Se à partida o nome mais sonante do jogo entre o Sporting e o Braga seria Viktor Gyokeres, ainda mais depois de ter sido o avançado sueco a marcar o golo dos leões ainda no primeiro tempo, colocando a turma de Alvalade a vencer esta partida, a verdade é que o nome que fica do jogo entre leões e arsenalistas disputado esta segunda-feira é o de Afonso Patrão, um jovem avançado de 18 anos, que se estreou na I Liga exactamente neste jogo, e que foi o autor do golo que permitiu ao Braga, aos 88 minutos, empatar o jogo e roubar pontos ao campeão nacional Sporting.
Os leões, que se colocaram a jeito para poderem sofrer um golo que lhes seria fatal, sofreram mesmo esse golo, marcado por um herói improvável, e caíram agora para a segunda-posição do campeonato, a dois pontos do Benfica que nesta jornada garantiu uma vitória convincente no Estádio do Dragão, frente ao FC Porto por 4-1.








Curiosamente, o Sporting dominou o jogo frente ao Braga e esteve a vencer desde o minuto 15′, altura em que Gyokeres bateu um livre direto e colocou a bola no fundo das redes da baliza de Hornicek. Aliás, a exemplo do que acontecera na véspera com o rival Benfica, também o Sporting começou este jogo com o Braga, em Alvalade, a colocar a bola no fundo da baliza do seu adversário, logo no arranque da partida, e também aqui com a equipa de arbitragem, neste caso dirigida por Luís Godinho, a assinalar um fora-de-jogo.
A diferença foi que, ao contrário do que aconteceu no clássico entre FC Porto e Benfica, aqui o autor do golo, quem mais senão Viktor Gyokeres, estava mesmo em posição irregular no início do lance de acordo com a análise do VAR, pelo que o golo foi anulado. Houve por isso a necessidade de esperar até ao minuto 15’ para que os adeptos pudessem festejar um golo do avançado sueco, no tal livre direto batido em zona frontal à grande área. Com um pontapé não muito forte mas colocado, Gyokeres fez a bola passar bem junto à barreira, que não estaria tão bem formada quanto isso, acabando o esférico por entrar bem junto ao poste direito da baliza de Lukas Hornicek que nada pôde fazer para evitar o golo que colocou os leões em vantagem.
Apostando numa pressão alta, procurando garantir a recuperação da posse de bola logo após a perda, o Sporting avançou para uma primeira meia-hora em que dominou, raramente dando grandes liberdades aos homens do conjunto bracarense, resultando disso que o guarda-redes Rui Silva foi nesse período um mero espectador da partida sem ser solicitado a grandes intervenções. O primeiro remate à baliza leonina aconteceu já à beira do minuto 25’, e ainda assim desenquadrado e sem capacidade de colocar em causa o trabalho de Rui Silva.







Com Racic e Moutinho a organizar, merecendo este último enormes vaias dos adeptos leoninos sempre que tinha a bola, o Braga procurava criar lances ofensivos, mas para além dos pupilos de Carlos Carvalhal não conseguirem entrar nos últimos trinta metros com a bola efectivamente controlada, tinham sempre que estar atentos às incursões de Gyokeres nas costas da sua defesa, em lances “à Gyokeres”, que o mesmo é dizer de grande perigo para a baliza à guarda de Lukas Hornicek. Foi assim preciso esperar até ao final da primeira meia-hora de jogo para ver o Sporting a levantar o pé, e sempre sem ter conseguido entretanto resolver o jogo, permitindo que a vantagem mínima fosse sempre um resultado perigoso para as suas ambições.
Ultrapassada a primeira meia-hora do jogo, o Braga conseguiu encontrar a melhor estratégia para conseguir jogar de uma forma mais continuada no meio-campo leonino, passando a dividir mais a posse de bola perante um Sporting agora mais apático. A bola chegava agora menos vezes a Gyokeres e Trincão, os dois homens mais adiantados dos leões, passando a equipa bracarense a trocar mais a bola sem a perder de forma tão frequente.
Zalazar e El Ouazzani, os dois homens mais adiantados da formação arsenalista, continuavam sem conseguir furar a linha defensiva dos leões formada por Gonçalo Inácio, Diomande e Eduardo Quaresma, continuando o Sporting a gerir a vantagem alcançada com o golo de Gyokeres aos 15’ minutos, e com a qual chegaria ao intervalo.










Para o segundo tempo o técnico Carlos Carvalhal começou por fazer sair Paulo Oliveira para chamar ao jogo Niakaté, isto ao mesmo tempo que Rui Borges, do lado do Sporting, mantinha o mesmo onze com que iniciara a partida. Com esta mudança, ainda que não necessariamente por causa dela, o Braga entrava mais pressionante no jogo perante um Sporting que baixava os seus índices de produtividade, deixando claro que Rui Borges tinha, também ele, que mudar algo na sua equipa se quisesse torná-la mais consequente, algo que certamente pretenderia em face da vantagem ser tão tangencial quando “perigosa”.
A equipa da casa acabou ainda assim por reequilibrar a partida e à passagem do minuto 58′ teve dois remates à baliza com selo de perigo, um por Quenda e outro, logo a seguir, por Gyokeres, aqui com o sueco a deixar dois defesas bracarenses para trás antes de tentar visar a baliza de Hornicek, empurrando o Braga para uma toada mais defensiva, tal como acontecera durante quase todo o primeiro tempo. Só que foi uma pressão que durou pouco, numa equipa em que Trincão surgia como uma sombra de si mesmo, e mesmo Quenda não conseguia aparecer a “rasgar” as últimas linhas do conjunto bracarense.
Ao minuto 64’ o Braga teve aquela que foi, porventura, a maior oportunidade para marcar, quando a bola andou “perdida” na pequena área do Sporting sem que nenhum jogador leonino a conseguisse afastar dali, mas também sem que os jogadores arsenalistas conseguissem dar-lhe a melhor direção de acordo com os seus interesses. O Sporting mantinha assim a vantagem magra, mas aparentemente suficiente para garantir o seu objectivo da conquista dos três pontos, perante um Braga que não encontrava a chave para abrir de facto a defesa leonina e, com isso, a baliza à guarda de Rui Silva.
À passagem do minuto 71’, Carlos Carvalhal apostou então em mexer de novo na formação arsenalista, fazendo entrar Gharbi e João Ferreira, tirando da partida Bambu e Racic. Do lado do Sporting, Rui Borges “respondia” com as apostas em Felicíssimo e Maxi Araújo para os lugares de Debast e Geny Catamo.











Sem grandes desenvolvimentos no jogo que entretanto chegou a estar parado devido ao fumo provocado pelas tochas acesas pela claque do Sporting atrás da baliza Vítor Damas, e perante os 45.626 espectadores presentes nas bancadas de Alvalade, Carlos Carvalhal resolveu esgotar as alterações possíveis no Braga, apostando em Furtado para a saída de Gabri, mas também em Afonso Patrão, o tal miúdo de 18 anos que se estreou nesta partida em Alvalade pela equipa principal do Braga na I Liga, rendendo El Ouazzani para os derradeiros minutos da partida.
O jogo continuava aparentemente controlado pelo Sporting, a manter a vantagem mínima mas que parecia ser suficiente. Só que as aparências iludem e a equipa leonina, sem conseguir aumentar a diferença no marcador, colocou-se mesmo a jeito para ser surpreendida. Ao minuto 87′, na sequência de um cruzamento a partir do corredor direito, Afonso Patrão apareceu bem colocado a desviar a bola de cabeça, tirando-a do alcance de Rui Silva. Patrão correu para junto do banco do Braga para ali celebrar o golo com Carlos Carvalhal, juntando-se os dois homens do jogo, o técnico que apostou numa estratégia de contenção em Alvalade onde arriscou mesmo no querer de um jovem avançado, e este, Afonso Patrão do seu nome, que não podia ter uma estreia mais auspiciosa, marcando um golo que poderá mesmo ser a chave das decisões de um campeonato.
A dois minutos do final, o Sporting estava agora empatado, a precisar de marcar para voltar a poder reclamar os três pontos. Rui Borges, o treinador leonino, apostou então em Conrad Harder por troca com Matheus Reis, ao minuto 89’, e se é verdade que o árbitro Luís Godinho ainda deu mais seis minutos de compensação, fica a ideia que o treinador do Sporting apostou tarde em Harder. O tempo parecia agora fugir aos jogadores da equipa da casa, que corriam contra a defesa bracarense mas também contra os ponteiros do relógio do árbitro.
À beira do apito final João Moutinho viu o segundo cartão amarelo e o consequente vermelho, depois de uma falta sobre Conrad Harder, acabando assim por receber a segunda ordem de expulsão em toda a sua carreira e deixando o Braga nos últimos instantes reduzido a 10 unidades. O central St. Juste, mesmo sem sair do banco do Sporting, viu também o cartão amarelo por procurar forçar a que Moutinho saísse mais rapidamente de dentro das quatro linhas, prosseguindo o jogo com o Sporting a pressionar a área de baliza do Braga, mas jogando apenas com o coração e sem racionalidade.











Decorridos pouco mais de oito minutos, no total, depois do golo do empate marcado pelo Braga, acabou mesmo o jogo que encerrou a 28ª jornada da I Liga, com o empate a prevalecer, conquistando o Braga um ponto e com isso destacando-se do FC Porto na luta pelo terceiro lugar no campeonato. Porventura mais importante do que isso, mas também decorrente deste resultado, o facto de que o Sporting perdia nesta partida frente ao Braga dois pontos com este empate, e permitindo que o Benfica assuma agora a liderança isolada do campeonato da I Liga e logo depois de uma vitória convincente com uma goleada no terreno do FC Porto.
Os índices motivacionais sobem claramente no reino das águias, tendo em conta esta reta final do campeonato, ao mesmo tempo que o Sporting terá que analisar o que fez de menos para conseguir os seus objectivos perante a turma arsenalista. Nada está perdido para o Sporting, sendo certo que o Braga ainda não garantiu a conquista do terceiro lugar no campeonato, mas vitórias exigem-se aos leões no terreno do Santa Clara já no próximo sábado, dia 12, às 18 horas, tal como aos arsenalistas na recepção ao AVS, no domingo, 13 de Abril, também às 18 horas.
Restará referir que os adversários diretos de Sporting e Braga nas lutas pelos primeiro e terceiro lugares, respectivamente o Benfica e FC Porto, terão que defrontar o Arouca, jogando as águias no domingo às 18 horas no Estádio da Luz, e o Casa Pia, o embate para os dragões no sábado às 20h30 em Rio Maior.