Um golo do central Eduardo Quaresma, com um remate de fora da área da baliza do Gil Vicente, ao minuto 90’+03′, quando o árbitro da partida, Tiago Martins, tinha dado mais cinco minutos de compensação e o jogo se encontrava empatado a um golo, permitiu ao Sporting a vitória por 2-1 sobre o conjunto de Barcelos e o somar dos três pontos, determinantes para poder avançar para o dérbi do próximo sábado, frente ao Benfica, com os mesmos pontos das águias e com todas as condições para lutar de igual para igual pela conquista do título nesse jogo sem dúvida decisivo. Ainda assim, para garantir este triunfo, os leões viveram um dos jogos mais sofridos da época, acabando por dar a volta ao resultado que esteve favorável ao Gil Vicente durante grande parte do jogo, ainda desde o primeiro tempo, vencendo os leões com a estrelinha das grandes equipas.
A vitória foi conseguida pelo Sporting em cima do apito final do árbitro, num desfecho resolvido “à bomba” com um pontapé do jovem central leonino Eduardo Quaresma, numa altura em que alguns adeptos já tinham abandonado as bancadas, descrentes na vitória parecia já impossível.








Sem nenhuma das equipas a conseguir criar oportunidades de golos dignas desse nome até bem tarde no jogo, o Gil Vicente revelou-se apenas eficaz, conseguindo marcar na única oportunidade que teve para tal, na transformação de uma grande penalidade cometida por St. Juste ao minuto 22′. O árbitro Tiago Martins começou por ignorar o lance, o jogo ainda prosseguiu durante algum tempo, mas quando finalmente houve uma paragem, o VAR Vasco Santos chamou Tiago Martins a rever o lance, acabando por ser mesmo assinalado o castigo máximo logo depois convertido por Félix Correia.
Do lado do Sporting, porém, até ao minuto 78′, não houve um único remate enquadrado com a baliza do Gil Vicente, o que se ficou a dever a ausência de jogo ofensivo de qualidade por parte do Sporting, mas também pelo bom posicionamento defensivo do Gil Vicente que foi tapando sempre todos os caminhos para a baliza à guarda de Andrew. Poder-se-á dizer que os homens de Barcelos raramente conseguiram subir no terreno e incomodar Rui Silva, mas estando a ganhar foram fazendo o que deles se esperava, que foi segurar a vantagem com maestria e qualidade do jogo no seu sector mais recuado.
Ainda antes do arranque do jogo o técnico César Peixoto viu-se obrigado a uma mudança no seu onze, deixando de fora Fujimoto para a chamada à equipa titular de Santi, numa mudança que em nada pareceu ter afectado a estratégia do conjunto gilista, pelo menos tendo em conta a forma como a equipa visitante se comportou em campo.








O Sporting entrou a todo o gás, com Gyokeres, como seria de esperar, a surgir sempre como uma seta apontada à baliza do Gil Vicente, mas tal como César Peixoto havia prometido, o sueco foi sendo anulado pelos homens do Gil, numa movimentação colectiva que não deixava espaços para as habituais entradas em força do avançado dos leões.
Frente a um Sporting em 3x4x3
um Gil Vicente em 4x2x3x1
À passagem do minuto 13’ surgiu o primeiro sinal de golo em Alvalade, e para o Sporting, na sequência de um lance perigoso junto da baliza do Gil Vicente com Trincão a ver a bola ser travada por um jogador do Gil, que a desviou para a linha de fundo quando já se gritava golo em Alvalade. Foi ainda assim o momento em que o Sporting andou mais perto do golo em todo o primeiro tempo.
Já o Gil Vicente, aguentava as incursões leoninas, optando por um posicionamento claramente defensivo, subindo no terreno apenas pela certa e com posses de bola mais prolongadas, no intuito de, com isso, quebrar a iniciativa do Sporting. Rui Borges, que para este jogo deixou mesmo Morten Hjulmand no banco de suplentes, não querendo correr o risco de ver o capitão leonino ser admoestado com um cartão amarelo que o deixasse de fora no dérbi do próximo fim-de-semana, apostou num trio de centrais com Gonçalo Inácio, neste jogo o capitão dos leões, St. Juste e Eduardo Quaresma. Na linha média apareceram Maxi Araújo, Pedro Gonçalves, Morita e Geny Catamo, jogando mais adiantados Trincão e Gyokeres.








Já o Gil Vicente às ordens do técnico César Peixoto entrou em campo a defender com quatro homens mais recuados no apoio directo ao guarda-redes Andrew — Zé Carlos, Marvin, Bautu e Mutombo —, dois trincos — Bamba e Caseres — e quatro elementos mais adiantados, nomeadamente Pablo, o homem que César Peixoto colocou mais perto dos centrais leoninos, mas também Félix Correia, Santi e João Marques.
Cabia ainda assim à turma de Barcelos defender-se do ímpeto ofensivo do Sporting, situação que explicou que apenas aos 16’ minutos o Gil Vicente conseguisse um primeiro lance ofensivo e, a partir dessa jogada, um pontapé de canto do lado esquerdo do ataque gilista. Sem capacidade de importunar a defesa leonina, a bola terminou neste lance nas mãos do guarda-redes Rui Silva, sem qualquer perigo para as redes da baliza leonina.
St. Juste travou Mutombo em falta
e Félix Correia converteu o penálti








Seis minutos depois, à passagem do minuto 22’, o Gil Vicente conseguiu finalmente lançar Mutombo pelo corredor esquerdo do ataque, em velocidade, aparecendo St. Juste a impedir o cruzamento. É certo que o central neerlandês do Sporting cortou o lance, mas travou Mutombo em falta, atirando-o contra as placas de publicidade. O árbitro Tiago Martins começou por ignorar o lance sem nada assinalar, o jogador do Gil Vicente entrou para dentro das quatro linhas e atirou-se de novo para o chão, esperando pela assistência, e quando já tinham decorrido três minutos sem que houvesse a resolução deste lance Tiago Martins, por indicação do VAR Vasco Santos, foi finalmente rever o lance. Analisada a intervenção de St. Juste sobre Mutombo, o juiz da partida acabou por dar indicações para que fosse batida uma grande penalidade contra o Sporting, exibindo o cartão amarelo a St. Juste por entender que este pisou Mutombo na tentativa de cortar o lance.
Chamado a converter a grande penalidade, Félix Correia, jogador formado no Sporting, não perdoou, batendo a meia altura sem possibilidade de defesa para Rui Silva, colocando o Gil Vicente em vantagem com um golo que não festejou, recordando afinal o seu percurso de formação nas escolas do clube de Alvalade.








Em desvantagem, o Sporting prosseguiu o seu jogo mais ofensivo mas a encontrar sempre pela frente um adversário bem organizado em termos defensivos, saindo apenas pela certa para o ataque e procurando tapar sempre todos os caminhos para a área da baliza à guarda de Andrew. O Sporting conseguia por esta altura mais posse de bola e maior domínio territorial, empurrando o jogo para o meio-campo gilista, mas nem por isso conseguia lances de perigo evidente face ao bom posicionamento defensivo dos homens da turma de Barcelos. Tiago Martins deu mais quatro minutos de compensação no primeiro tempo, mas o jogo foi para intervalo com o Gil Vicente a vencer pela diferença mínima.
Regressadas as duas equipas ao relvado de Alvalade, sem mundanças relativamente aos onzes iniciais, também as estratégias das duas equipas se mantiveram em tudo idênticas ao apresentado no primeiro tempo, com o Sporting instalado quase por inteiro no meio-campo defensivo do Gil Vicente e este apenas a espaços a conseguir sacudir a pressão leonina para longe da sua baliza. Sobre o minuto 58’, Marvin ficou caído na grande-área do Gil Vicente, obrigando o árbitro a interromper a partida, numa situação que provocou uma enorme assobiadela por parte dos adeptos leoninos nas bancadas. O jogo continuava com a formação visitante em vantagem no marcador e isso levava a um aumento de ansiedade do lado sportinguista.
Em cima do minuto 63’, Rui Borges mudou então três pedras no esquema da sua equipa, apostando em Morten Hjulmand, o tal jogador que tinha sido poupado para não ver um cartão amarelo, mas também Conrad Harder e Geovany Quenda. Saíam por essa altura St. Kuste, o central que tinha provocado a grande penalidade, mas também Pedro Gonçalves e Morita. César Peixoto respondia pouco depois com as chamadas ao jogo de Aguirre, João Teixeira e Jordi Mboula, por troca com Elimbi, que vinha a ser o melhor elemento gilista em campo, bem como Santi e Pablo.








O Gil Vicente continuava sem conseguir muito mais do que sacudir a bola para longe da sua baliza, frente a um Sporting que também não encontrava soluções para chegar com perigo até à baliza de Andrew, sendo que, por esta altura, o conjunto leonino precisava de dois golos para cumprir o seu objectivo de somar os três pontos e chegar ao dérbi com o Benfica em vantagem para esse embate decisivo.
Tiago Martins “perdoou” o segundo amarelo
e Maxi Araújo assinou pouco depois o golo do empate
Sobre o minuto 75’, César Peixoto voltou a mexer na equipa do Gil Vicente, chamado ao jogo Diogo Costa para o lugar de Marques, num jogo em que o Sporting insistia em construir lances de maior pendor ofensivo, mas sem conseguir a melhor eficácia no último passe. Com os ponteiros do relógio a passarem, o Sporting continuava em desvantagem perante o Gil Vicente, apostando a formação forasteira claramente em defender, encostando o tão famoso autocarro à sua baliza para dessa forma segurar a vantagem e poder sonhar com a conquista dos três pontos. Ao minuto 79′, Maxi Araújo atingiu o gilista Zé Carlos com uma palmada no rosto, um lance que deveria ter dado um segundo amarelo para o uruguaio dos leões. Tiago Martins não marcou qualquer falta porque houve um fora-de-jogo na origem do lance, mas ficou ainda assim o amarelo por exibir, porque o posicionamento irregular não desculpa o amarelo por comportamento incorrecto, pelo que Maxi Araújo acabaria para ele o jogo por ali se não fosse a falha do juiz da partida.








Foi assim preciso chegar ao minuto 80’ para que, depois de um primeiro remate de Conrad Harder à baliza de Andrew, a bola ressaltasse num jogador do Gil Vicente para ficar à mercê do mesmo Maxi Araújo, o tal que não vira minutos antes o segundo amarelo, com este a rematar de primeira e a fazer o golo do empate em Alvalade. Inicialmente ainda foi preciso esperar pela colocação das linhas de fora-de-jogo na cidade do futebol, até porque à vista desarmada ficou a convicção de que o jogador uruguaio estava em posição irregular. Porém, Tiago Martins recebeu a indicação da validação do golo, era assim reposta a igualdade e ficava o Sporting com 10 minutos pela frente até ao final do tempo regulamentar, mais a compensação que o árbitro entendesse conceder, para dar a volta ao resultado agora igualado a um golo.
Os 44.634 espectadores exultaram com o golo do uruguaio, a equipa do Sporting acreditou que era possível virar a história do jogo a seu favor e procurou isso mesmo quando, à passagem do minuto 86’, os leões tiveram ao seu dispor um pontapé livre direto em zona frontal à baliza ligeiramente descaído para o lado direito. Gyokeres ainda ameaçou ser ele a bater o livre, mas foi Francisco Trincão quem rematou com jeito e direcção, levando a bola a beijar o poste esquerdo da baliza Vítor Damas, acabando por sair pela linha de fundo. O jogo mantinha-se empatado, e o nervosismo aumentava entre os adeptos leoninos.
Eduardo Quaresma garantiu
um triunfo à lei da bomba!








César Peixoto ainda pôde mexer na sua equipa, fazendo entrar Bermejo por troca com Félix Correia, com os adeptos do Sporting a criticarem o perder de tempo por parte do conjunto gilista, subindo as críticas de tom quando o árbitro Tiago Martins indicou como tempo de compensação o que parcial ser uns “escassos” cinco minutos, considerados manifestamente “curtos” pelos adeptos em Alvalade. Só que, quando já alguns sportinguista abandonavam as bancadas, eis que apareceu Eduardo Quaresma a resolver. Depois de um pontapé de canto batido do lado esquerdo do ataque leonino, Andrew socou a bola para fora da área, aparecendo o central leonino a rematar em força para a baliza do Gil Vicente. A bola ainda tocou num jogador gilista e acabou por alojar-se no fundo das redes da baliza de Andrew, sem que este tivesse sequer tempo para esboçar a defesa.
A loucura instalou-se finalmente no Estádio de Alvalade que “veio abaixo” com a bomba de Eduardo Quaresma, jogador que tirou a camisola e festejou banhado em lágrimas, chorando por certo de alegria pelo feito conseguido, um golo que valia por aquela altura muito mais do que os três pontos. Com o remate para a baliza de Andrew, Eduardo Quaresma permitiu finalmente o virar do resultado e o consequente triunfo do Sporting neste tão decisivo jogo perante o Gil Vicente. O central leonino viu ainda o cartão amarelo por ter tirado a camisola no festejo do golo, mas o jogo, esse, estava resolvido a favor do Sporting, numa vitória claramente sofrida perante um Gil Vicente que jogou em Alvalade com a lição bem estudada, e que por muito pouco esteve à beira de conseguir frutos em forma de pontos.
Pôde o Sporting festejar no final com tão importante conquista dos três pontos, Eduardo Quaresma mereceu a atribuição do título de homem do jogo, já que foi ele quem resolveu a contenda com o golo numa altura em que nada parecia poder desfazer a igualdade, e o Sporting somou os três pontos que lhe irão permitir entrar no Estádio da Luz, no próximo sábado, no “dérbi eterno”, em igualdade pontual com o Benfica.








No próximo sábado, Benfica e Sporting irão discutir um jogo, o título e o sucesso de uma época, e a rivalidade entre os dois clubes, essa, irá certamente prosseguir, independentemente do resultado que qualquer das equipas consiga construir a seu favor. Logo depois virá novo dérbi entre as mesmas duas equipas, na Final da Taça de Portugal, mas o título de Campeão Nacional, esse, é por certo o mais desejado, e a sua discussão começa no sábado às 18 horas no relvado do Estádio da Luz.