Depois do primeiro-ministro Luís Montenegro ter anunciado a intenção de apresentar uma moção de confiança ao Governo na Assembleia da República, como deu conta o LusoNotícias, essa intenção poderá ter caído por terra a partir do momento em que o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, revelou ao início da noite deste sábado que irá ser apresentada uma moção de censura “nos próximos dias”, o que poderá tirar espaço para a manutenção da moção de confiança por parte do Governo.
”O PCP apresentará uma moção de censura nos próximos dias, uma censura às práticas, factos e acontecimentos que envolvem o Governo”, afirmou Paulo Raimundo, numa reação que foi classificada pelo líder do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, como um “morder de isco” por parte do PCP, isto porque a moção de censura poderá “segurar” o Executivo de Luís Montenegro que corria o risco de cair perante a moção de confiança.
O que se passa é que o PS, a exemplo do que fez em relação à moção de censura apresentada na última semana pelo Chega, mantém a posição de não votar favoravelmente moções de censura o que, a acontecer, fará com que a moção a apresentar pelo PCP, que ainda há alguns dias se absteve na votação da moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega, tenha o chumbo como destino certo à partida.
O PCP surge assim perante este cenário como um “aliado improvável” de Luís Montenegro ao apresentar nova censura, isto porque a moção de confiança que o primeiro-ministro anunciou deixava o Governo numa situação particularmente crítica, já que toda a oposição estaria disponível para chumbar essa moção o que resultaria na queda do Executivo. O próprio Pedro Nuno Santos afirmou que o seu partido não estaria disposto a dar confiança ao Governo perante tantas explicações que considera que ainda estão por dar, uma vez mais em torno da questão da Spinumviva, a empresa até aqui de Luís Montenegro e que o primeiro-ministro anunciou agora que passou exclusivamente para posse dos seus filhos.
Resta agora saber se Luís Montenegro irá cancelar a intenção de apresentar a moção de confiança, permitindo que os deputados no Parlamento votem apenas a moção de censura a apresentar pelo PCP, ou se irá manter ainda assim a decisão de pedir a confiança dos partidos na Assembleia da República relativamente ao seu Governo. Rui Rocha, o líder da Iniciativa Liberal, afirmou já que Luís Montenegro poderá manter a intenção de apresentar a moção de confiança, considerando que a moção de censura do PCP não impede o primeiro-ministro de manter a decisão anunciada também este sábado em São Bento.
Será assim preciso esperar pela evolução da situação política no País, isto numa altura em que paira sobre o Parlamento a possibilidade de ser apresentada uma moção de censura ao Governo, a apresentar pelo PCP, que parece não ter condições de ser aprovada, o que manterá o Governo. Já no caso de ser mesmo apresentada uma moção de confiança pelo próprio Governo, esta poderá ser chumbada quando colocada a votação.
O chumbo da moção de confiança, a acontecer, deverá resultar na queda do Governo, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a avançar para a dissolução da Assembleia da República e consequente convocatória de eleições.