Esta sexta-feira, logo depois do embate entre o Sporting e Estrela da Amadora, jogo que os leões venceram por 5-1 com quatro golos de Viktor Gyokeres, o ainda técnico leonino Rúben Amorim dirigiu-se à sala de imprensa para explicar a sua decisão de deixar o clube de Alvalade e aceitar o convite do Manchester United, para o qual seguirá no próximo dia 11, logo depois de ter orientado a formação campeã nacional frente ao Manchester City, na próxima terça-feira, em jogo da Liga dos Campeões da UEFA, e depois em Braga, em jogo da 11ª jornada da I Liga, no próximo dia 10 do corrente mês. Marcada por um tom de reflexão e até com alguma emoção, esta conferência de Imprensa permitiu ao técnico abordar as as razões da sua saída, mas também o seu carinho pelo Sporting, tendo confessado que desde o início da época que estava combinado com os dirigentes do Sporting que Amorim sairia sempre no final da presente época independentemente do resultado desportivo na mesma.
Tendo apostado esta época em conquistar o bicampeonato para o Sporting, Rúben Amorim explicou como lhe chegou a proposta do Manchester United, para a qual ele teve três dias para dar uma resposta. Segundo o ainda treinador dos leões, ainda terá procurado que o United lhe permitisse ficar no Sporting até ao final da época, mas foi-lhe dito que era agora ou nunca pois o Manchester United não poderia esperar muito mais. Assim, foi apenas uma questão de esperar que os dois clubes chegarem a um entendimento relativamente ao qual Rúben Amorim garantiu que nunca interferiu.
Sobre o Sporting, Amorim reconheceu a importância do clube na sua carreira, afirmando: “O Sporting foi fundamental para o meu crescimento como treinador. Aqui encontrei um ambiente que me permitiu desenvolver as minhas ideias e trabalhar com jogadores talentosos.” No entanto, o apelo do Manchester United, uma das maiores instituições do futebol mundial, foi inegavelmente forte. “Aceitar um desafio como este é uma oportunidade única na vida de qualquer treinador. Sinto que estou pronto para dar este passo e enfrentar novos desafios e este foi o único clube que mexeu comigo e que eu quis”, explicou.
O técnico revelou ainda que “esta nem foi a primeira vez nem a segunda que algum clube bateu a cláusula da rescisão”, adiantando mesmo que houve “um clube que propôs um contrato que era muito mais vantajoso” do que aquele que irá encontrar agora em Manchester. Por outro lado, garantiu, a sua decisão não foi fácil, sublinhando o seu respeito pelos adeptos e pela história do Sporting. “Os adeptos merecem o nosso melhor, e sempre vou levar comigo as memórias e as conquistas que tivemos juntos. Estou grato por tudo o que vivi aqui”, acrescentou.
Apesar disso, Amorim explicou que este convite do Manchester surgiu precisamente no contexto por ele desejado, e se algumas pessoas já lhe terão dito que o United é um clube particularmente complicado, o técnico campeão nacional disse que é precisamente nesse contexto que quer encontrar o clube de Manchester pois foi do mesmo modo que encontrou o Sporting, e isso irá permitir-lhe fazer as coisas como ele quer fazer.
Em resposta a uma questão colocada pelo LusoNotícias, Rúben Amorim, que não quis esclarecer se no clausulado do seu contrato alguma vez ficou de facto estipulada a necessidade de dar 30 dias ao Sporting antes de deixar o clube de Alvalade, acrescentou a sua convicção de que o clube de Alvalade está pronto para seguir em frente mesmo depois da sua saída, lembrando que foi toda a estrutura do clube e não apenas ele próprio que conseguiram para o Sporting os resultados positivos, os títulos e a estabilidade que os leões conseguiram nos últimos anos em Alvalade.
Quem esteve igualmente presente na sala de Imprensa de Alvalade depois do jogo entre Sporting e Estrela da Amadora foi Frederico Varandas, o presidente do Sporting, ele que confirmou que havia o acordo para a saída de Amorim de Alvalade no final da presente época com ou sem a conquista do título de bicampeão. E sem rodeios, Varandas manifestou a sua compreensão em relação à decisão de Amorim: “Entendemos a escolha do Rúben. Ele é um treinador com um futuro brilhante, e não podemos esquecer que o Manchester United é um clube de topo, com uma história que todos conhecemos,”
O presidente do Sporting destacou ainda a importância do trabalho realizado por Amorim no clube, que levou o Sporting a conquistar o tão desejado título de campeão nacional após anos de jejum, algo que repetiu na última época, vencendo dois campeonatos em quatro épocas. “A passagem de Amorim ficará marcada no Sporting por aquilo que ele fez, do mesmo modo que o Sporting ficará marcado na carreira de Rúben Amorim, e naturalmente que estamos gratos por tudo o que fez por nós”, acrescentou Frederico Varandas que, sobre o valor da cláusula de rescisão de 10 milhões de euros, não resistiu a deixar uma farpa para o rival Benfica. “Pior do que receber apenas 10 milhões por um treinador campeão, seria seguramente ter que pagar 10 milhões para despedir um treinador”, afirmou numa alusão clara à saída de Roger Schmidt do comando dos encarnados.
Numa altura em que se aponta o nome de João Pereira, o actua técnico da equipa B do Sporting como sucessor de Rúben Amorim, Frederico Varandas recusou-se a confirmar qualquer nome, limitando-se a garantir que o nome do novo técnico será anunciado no próximo dia 11, logo depois da saída de Rúben Amorim.
Terminava assim uma conferência de Imprensa transformada em momento de despedida, que só não o foi mais já que Amorim irá orientar o Sporting em mais dois jogos. Além disso, para além do sentimento de despedida, foi também esta conferência um momento de celebração dos leões pelo que foi alcançado durante a passagem de Rúben Amorim pelo Sporting.
A mudança para o Manchester United representa agora não apenas um novo capítulo na carreira do treinador, mas também um reconhecimento do trabalho e do talento que ele demonstrou em Alvalade. E quanto ao futuro, este promete ser emocionante tanto para Amorim quanto para o Sporting, que agora deverá encontrar um novo líder para continuar o seu caminho de sucessos, ficando a incógnita sobre se o caminho a percorrer daqui para a frente será marcado pelo sucesso que conseguiu nomeadamente neste início de época, algo que nunca é garantido e muito menos no futebol.
texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis
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