Foi preciso um remate forte do defesa central agora “promovido” a médio Zeno Debast para que o Sporting conseguisse fazer o único golo na visita ao terreno do Gil Vicente, garantindo assim a vitória sobre a turma de Barcelos por 1-0 e com isso a continuidade na Taça de Portugal, tendo agora a turma de Alvalade pela frente as meias-finais frente ao Rio Ave. Depois de um primeiro tempo em que o jogo foi inteiramente dominado pela equipa da casa, os leões regressaram dos balneários para o segundo tempo com uma vontade acrescida, praticando um jogo sem dúvida diferente para melhor, mais intenso e com outra objectividade. Viktor Gyokeres, que começou o jogo no banco, entrou para o segundo tempo e deu mais força ao ataque, acabando por ser dos seus pés que saiu a assistência para o golo de Debast, num lance em que Castillo ainda tocou na bola desviando-a do alcance do guarda-redes Brian.
Já a ganhar por força do golo de Debast, o Sporting viu a formação adversária ficar reduzida a 10 unidades, depois da expulsão de Zé Carlos, ao minuto 73’, na sequência de uma falta cometida sobre Debast, sendo este claramente o homem do jogo. Curiosamente, mesmo com menos um elemento dentro das quatro linhas, o conjunto gilista ainda provocou um enorme susto ao Sporting quando Rúben Fernandes, dentro da área de baliza dos leões, introduziu a bola na baliza de Rui Silva, acabando o golo por ser invalidado pelo VAR, Rui Costa, que determinou um fora-de-jogo do jogador gilista… por três centímetros.
Olhando para a forma como decorreu o jogo, e com apenas minuto e meio decorrido desde o pontapé de saída, o Gil Vicente era a primeira equipa a criar uma situação de golo, com um remate de Aguirre à baliza do Sporting, onde o guarda-redes Rui Silva desviou a bola para a linha de fundo. Ficava claro que o Gil iria procurar discutir o jogo de igual para igual, perante um Sporting muito desfalcado mas nem por isso menos ambicioso. Os leões entravam em campo com o objectivo de justificar o favoritismo, perante um Gil Vicente que, a jogar em casa, surgiu no jogo a pressionar alto, procurando criar lances de perigo junto da baliza leonina.
Em termos tácticos, os leões surgiram em campo no Estádio Cidade de Barcelos com uma linha de quatro defesas à frente de Rui Silva – Ricardo Esgaio, Gonçalo Inácio, Matheus Reis e Maxi Araujo –, numa formação com a linha média constituída por Fresneda, Debast, Alexandre Brito e Geovany Quenda, sobrando para as ações ofensivas Trincão e Conrad Harder, num jogo em que o técnico Rui Borges deixava no banco de suplentes o sueco Viktor Gyokeres, mas também Geny Catamo. Do lado do Gil Vicente, o técnico José Pedro Pinto lançou uma equipa com uma linha defensiva de cinco elementos da qual os laterais se projectavam para apoiar o ataque quando a turma de Barcelos tinha a posse de bola. Com Brian na baliza, a defesa surgia formada com Zé Carlos, Marvin, Josué, Ruben Fernandes e Sandro Cruz, complementada por uma linha média na qual Fujimoto, Castillo e Santi Garcia tinham a missão de servir o jogo ofensivo de Félix Correia e Aguirre.


Sporting sofreu no primeiro tempo
com o Gil Vicente a falhar em demasia
Ao minuto 33’ o Gil Vicente esteve muito perto de marcar, com Aguirre a não conseguir bater o guarda-redes Rui Silva, que fez uma defesa monstruosa quando alguns adeptos gilistas já gritavam o golo que não aconteceu. Em termos práticos, o Gil Vicente não conseguia fazer o golo mas era a equipa que aparecia mais perto de desfazer o nulo no marcador, face a um Sporting que sentia enorme dificuldades em segurar a linha mais adiantada da turma de Barcelos.
Em cima do minuto 36’ o Gil Vicente voltou a estar muito perto de conseguir inaugurar o marcador, depois de um passe de Félix Correia a encontrar Zé Carlos em posição de remate, acabando este jogador por falhar na pontaria, rematando por cima da trave da baliza à guarda de Rui Silva que ficou muito zangado com os homens da linha defensiva da sua equipa.
Foi preciso que o jogo chegasse ao minuto 40’ para que o Sporting, na sequência de uma falta cometida sobre Francisco Trincão, conseguisse ter ao seu dispor uma situação de algum perigo para a baliza de Brian Araújo. Porém, batido o pontapé livre, o lance não teve consequências num jogo em que continuava o Gil Vicente a ser a formação mais objectiva, perante um Sporting que conseguia trocar bem a bola a meio-campo mas mostrava depois algum défice ofensivo nos últimos trinta metros junto à baliza gilista. De tal forma assim foi que, durante todo o primeiro tempo, o Sporting não conseguiu um único remate enquadrado com a baliza do Gil Vicente, em 45 minutos durante os quais as reais oportunidades de golo aconteceram do outro lado do terreno, junto à baliza do Sporting à guarda de Rui Silva.


Rui Borges impôs outra atitude
no Sporting para o segundo tempo
O intervalo era assim atingido neste encontro sem que os golos aparecessem, muito graças à excelente actuação do guarda-redes Rui Silva, que impediu pelo menos dois golos “certos” para os homens do Gil Vicente. O guardião leonino ia assim fazendo o que dele se esperava, mas o mesmo já não se podia dizer dos jogadores do Sporting mais adiantados no terreno, que ao longo dos primeiros 45 minutos sentiram enormes dificuldades em chegar até à baliza gilista. Não estranhou por isso que Viktor Gyokeres tenha estado a aquecer durante o intervalo, não apenas porque era evidente que o Sporting precisava de mais força mas também mais ideias de ataque, mas também porque o jovem Conrad Harder viu um cartão amarelo no primeiro tempo o que limitava a sua ação sobre o relvado.
Ao minuto 50’, num lance em que Trincão rematou a bola contra Castillo, este tocou a bola com o braço esquerdo numa altura em que o jogador colocava a bola atrás das costas. O árbitro Cláudio Pereira assinalou de imediato o o castigo máximo, mas após indicação do VAR, Rui Costa, o juiz da partida reverteu a decisão considerando que o braço estava em posição natural, não havendo por isso motivo para a grande penalidade. Era ainda assim o início do melhor momento do jogo por parte do Sporting que logo depois criou dois lances de maior perigo para a baliza do Gil Vicente, num período em que a formação minhota tinha agora menos posse de bola e menos capacidade de criar lances no meio-campo defensivo dos leões.
O Sporting estava agora mais intenso sobre a bola, exibindo maior capacidade de trocar a bola junto da área gilista, descansando por isso, lá do outro lado, o guardião Rui Silva que finalmente podia ser apenas espectador. Procurando reorganizar a sua equipa, o técnico José Pedro Pinto fez entrar Carlos Eduardo por troca com Aguirre na frente de ataque, refrescando o Gil Vicente e com isso procurando voltar ao registo do primeiro tempo, altura em que foi o conjunto gilista que mais construiu em termos de lances ofensivos.



Gyokeres assistiu,
Debast rematou… e marcou!
Ao minuto 67’, depois de um passe de Gyokeres para a faixa central do terreno, apareceu Debast que, a mais de trinta metros da baliza, ajeitou a bola, rematou de forma particularmente potente e, aproveitando da melhor forma um toque que a bola ainda deu em Castillo, assinou mesmo o golo para o Sporting, um prémio para o médio adaptado dos leões, ele que chegou ao Sporting na condição de defesa central e que o técnico Rui Borges colocou a jogar na linha média. Gyokeres não marcava mas assistia e a turma leonina adiantava-se no marcador no melhor período do jogo da equipa às ordens de Rui Borges.
Sobre o minuto 73’, Maxi Araújo é lançado por Zeno Debast sobre o corredor esquerdo, acabando por ser carregado por Zé Carlos que viu neste lance o segundo cartão amarelo e o consequente vermelho, deixando o Gil Vicente em inferioridade numérica para os últimos 20 minutos deste encontro. O jogo ficava assim mais difícil para a equipa de Barcelos, agora em desvantagem no marcador mas também em desvantagem numérica, valendo ao Gil Vicente a brilhante actuação do guarda-redes Brian que à passagem do minuto 75’ fez duas brilhantes intervenções, impedindo o que seria o segundo golo do Sporting num remate oportuno de Gyokeres dentro da área gilista.
José Pedro Pinto refrescava então a formação do Gil Vicente, chamando ao jogo João Marques e Bermejo por troca com Fujimoto e Santi Garcia, respondendo Rui Borges com as entradas de Kauã Pinto e Geny , regressando este último à competição depois de um mês em que esteve parado por lesão. Saíram Alexandre Brito, ele que já tinha visto um cartão amarelo, mas também Fresneda, conseguindo o Sporting assumir o jogo, justificando a qualidade acrescida do jogo que os leões apresentaram depois do intervalo. A dar conta das dificuldades que o Gil Vicente teve neste segundo tempo, bastará dizer que apenas por uma vez, ao minuto 48, a equipa da casa conseguiu rematar à baliza de Rui Silva, por Aguirre, sem consequências.

Gil Vicente assustou com golo
invalidado… por três centímetros!
Para os últimos cinco minutos o Gil Vicente operou mais duas alterações, apostando agora em Mutombo e Bamba, por troca com Castillo e Josué Sá, e quando nada o faria crer, a verdade é que ao minuto 88’ o Gil Vicente chegou mesmo ao possível golo e por Ruben Fernandes, de cabeça na pequena área, na resposta a um cruzamento de Félix Correia. O Gil Vicente parecia ter conseguido empatar a partida, mas analisado o lance pelo VAR foi assinalado uma posição irregular do capitão gilista, pelo que o golo foi invalidado, segundo as linhas colocadas pelo VAR, por apenas três centímetros.
O jogo prosseguia já dentro dos sete minutos dados pelo árbitro como compensação, o Sporting mantinha a vantagem mínima mas suficiente para garantir o apuramento dos leões para as meias-finais da Taça de Portugal, e a distância de três centímetros, referente à posição irregular de Rúben Fernandes no lance do golo anulado para o Gil Vicente, acabou por ser a distância necessária e suficiente para que o Sporting acabasse por festejar uma vitória sem dúvida importante no actual momento do futebol leonino, seguindo em frente na presente edição da Taça de Portugal. Valeu o golo de Debast e o Sporting passou mesmo para as meias-finais da Taça tendo agora que defrontar o Rio Ave.
Nota particularmente positiva para a prestação de Debast na equipa do Sporting, não apenas pelo golo que resolveu a eliminatória mas também pela forma como preencheu todo o meio-campo, nomeadamente no segundo tempo, ficando ainda na retina a actuação de Félix Correia na formação do Gil Vicente, ele que foi um dos mais construiu e que eventualmente merecia pelo menos ter conseguido levar o jogo para prolongamento.