O Benfica garantiu hoje uma vitória robusta na recepção ao Arouca, no último jogo dos encarnados no Estádio da Luz na presente temporada, acabando mesmo por golear a turma arouquense por 5-0 no jogo que permitiu a despedida de Rafa perante os adeptos benquistas. O camisola 27 do Benfica, que termina contrato com o clube no final da época e não irá renovar, marcou dois golos neste jogo e mereceu mesmo enormes manifestações de carinho por parte do público, excepção feita aos elementos da claque dos No Name Boys que apuparam Rafa quando este já estava fora das quatro linhas, acabando a claque por ser “abafada” pelos restantes adeptos que de imediato gritaram o nome de Rafa e lhe tributaram enormes aplausos.
Naquele que foi o último jogo da época do Benfica perante o seu público no Estádio da Luz, Roger Schmidt voltou a escalar uma equipa sem ponta-de-lança, colocando Rafa Silva como o homem mais adiantado. O facto de Arthur Cabral e Marcos Leonardo estarem entregues aos cuidados do departamento clínico dos encarnados terá ajudado Schmidt a decidir-se pela aposta de novo numa equipa com o chamado “ataque móvel”, algo que ao longo da época foi tão criticado pelos adeptos, acabando assim Rafa Silva por ter uma derradeira oportunidade para brilhar perante o público da Luz.
E a verdade é que Rafa entrou a todo o gás, primeiro com uma oportunidade clara para servir Di Maria que aparecia isolado vindo da ala direita do ataque, tendo Rafa optado pelo remate à baliza que não deu em nada, e depois, ao minuto 07′, uma vez mais Rafa com a possibilidade de brilhar, ao surgir isolado em frente ao guarda-redes do Arouca para um remate que fez a bola passar bem junto ao poste esquerdo da baliza à guarda de Arruabarrena.
Cinco lesionados forçam Schmidt
a jogar sem ponta-de-lança
Com Trubin na baliza, Alvaro Carreras, Otamendi, António Silva e Aursnes na linha defensiva e ainda Florentino e João Neves no “miolo”, a equipa do Benfica surgia ainda com Di Maria, Kokçu e João Mário para o apoio ao “móvel” Rafa na frente de ataque. Refira-se que Roger Schmidt não pôde contar para este jogo, para além dos já referidos Cabral e Leonardo, também com Tomás Araújo, Alexander Bah e David Neres, todos entregues aos cuidados do departamento médico do clube.
Já o Arouca surgiu no Estádio da Luz com um esquema táctico muito idêntico ao do Benfica (4x2x3x1) que facilmente se desdobrava colocando três homens mais adiantados quando tinham a posse de bola. Sem poder contar com Rafa Mujica, o técnico Daniel Sousa apresentou assim um onze com Arruabarrena na baliza, ainda Tiago Esgaio, Robson Bambu, Javi Montero e Weverson, também Pedro Santos e David Simão na ligação com o meio-campo, surgindo depois Jason Remeseiro, Cristo González e Morlaye Sylla, completando o onze com Marozau como o elemento mais adiantado.
Ao minuto 25, num lance em que João Mário consegue chegar à linha de fundo a tempo de cruzar para o interior da área, Bambu cortou a bola com a mão e o árbitro, de imediato, assinalou a grande penalidade incontestável. O público chamou por Rafa para que pudesse ser ele a bater o castigo máximo, mas o camisola 27 do Benfica recusou, mesmo quando Di Maria lhe quis dar a bola, acabando por ser este a bater o penálti para o primeiro golo dos encarnados.
Pouco depois, ao minuto 27, o público irrompeu com um enorme aplauso a partir das bancadas, chamando pelo nome de Rafa, agora sim em clara homenagem a Rafa Silva, ele que pouco depois, à passagem do minuto 30′, voltou a negar a chamada dos adeptos para bater nova grande penalidade, cometida por Arruabarrena sobre Kokçu. Acabou por ser o jogador turco a bater o penálti, colocando o Benfica a vencer por 2-0, numa altura em que do lado da claque dos No Name Boys voltavam a surgir as já “normais” tochas atiradas para o relvado ao som do hino do Benfica, mas também do grito “o Benfica é nosso”.
Ficava assim evidente uma vez mais a animosidade dos adeptos mais radicais do Benfica relativamente a Roger Schmidt, mas também o desagrado por parte dos restantes adeptos que, em maioria, manifestaram-se contra os protestos dos No Name Boys. Das bancadas resultava uma imagem marcada por alguma divisão, num protesto repetido de uma ala de adeptos que uma vez mais apontavam o dedo a Roger Schmidt, um gesto que obrigará os dirigentes encarnados a repensar o futuro sob pena destas manifestações passarem a ser um gesto continuado e desestabilizador.
Rafa “bisa” e iguala o número de golos
marcados por Pizzi no Benfica
Enquanto isto, a equipa do Benfica continuava a jogar descontraídamente, a vencer, conseguindo mesmo dilatar a vantagem, o que fez ao minuto 43′ com o golo mais aplaudido, apontado pelo homem da tarde, Rafa Silva. Aursnes fez a assistência a partir da ala direita e Rafa, com um pontapé certeiro, bateu Arruabarrena assinando assim o 3-0 numa tarde em que tudo parecia correr bem aos encarnados e até os protestos dos No Name Boys acabaram “abafados” pelos golos de Di Maria, Kokçu e Rafa que fizeram o resultado ao intervalo.
A tarde era mesmo de Rafa, como aliás o próprio Roger Schmidt dissera que iria ser na antevisão do jogo, e o camisola 27 dos encarnados, que nos primeiros 45 minutos tinha já recusado bater duas grandes penalidades, voltou a marcar no arranque do segundo tempo, ao minuto 46′, um golo de grande qualidade técnica. Recebeu a bola de costas para a baliza, tirou da sua frente Javi Montero, avançou para a baliza e, apenas com Arruabarrena à sua frente, picou a bola sobre o guarda-redes do Arouca para o melhor golo da tarde, dedicado por Rafa a Pizzi na forma como celebrou o golo.
O Arouca perdia agora por 4-0 e, a bem da verdade, não conseguia dar resposta cabal ao melhor futebol do Benfica. Ao longo do segundo tempo o técnico Roger Schmidt determinou cinco alterações quase todas previsíveis, começando por tirar Florentino e António Silva para as entradas de Tiago Gouveia (recuou João Mário para o meio) e Morato, optando depois pelas trocas de Kokçu e Di Maria por Tengstedt (recuou Rafa) e Rollheiser.
Do lado do Arouca, o técnico Daniel Sousa, que na próxima época estará a orientar o Sporting de Braga, ainda chamou a jogo para a equipa do Arouca Trezza e Kouassi, que entraram por troca com Pedro Santos e Morozov, mas também Busquets e Puche, nas saídas de David Simão e Cristo González, mas a tarde era mesmo do Benfica que tinha o jogo controlado. De tal modo assim era que o dinamarquês Tengsted, depois de entrar em campo e na primeira vez que tocou na bola, ao minuto 77′, solicitado por um passe de Rafa em profundidade, tirou Arruabarrena da frente e, já de ângulo difícil, fez ainda assim o quinto golo da tarde que viria a fechar a contagem.
Faltavam pouco mais de 10 minutos para o final do jogo mas haveria ainda tempo para o tributo de nova homenagem a Rafa Silva, esta permitida pelo próprio técnico Roger Schmidt que, ao minuto 84′, fez entrar o jovem João Rêgo para a saída de Rafa, levando a que este jogador, na despedida por parte dos adeptos, lhe dedicassem um enorme aplauso num estádio que para este jogo estava preenchido por 49.364 adeptos segundo os números oficiais divulgados pelo Benfica.
A história do jogo estava concluída, o triunfo plenamente justificado do Benfica ao Arouca por 5-0 não mereceu contestação, e no final Rafa foi nomeado o “Homem do Jogo”, naquela que foi a penúltima partida do Benfica na presente época.
Fica agora a faltar a visita do Benfica ao terreno do Rio Ave num jogo em que apenas estará em causa o orgulho de cada uma das equipas que nada terão a ganhar ou a perder nessa partida em termos de campeonato. Depois disso será tempo para decisões para todos os clubes relativamente a contratações, transferências, dispensas e outras acções com vista à nova época, e muito haverá certamente a decidir.