REIS2848

Benfica foi do tudo ao nada em jogo incrível com o Barcelona

No jogo da sétima jornada da fase de liga da Liga dos Campeões, realizado esta terça-feira no Estádio da Luz, o Benfica teve a vitória na mão, por um “confortável” 4-1, e deixou-a fugir nos últimos quinze minutos, frente ao Barcelona, permitindo à turma catalã a remontada no marcador para 4-5 com o quinto golo marcado no último lance da partida, já para lá dos quatro minutos de descontos dados pelo árbitro e depois de um lance em que a equipa de arbitragem não assinalou uma grande penalidade cometida sobre Leandro Barreiro, que poderia ter resultado no triunfo dos encarnados.

A verdade é que o árbitro nada assinalou, o VAR também não considerou a falta na área do Barcelona, e em contra-ataque o conjunto blaugrana conseguiu isolar Raphinha que, em velocidade, tirou Carreras da sua frente e rematou para o quinto golo do Barça, permitindo à turma catalã uma vitória num jogo em que houve situações inacreditáveis e golos para todos os gostos.

Num jogo em que o marcador mais parecia dizer respeito a uma partida de hóquei em patins, com um total de nove golos (!!!) numa partida em que o Benfica esteve grande parte do tempo em vantagem, logo a partir do segundo minuto, quando Pavlidis fez o primeiro golo do encontro no início do caminho para aquilo que viria a ser o seu primeiro “hat-trick” na Liga dos Campeões, um regresso aos golos por parte do grego que merecia outra sorte em termos de resultado da sua equipa, o Barcelona acabou como a equipa que teve mais posse de bola, fez mais remates à baliza e acabou mesmo por vencer.

Já o Benfica, que chegou a estar virtualmente em posição de qualificação imediata para os oitavos de final da Liga dos Campeões, tendo em conta os resultados que então se verificavam quando os encarnados venciam por 4-2, viu fugir o triunfo por entre os dedos e nem tão pouco o ponto do empate conseguiu garantir, num jogo em que o Barça marcou ao minuto 97′ no último lance do jogo.

No final do jogo a contestação ao trabalho do árbitro neerlandês Danny Makkelie por parte dos jogadores, técnicos e dirigentes do Benfica foi mais do que evidente, havendo relatos de alguns incidentes no túnel de acesso aos balneários protagonizados por elementos das duas equipas, isto já depois do árbitro ter mesmo exibido um cartão vermelho para o banco dos encarnados, nomeadamente para o avançado brasileiro Arthur Cabral, cumprindo indicações dadas pelo quarto árbitro.

Para além do golo decisivo ter sido apontado muito para além do tempo de compensação dado pelo árbitro, foi apontado por Raphinha na sequência de um lance em que ficou por assinalar uma falta sobre Leandro Barreiro dentro da área dos catalães, circunstância que tornou esta derrota sem dúvida “louca” do Benfica ainda mais difícil de engolir por parte dos encarnados.

É certo que o técnico Bruno Lage não estará isento de culpas pela forma como a sua equipa se comportou na fase final da partida, recuando no terreno e “convidando” o Barcelona a atacar, mas o juiz Danny Makkelie fica claramente associado ao triunfo do Barça no Estádio da Luz.

Pavlidis abriu o marcador
para o Benfica aos 2′ minutos

Olhando para o jogo e para a forma como o mesmo se desenrolou será justo dizer que Bruno Lage preparou muito bem a sua equipa para defrontar o perigoso Barcelona. Deixando Di Maria no banco de suplentes, Lage escalou a equipa Trubin na baliza, Tomás Araújo, António Silva, Otamendi e Álvaro Carreras na defesa, com este a ser um dos melhores elementos em campo ao longo de todo jogo, surgindo o “polvo” Florentino na frente dos centrais, numa linha média onde apareciam ainda Aursnes e Kokçu, aparecendo na frente de ataque Akturkoglu e Schjelderup no apoio a Pavlidis.

Do lado do Barcelona, o técnico Hans Flick escalou uma equipa com Szczesny na baliza, Jules Koundé, Pau Cubarsí, Ronald Araújo e Álex Baldé na defesa, ainda Marc Casadó, Pedri e Gavi, aparecendo como os elementos mais adiantados Lamine Yamal, Robert Lewandowski e Raphinha.

Com estes dois “onzes”, o Benfica procurou iniciar o jogo a pressionar alto, junto à baliza do Barça. O primeiro remate à baliza foi feito pelo Barcelona, mas na resposta, a partir de um passe de Tomás Araújo de um lado ao outro do relvado, a bola foi parar aos pés de Álvaro Carreras que, com um cruzamento perfeito para o interior da área da turma catalã, enviou a bola para Schjelderup, com este a deixar passar a bola aparecendo atrás de si Pavlidis que, de primeira, ainda no segundo minuto do jogo, fez o primeiro golo do jogo. O Benfica entrava assim da melhor maneira no jogo, adiantando-se no marcador sobre o Barcelona que teria a partir dali que correr atrás do resultado.

Álvaro Carreras surgia entretanto como o melhor jogador do Benfica, a meter o jovem Lamine Yamal completamente “no bolso” impedindo-o de jogar pelo corredor e cortando com isso uma importante percentagem da capacidade ofensiva dos catalães, ao mesmo tempo que na frente de ataque surgia um irrequieto Schjelderup a criar espaços por dentro para que o mesmo Carreras pudesse surgir encostado à linha para os cruzamentos, assustando o Barcelona em lances de contra-ataque.

O Barcelona tinha mais posse de bola, jogava mais perto da baliza de Trubin, mas sempre que o Benfica explorava os espaços nas costas da defesa contrária levava perigo à baliza de Szczesny.

Carreras “secou” por completo
o jogo do miúdo Lamine Yamal

À passagem do minuto 7’, Carreras voltou a entrar muito bem no seu corredor, fez o cruzamento para Aursnes e este falhou um golo de baliza aberta, com a bola a sair ao lado do poste esquerdo da baliza de Szczesny.

Dois minutos depois foi o Barcelona a andar perto do golo, com Lewandowski a rematar dentro da área do Benfica, mas a bola saiu muito por cima e o Barcelona perdeu a oportunidade de empatar a partida num jogo que começava particularmente vivo e disputado.

Aos 13′ minutos, num lance ofensivo do Barcelona, Tomás Araújo pisou Álex Baldé dentro da área do Benfica e o árbitro, chamado pelo VAR a rever o lance, assinalou o castigo máximo que Lewandowski transformou no golo do empate. Um remate em jeito para o lado esquerdo de Trubin, enquanto este caía para o seu lado direito, colocava as duas equipas de novo em igualdade no marcador, voltando tudo ao início em termos de discussão do resultado neste jogo da Champions.

Impulsionado pelo golo e com maior domínio territorial, o Barcelona instalava-se no meio-campo defensivo dos encarnados e aos 19′ minutos foi preciso que Trubin assinasse uma enorme defesa a negar o golo a Gavi. O Barcelona crescia no terreno, jogava em cima do meio-campo defensivo do Benfica e impedia que os jogadores encarnados tivessem posse de bola.

Só que ao minuto 22′ houve lugar a um erro crasso de Szczesny, o guarda-redes polaco do Barça que, ao sair da grande-área para interceptar a bola, chocou com Álex Baldé, deixando a bola à mercê de Pavlidis que só teve que a levar até à área do Barça e marcar o golo mais fácil da sua carreira. Szczesny ainda saiu lesionado do lance, ficou deitado no relvado durante algum tempo, mas acabou por recuperar.

Szczesny errou ao chocar com Álex Baldé
e Trubin retribuiu ao acertar na testa de Raphinha

O mesmo Szczesny acabou por cometer nova falha, à passagem da meia-hora, agora ao procurar chegar à bola de carrinho perante o turco Akturkloglu. Este acabou por cair de forma aparatosa, e num lance que deixou dúvidas quanto à possível falta de Szczesny, a verdade é que o árbitro assinalou nova grande penalidade, com Pavlidis a ser chamado a converter o castigo máximo.

O grego bateu a grande penalidade e não vacilou, assinando o hat-trick e colocando o Benfica a vencer por 3-1, resultado com que os encarnados levaram o jogo até ao intervalo.

No segundo tempo o Barcelona voltou a ter mais bola e domínio territorial, cabendo ao Benfica procurar explorar os espaços nas costas da defesa catalã. Lamine Yamal jogava agora mais por dentro, procurando com isso fugir à marcação de Álvaro Carreras que antes simplesmente não o deixara jogar, acabando o técnico Bruno Lage por começar a mexer na sua equipa na entrada para a derradeira meia-hora do jogo.

Ao minuto 60′ saiu Aursnes para a entrada de Leandro Barreiro, ao mesmo tempo que Hans Flick apostava no Barcelona em De Jong e Fermin, por troca com Casadó e Gavi. E cinco minutos decorridos sobre estas mudanças, o Barça chegava ao segundo golo, num lance caricato, claramente para os apanhados: Trubin tinha a bola nas mãos, procurou repor o esférico em jogo, rematou para a sua frente, e já bem fora da área a bola bateu na testa de Raphinha, acabando por ressaltar em arco para dentro da baliza do Benfica, no golo mais surreal que o avançado do Barça já apontou na sua carreira.

O Benfica mantinha-se na frente do marcador, mas novamente pela diferença mínima, num jogo que levava já dois golos completamente “estranhos”, um para cada lado a colocar o Benfica em vantagem nesta altura por 3-2. Demorou no entanto apenas três minutos para que os encarnados voltassem a festejar o golo, ao minuto 68′, agora num auto-golo de Ronald Araújo, ele que desviou a bola para a sua baliza depois de um cruzamento de Schjelderup a partir do lado esquerdo para a pequena-área, e quando Araújo tinha atrás de si Pavlidis à procura do que seria o seu quarto golo.

Não marcou o grego, marcou mesmo o capitão do Barça, colocando o Benfica a vencer por 4-2, um resultado que permitia à turma da Luz chegar ao sétimo posto da classificação da Liga dos Campeões, com apuramento direto para os oitavos-de-final da Champions.

A vencer por 4-2 frente ao Barcelona
o Benfica recuou e foi do céu ao inferno

O Benfica vencia por 4-2 e começava aqui a recuar no terreno, permitindo espaço e melhores circunstâncias de jogo para o Barcelona, Bruno Lage apostava entretanto em Bah e Di Maria para as saídas de Akturkoglu e Schjelderup, com este a sair quando parecia ter ainda muito para dar aos encarnados, e o Benfica passava a jogar com uma linha cinco atrás, recuando linhas e agora sem ninguém lá na frente a segurar a linha defensiva do Barcelona junto da sua baliza.

A formação visitante subia no terreno, instalava-se no meio-campo dos encarnados, e para complicar tudo para o Benfica, à passagem do minuto 78′, Álvaro Carreras travou Lamine Yamal dentro da área com a mão sobre o ombro do jovem internacional espanhol. O árbitro não teve dúvidas, assinalou o castigo máximo, e Lewandowski voltou a converter um penálti, fazendo o terceiro golo do Barça.

Faltava assim cerca de um quarto-de-hora para o final da partida, o Benfica tinha que segurar um golo de vantagem perante os 63.225 espectadores presentes no Estádio da Luz, mas essa tarefa viria a revelar-se impossível, isto porque ao minuto 87′, na resposta a um cruzamento para a pequena-área dos encarnados, apareceu Eric García a saltar sem oposição e a cabecear para o golo do empate, batendo Trubin sem possibilidades de defesa para este.

A formação do Barcelona estava por cima na fase final da partida, o árbitro neerlandês dava mais quatro minutos de compensação, mas foi o Benfica a ter uma oportunidade clamorosa para marcar, sobre o minuto 90′, quando Di Maria partiu para um lance de ataque ainda antes da linha de meio-campo e, isolado perante Szczesny, não conseguiu bater o guarda-redes polaco para aquele que seria o quinto golo dos encarnados.

Ao minuto 90’+02′ Lamine Yamal deu o seu lugar a Gerard Martín e três minutos depois, ao quinto minuto de compensação num jogo para o qual o árbitro havia dado quatro minutos, foi assinalado um livre sobre Carreras no lado esquerdo do ataque do Benfica, já bem perto da linha limite da área do Barcelona. A bola foi batida, Leandro Barreiro foi carregado dentro da área da turma catalã, o árbitro nada assinalou e no ressalto a bola vai parar aos pés de Lewandowski que, com um pontapé longo, colocou em Raphinha no meio-campo do Benfica que, só com Carreras na sua frente, tirou o lateral do lance e rematou para a baliza de Trubin, com este incapaz de impedir o quinto golo da equipa visitante.

O Barcelona ganhava assim um jogo que nunca controlou, um resultado inglório para o Benfica que perdeu assim um jogo épico, com nove golos, com um hat-trick de Pavlidis e exibições de grande qualidade por parte de elementos como David Carreras, Florentino ou Schjelderup, claramente a merecerem um desfecho bem diferente ao invés da vitória que acabou por cair para o lado do Barcelona. O Benfica mantém assim os 10 pontos na presente edição da Liga dos Campeões, tendo que jogar a última jornada da prova no terreno da Juventus, em Itália, quando nada está assegurado em termos de apuramento para o play-off da competição que permitirá discutir o acesso aos oitavos-de-final da Champions.

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis

Sondagem

Qual a sua convicção pessoal relativamente ao curso da guerra na Ucrânia?

View Results

Loading ... Loading ...

Rádio LusoSaber

Facebook

Parcerias

Subscreva a nossa Newsletter

Inscreva-se para receber nossas últimas atualizações na sua caixa de entrada!