O Benfica deu um “chega para lá” na crise ao vencer o Casa Pia, este sábado, por 3-0, no Estádio da Luz, em jogo da segunda jornada do campeonato da I Liga. Perante 58.926 adeptos nas bancadas, os encarnados venceram aparentemente de forma tranquila, a julgar pelo resultado, mas com uma exibição pouco conseguida, que só conseguiu ganhar contornos de qualidade nos últimos 20 minutos, depois de grande parte da partida em que ficou clara ume enorme apatia entre os encarnados, aqui e ali “abanados” por Prestianni, o único que procurava mexer com o jogo mas ainda assim de forma inconsequente.
Ainda na entrada para o aquecimento dos dois conjuntos, os maiores “bruás” foram contraditórios no sentido dos mesmos. É que se o público aplaudiu a entrada em campo de Renato Sanches, jogador que pela primeira vez foi convocado por Roger Schmidt neste seu regresso ao Estádio da Luz, o mesmo público deixou uma enorme vaia para o técnico alemão, ele que mais uma vez volta a ser visado pelas críticas da nação benfiquista depois da má entrada da sua equipa no campeonato, com a derrota em Famalicão na primeira jornada.
O jogo deste sábado, porém, tinha tudo para correr bem ao Benfica, frente ao Casa Pia, uma equipa teoricamente acessível, e com o Estádio da Luz lotado de adeptos que pintaram as bancadas de encarnado e branco.
O “onze” de Schmidt não surpreendeu, com Trubin na baliza, Bah, Tomás Araújo, António Silva e Best na defesa, Florentino e Leandro Barreiro, e ainda João Mário, Prestiani e Aursnes nas costas de Pavlidis. Já do lado do Casa Pia, para além do guarda-redes Sequeira, foram titulares João Goulart, Fonte e Zolotic, ainda Larrazabal, Miguel Sousa, Beni, Pablo Roberto e Lelo, aparecendo na frente Obeng e Nuno Moreira.
Como seria de esperar, o Benfica entrou no jogo a ter mais posse de bola e a procurar instalar-se no meio-campo defensivo do Casa Pia, com a equipa visitante a ter apenas um remate a baliza de Trubin durante os primeiros 20 minutos.
Por essa altura, porém, Roger Schmidt teve uma contrariedade, isto porque Jan-Nicklas Best, o lateral esquerdo que chegou esta época ao Benfica, sentiu uma dor muscular num pico de velocidade e ficou no relvado, acabando por ser logo aí substituído por Carreras naquela que foi a primeira mudança a que Roger Schmidt foi forçado na equipa do Benfica.
Até ao intervalo, o jogo prosseguiu sem grandes motivos de interesse, excepção feita à “tochada” espoletada por parte dos elementos dos No Name Boys à passagem da meia-hora, uma situaçãoque viria a dar algum burburinho durante o intervalo e a que nos referimos em outro local.
Quanto ao jogo propriamente dito, o Benfica continuou a ter claramente mais posse de bola, mas sem conseguir tirar partido de um esquema de jogo em que, mais uma vez, a equipa encarnada alinhou sem extremos, com dois pivots defensivos e três médios sem rotinas ofensivas, e consequentemente sem capacidade de desequilibrar o meio-campo para que daí pudesse surgir bons lances ofensivos.
Carreras, que entrara para o lugar de Best quando este saiu lesionado, deu outra dinâmica ao corredor esquerdo, mas sem acompanhamento pelos seus companheiros o jogo do Benfica manteve-se previsível, sendo o Casa Pia capaz de se opor aos lances ofensivos e, pontualmente, fazer algumas incursões até à área de Trubin.
Três alterações de uma só vez
mudaram o jogo do Benfica
Foi assim preciso esperar pelo segundo tempo para que, ao minuto 64’, Roger Schmidt mexesse finalmente na equipa do Benfica, e logo com três alterações de uma assentada, retirando do jogo Leandro Barreiro, Prestianni e João Mário que deram os seus lugares a Kokçu, Marcos Leonardo e Tiago Gouveia.
Os adeptos não gostaram que Prestianni tivesse saído para dar o seu lugar a Leonardo, mas viria a ser Gouveia, um jogador que Schmidt começou por adaptar esta época a defesa lateral, que a jogar no lugar até então de João Mário mas com maior tendência a jogar por fora, junto à linha lateral, veio abanar com o jogo ao ponto de ser ele, no final, nomeado como o homem do jogo.
Logo aos 70′ minutos, num lance iniciado por Carreras, este combinou com Tiago Gouveia e o jovem benfiquista cruzou para a pequena-área onde apareceu Pavlidis a saltar nas costas dos centrais do Casa Pia para o cabeceamento que desviou a bola para dentro da baliza à guarda de Sequeira. Vangelis Pavlidis marcava assim o seu primeiro jogo pelos encarnados em jogos oficiais e logo no Estádio da Luz, desbloqueando um resultado que teimava em manter-se a zero frente ao Casa Pia.
Curiosamente, praticamente na resposta ao golo do Benfica, o Casa Pia teve tudo para chegar ao golo, ao minuto 73′, quando Trubin permitiu a passagem da bola à sua frente com esta a chegar a Nuno Moreira que pecou pela forma como cabeceou a bola para a baliza com esta à sua completa mercê. A bola saiu com uma trajectória muito alta e o Casa Pia perdeu a oportunidade flagrante de empatar o jogo.
Acabou por ser o Benfica a conseguir dar tranquilidade aos seus adeptos quando, ao minuto 79′, Tiago Gouveia, outra vez ele, fez o segundo golo para o Benfica, na sequência de um lance iniciado por Pavlidis, com Carreras e Aursnes a combinarem com Tiago Gouveia e este a fazer o 2-0 que praticamente carimbava a vitória do Benfica.
Otamendi “tapou” a entrada de Sanches
Ao minuto 85’ Roger Schmidt determinou a derradeira mudança na equipa do Benfica, com a entrada no jogo de Otamendi para o lugar de Tomás Araújo, uma alteração que impediu que Renato Sanches se pudesse estrear com a camisola do Benfica neste regresso à Luz já que Schmidt esgotava aqui as mudanças na equipa encarnada. Ao mesmo tempo, o treinador alemão terá aqui aberto as portas para o regresso da dupla de centrais “titular” à equipa do Benfica, com Otamendi e António Silva, o que a acontecer irá deixar no banco aquele que foi neste arranque de temporada e também neste jogo com o Casa Pia o melhor central, o jovem Tomás Araújo, sempre disponível e assertivo no seu jogo.
Sobre o minuto 89’, e após um passe em profundidade de Kokçu, Aursnes recebeu a bola quando surgiu descaído para o lado direito e, com um remate cruzado ao segundo poste, fez o terceiro e último golo para o Benfica, com a bola a entrar junto ao poste sem possibilidade de defesa para Sequeira.
O Benfica fechava assim o marcador com um tranquilo 3-0, resultado construído nos últimos 20 minutos num jogo que, até aí, o Benfica dominou mas de um modo algo inconsequente e nada assertivo, com uma exibição algo deficiente de qualidade que terá mantido as dúvidas entre os adeptos benfiquistas ainda assim agradados pelo resultado final.
O Benfica volta no próximo final de semana a jogar em casa, na recepção ao Estrela da Amadora, voltando a ter Roger Schmidt oportunidade de jogar com o apoio do seu público e com isso poder catapultar a equipa encarnada para um resultado positivo que melhore ainda mais mais o ambiente em redor do clube.
Nota final para uma actuação tranquila e irrepreensível do árbitro luso-romeno Iancu Vasílica, ele que mostrou apenas um cartão amarelo em todo jogo, deixou jogar e não sentiu problemas de maior em controlar uma partida em que os jogadores também não lhe criaram complicações.
Tiago Gouveia foi eleito o melhor jogador em campo pela BTV, que transmitiu a partida, mas o mesmo poderia ter acontecido com Carreras, ele que depois de ter entrado para o lugar de Best, deu claramente outra dinâmica ao seu corredor, acabando por ter no apoio de Tiago Gouveia a peça que faltava para dar consequência aos lances por aquele lado da equipa do Benfica.