SCP 3-2 Boavista 0713

Sporting vence Boavista (3-2) mas treme até ao fim

Após ter estado em vantagem por duas vezes, também por duas vezes o Sporting consentiu o golo do empate na sua baliza, marcado pelos homens do Boavista, e só à terceira foi de vez, com um segundo golo de Trincão (o primeiro golo dos leões foi de Gyokeres) a fazer o 3-2, o resultado com que viria a fechar o marcador no jogo entre leões e axadrezados, no Estádio de Alvalade, este sábado, referente à 14ª jornada do campeonato da I Liga.

O Sporting venceu, somou os três pontos, o técnico João Pereira garantiu a sua primeira vitória em jogos para o campeonato desde que chegou a Alvalade, e afirmou no final que estava contente com o triunfo da sua equipa que o convenceu, falou de “um trabalho fantástico” dos seus jogadores, acabando por negar aquilo que para nós foi evidente, uma falta de consistência de uma equipa que por duas vezes perdeu a vantagem que construiu ao longo do jogo perante um adversário que revelou particularmente eficaz, muito pela liberdade que a defesa leonina deu aos homens mais adiantados da formação axadrezada.

E a verdade é que olhando para o jogo o Sporting até entrou melhor na partida, criando oportunidades e instalando-se no meio-campo defensivo do Boavista, que simplesmente não conseguia ultrapassar a linha de meio-campo com a bola em sua posse. Com menos de meio minuto de jogo decorrido e eis que o jogo era parado devido a um choque entre Hjulmand e Miguel Reisinho, com o jogador do Boavista a ficar em mau estado, passando a usar uma ligadura na cabeça segura por uma touca. Retomado o jogo, os leões assumiram por inteiro a iniciativa do jogo, colocaram intensidade na busca pelo golo frente aos boavisteiros, que se viram confinados nos trinta metros junto à sua baliza, e foram encostando o adversário até junto da sua baliza.

Leões entraram com garra,
marcaram aos 23′ e perderam fulgor

Ao minuto 7’, Gyokeres, na pequena-área e com o guarda-redes boavisteiro já no chão, rematou contra a perna deste e a bola ganhou altura, passando por cima da trave e perdendo o avançado sueco uma oportunidade soberana para abrir o marcador deste jogo. Os leões, vindos de quatro derrotas consecutivas, iam dominando por inteiro frente a um Boavista que ia conseguindo fechar os caminhos para a sua baliza, falhando os leões na finalização num jogo em que só “dava” Sporting. A chegada aos últimos metros junto à baliza do guarda-redes César, revelava-se fácil para os jogadores do Sporting, mas a finalização teimava em não surgir, revelando-se a equipa de Alvalade particularmente perdulária face às oportunidades que foi construindo.

A partir das bancadas, os adeptos viam passar os minutos e começavam a acusar também eles algum nervosismo face à forma como o Sporting perdia lances já dentro da área de baliza do Boavista, respondendo aos passes errados ou às finalizações menos conseguidas. E no meio de tanto desacerto, à passagem do minuto 23’, foi preciso um erro grosseiro da defesa do Boavista, num mau atraso de Pedro Gomes para o seu guarda-redes, para que Viktor Gyokeres chegasse finalmente ao golo, feito de forma fácil depois de ultrapassar o guarda-redes César e ficar com a baliza à sua mercê.

Feito o golo e conseguida finalmente a vantagem no marcador para o Sporting, a primeira reação da equipa leonina ficou evidente na forma como todos os jogadores de reuniram a festejar aquele golo, mostrando afinal a consciência do grupo relativamente ao momento complicado que a turma de Alvalade atravessa desde que o técnico João Pereira assumiu o comando do futebol sportinguista. Conseguida a vantagem no marcador, o Sporting foi perdendo algum fulgor, baixou o ritmo, e acabou por permitir algumas liberdades aos homens do Boavista que, à passagem do minuto 40, conseguiram ter bola no ataque, com Onyemaechi a fazer um remate sem nexo com a bola a sair pela linha de fundo.

No segundo remate do Boavista
o Sporting consentiu o empate

O aviso estava dado e a concretização surgiu no lance seguinte, ao minuto 42’, com a turma visitante a descer de novo até à baliza de Franco Israel, Salvador Agra a cruzar do lado direito do ataque e eis que Bozenik apareceu a cabecear para baliza a fazer o golo na baliza do Sporting. Na segunda vez que os axadrezados desceram à área leonina, o golo apareceu mesmo e os leões consentiam a igualdade à beira do intervalo, com o árbitro Fábio Veríssimo a dar mais três minutos de compensação.

De novo com a igualdade no marcador e o Sporting voltava a procurar imprimir mais velocidade no jogo, chegando de novo à baliza de César perante uma equipa do Boavista que respondia com linhas compactas, a fecharem os caminhos para as suas redes. Com este figurino no jogo, o intervalo chegou mesmo a Alvalade e a vantagem que o Sporting construiu até ao minuto 42’, inicialmente merecida, com uma intensidade que manteve na primeira meia-hora, acabou por baixar, permitindo a resposta do Boavista e o golo da igualdade.

A primeira metade do jogo chegava assim ao fim, o Sporting teve bola, construiu oportunidades, perdeu lances de baliza à mercê e acabou por sofrer o golo do empate por parte dos axadrezados à beira do intervalo, dando conta, a equipa da casa, de uma personalidade bipolar, revelando-se plena de fulgor na primeira meia-hora, sendo capaz de fazer o golo ao tirar o melhor partido do erro do adversário, mas mostrando depois de se encontrar em vantagem outro ritmo. Mais lenta e permissiva, a equipa do Sporting não segurou a vantagem e permitiu que o Boavista fizesse o seu golo, bem construído perante uma defesa que de um momento para o outro ficou a ver jogar a formação visitante, com Bozenik a aparecer dentro da área leonina a cabecear para o golo sem qualquer oposição.

Numa noite muito fria em Alvalade, perante os 34.094 espectadores que estiveram nas bancadas de acordo com os números oficiais dados pelo Sporting, o empate que se registava ao intervalo acentuava ainda mais a baixa temperatura que nem sequer conseguia ser contrariada pelo entusiasmo dos adeptos, isto porque também eles ficaram gelados em face do golo de Bozenik conseguido ao minuto 42’. Para trás ficava um primeiro tempo em que o Sporting teve mais de 70 por cento de posse de bola, com 13 remates à baliza de César contra apenas três efetuados pelos homens do Boavista.

Sporting volta marcar
e de novo consente o empate

Para o segundo tempo as duas equipas regressaram ao relvado de Alvalade com os mesmos onzes, e tal como no primeiro tempo foi o Sporting quem trouxe o ritmo elevado que já mostrara no início da primeira metade da partida. A diferença é que ao contrário do que aconteceu no primeiro tempo, os leões não precisaram agora de muito tempo para finalizar com novo golo, apontado ao minuto 49’, por Trincão, depois de uma assistência de Maxi Araújo, a partir do lado esquerdo da área boavisteira para o segundo poste onde apareceu o camisola 17 da formação leonina.

Só que uma vez mais, depois de estar em vantagem, o Sporting voltou a baixar o ritmo, recuou linhas, e eis que o Boavista chega de novo ao golo, ao minuto 58’, agora com os axadrezados a festejar um remate de Onyemaechi partir do corredor esquerdo do ataque, que resulta no golo do empate (2-2), com o guarda-redes Franco Israel a ser muito mal batido, permitindo a passagem da bola por baixo do seu corpo no remate do extremo boavisteiro.

Depois de casa roubada, trancas à porta, e uma vez mais, depois de terem consentido o segundo golo do Boavista, os homens às ordens de João Pereira voltavam a acordar, nm jogo de altos e baixos em que era evidente a inconstância leonina, sem a capacidade de segurar a vantagem perante um adversário claramente ao seu alcance.

‘Bis’ de Trincão foi a chave
de um jogo difícil para o Sporting

A turma leonina precisava assim de se reerguer e recuperar a velocidade no jogo, mas agora frente a um Boavista que apresentava maiores índices de confiança face aos erros acumulados da equipa de Alvalade.

A velocidade de execução junto à baliza contrária voltou a ser elevada por parte dos jogadores do Sporting e eis que os leões tiravam o melhor partido disso mesmo, ao minuto 66’, com Francisco Trincão a fazer o terceiro golo para o Sporting, que pela terceira vez voltava a ficar em vantagem na partida. Gyokeres construiu o lance pelo lado esquerdo, encontrou Trincão em boa posição, fez o passe e o golo apareceu mesmo, num remate de pé esquerdo do camisola 17 a que César não se conseguiu opor.

De novo na frente do marcador, o Sporting recebe a primeira alteração vinda do banco, com a entrada de Conrad Harder para o lugar de Geny Catamo ao minuto 67’. Cinco minutos decorridos sobre esta alteração e eis que o Boavista voltava a baixar a temperatura na noite em Alvalade, com Seba Perez a estar muito perto do golo num lance em que este jogador axadrezado esteve muito perto do terceiro golo para a sua equipa. A bola saiu pela linha de fundo, bem junto ao poste direito da baliza de Franco Israel, mas ficava o aviso para a equipa de Alvalade de que o Boavista poderia repetir a “gracinha” do empate pela terceira vez neste jogo.

Os técnicos voltavam a mexer nas respectivas equipas, com Gonçalo Miguel e Camará a entrarem na equipa boavisteira para as saídas de Augusto Dabó e Pedro Gomes, respondendo o Sporting com a entrada de Diomande por troca com Eduardo Quaresma, que voltou a sair das quatro linhas depois de sofrer um toque de um adversário que o deixou lesionado. O nervosismo e a intranquilidade na equipa do Sporting subia de tom, mesmo em vantagem era claro que os jogadores leoninos não estavam confortáveis com este jogo, e o jogo continuava por resolver.

À beira dos 80’ minutos, João Pereira chamava ao jogo o jovem Henrique Arreiol para o lugar de outro jovem, o médio João Simões, ele que foi o melhor jogador do Sporting em campo e que saiu já esgotado fisicamente. O jogo entrava agora numa fase quezilenta, com muitas paragens para assistência de jogadores das duas formações, aparecendo o Boavista agora de forma mais evidente junto da baliza leonina, procurando tirar o melhor partido da ansiedade mais do que evidente dos homens de verde e banco vestidos.

Leões seguraram a vitória
mas Hjulmand ainda complicou

Com mais cinco minutos de compensação dados pelo árbitro Fábio Veríssimo, o Boavista ainda fez uma derradeira alteração no seu onze, com Namora a entrar para o lugar de Onyemaechi quando este acusava já não conseguir estar em campo em face das dificuldades físicas. Só que até ao final o resultado não voltou a sofrer qualquer alteração e os leões acabaram mesmo por garantir a tão desejada vitória perante os seus adeptos, um resultado que terá agradado por se tratar de uma vitória, mas que nem por isso terá convencido ninguém, excepção feita ao técnico João Pereira que se afirmou convencido com a exibição dos seus pupilos.

À beira do fim ainda houve um lance em que Hjulmand terá derrubado Reisinho dentro da área de baliza leonina, com um toque no pé esquerdo do jogador boavisteiro, mas nem o árbitro Fábio Veríssimo nem o VAR Bruno Esteves deram importância ao lance que poderia ter dado lugar a uma grande penalidade e a nova possibilidade para o Boavista chegar uma vez mais à igualdade. Os jogadores axadrezados ainda protestaram, o jogo prosseguiu e o apito final chegou pouco depois, com o Sporting a somar os três pontos no primeiro triunfo de João Pereira em jogos da I Liga e após quatro derrotas consecutivas.

Pela frente o Sporting tem agora um embate frente ao Santa Clara, um jogo a eliminar, referente aos oitavos-de-final da Taça de Portugal, um jogo provavelmente mais complicado, ou não fosse este adversário o mesmo que venceu a turma leonina em Alvalade na primeira das quatro derrotas sofridas pelos leões às ordens de João Pereira. Já o Boavista, a lutar contra uma realidade complicada em que vive o clube do Bessa, impedido de inscrever jogadores e a ter que continuar a fazer omeletes sem ovos, jogará na próxima jornada em sua casa onde irá receber outra equipa do mesmo campeonato, o AVS, estando obrigada a pontuar para não cair na zona de despromoção da tabela da I Liga.

texto: Jorge Reis
fotos: Luís Moreira Duarte

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