Com uma actuação sofrível de um “onze” em que o selecionador de Portugal, Roberto Martinez, inventou ao regressar ao sistema de três centrais com escolhas que se revelaram um completo falhanço, a Seleção portuguesa foi derrotada pela sua congénere da Geórgia, por 2-0, no terceiro e último jogo da fase de grupos do Euro2024 que decorre na Alemanha.
Em Gelsenkirchen, numa partida que nada decidia para a Turma das Quinas, que iria sempre terminar esta fase da prova na frente do Grupo F, dois erros de António Silva foram determinantes para que a Geórgia, 75ª seleção do ranking da UEFA, construísse o resultado final num jogo em que, mais do que o marcador final, fica clara a má exibição colectiva da Seleção de Portugal, quinta seleção no mesmo ranking da UEFA que sai deste jogo com uma verdadeira humilhação.





Roberto Martinez, que tinha dito na antevisão deste jogo que não iria fazer qualquer revolução na equipa lusa, manteve apenas três elementos do jogo anterior — Diogo Costa, João Palhinha e Cristiano Ronaldo —, chamando à equipa titular oito elementos que ainda não tinham sido titulares nesta competição, compondo um esquema de três centrais com António Silva, Danilo e Gonçalo Inácio à frente de Diogo Costa, ainda Diogo Dalot e Pedro Neto nas alas laterais numa linha média onde apareciam também João Palhinha e João Neves, jogando ainda João Félix e Francisco Conceição ao lado de Cristiano Ronaldo como o trio mais adiantado na formação de Portugal.
Ora, com este “onze”, Roberto Martinez colocou Pedro Neto como lateral atrás de João Félix, dupla que nunca conseguiu o melhor entendimento pelo lado esquerdo, apostou ainda em Danilo como central quando seria de esperar que pudesse surgir à frente dos centrais numa linha de quatro defesas, e ainda colocou na linha média João Palhinha e João Neves que nunca conseguiram agarrar no jogo para dar mais eficácia à Turma das Quinas.
A Seleção de Portugal não esteve bem, ficou muito aquém do que se poderia esperar neste jogo, e só tem a atenuante de ter jogado com uma equipa “secundária” num jogo que nada resolvia, sendo certo que no jogo dos oitavos-de-final, frente à Eslováquia, na próxima segunda-feira, terá que haver outra aplicação e um muito melhor resultado.
António Silva errou duas vezes
e a Geórgia marcou dois golos
Para a história do jogo ficam os dois erros de António Silva, o defesa central do Benfica que logo no segundo minuto fez uma verdadeira assistência para Mikautadze, ele que recebeu a bola, avançou para a grande área de Portugal com Gonçalo Inácio e Danilo à sua frente, acabando por desmarcar na hora certa Kvaratskhelia que, mais rápido que António Silva, chegou isolado à frente de Diogo Costa fazendo o primeiro golo do jogo.
Portugal começava o jogo em desvantagem e nunca mais viria a conseguir agarrar no comando da partida, frente a uma seleção da Geórgia que acreditou, foi eficaz e tirou o melhor partido de alguma inconsistência da Turma das Quinas.








As oportunidades de Portugal surgiram, na realidade, em dois remates de longe, o primeiro por Cristiano Ronaldo, a partir de um pontapé livre directo desferido muito antes da linha da grande-área georgiana, e o segundo por Diogo Dalot, num pontapé que obrigou o guarda-redes do Valência, Mamardashvili, a fazer a defesa da noite. No resto do jogo, Portugal conseguiu ter posse de bola mas de uma forma completamente inconsequente, acabando por perder frente à Georgia que, fruto deste resultado, conseguiu o apuramento para os oitavos-de-final desta competição e logo no seu ano de estreia no Europeu da UEFA.
Roberto Martinez teve oportunidade para chamar ao jogo Ruben Neves por João Palhinha ao intervalo, quando Portugal perdia por 1-0, e assistiu pouco depois ao segundo erro de António Silva, ao minuto 55′, altura em que jovem defesa central cometeu uma falta sobre Lochosvilli na área de Portugal. O árbitro, depois de ignorar este lance, foi alertado pelo VAR, o mesmo VAR que ignorou antes uma falta cometida sobre Cristiano Ronaldo dentro da área da Geórgia, e desta vez levou mesmo o juiz da partida a assinalar uma grande penalidade contra Portugal.
Chamado a converter o castigo máximo, Mikautadze fez o 2-0 ao minuto 57′, num lance em que Diogo Costa ainda adivinhou o lado para o qual o jogador georgiano iria rematar, mas nada pôde fazer em face da forma como o remate foi colocado com a bola a entrar bem junto ao poste esquerdo da baliza de Portugal.








O selecionador Roberto Martinez voltou a mexer no onze luso, fez alinhar Gonçalo Ramos e Nélson Semedo para os lugares de Cristiano Ronaldo e António Silva, o capitão da nossa Seleção mostrou o desagrado que o invadia no momento em que deixou as quatro linhas, pontapeando a atmosfera antes de se sentar no banco de suplentes, numa partida para a qual ainda viriam a ser chamados ao jogo Diogo Jota e Matheus Nunes por troca com Pedro Neto e João Neves.
É preciso aprender com os erros
para o jogo de segunda-feira
Portugal, depois desta derrota frente à Geórgia, terá agora que fazer muito melhor na próxima segunda-feira, no jogo dos oitavos-de-final frente à Eslovénia, selecção que nos últimos quinze jogos só perdeu um e, será bom recordar, ganhou um jogo particular frente a Portugal durante a fase de apuramento para este Euro2024.
Em termos práticos este resultado frente à Geórgia nada complicou, mas a Turma das Quinas está obrigada a fazer mais e melhor na próxima segunda-feira sob pena de poder terminar aí a campanha lusa nesta competição.