Naquele que foi o jogo de estreia de Bruno Lage neste seu regresso ao comando técnico do Benfica, a turma da Luz venceu o Santa Clara por 4-1, num jogo que começou mal para os encarnados, isto porque até foi o Santa Clara quem marcou o primeiro golo quando estavam decorridos apenas 24 segundos do jogo. Ainda assim, numa partida que foi antecedida por uma homenagem da equipa do Benfica, através do “capitão” Otamendi, que depositou uma coroa de flores junto ao topo sul das bancadas da Luz, junto à zona normalmente ocupada pelos No Name Boys, recordando os três adeptos que morreram em 1994 durante uma viagem do Benfica à Croácia então para defrontar o Hajduk Split, o conjunto agora às ordens de Bruno Lage deu a volta ao jogo e garantiu uma vitória justa e que poderia ter sido ainda mais dilatada.
Brindado com um enorme aplauso por parte dos adeptos encarnados quando o seu nome foi anunciado como treinador deste “novo” Benfica, Bruno Lage escalou para a recepção do Santa Clara uma equipa com algumas novidades, nomeadamente pela inclusão como titulares de Rollheiser e Akturkoglu, num onze com o guarda-redes Trubin, ainda Bah, António Silva, Otamendi e Carreras na linha defensiva, Florentino, Rollheiser e Kokçu no meio do terreno, e ainda Di Maria e Akturkoglu no apoio ao grego Pavlidis, num 4x3x3 distinto daquele 4x2x3x1 antes utilizado por Roger Schmidt. No banco de suplentes, Lage teve como opções Samuel Soares, Amdouni, Arthur Cabral, Leandro Barreiro, Schjelderup, Prestianni, Kaboré, Beste e Tomás Araújo.
Do lado do Santa Clara, o técnico Vasco Matos manteve o onze com que venceu o AVS na jornada anterior, apresentando assim no relvado da Luz uma equipa que, “no papel”, surgia com o guarda-redes Gabriel Batista, ainda Frederico Venâncio, Luís Rocha e Sidney Lima, uma linha de quatro médios formada por Lucas Soares, Adriano, Pedro Ferreira e Mateus Araújo, sobrando para as ações mais ofensivas Vinícius, Gabriel Silva e Alisson Safira. Com este onze, e em termos práticos, o Santa Clara dispôs-se num 5x4x1, com Safira como o homem mais adiantado no terreno.
Com aquelas duas formações, o jogo não poderia começar pior para o Benfica, isto porque logo aos 24 segundos (!!!) surgiu o primeiro golo do jogo e para o Santa Clara, num erro grosseiro de Otamendi que não conseguiu fazer o corte a um lançamento em profundidade aparecendo Vinícius a ficar isolado frente a Trubin, com o extremo do Santa Clara a fazer um chapéu ao guardião do Benfica para o primeiro golo do jogo. Antes mesmo de concluído o primeiro minuto do jogo o Santa Clara adiantava-se no marcador e deixava o desafio para o Benfica ainda maior, isto frente a um adversário que nas primeiras quatro jornada só tinha perdido um jogo e com o FC Porto, tendo ganho os outros três jogos realizados.
O Benfica começava assim o jogo em desvantagem, obrigado também por isso a assumir o jogo, instalando-se à beira da baliza do Santa Clara para ali instalar alguma pressão sobre o último reduto da turma açoreana. Essa pressão foi conseguida por parte dos jogadores encarnados, Trubin passou à condição de mero espectador neste jogo, mas nem por isso o Benfica conseguiu criar claras situações de golo perante um adversário que precisava de gerir o jogo e procurar manter a vantagem durante o maior tempo possível, procurando com isso permitir o nervosismo e a ansiedade no seio do Benfica, com os seus jogadores a falharem muitos passes e a perderem por vezes a posse de bola quando tinham condições para fazer mais e melhor.
Akturkoglu com toque de magia
empata e celebra com o expelliarmus
Foi assim preciso esperar até ao minuto 27’ para que o Benfica conseguisse chegar ao golo, num lance concluído por Akturkoglu, isto depois de, antes, no início da jogada, Safira ter sido alegadamente carregado numa entrada mais viril de Otamendi. O avançado do Santa Clara ficou deitado no terreno, o jogo não foi interrompido já que o árbitro considerou que Otamendi cortou a bola, e na sequência do lance apareceu o extremo turco Akturkoglu, depois de uma assistência de Kokçu, a finalizar com um toque de qualidade que desviou a bola do guarda-redes Gabriel Batista, enviando o esférico para o fundo das redes da baliza da turma açoreanas celebrando com o gesto do feitiço de Harry Potter, o “expelliarmus”, tido como o feitiço do desarme.
Depois do golo benfiquista o árbitro foi pressionado pelos homens do Santa Clara, Safira argumentou que foi mesmo carregado à margem das leis por Otamendi e que, por via disso, o lance do golo deveria ser anulado, mas tanto o árbitro quanto o VAR entenderam que a carga, ainda que viril, foi dentro das regras e o golo de Akturkoglu foi mesmo validado. A verdade é que Otamendi fez mesmo falta por trás sobre Safira, o árbitro não assinalou, o jogo não parou e pouco depois surgiu o golo do empate para os encarnados.
O Benfica ganhava com este golo alguma tranquilidade no seu jogo, isto depois de um período marcado por muitos passes falhados e bolas perdidas por parte da equipa encarnada, ganhando com essa tranquilidade a qualidade do futebol praticado sobre o relvado da Luz. Foi assim necessário esperar até ao minuto 35’ para que o Benfica voltasse a marcar neste jogo, agora por Florentino depois de uma assistência de Otamendi feita na sequência de um passe de Di Maria de um lado ao outro do terreno. O médio português voltava assim a marcar, ele que no Benfica só tinha marcado uma única vez e, curiosamente, na primeira passagem de Bruno Lage pelo Benfica como treinador principal.
À beira do intervalo, e no único lance de ataque digno desse nome por parte do Santa Clara depois dos golos do Benfica, eis que aparece Vinícius a fazer uma assistência para a entrada da área benfiquista onde apareceu Gabriel Silva a rematar com muito perigo, levando a bola a bater no poste direito da baliza de Trubin acabando o esférico por sair pela linha de fundo. A turma açoreana, que tinha desaparecido do jogo depois do Benfica ter dado a volta ao resultado, conseguia assim uma prova de vida no Estádio da Luz, querendo mostrar com isso que poderia ainda discutir o jogo no segundo tempo.
Segunda parte começa
com o terceiro golo do Benfica
Procurando “fechar” o jogo e terminar com qualquer ambição que o Santa Clara ainda pudesse ter, o Benfica começou o segundo tempo quase do mesmo modo como o Santa Clara tinha começado os primeiros 45 minutos, tendo o jogo depois do intervalo recomeçado praticamente com mais um golo para o Benfica, apontado de cabeça por António Silva, num desvio conseguido na pequena área em resposta a um pontapé de canto batido por Kokçu, conseguindo o central dos encarnados assinar o terceiro golo.
Certo é que a contagem dos golos não ficou fechada com o tento apontado por António Silva, isto porque ao minuto 59′, depois de um passe de mais de cinquenta metros de Bah para a desmarcação de Di Maria atrás da linha defensiva do Santa Clara, o argentino do Benfica arrancou em direção à baliza de Gabriel Batista e, perante a presença do guarda-redes a meio caminho, Di Maria deu um único toque na bola mas com enorme classe, a fazer um chapéu sobre o guardião da turma açoreana para o 4-1 na Luz.
O Benfica garantia assim um resultado com o estatuto de goleada, numa noite que começou mal mas que terminou da melhor forma para os encarnados frente à formação de São Miguel nos Açores. Bruno Lage pôde agora avançar com algumas mudanças na equipa, tendo começado por trocar Rollheiser por Amdouni ao minuto 67′. Depois, ao minuto 74′, saíram Akturkoglu e Di Maria, para as entradas de Prestianni e Schjeldrup, com o extremo turco a ser aplaudido por grande parte dos 60.145 adeptos que estiveram nas bancadas do Estádio da Luz.
Por fim, ao minuto 79′, Bruno Lage voltou a mexer na sua equipa, apostando por esta altura em Arthur Cabral por troca com Pavlidis, porventura um dos jogadores com mais baixo rendimento neste jogo, e ainda Leandro Barreiro que entrou para o meio-campo permitindo o descanso de Kokçu, acautelando Lage com estas mudanças os seus elementos mais determinantes para o jogo da próxima terça-feira a realizar com o Estrela Vermelha no primeiro jogo da Liga dos Campeões.
Já no ocaso deste jogo, Amdouni, ao minuto 83’ e com a baliza à sua mercê depois de um passe de Arthur Cabral, falhou o que parecia ser o quinto golo certo para o Benfica no que seria uma estreia de sonho para o internacional suíço, também Schjelderup esteve perto de marcar oferecendo a Gabriel Batista a oportunidade de brilhar com uma defesa de grande nível, e num dos últimos lances do jogo, na transformação de um livre direto, novamente Amdouni a estar perto do golo, isto porque bateu o livre enviando a bola com estrondo à trave da baliza do Santa Clara.
Adeptos do Benfica em comunhão
com a equipa de Bruno Lage
Claramente por cima no jogo e a falhar algumas oportunidades soberanas, o Benfica venceu o Santa Clara por 4-1, permitiu um ambiente de comunhão entre a equipa às ordens de Bruno Lage e os mais de 60 mil adeptos nas bancadas, e garantiu um ambiente bem mais saudável que já há muito não se via no relvado em jogos do Benfica, com uma comunhão entre adeptos, jogadores e equipa técnica na sequência da chicotada psicológica que, pelo menos neste primeiro jogo, deu resultados positivos.
O próximo desafio a Bruno Lage apresenta-se bem mais complicado já que terá pela frente, na próxima terça-feira, o Estrela Vermelha e em Belgrado, na Sérvia, onde para além de pontos estará em causa a afirmação do Benfica nas competições da UEFA e a conquista de milhões de euros.
Última nota relativamente a este jogo para dar conta de que o homem do jogo foi Kokçu, ele que não marcou mas fez duas assistências para golo, para Akturkoglu e António Silva, tendo conseguido uma prestação recheada de bons momentos. Nota ainda para as prestações muito positivas de Akturkoglu e Carreras, isto numa equipa em que Pavlidis foi claramente o jogador menos produtivo.
O Benfica mantém assim depois deste jogo os cinco pontos de desvantagem para o Sporting, o líder do campeonato que venceu já o seu compromisso desta quinta jornada da I Liga no terreno do Arouca onde os leões venceram por 3-0 como o LusoNotícias já deu conta.