No corrente ano de 2024 em que se celebram os 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões – um dos maiores, senão o maior poeta português de todos os tempos –, e depois da data ter sido esquecida pelos governantes até há pouco tempo, surgem agora diversas iniciativas para recordar essa data, e entre elas a apresentação da ópera “O Último Canto – Camões e o Destino”, agendada para o icónico palco do Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.
A estreia absoluta terá apropriadamente lugar naquela sala de Sintra, às 17 horas do dia 10 de junho, data em que se comemora o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
O ponto de partida para a presente Ópera foi a surpreendente descoberta de um texto inédito em português, intitulado “Camões”, da autoria de Vassili Jukovski, dramaturgo russo do século XVIII, cuja trama dramática fornece o ambiente e o contexto perfeitos para uma criação de teatro musical, com composição e libreto de César Viana.
O drama, na forma muito próximo das “Pequenas Tragédias” do grande poeta russo Alexander Pushkin, exalta a poesia e a criação como elixires da vida e alicerces da condição humana, descrevendo o encontro de um velho amigo de Camões, José de Quevedo Castelo Branco e do seu filho Vasco Quevedo – por muitos considerado o herdeiro literário de Camões – com o poeta, que se encontra já nos últimos anos de vida esquecido por todos e abandonado à sua sorte num asilo.
Como complemento ao belíssimo texto de Jukovski, adaptado e condensado para melhor servir os condicionalismos de uma produção de ópera (como é habitual em qualquer libreto), são introduzidos textos poéticos de Camões de carácter auto-biográfico, que vão ao encontro de situações narradas pelos dois amigos no texto de Jukovski.
A música tem como ponto de partida os paradigmas composicionais e instrumentais do século XVI – a época de Camões – logicamente inseridos num contexto atual, sendo, por essa razão, particularmente adequada a representações em espaços históricos com uma acústica ressonante.
Este espetáculo, concebido com a flexibilidade indispensável para permitir a ampla circulação a que a temática convida e proporciona, pode ser apresentado em palcos convencionais mas, também, em espaços monumentais e patrimoniais – claustros, conventos, palácios – que permitam enfatizar o enquadramento histórico da obra numa perspetiva de contextualização para que a música pretende, igualmente, contribuir.
A ópera “O Último Canto – Camões e o Destino” irá, posteriormente, ser apresentada em diversos outros locais, tais como em Tomar (Convento de Cristo), no Festival de Ópera de Óbidos, em Plasencia (Espanha), e eventualmente ainda na Batalha, em Setúbal, Almada e Santarém.
Ficha Artística:
Composição e libreto: César Viana
Direcção Musical: Brian MacKay
Produção Executiva: Luís Pacheco Cunha
Encenação: Miguel Moreira
Desenho de luz: Anabela Gaspar
Figurinos / Adereços: Dino Alves
– Luis Vaz de Camões (barítono) Luís Rodrigues
– Francisco Quevedo (tenor) Mário Alves
– Vasco Quevedo (soprano) Daniela Matos
– Jau – F. Pedro Oliveira
ZezereArts Vocal Ensemble
Musicamerata Ensemble