O Clube de Futebol “Os Belenenses” desceu esta sexta-feira ao terceiro escalão do futebol português — vai disputar na próxima época a Liga 3 — depois da equipa azul do Restelo ter perdido na recepção ao Benfica B, em jogo da penúltima jornada do campeonato da II Liga.
Curiosamente o Belenenses esteve em vantagem nesta partida, chegou a estar a vencer por 2-0 no primeiro tempo, ao intervalo o Benfica B já tinha reduzido a desvantagem para 2-1, e no segundo tempo, com uma atitude diferente, os encarnados, orientados por Nelson Veríssimo, tiraram o melhor partido de um golo soberbo de Hugo Félix, na transformação de um livre directo que empatou a partida, e conseguiram dar a volta ao jogo com Henrique Pereira que fechou o resultado final em 2-3.
Com esta derrota, o Belenenses, que nesta temporada tinha garantido o regresso às competições profissionais, depois de um caminho penoso que levou os homens do Restelo dos campeonatos distritais até à II Liga, acabou assim por assinar a descida à Liga 3, um desfecho de época que levou alguns jogadores do clube do Restelo a terminarem o jogo em lágrimas no meio do relvado, inconsoláveis por esta descida.
No final do jogo, o presidente do Belenenses, Patrick Morais de Carvalho, assumiu as culpas desta descida de divisão, frisando que “no Belenenses os culpados das vitórias e dos sucessos serão sempre os jogadores, a equipa técnica e o staff do clube, sendo certo que o culpado das derrotas será sempre o presidente”.
Deixando a garantia que o clube do Restelo irá lutar para garantir o regresso à II Liga e com mais força, o líder do Belenenses deixou uma palavra para a Liga, para que se tomem medidas perante clubes que têm ordenados em atraso ou dívidas ao fisco e à segurança social, e que com esse cenário desequilibram as forças das equipas nos relvados.
Relativamente a este jogo, o técnico do Belenenses, Mariano Barreto, apresentou uma equipa que surgiu determinada em campo, consciente de que era imprescidível uma vitória para evitar a descida de divisão. Com David Grilo entre os postes, a turma do Restelo alinhou ainda com Pedro Carvalho, Rui Correia, Chima Akas e Tiago Gonçalves; ainda Hélio Cruz e Duarte Valente, numa equipa em que Moha Keita, Xavi Fernandes e Rúben Pina tinham a missão de municiar o ponta-de-lança Ricardo Matos.
Do lado do Benfica B, Nélson Veríssimo escalou um onze que surgiu no relvado do Restelo num esquema táctico em 4x3x3, com o guarda-redes Pedro Souza, os defesas João Tomé, Gustavo Marques, Lenny Lacroix e Adrian Bajrami, uma linha média formada por Nuno Félix, Hugo Félix e Rafael Luís, ficando na frente uma linha de três avançados, nomeadamente Gerson Sousa, Gustavo Varela e Henrique Pereira.
Com estes onzes, o Belenenses entrou melhor no jogo, começando por dar uma boa resposta à pressão imposta pela necessidade de vencer para poderem ainda fugir à descida de divisão. Moha Keita era o homem mais irrequieto na turma azul, impondo a sua força física perante a defesa dos encarnados, e o Belenenses acabou mesmo por se adiantar no marcador, ao minuto 35', por Ruben Pina, que transformou uma grande penalidade depois de uma falta cometida por Gersou Sousa sobre Keita. Pina não tremeu, converteu o castigo máximo e colocou o Belenenses na frente do marcador.
Impulsionado por este golo, o Belenenses acreditou e tirou o melhor partido de alguma confusão no futebol do Benfica B, que tardava em encontrar o seu futebol. Não estranhou por isso que os azuis do Restelo conseguissem novo golo, ao minuto 42', num golo de Ricardo Matos, que respondeu da melhor forma a um cruzamento de Tiago Gonçalves que serviu o seu companheiro rente à relva para o segundo golo dos azuis.
Antes do intervalo, e quando tudo indicava que o jogo poderia mesmo correr de feição para o conjunto do Restelo, o benfiquista Bajrami apareceu a cabecear na perfeição na resposta a um pontapé de canto batido a partir do flanco esquerdo. Gustavo Marques ainda desviou a bola ao primeiro poste, aparecendo o lateral suíço do Benfica a cabecear para o primeiro golo da tarde do Benfica B.
E se a formação visitante terminou bem o primeiro tempo desta partida, melhor começou o segundo tempo, agarrando o jogo e anulando o jogo do Belenenses que deixo de ter as liberdades que havia conseguido na primeira metade do encontro. O técnico Nelson Veríssimo corrigiu alguns posicionamentos dos seus jogadores, conseguindo equilibrar a partida e com isso tirar bola aos homens do Belenenses. Depois, à passagem do minuto 64', o benfiquista Hugo Félix, que já antes havia testado a pontaria na marcação de pontapés-livre, em lances em que a bola ficou na barreira da turma do Restelo, desta feita bateu a preceito. A bola voou sobre a barreira e entrou na baliza de David Grilo bem junto ao primeiro poste, sem hipótese de defesa para o guarda-redes do Belenenses.
Os azuis viam assim o Benfica B a empatar a partida, isto quando era visível que o Belenenses estava em quebra de produção, acabando a turma visitante por confirmar a cambalhota do resultado, ao minuto 73, num golo apontado por Henrique Pereira, numa jogada individual de excelente nível. A partir do corredor esquerdo, o jogador do Benfica B fletiu para o meio, simulou um primeiro remate e acabou por rematar mesmo, assinando o 2-3 num remate sem possibilidade de defesa para David Grilo. Ficava assim fechada a contagem neste jogo, com a vitória do Benfica B e a consequente descida do Belenenses à Liga 3 para a próxima temporada de 2024-2025.
No final, os jogadores do Belenenses, alguns sem conseguirem evitar algumas lágrimas, e todos de rostos fechados, agradeceram o apoio aos adeptos que estiveram sempre com o plantel do Restelo, mesmo aqueles que aqui e ali não deixaram de criticar nomeadamente os dirigentes do clube, nestas altura naturalmente visados por erros e falhas cometidas ao longo da época. Patrick de Carvalho, o presidente do Belenenses, assumiu a culpa dos erros e chamou a si as culpas neste momento difícil, enquanto que o técnico Mariano Barreto, ele que assumiu o controlo da equipa do Restelo no final de Fevereiro, quando a sua missão era já particularmente difícil e viria a revelar-se impossível, lamentou não ter conseguido segurar a equipa na II Liga, escusando-se a comentar se irá agora continuar à frente dos azuis.
Sem ânimo, no primeiro momento de descida nos últimos cinco anos durante os quais os finais dos campeonatos foram sempre marcados pelos festejos das subidas, os homens do clube da Cruz de Cristo caíram de pé, até porque foram muitos deles os mesmos que sempre deram tudo para outro final que no passado alcançaram, e que desta vez não conseguiram concretizar.
Restará ao Belenenses levantar-se na próxima temporada, aprender com os erros, reinventar-se e encontrar forças para regressar rapidamente ao futebol profissional. Afinal, já antes o conseguiram.