SLB 0-1 Barcelona 1093

Jogo perfeito para o Benfica virou “noite não” com triunfo do Barcelona (0-1)

Se o Benfica estivesse ainda agora a jogar com o Barcelona no Estádio da Luz, no jogo desta quarta-feira referente à primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, os encarnados até teriam criado mais um punhado de oportunidades, mas certamente que não teriam convertido nenhuma, tal foi a “noite não” para o Benfica neste encontro frente ao Barça. Por um lado os pupilos de Bruno Lage apanharam do lado do conjunto blaugrana um guarda-redes que se mostrou em constante maré de grande acerto, defendendo tudo o que houve para defender. Por outro lado ficou evidente que por muito que fizessem os jogadores do Benfica não tinham a sorte a seu favor, falhando sempre no último toque, ora atirando pela linha de fundo, ora terminando os lances com a bola prensada pelos defesas da turma catalã que chegaram sempre para as encomendas, mesmo com a sua equipa reduzida a 10 jogadores desde muito cedo no jogo, ao minuto 21, altura em que ocorreu a expulsão do central Pau Cubarsí, ele que viu um cartão vermelho direto depois de rasteirar o grego Pavlidis quando este se preparava para ficar isolado em frente ao guarda-redes Szczesnya um metro da linha de grande-área dos catalães.

Não houve lugar a penálti porque a falta foi cometida por Pau Cubarsí ainda fora da área, do pontapé livre direto apontado por Kokçu nada resultou, mas pelo menos a equipa da casa ficava com mais de 70 minutos pela frente a jogar em superioridade numérica perante o Barcelona, num jogo que passava a ter todos os condimentos para que o Benfica conseguisse um bom resultado na primeira mão desta eliminatória da Champions.

Contudo, o Benfica, mesmo a jogar em superioridade numérica, e inicialmente até por isso mesmo, teve enorme dificuldade em conseguir construir os melhores lances ofensivos. Formatados para jogarem nos espaços nas costas da defesa do Barça, os jogadores do Benfica mantiveram esse figurino de jogo mesmo depois do Barça estar reduzido a 10, e só no segundo tempo conseguiram encontrar a melhor fórmula para chegar à baliza de Szczesny com algum perigo. Só que nessa altura o polaco mostrou a qualidade que possui, assumindo-se como o melhor jogador em campo.

António Silva fez um passe sem olhar
e o Benfica pagou caro por isso

Para complicar a missão do Benfica, que em 26 remates à baliza do Barcelona não conseguiu marcar uma única vez, eis que António Silva resolveu assinar um erro crasso, fazendo um passe sem sequer olhar, colocando a bola na linha média do meio-campo do Benfica onde estava Raphinha para assumir a posse de bola. O jogador do Barça recebeu o esférico, tirou Carreras da sua frente e, de longe, com tempo e espaço para visar a baliza de Trubin, rematou a preceito, levando a bola a entrar junto ao poste esquerdo da baliza, fazendo o golo que viria a ditar o resultado final da partida.

O Benfica, que até teve uma entrada muito forte no jogo, com Akturkoglu a ter uma oportunidade soberana para marcar logo aos 18 segundos da partida (!!!), com Czesny a tirar o golo com a ponta dos dedos desviando a bola pela linha de fundo, viu o Barcelona assumir logo depois o controlo do jogo. Aliás, de tal forma assim foi que ao minuto 12′ esteve mesmo à vista um golo cantado às três tabelas, para o Barça, algo que só não aconteceu porque apareceu Trubin a fazer três defesas no mesmo lance quando já se adivinhava o golo da turma catalã. Foi de tal modo que, à terceira tentativa dos catalães no mesmo lance, e com Trubin já sentado no chão depois de oferecer o corpo à bola por duas vezes, o guarda-redes ucraniano ainda teve tempo e discernimento para levantar os braços e conseguir assim mesmo segurar a bola e impedir o que seria o primeiro golo do jogo.

Curiosamente, estas três oportunidades seguidas no mesmo lance, e mais tarde o golo de Raphinha, foram os momentos em que a defesa do Benfica esteve e maiores apuros. Afinal, contra os tais 26 remates do Benfica à baliza de Szczesny, os homens às ordens de Hansi Flick conseguiram apenas 12 remates e sem oportunidades de grande perigo para o Benfica.

Raphinha teve uma oportunidade
de golo para o Barça… e marcou!

Nesta coisa da Liga dos Campeões o que importa mesmo é a eficácia e a concretização, e Raphinha, tirando partido do tal erro de António Silva, foi letal para as ambições do Benfica, ditando a vitória com aquele golo que gelou as bancadas do Estádio da Luz, ao minuto 61, deixando em silêncio a quase totalidade dos 62.437 espectadores presentes nas bancadas, excepção feita ao cerca de dois mil adeptos catalães que estavam no topo norte do terceiro anel do recinto benfiquista.

Fica deste jogo as boas reputações de Trubin, Otamendi, Tomás Araújo e Carreras, um erro de António Silva que manchou de forma indelével a prestação de António Silva, que até ali estava a conseguir uma exibição imaculada, provando que no melhor pano cai mesmo a nódoa, e ainda uma linha mais avançada que construiu, criou oportunidades mas falhou em demasia. Pavlidis falhou muito, Akturkoglu e Schjelderup estiveram uns quantos furos abaixo do que sabem e podem, Leandro Barreiro nunca conseguiu preencher o meio-campo dos encarnados, Aursnes esteve longe dos seus melhores dias e Kokçu, com dificuldades a defender, poucas vezes foi influente na forma como serviu os seus companheiros mais adiantados.

Nota ainda a propósito deste jogo, e claramente pela negativa, para o comportamento da claque do Benfica, o No Name Boys, que obrigaram mesmo à interrupção do jogo quando acenderam tochas e outros engenhos pirotécnicos perante os assobios de condenação por parte dde cerca de 60 mil adeptos que não se reviram naquela atitude. O Benfica será certamente penalizado com uma forte multa e a equipa arrisca-se a ter que jogar sem o apoio dos seus adeptos. Resta saber até quando é que os dirigentes dos clubes irão compactuar com este tipo de atitudes, sendo certo que um controlo apertado e uma mão de ferro sobre os prevaricadores certamente poderia impedir estas atitudes vergonhosas.

De regresso ao jogo, e depois da expulsão de Pau Cubarsí o técnico Hansi Flick fez entrar o central Ronald Araújo, por troca com Dani Olmo, acabando o central uruguaio por assinar uma boa prestação, ele que no jogo da fase de liga desta mesma Liga dos Campeões tinha marcado um golo na própria baliza favorável ao Benfica aqui mesmo no Estádio da Luz.

Dahl, João Rego e Renato Sanches
ainda agitaram o jogo… mas pouco!

Para o segundo tempo o técnico Bruno Lage veio a apostar em Dahl por troca com Tomás Araújo ao minuto 58′, isto numa altura em que no Barcelona o jovem Lamine Yamal já tinha dado o seu lugar a Ferran Torres. Pouco depois, já com Dahl em campo, Raphinha aproveitou o tal erro crasso de António Silva, adiantou o Barcelona no marcador, e ao Benfica coube então correr atrás do prejuízo, procurando o golo frente a um conjunto que agora estava em vantagem e podia fechar mais e melhor os caminhos para a sua baliza.

Bruno Lage apostou então em Belotti e João Rego, por troca com Schjelderup e Leandro Barreiro, e a verdade é que o jovem Rego conseguiu dar outra dinâmica ao jogo do Benfica. Ao minuto 83′, o italiano Belotti, num lance iniciado por João Rego do lado direito do ataque, acabou por ser carregado por Szczensny com o árbitro a assinalar de imediato a grande penalidade. Só que o castigo máximo foi de imediato anulado, isto porque o árbitro auxiliar assinalou uma posição irregular do avançado italiano, situação confirmada pelo VAR por uma questão de centímetros no ombro. Afinal, era mesmo uma noite em que nada corria bem ao Benfica na finalização.

Renato Sanches, que também entrou na fase final do jogo, bem assim como Arthur Cabral, ainda tentaram criar alguma oportunidade de finalização para um possível golo, Sanches teve a oportunidade de um remate de meia-distância a obrigar Szczensny a uma defesa de recurso, mas o jogo terminou mesmo com a vantagem tangencial do conjunto catalão por 0-1 no Estádio da Luz, um resultado que não fecha a eliminatória, mas que coloca o Benfica perante uma missão hercúlea para o jogo da próxima terça-feira no Estádio de Montjuic.

Álvaro Carreras vai cumprir
um jogo de castigo em Barcelona

Carreras será a grande ausência na equipa do Benfica, ele que viu o quinto cartão amarelo e terá que cumprir um jogo de castigo, “libertando” Lamine Yamal que terá certamente mais terreno livre para aparecer no jogo, isto numa partida em que Bruno Lage já deverá poder contar com Florentino no meio-campo. Antes desse jogo, porém, o Benfica terá que receber no próximo sábado a turma do Nacional da Madeira, em jogo da 25ª jornada do campeonato da I Liga, isto praticamente à mesma hora que o Barça terá que jogar no Bernabéu frente ao Ossassuna, equipa que venceu o Barcelona no jogo da primeira volta do campeonato da La Liga.

O favoritismo para a qualificação nesta eliminatória dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões é naturalmente do Barcelona, que parte em vantagem depois da vitória desta quarta-feira e irá jogar em casa perante o seu público, restando ao Benfica puxar do seu orgulho e querer reeditar a história de David e Golias. Neste jogo, no Estádio da Luz, por duas vezes que esteve à beira de o conseguir e por duas vezes o perdeu, primeiro por 4-5, e agora por 0-1, pelo que resta saber se, não tendo sido à primeira nem segunda… poderá ser à terceira?

texto: Jorge Reis
fotos Diogo Faria Reis e Luís Moreira Duarte

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