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Lage perde “estado de graça” com derrota do Benfica frente ao Braga (1-2)

Se Bruno Lage conseguiu manter o seu estado de graça na primeira vem em que assumiu o comando técnico do Benfica durante pouco mais de uma época, garantindo mesmo um título para os encarnados, desta vez os dias positivos em redor do treinador benfiquista parecem bem mais curtos, isto porque nesta sua segunda passagem pelo clube da águia averbou este sábado a segunda derrota consecutiva, frente ao Braga, por 1-2, depois de já ter perdido frente ao rival Sporting na jornada anterior, e não evitou que a sua equipa saísse do relvado da Luz “brindado” com um coro de assobios a partir das bancadas onde estiveram a acompanhar este jogo 61.750 espectadores.

Num jogo em que uma vitória benfiquista permitia que a turma às ordens de Bruno Lage se encostasse ao Sporting na liderança do campeonato, em igualdade pontual, depois do empate dos leões no terreno do Vitória, em Guimarães, a verdade é que o Benfica voltou a protagonizar uma primeira parte sem chama, permitindo que o Sporting de Braga dominasse o jogo e se adiantasse no marcador com dois golos, onde a defesa benfiquista foi particularmente permissiva, ficando a ver jogar.

Primeiro foi o ex-portista Fran Navarro a estrear-se como titular nos bracarenses e a marcar logo no seu primeiro jogo, ao minuto 17′, depois de receber a bola no meio dos dois centrais do Benfica sem que nenhum o incomodasse, e depois foi Robson Bambu que, ao minuto 40, na sequência de um pontapé de canto batido do lado esquerdo do ataque por Ricardo Horta, saltou à bola sem qualquer oposição para um cabeceamento certeiro junto à marca da grande penalidade, fazendo assim o 2-0 para o conjunto visitante.

Defesa do Benfica a ver jogar e ataque sempre a falhar

Sem soluções ofensivas, ao longo de toda a primeira parte apenas por uma vez o Benfica de Bruno Lage conseguiu incomodar o guarda-redes Matheus Magalhães, ao minuto 08′, num lance em que Pavlidis ultrapassou o guarda-redes bracarense acabando por rematar depois à face exterior do poste esquerdo da baliza do Braga, acabando a bola por sair das quatro linhas escorregando pela malha lateral da baliza, num lance bem construído pelos encarnados. Este acabou no entanto por ser o canto do cisne na equipa do Benfica durante os primeiros 45 minutos, período em que deu o controlo do jogo ao Sporting de Braga, sem conseguir criar oportunidades de golo, trocando a bola na sua linha defensiva mais recuada com uma posse de bola consentida pelo conjunto visitante.

Sendo certo que os dois golos do Braga foram de algum modo fáceis pela apatia em que se apresentou o sector mais recuado do Benfica, a turma bracarense esteve à beira de conseguir outro golo ao minuto 24′, altura em que Otamendi tirou a bola da pequena área do Benfica quando o Sporting de Braga se preparava para celebrar o que seria por aquela altura o segundo golo no jogo.

Com Kokçu à frente dos centrais, numa equipa que Leandro Barreiro surgiu como titular ao lado de Aursnes na linha média, regressando Pavlidis à titularidade com Di Maria e Akturkoglu, nenhum deles conseguiu resultados práticos obrigando Bruno Lage a mexer na sua equipa logo no arranque do segundo tempo, quando o Benfica já perdia por dois golos.

Bruno Lage apostou então em Arthur Cabral, que entrou por troca com Aursnes, respondendo do lado do Sporting de Braga o técnico Carlos Carvalhal com a colocação em jogo de Diego, em estreia absoluta na formação bracarense, saindo o médio Gorby. E foi já com Arthur Cabral em campo que o Benfica conseguiu alguma capacidade de resposta frente ao Sporting de Braga que entretanto geria a vantagem de dois golos.

Primeiro foi Bah a obrigar Matheus a uma defesa de recurso, depois de um remate à entrada da área, e depois, ao minuto 64′, foi Angel Di Maria a fazer um cruzamento sobre a linha de golo, mas Pavlidis ficou a ver passar a bola à sua frente e não conseguiu fazer o golo, para o que precisava apenas de ter tocado na bola.

Renato Sanches sem ritmo e Florentino no banco

Ao minuto 67’ Bruno Lage voltou a mexer na sua equipa, com as entradas de Renato Sanches, Schjeldrup e Amdouni, por troca com Bah, Akturkoglu e Pavlidis, mas o Benfica jogava por esta altura muito mais com o coração do que com a cabeça, falhando passes – Sanches mostrou uma clara falta de ritmo depois de muito tempo arredado dos jogos por lesão – e mostrando-se incapaz de conseguir um lance bem construído, procurando a todo o custo o golo que permitiria aos encarnados reentrar na discussão do jogo.

Uma nota curiosa das mexidas de Bruno Lage resultava na circunstância do Benfica, após a saída de Bah, passar a ter Leandro Barreiro como lateral-direito. No banco continuava Rollheiser e o médio Florentino Luís, ele que certamente tinha mais ritmo de jogo que Renato Sanches.

Dez minutos depois, ao minuto 77′, com um remate desferido de fora da área, o brasileiro do Benfica, Arthur Cabral, conseguiu colocar a bola junto ao poste mais distante, entrando na baliza longe do alcance de Matheus Magalhães, assinando assim o golo do Benfica que fez vibrar os já referidos 61.750 espectadores nas bancadas do Estádio da Luz. Só que depois desse golo o jogo entrava numa fase mais quezilenta, com muitas paragens forçadas pelos homens do Braga e permitidas pelo árbitro Luís Godinho.

À passagem do minuto 81’ os dois técnicos voltaram a mexer, com Carlos Carvalhal a chamar ao jogo Ouazanni e Roger Fernandes, por troca com Ricardo Horta e Fran Navarro, respondendo Bruno Lage com uma mudança algo estranha, ao retirar Di Maria para a entrada de Beste. O público não gostou e os assobios voltaram, porventura porque o argentino era um dos jogadores que, mesmo sem jogar bem, tinha a capacidade em qualquer altura de tirar um coelha da cartola, isto numa altura em que o Benfica precisava de um golo para empatar a partida e evitar a derrota.

O árbitro Luís Godinho ainda deu seis minutos de compensação, mas o Benfica foi incapaz de voltar a marcar, perante um Sporting de Braga bem organizado em que a tarefa era apenas a de controlar a vantagem no marcador. Bruno Lage, com as substituições determinadas no segundo tempo, foi incapaz de dar outra dinâmica à sua equipa, acabando o Benfica por receber uma enorme vaia no momento em que o árbitro apitou para o final da partida com a derrota dos encarnados a fazer o resultado.

Bruno Lage fez ouvidos moucos aos assobios

Bruno Lage viria a dizer mais tarde na conferência de Imprensa que não ouviu assobios e todos foram Benfica, mas a verdade é que as exibições menos conseguidas dos encarnados nos últimos jogos e, em particular, as duas derrotas nos dois últimos jogos, começa a provocar alguma contestação a Bruno Lage, isto numa altura em que o jogo do Benfica merece críticas internas no grupo de trabalho, primeiro com Nico Otamendi a dizer que o Benfica ofereceu a primeira parte do jogo com o Sporting aos leões, e agora Di Maria a dizer o mesmo relativamente ao primeiro tempo desta partida frente ao Sporting de Braga, críticas com as quais Lage não concordou evidenciando as primeiras fissuras com o seu grupo de trabalho.

O Benfica terá agora que analisar as suas prestações e inverter caminho, até porque o próximo adversário voltará a ser este Sporting de Braga, em Leiria, na próxima quarta-feira, em jogo da meia-final da Taça da Liga, um jogo a eliminar em que os pupilos de Bruno Lage irão querer fazer mais e melhor do que fizeram agora no Estádio da Luz. O LusoNotícias irá estar em Leiria para dar conta de todas as incidências desse jogo, sendo que para já os encarnados perderam a oportunidade de chegar à frente do campeonato da I Liga, liderado pelo Sporting com 41 pontos, seguido do FC Porto com 40 pontos e um jogo a menos, surgindo depois o Benfica com 38 pontos, mais sete que o quarto classificado, o Sporting de Braga.

Um desaire do Benfica no próximo jogo referente à Taça da Liga, a acontecer, terá certamente o condão de fazer aparecer nas bancadas de Leiria os lenços brancos para Bruno Lage, ficando por saber se nessa altura ele irá ouvir os assobios ou terá visão para ver a contestação.

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis

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