O Benfica confirmou finalmente ter “encarreirado” no sentido positivo ao conseguir esta quarta-feira, no Estádio da Luz, uma goleada “das antigas” sobre o Atlético de Madrid, de 4-0, em jogo da segunda jornada da fase de liga da milionária Liga dos Campeões. Carreras, mesmo sem marcado qualquer golo, foi claramente o melhor homem em campo, numa equipa em que também elementos como Kokçu, Florentino e Aursnes se destacaram perante uma formação colchonera que em todo o jogo não conseguiu um único remate enquadrado com a baliza à guarda de Anatoly Trubin.
Apostando num onze em tudo idêntico ao que jogou nas partidas mais recentes do Benfica, excepção feita à chamada de Tomás Araújo para o eixo da defesa no lugar de António Silva e com Bah recuperado no lado direito, o técnico dos encarnados, Bruno Lage, apresentou uma equipa com três elementos na linha média, com Florentino à frente dos centrais, sobrando Aursnes e Kokçu para o apoio ao trio ofensivo formado por Akturkoglu, Di Maria e Pavlidis pelo meio. Apostando na recuperação da posse de bola logo que a perdiam, os jogadores do Benfica criaram oportunidades, foram superiores ao adversário e justificaram em pleno o resultado por números que poucos acreditariam ser possível perante o Atlético de Madrid ainda há poucas semanas.
Já do lado do Atlético de Madrid, vindo de um empate no dérbi da capital espanhola (1-1) frente ao Real, escalou uma equipa como Oblack na baliza, ainda Giménez, Witsel e Reinildo no eixo da defesa, Samuel Lino, Llorente, Koke e De Paul na linha média, sobrando Griezmann para aparecer nas costas de Álvarez e Correa. Só que o Benfica anulou na perfeição os principais elementos do Atlético e Simeone, o treinador dos colchoneros, acabou por mudar três elementos ao intervalo, retirando alguns dos homens mais influentes como Griezmann, Koke e Rodrigo de Paul, sem conseguir ganhar nada com essas mudanças perante um Benfica eficaz, concentrado e letal quando o pôde ser.
O certo é que com estas formações, o Benfica surgiu em campo desinibido e logo aos cinco minutos, Pavlidis, na resposta a um pontapé de canto do lado direito do ataque, cabeceou para a baliza do Atlético de Madrid onde apareceu Oblak com uma fantástica defesa a enviar a bola sobre a trave. Estava dado o mote para o jogo no relvado da Luz, com os encarnados a procurarem mais o ataque perante um adversário que não iria permitir facilidades, estando sempre à espreita dos melhores espaços para chegar à baliza de Anatoly Trubin.
Magia de Akturkoglu abre a contagem
É certo que Pavlidis não marcou aos cinco minutos, mas aos 13’ minutos, num lance em que Aursnes recebeu a bola à entrada da área do Atlético de Madrid, o médio norueguês serviu a preceito o turco Akturkoglu que, sem marcação em frente a Oblak, não desperdiçou, assinando o primeiro golo do jogo e favorável ao Benfica. A equipa da Luz consolidava assim a melhor entrada neste jogo da segunda jornada da milionária Liga dos Campeões.
Sempre mais objectivo, subindo no terreno sempre e só quando sentiu ter espaço para o fazer, a equipa do Benfica às ordens de Bruno Lage cedeu, a espaços, o domínio territorial ao Atlético de Madrid. Foi, aliás, num lance em que a turma colchonera trocava a bola no meio-campo defensivo do Benfica que Aursnes recebeu um cartão amarelo, numa jogada aparentemente inofensiva em que o norueguês do Benfica parece pisar o jogador do Atlético. O árbitro neerlandês Serdar Gözübüyük foi célere no puxar do cartão amarelo, levando a que Bruno Lage protestasse com o quarto árbitro. Aursnes, porém, manteve a qualidade do seu jogo e não se deixou atemorizar por ter um amarelo.
Já do lado do Atlético, à passagem do minuto 32’ uma lesão obrigou a uma mudança forçada, com a saída de Llorente, lesionado, para a entrada de Molina, um contratempo para o técnico Diego Simeone que se viu obrigado a iniciar as mexidas no “miolo” da sua equipa. Ainda assim, era inegável que o Atlético tinha executantes de primeiro nível e ao minuto 36’ isso ficou claro num grande trabalho de Samuel Lino no corredor esquerdo do ataque do Atlético de Madrid, a concluir com um cruzamento para a pequena-área que, por muito pouco não deu o golo à turma espanhola, com a bola a beijar a trave da baliza de Trubin no lance mais perigoso dos colchoneros.
O jogo prosseguiu no entanto sem oportunidades de maior, terminando o primeiro tempo com um lance de golo para o Benfica que o conjunto encarnados não concretizou. Di Maria recebeu uma bola a partir de um lançamento, colocou a bola no outro lado da grande-área para a desmarcação de Pavlidis e este, com um toque subtil, enviou a bola ao segundo poste, longe de Oblak, acabando a bola por tocar ainda nos ferros antes de sair pela linha de fundo quando os adeptos antecipavam já o festejo de um possível segundo golo para o Benfica.
O intervalo chegava assim com o Benfica em vantagem sobre o Atlético de Madrid, num jogo bem disputado em que os encarnados mostraram sempre um acerto assinalável nos lances, com Aursnes e Florentino em destaque no meio-campo, e com Carreras a fazer uma exibição de grande nível, ocupando todo o corredor direito dos encarnados tanto nas acções ofensivas como nas situações em que precisou de tapar os caminhos aos homens do Atlético de Madrid.
Simeone mexe… e perde!
Para o segundo tempo, Diego Simeone, por certo descontente com a menor objectividade da sua equipa face ao Benfica, operou três alterações na sua equipa, fazendo entrar Gallagher, Sorloth e Serrano, deixando no balneário três dos seus jogadores tidos como mais influentes, nomeadamente Koke, Griezman e Rodrigo de Paul.
Apesar das alterações, o jogo continuou a ser dominado pelo Benfica, mais assertivo e imprimindo mais vontade aos lances. De tal forma que, logo ao minuto 49’, Pavlidis foi pisado dentro da área colchonera por Gallagher mas também por Giménez. o juiz da partida começou por deixar jogar mas, alertado pelo VAR para a falta, foi rever o lance e não teve dúvidas em assinalar a consequente grande penalidade. Na transformação do castigo máximo, Di Maria não tremeu, Oblak caiu para um lado e a bola entrou para o lado contrário, colocando o Benfica a vencer por 2-0.
O Benfica estava por cima do jogo, vencia por dois golos e justificava a vantagem sobre um adversário que continuava sem conseguir equilibrar o jogo a meio-campo. De tal forma assim foi que poucos minutos depois do segundo golo, Di Maria voltou a estar em posição privilegiada para marcar, depois de uma arrancada ainda antes da linha de meio-campo em que partiu isolado para a baliza à guarda de Oblak. Porém, no momento to da decisão, rematou à figura do guarda-redes do Atlético quando tinha dois companheiros de equipa prontos a receber um passe que os deixaria isolados com a baliza aberta, nomeadamente Pavlidis e Akturkoglu que vinham livres de marcação. Di Maria não fez a assistência, tentou o golo, e Oblak fez a mancha com eficácia, perdendo o Benfica a oportunidade de fazer o terceiro e dessa forma “matar” o jogo.
Simeone sentia que precisava de mudar mais qualquer coisa na sua equipa e acabou por esgotar as alterações pouco depois, chamando a jogo Giuliano Simeone por troca com Alvarez, respondendo Bruno Lage com a primeira alteração na formação encarnada com a chamada de Amdouni por troca com Pavlidis. A saída do avançado grego acontecia numa altura em que este que foi porventura o jogador do Benfica com menor produção no jogo, e que ainda assim “conquistou” uma grande penalidade na área colchonera, estava já particularmente desgastado pelo jogo realizado entre os centrais do Atlético de Madrid.
Bruno Lage, aliás, voltaria a mexer na equipa do Benfica com as saídas ao minuto 70’ de Di Maria e Akturkoglu, permitindo as entradas de Rollheiser e Best, procurando o técnico dos encarnados dar outra consistência ao meio-campo numa altura em que tanto o argentino quanto o turco estavam já muito desgastados. Acabou aliás por ser já com esta “nova” formação que o Benfica fez o terceiro golo. Na sequência de um pontapé de canto, ao minuto 75′, a partir do lado direito batido por Beste, apareceu Bah dentro da área do Atlético a cabecear para o fundo da baliza de Oblak sem que este pudesse fazer algo para evitar o 3-0 para os encarnados.
Bruno Lage travou ‘olés’
dos adeptos da Luz
O Benfica vencia por 3-0 mas, mais importante do que isso, tinha o jogo perfeitamente controlado, jogando bem e praticamente sem falhar um passe, levando os adeptos a festejar cada lance com olés, uma reação que, curiosamente, o técnico Bruno Lage não gostou. Levantando os braços, Lage pediu aos adeptos que parassem com os olés, um pedido que os benfiquistas aceitaram quando o jogo continuava a ser dominado em pleno pelos jogadores encarnados.
O Benfica mantinha o pé no acelerador, insistindo nos lances ofensivos sobre a baliza de Oblak, e acabou por tirar o melhor partido disso mesmo quando, ao minuto 84′, Amdouni foi carregado por Reinildo na área da turma visitante. Bem colocado, o árbitro assinalou o castigo máximo, mostrou o cartão amarelo a Reinildo mas também a Giménez por protestos, e a bola voltou à marca de penálti. Chamado a converter o castigo máximo, o turco Kokçu bateu a preceito para o quarto golo, dando contornos de goleada ao triunfo do Benfica sobre o Atlético de Madrid.
Numa noite europeia ”das antigas” no Estádio da Luz, perante 62.028 adeptos nas bancadas, o Benfica levou o jogo até ao fim com um domínio completo, tendo Bruno Lage chamado ainda ao jogo Leandro Barreiro e António Silva para as saídas de Bah e Kokçu, e nem estas mudanças ou o facto do jogo estar à beira do fim levou a que os pupilos de Lage levantassem o pé e à beira do final dos minutos de compensação o Benfica ainda dispôs de uma derradeira ocasião de golo. Amdouni começou por falhar o pontapé, Beste apareceu na recarga a permitir uma excelente defesa a Oblak e Rollheiser, ainda no mesmo lance, enviou a bola à trave quando estava já em posição irregular.
Amdouni ainda voltou a rematar sempre em busco do quinto golo, com a bola a passar rente ao poste esquerdo da baliza de Oblak, e uma vez mais a defesa do Atlético ficou completamente apática a ver jogar os jogadores do Benfica, no corolário de um jogo em que a equipa da casa foi mesmo a melhor em campo, venceu por 4-0 e poderia ter terminado esta noite europeia com uma goleada ainda mais gorda. O Benfica foi sempre melhor, mais assertivo, mais concentrado, e conseguiu vulgarizar um adversário tido como teoricamente superior que deixou o Estádio da Luz com quatro golos sofridos numa noite perfeita para os encarnados.
O Benfica soma agora seis pontos na Liga dos Campeões e, depois de cinco jogos e cinco vitórias sob o comando de Bruno Lage, aponta já baterias para o jogo do próximo fim-de-semana referente à oitava jornada da I Liga a jogar no terreno do Nacional da Madeira, no domingo às 18h00.