Depois da “crise dos áudios” vazados nas redes sociais de uma conversa do técnico Bruno Lage no passado sábado à noite, mantida na garagem do Estádio da Luz com alguns adeptos, com declarações polémicas do treinador dos encarnados, a equipa do Benfica venceu esta quarta-feira em Turim, no terreno da Juve, frente à formação italiana por 2-0, na oitava jornada da fase de liga da Champions da UEFA, acabando com isso por “varrer” para debaixo do tapete a polémica dos áudios, pelo menos até ao próximo resultado negativo que o Benfica possa ter nas competições nacionais.
Para já, e depois de ter ganho a Taça da Liga, o Benfica garantiu a qualificação para o play-off de apuramento para os oitavos-de-final da mediática Liga dos Campeões, cumprindo assim mais um objectivo do clube para a presente temporada, tendo com isto o Benfica conquistado alguma tranquilidade em redor da sua equipa principal de futebol.
Frente à Juventus, num jogo em que um empate era apontado como resultado suficiente para que os encarnados garantissem a presença no play-off, o Benfica fez muito mais, garantindo uma vitória com dois golos sem resposta, apontados por Pavlidis e Kokçu, um golo em cada metade do jogo, garantindo com isso o apuramento e logo entre os cabeça-de-série, tendo agora no seu caminho o Brest ou o Mónaco, num play-off tido como “acessível” para a turma de Bruno Lage, a qual poderá depois vir a defrontar o Liverpool ou o Barcelona num embate já de uma dificuldade acrescida.
Para chegar a este play-off para o qual o Benfica garantiu o apuramento, e depois de ter chegado a Turim mergulhado num ambiente pesado depois de três dias nos quais, em Portugal, só se falou nas declarações de Bruno Lage a um grupo de adeptos nas garagens do Estádio da Luz depois da derrota consentida em Rio Maior frente ao Casa Pia, o grupo de trabalho do futebol dos encarnados sabias que precisavam, pelo menos, do empate em Itália, e mesmo assim teriam que esperar por uma conjunção de resultados em outros jogos que ajudasse à concretização do objectivo da qualificação. Só que o Benfica acabou por chamar a si a ultrapassagem deste obstáculo, controlando o jogo com Juve e acabando por vencer com inteira justiça.




Bah à esquerda no lugar de Carreras
e o resto igual ao jogo frente ao Barça
Bruno Lage escalou para este jogo uma equipa com Trubin na baliza, Tomás Araújo, António Silva, Otamendi e Bah a formarem o quarteto defensivo — Carreras teve que cumprir castigo pelo que a opção recaiu em , ainda Florentino, Kokçu e Aursnes, jogando na frente Di Maria, Pavlidis e Schjelderup. Do outro lado, o técnico da Juve, Thiago Mota, escalou um onze com o guarda-redes Perin, os defesas Weah, Gatti, Kalula e McKennie, ainda Thuram e Douglas Luiz à frente da defesa na ligação com o meio-campo, formando depois uma linha de três médios ofensivos formada por Francisco Conceição, Mbangula e Kenan Yildiz, sobrando Vlahovic para uma posição mais adiantada em cunha entre os centrais benfiquistas.
E se é verdade que a Juventus entrou com tudo neste jogo, dando a ideia que pretendia resolver o jogo muito cedo, o facto é que o Benfica respondeu bem, aguentou o primeiro embate e, na resposta, bem cedo no jogo, chegou ao jogo em que se adiantou no marcador, apontado por Pavlidis, ele que já tinha marcado três golos frente ao Barcelona e que em Turim abriu o caminho para o triunfo neste oitavo jogo da fase de liga da Liga dos Campeões. Com uma assistência de Bah, o grego voltou a tirar mais um golo do frasco do ketchup aberto com o hattrick na Luz frente ao Barcelona.
Depois do golo, o Benfica recuou um pouco, e mais o fez no arranque do segundo tempo, passando a jogar no seu meio-campo defensivo, procurando tapar os caminhos para a baliza à guarda de Trubin e permitir à Juve um domínio consentido.




Benfica consentiu o domínio da Juve
dando a estocada final contra a corrente do jogo
A “vechia signora” não conseguiu tirar o melhor partido do facto de ter bola, e acabou mesmo por ser surpreendida pelo Benfica que, quando poucos o esperariam, numa das poucas vezes em que foi à área de Perin na etapa complementar, viu Kokçu receber a bola em posição frontal à baliza da Juve para um remate que levou a bola a entrar para o fundo das redes junto ao poste direito, sem que o guardião da Juve se pudesse opor.
O Benfica carimbava assim a vitória em casa da Juve e com isso também o consequente passaporte para o play-off, levando de vencida um adversário que teve a possibilidade de chegar à igualdade, viu o seu jogo alavancado pela boa exibição do português Francisco Conceição, ele que foi dos mais inconformados na equipa às ordens de Thiago Mota, algo que não foi suficiente para inverter o rumo da partida. Bruno Lage e os jogadores do Benfica colocaram assim um travão na crise que vinha a marcar o dia-a-dia dos encarnados, ganhando outro ânimo, mesmo sabendo que na competição interna, no campeonato da I Liga, continuam a seis pontos do líder Sporting.

Nota final para as boas prestações individuais neste jogo em Turim, de Francisco Conceição entre os jogadores da equipa da casa, mas também de Florentino e Pavlidis, dois dos melhores elementos dentro das quatro linhas, lado a lado com Anatolii Trubin, o guarda-redes ucraniano do Benfica que foi também ele determinante na forma como os encarnados seguraram a vantagem ao longo do jogo que culminou com a vitória por 2-0 e a consequente conquista dos três pontos.