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Gyokeres abre prenda de Natal e dá vitória ao Sporting

Um golo marcado por Viktor Gyokeres na segunda parte do prolongamento frente ao Santa Clara, em Alvalade, depois de um empate a um golo nos 90 minutos regulamentares, permitiu ao Sporting vencer a formação açoriana e com isso garantir o apuramento para os quartos-de-final da Taça de Portugal. Num jogo que parecia destinado a ser resolvido através dos pontapés a partir da marca das grandes penalidades, com as duas equipas empatadas e já sem grande força nem discernimento para chegarem ao golo que permitisse resolver a eliminatória de outra forma, valeu aos leões um erro crasso de Frederico Venâncio, o central do Santa Clara que, ao minuto 113′, fez um atraso mal calculado para o guarda-redes Neneca, ficando a bola ao alcance do avançado sueco que teve tempo para interceptar a bola, fintar o guarda-redes e, com a baliza inteiramente à sua mercê, fazer o golo que decidiu a eliminatória.

Frente à equipa que tinha imposto no final de Novembro a primeira derrota dos leões no presente campeonato, impedindo que a equipa agora às ordens de João Pereira somasse a 12ª vitória consecutiva na I Liga, o que seria uma marca ímpar na história do Sporting, a equipa de Alvalade precisava agora de vencer, até porque novo desaire significaria o afastamento da Taça de Portugal, um dos objectivos do Sporting a par do título de bicampeão nacional para a presente época. Só que para este jogo, o Santa Clara surgiu neste jogo com a mesma ambição que lhe permitiu vencer o jogo do passado dia 30 de Novembro, acreditando que poderia repetir o mesmo resultado e com isso eliminar a formação de Alvalade. Para isso, a turma açoriana começou o jogo no meio-campo defensivo da equipa da casa, ameaçando a baliza à guarda de Franco Israel.

Com João Costa como o homem mais adiantado, apoiado por Vinícius Lopes pela direita e Klismahn no corredor canhoto, o Santa Clara apresentou-se em Alvalade com Sidney Lima, Guilherme Ramos e Frederico Venâncio numa primeira linha de três centrais à frente do guarda-redes Neneca, formando a linha de quatro médios com Lucas Soares e Diogo Calila nos corredores, descendo no terreno nos momento defensivos, e procurando subir quando os leões assim o permitiram, aparecendo Pedro Ferreira e o ‘capitão’ Adriano no meio do terreno.

Já o Sporting, que apenas aos oito minutos conseguiu fazer uma jogada ofensiva que terminou com Gyokeres a entrar na área do Santa Clara e a bola a ficar nas mãos do guarda-redes Neneca, alinhou o para este jogo com o seu melhor onze na ‘era’ João Pereira, com o uruguaio Franco Israel entre os postes, a linha defensiva formada por Matheus Reis, Debast e Eduardo Quaresma, ainda Quenda, João Simões, Hjulmand e Geny Catamo no meio-campo, aparecendo na frente Gyokeres ladeado por Maxi Araújo e Francisco Trincão.

O Sporting, que ainda demorou um pouco a equilibrar a contenda, num jogo em que o Santa Clara começou melhor, conseguiu ter posse de bola e agarrar no jogo depois dos primeiros 15 minutos, e ao minuto 16’ a equipa da casa dispôs mesmo de uma oportunidade soberana, num lance iniciado por Zeno Debast, lançando Catamo pelo lado direito a cruzar para a área onde apareceu Geovany Quenda com a baliza inteiramente à sua mercê, num remate sem nexo a enviar a bola por alto pela linha de fundo quando tinha apenas que encostar para o que seria o primeiro golo do jogo.

Lentamente, o Sporting conseguiu instalar-se no meio-campo do Santa Clara, ainda que sem consequências práticas deste domínio territorial de algum modo consentido pelo conjunto açoriano que, nos momentos defensivos, foi estendendo a sua equipa num 5x4x1 que os leões demoraram a conseguir desmontar. Acabou por ser preciso um lance algo estranho dentro da grande-área para que surgisse a nova “ameaça” de golo, com a bola a entrar na baliza de Neneca depois de uma jogada em que a bola bateu no poste, ressaltou contra as costas do guarda-redes do Santa Clara e entrou na baliza para o que parecia ser o golo inaugural da partida. Só que na origem do lance o capitão dos leões, Hjulmand, controlou a bola com o braço pelo que o golo acabou invalidado pelo árbitro Hélder Malheiro, ele que começava por esta altura a ser particularmente vaiado pelos adeptos leoninos a partir das bancadas de Alvalade.

Igualdade sem golos ao intervalo justificada
pela fraca qualidade do jogo disputado

Num jogo lento e algo apático de ambos os lados, disputado sem qualquer velocidade e com ainda menos entusiasmo por parte das duas equipas, o juiz da partida deu mais dois minutos de compensação no primeiro tempo, vindo a terminar pouco depois com as duas equipas a serem incapazes de impor ritmo ou fluidez no jogo que chegou ao intervalo com os adeptos a protestarem contra a fraquíssima qualidade do jogo disputado até então.

O Santa Clara recolheu aos balneários a cumprir o seu objectivo, mantendo um empate que deixava o Sporting ansioso e nervoso, num jogo em que a equipa da casa, com o seu jogo ofensivo completamente bloqueado tinha que mudar muito no seu jogo para conseguir desmontar a estratégia do Santa Clara.

Para o segundo tempo o Santa Clara começou por operar uma alteração, com a entrada de Gabriel Silva por troca com João Costa, uma mudança de jogadores no sector ofensivo certamente com o intuito de surpreender a defesa do Sporting que regressou ao segundo tempo com o mesmo onze com que começara a partida. Já o primeiro lance em que o golo esteve à vista aconteceu ao minuto 59’, com o Sporting a perder nova oportunidade soberana, acabando por permitir que o Santa Clara conseguisse sair em contra-ataque para o meio-campo do Sporting, valendo aos leões a intervenção de Debast que anulou a transição do conjunto açoriano para o ataque.

O Sporting teve sempre mais posse de bola, criou pontualmente uma ou outra oportunidade e acabou por perder lances de golo eminente com falhas simplesmente incríveis, perante um adversário que via o jogo correr-lhe de feição.

Adiava o conjunto açoriano o golo na sua baliza, mantinha o empate, espreitava uma oportunidade de surpreender Franco Israel e fazia aumentar os índices de nervosismo entre os leões. Isso mesmo ficou claro ao minuto 63’ quando Ricardo Esgaio, por essa altura a realizar exercícios de aquecimento junto à linha lateral, ficou contrariado com uma decisão do árbitro Hélder Malheiro e protestou de tal forma que viu dois cartões amarelos seguidos, pelos protestos, e o consequente cartão vermelho.

A equipa do Santa Clara instalava um ambiente claramente tóxico em Alvalade, com os leões a evidenciarem níveis complicados de ansiedade e nervosismo, perante uma equipa visitante que não conseguia importunar Franco Israel, mas que mantinha, do outro lado, o guarda-redes Neneca com a sua baliza intacta.

Sem soluções, o treinador do Sporting, João Pereira, mexeu na sua equipa ao minuto 70’, com as entradas de St. Juste e Conrad Harder, para as saídas de Matheus Reis e Geny Catamo. Antes, na equipa do Santa Clara, já o técnico Vasco Matos havia operado algumas mudanças, com as apostas em Daniel Borges, Serginho e Matheus Pereira, para as saídas de Vinícius Lopes, Adriano e Diogo Calila.

Conrad Harder mexeu com o jogo e fez o golo,
mas o Santa Clara repôs a igualdade à beira do fim

Acabou por ser Conrad Harder a conseguir mexer no jogo. Sempre a interagir com os adeptos nas bancadas, o jovem avançado dinamarquês precisou apenas de três minutos para deixar a sua marca no jogo. À passagem do minuto 73′, Harder conseguiu tocar a bola com o corpo na pequena-área e dessa forma empurrou a bola para o fundo da baliza de Neneca sem que este se conseguisse opor, conseguindo o jovem avançado fazer o golo para os leões.

As mexidas impostas por João Pereira davam assim resultado, com o Sporting a conseguir finalmente desfazer o nulo, depois de inúmeras falhas clamorosas, num jogo em que ainda assim continuava evidente claro défice de qualidade no futebol jogado pelas duas equipas.

Aos 80’ minutos, depois de um lance em que Klismahn se envolveu numa discussão com um elemento do Sporting, o jogador do Santa Clara acabou por ver o cartão amarelo, ele que saiu por essa altura do jogo para dar o seu lugar a Safira, uma troca que vinha dar nova energia ao ataque da formação visitante, isto numa altura em que os leões conseguiam finalmente controlar a vantagem tangencial permitida pelo golo de Harder. Perante 27.120 espectadores nas bancadas de Alvalade, João Pereira voltava a mexer na sua equipa, agora com a saída de Debast para a entrada de Diomande à passagem do minuto 83’.

O jogo prosseguiu até ao minuto 90’, Hélder Malheiro ainda deu mais cinco minutos de compensação quando o Sporting surgia instalado no meio-campo defensivo do Santa Clara, numa altura em que esta equipa parecia já não ter forças nem ideias para contrariar a vantagem dos leões no marcador e no jogo.

Ao minuto 90’+03′, numa rápida transição ofensiva, o Santa Clara conseguiu enviar a bola para as costas da linha defensiva da equipa do Sporting, com Gabriel Silva a cabecear sobre a linha de golo e a falhar de forma perdulária o que seria o golo do empate. Esse golo não apareceu por essa altura, também não apareceu pouco depois quando Franco Israel fez uma defesa brutal depois de um remate do meio da rua por Guilherme Ramos, com o guardião leonino a fazer a defesa da noite, mas surgiu mesmo o golo do empate, aos 90’+07’, num lance em que Pedro Ferreira, fez um desvio dentro da área leonina que colocou a bola dentro da baliza do Sporting.

O Santa Clara conseguia assim no último lance do jogo no tempo regulamentar um golo de um herói improvável, isto porque Pedro Ferreira ainda não tinha marcado qualquer golo pela turma do Santa Clara, tendo este golo levado as duas equipas para um prolongamento em que a força anímica estava agora na equipa açoriana, que conseguiu assegurar mais meia-hora de jogo quando a eliminatória parecia resolvida a favor dos leões.

Prolongamento só não foi para penáltis
porque Venâncio ofereceu o golo a Gyokeres

Pouco antes do final do período de compensação dado pelo árbitro sobre o tempo regulamentar dos 90 minutos, João Pereira ainda operou uma derradeira alteração na equipa leonina, com a aposta em Fresneda para a saída de Geovany Quenda, o que deixava os leões com uma capacidade menor de explosão junto à baliza contrária para o prolongamento.

Já o Santa Clara, que chegou ao empate no último lance, entrava no prolongamento com outra confiança, perante uma equipa do Sporting que voltava a acusar enorme nervosismo. Já para lá das 22h50, o jogo avançava assim para mais 30 minutos e com tudo por resolver, numa eliminatória cuja resolução ficou adiada no último lance antes do apito final do árbitro Hélder Malheiro.

O jogo avançava assim para o prolongamento, o Santa Clara voltava a apresentar a sua equipa no inicial 5x4x1, agora com Safira como o homem mais adiantado, frente a um Sporting em que Hjulmand e João Simões continuavam a ser os motores do meio-campo, com Harder a procurar quebrar a resistência da linha defensiva dos açorianos, sendo estes os destaques na formação leonina que procurou manter-se instalada no meio-campo defensivo do Santa Clara.

Sobre o intervalo do prolongamento, a turma visitante, que apontava como objectivo evidente conseguir levar a discussão da eliminatória para as grandes penalidades, voltou a receber nova alteração no seu onze, com a entrada do médio Nuno Almeida para o lugar daquele que tinha sido até então herói da noite, Pedro Ferreira, ele que marcou o golo que permitiu levar o jogo para prolongamento no relvado de Alvalade.

Sem novos golos, o jogo avançou para a segunda metade do prolongamento, com João Pereira a determinar uma derradeira mudança na sua equipa, apostando em mais um jovem oriundo da equipa B dos leões, Mauro Couto, jogador que foi posicionar-se no corredor direito, deslocando Fresneda para central do lado esquerdo, ele que tinha entrado aparentemente para “queimar” tempo e que acabou por ficar em campo quando o jogo seguiu para o prolongamento.

O Santa Clara continuava a apostar em levar o jogo para os penáltis, queimando algum tempo sempre que possível, o Sporting teimava em encontrar soluções junto à área dos açorianos onde os caminhos para a baliza apareciam sempre fechados, e a igualdade no resultado não se desfazia.

Só que o futebol é um jogo em que os golos de uns resultam dos erros dos outros, e eis que ao minuto 113’, quando nada o faria esperar, um erro crasso de um homem do Santa Clara, Frederico Venâncio, resultava de um atraso descuidado para o guarda-redes Neneca, feito sem força a permitir que Gyokeres, atento, conseguisse chegar à bola antes do guarda-redes. Com a bola controlada, o avançado sueco do Sporting ultrapassou o guardião do conjunto açoriano e, com a baliza à sua mercê, fez o golo para os leões, que assim ficavam de novo em vantagem nesta eliminatória da Taça de Portugal.

Num jogo em que as duas equipas já sentiam enorme dificuldades em encontrar forças para manterem alguma coerência nos seus lances, coube ao Sporting segurar esta vantagem conseguida sobre uma “prenda de Natal” antecipada permitida por Frederico Venâncio à formação leonina. Com as forças a escassearem nas duas equipas, o resultado não sofreu mais alterações, o defesa central do Sporting, St. Juste, ainda viu um segundo cartão amarelo e o consequente vermelho depois de uma falta sobre Safira, terminando o jogo pouco depois com o Sporting a garantir a continuidade na Taça de Portugal, depois de um jogo disputado sem grande qualidade por parte das duas equipas, mas também pela equipa de arbitragem, que teve uma prestação atribulada, com muito protagonismo num jogo que a determinada altura complicou mais do que o deveria.

Valeu para o Sporting a vitória depois de 120 minutos de jogo e o consequente apuramento para os quartos-de-final da Taça de Portugal, o Santa Clara passará a concentrar atenções no campeonato da I Liga, onde se mantém no quarto lugar da classificação, com 27 pontos, mais dois do que o Sporting de Braga, ficando ainda assim evidente que foi muito melhor para os leões o resultado desta eliminatória do que a exibição.

Os leões às ordens de João Pereira terão agora que apontar as atenções para o jogo do próximo domingo, frente ao Gil Vicente, em Barcelos, referente à 15ª jornada do campeonato da I Liga, o jogo que irá antever o dérbi da cidade de Lisboa, o Sporting-Benfica, no dia 29 em Alvalade, o jogo que promete determinar quem irá entrar em 2025 à frente da classificação da I Liga do futebol português.

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis e Luís Moreira Duarte

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