Bárbara Azevedo, Sini Laaksonen, Gerda Konst, Evy Pereira, Vanessa Marques, Mercy Idoko e Jennifer Vetter, a equipa que viajou da cidade do Seixal, na margem sul do Tejo, até ao Jamor, na tentativa de conquistar a sua primeira Taça de Portugal, conseguiu fazer o golo do empate.
Ao minuto 41′, na sequência de um canto batido do lado direita, Gerda Konst apareceu a cabecear para restabelecer a igualdade com um golo que vinha a ser “ameaçado” pelas jogadoras do Racing Power já há largos minutos.
As duas equipas recolheram assim aos balneários no Jamor com um empate a um golo, acabando por ser a formação do Benfica a regressar mais determinada. A justificar isso mesmo, à passagem do minuto 57′ a canadiana Alidou foi tocada num pé de uma forma irregular por Babi, dentro da área de baliza do Racing Power, acabando a juíza da partida, Catarina Campos por ser aconselhada pelo VAR a rever o lance. Da observação resultou a grande penalidade que, batida por Carole Costa ao minuto 60′, resultou no 2-1.
O segundo golo das encarnadas deu outra determinação às jogadoras de Filipa Patão, face a uma equipa do Racing Power que, depois do intervalo, entrou no jogo menos capaz.
Surgia assim a guarda-redes Bihina a assumir-se como a melhor dia turma do Seixal, ela que impediu um golo à canadiana Alidou ao minuto 67′, acabando por não ser capaz de evitar o terceiro tento das encarnadas dois minutos depois, por Lúcia Alves, ela que recebeu um passe em profundidade de Kika Nazareth e, isolada em frente a Bihina, enviou a bola à flor da relva para junto do poste direito da baliza do Racing.
Lúcia Alves não conseguiu suster as lágrimas nem a emoção, apontando os dedos ao céu para uma dedicatória especial da jogador à sua avó materna recentemente falecida.
O Benfica passava a vencer por 3-1, tinha o jogo controlado e era agora uma questão de tempo para levar o jogo até ao final de uma forma controlada. As pupilas de Filipa Patão conseguiram isso mesmo, e acabaram mesmo por conseguir mais, isto porque já no tempo dado de compensação, aos 90’+05′, Kika Nazareth, ela que até então tinha estado já nos golos anteriores com assistências determinantes, acabou por faturar o quarto e último golo com que o Benfica selou a conquista desta Taça de Portugal, um troféu para juntar à conquista da Liga, da Taça da Liga e da Supertaça.
Será importante referir que já na fase final do segundo tempo foram utilizadas na equipa do Benfica orientada por Filipa Patão as jogadoras Catarina Amado, Laís Araújo, Pauleta, Jéssica Silva e Lara Martins, com esta última a conseguir mesmo chegar ao golo que no entanto foi anulado por posição irregular no momento em que finalizou o lance.
Do lado do Racing Power, João Marques pôde utilizar também no segundo tempo Inês Gonçalves, Dulce Quintana, Nerimar Infante, Campino e Jenny Vetter, acabando ainda assim por não conseguir dar a energia necessária à sua equipa para permitir uma resposta cabal aos golos do Benfica apontados ao longo do segundo tempo.
Acabaram assim as jogadoras encarnadas por subir à tribuna presidencial do Estádio Nacional onde Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, entregou a Taça de Portugal às jogadoras do Benfica que puderam assim festejar com os adeptos benfiquistas que permitiram uma excelente assistência no jogo do Jamor.
Carimbado o final da temporada perfeita da equipa de futebol feminino do Benfica, com quatro títulos conquistados nas quatro competições nacionais possíveis, jogadoras, equipa técnica e adeptos puderam assim celebrar em comunhão mais este triunfo por 4-1 sobre o Racing Power que permitiu a conquista da segunda Taça de Portugal no futebol feminino para o clube da Luz.
texto: Jorge Reis
fotos: Luís Moreira Duarte