Marvão, a vila medieval por excelência em Portugal, transformou-se mais uma vez num portal para o passado, revivendo a rica história islâmica que moldou a região. A mais recente edição do Festival Al Mossassa, realizada de 4 a 6 do passado mês de Outubro, transportou milhares de visitantes para o século IX, numa celebração que homenageou Ibn Marúan, fundador de Marvão e Badajoz.
Durante três dias, as ruas estreitas e as praças históricas de Marvão ganharam vida com a presença de mercadores, artesãos, músicos, bailarinos e artistas de rua. O cheiro a especiarias exóticas e a música tradicional árabe embalaram os visitantes numa atmosfera única, repleta de cores, sons e aromas.
O festival proporcionou uma experiência imersiva, com recriações históricas que permitiram aos visitantes conhecer de perto a vida quotidiana na época islâmica. Acampamentos militares, exposições de armas, oficinas de artesanato, jogos medievais e demonstrações de falcoaria transportaram os presentes para um tempo longínquo.
As ruas de Marvão foram decoradas com bandeiras e adereços típicos da época, criando um ambiente mágico e convidativo. Os visitantes puderam apreciar a beleza da arquitetura árabe, presente em muitos dos edifícios da vila, e descobrir a influência islâmica na cultura e na gastronomia da região.
Um palco para a cultura e as artes
O Festival Al Mossassa foi também um palco para a apresentação de diversas manifestações artísticas. Espetáculos de música e dança, teatro de rua, artes circenses e apresentações de dança do ventre encantaram o público. Os mais novos também tiveram a oportunidade de participar em diversas atividades lúdicas e educativas, como oficinas de artesanato e jogos tradicionais.
O festival foi um momento de encontro e partilha entre culturas, reunindo pessoas de diferentes origens e nacionalidades. O Mercado das Três Culturas, com a sua vasta oferta de produtos artesanais, gastronómicos e culturais, foi um dos grandes destaques do evento.
A cada edição, o Festival Al Mossassa ganha mais notoriedade, consolidando-se como um dos eventos mais importantes do calendário cultural português. A organização do evento tem demonstrado uma grande capacidade de inovar e surpreender, garantindo que cada edição seja uma experiência única e inesquecível.
Em suma, o Festival Al Mossassa é muito mais do que uma simples festa medieval. É uma celebração da história, da cultura e da diversidade, um momento para refletir sobre as nossas origens e celebrar a riqueza do nosso património.
Marvão, a pérola do Alto Alentejo
Quanto a Marvão, o palco deste Festival Al Mossassa, é hoje um destino turístico de renome, com uma rica história e um património cultural único. A vila medieval preserva a sua autenticidade, com ruas estreitas, casas de granito e um castelo imponente que domina a paisagem, com as suas muralhas medievais, a Porta de São Pedro e a Igreja de Santa Maria, sendo estes só alguns dos monumentos que atraem milhares de visitantes anualmente.
Olhando à paisagem, a Serra de São Mamede oferece um cenário deslumbrante, ideal para caminhadas, trilhos de bicicleta e observação da natureza. Depois, ao longo do ano, Marvão recebe diversos eventos culturais, nomeadamente este Festival Al Mossassa, que recria a vida medieval, mas também a Feira da Castanha, que celebra um dos produtos mais emblemáticos da região.
Numa região em que a gastronomia local é rica e saborosa, com destaque para a carne de porco preto, os enchidos, o queijo de ovelha e os doces conventuais, a oferta de alojamento é diversificada, desde hotéis de charme a casas de campo e alojamentos locais. Naturalmente que o crescimento do turismo exige uma gestão sustentável dos recursos naturais e culturais, até para evitar a massificação e o impacto negativo no ambiente, mas também é um facto que os responsáveis locais têm conseguido uma cuidada preservação do património histórico e cultural, sendo esta necessidade um desafio constante, exigindo investimentos em conservação e restauro, e tudo isto em redor da vila de Marvão, terra com futuro promissor que se destaca pela sua beleza natural, riqueza histórica e cultural, e pela qualidade de vida que oferece aos seus habitantes.
texto: Jorge Reis e Paula Botelho
fotos: Paula Botelho
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