Alentejanos de São Romão, Vila Viçosa, Elsa e Francisco Leitão, radicados na região da Grande Lisboa, sempre foram clientes habituais das bifanas de Vendas Novas, nas viagens de e para a sua terra natal, acabando ambos por irem ali buscar a inspiração para o negócio que hoje conduzem em Massamá Norte, o restaurante ProBifanas.

Há cerca de quinze anos, antes de existir o franchising das bifanas de Vendas Novas, a interrogação surgia por essa altura em Francisco que não compreendia porque não havia a expansão daquele negócio nas grandes cidades, nomeadamente Lisboa e Porto.

A ideia começava então a geminar, mas em termos práticos estava longe de ser aposta efectiva deste economista de formação que mantinha responsabilidades na área financeira e de vendas da Ford Lusitana. A verdade é que as voltas da vida levaram-no a rumar a um negócio em que diz encontrar algumas semelhanças com o que fazia em redor dos automóveis.

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Bem mais tarde relativamente ao momento em que as primeiras ideias de Francisco Leitão começaram a surgir, o município de Vendas Novas criou condições para tornar possível a utilização do nome “Bifanas de Vendas Novas”, exigindo apenas que as empresas que o pretendessem possuíssem sede fiscal naquela localidade, mas o nosso interlocutor acabaria por não seguir propriamente esse rumo. “A partir do momento em que a minha mulher começa a ter a necessidade de fazer qualquer coisa, voltámos à ideia inicial e dissemos: É agora que vamos fazer o negócio das bifanas!”

“Ainda fiz estudos económicos para outros negócios como uma sapataria, uma livraria e um centro de estudos, mas ficou claro que não eram negócios rentáveis para o nível populacional de Massamá e em face da oferta existente. Entrámos assim neste negócio das bifanas mas com uma diferença para o original: em Vendas Novas, algumas casas têm a bifana de porco e a sopa, enquanto que nós propusemos desde o início, a bifana de porco, mas também de frango e de perú, que não existia em Vendas Novas, e também a sopa”, explica Francisco Leitão a propósito de uma realidade entretanto aumentada quando, já no corrente ano, o ProBifanas passou a permitir pratos do dia com a oferta de choco frito ou coxas de frango, entre outros.

“Quando pensámos neste negócio, o franchising tinha surgido há pouco tempo e estava em grande expansão, chegámos mesmo a conhecer as pessoas responsáveis, mas pelos valores de entrada e outras condições não nos agradou. Queríamos criar um negócio independente,  a nossa própria marca, o nosso projecto e pensar a longo prazo. Eu ainda estava na Ford e fiz então, para a minha esposa, à data desempregada, um projecto a dez anos para submeter ao programa ‘Invest +’ que implicava a criação de um segundo espaço de vendas, após cinco anos, quase um replicar deste local.”

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A longo prazo, no que assume como “um sonho”, Francisco Leitão admite que, a uma distância de 20 anos o projecto implica a capacidade de franchisar a marca. Para já, em Massamá Norte e com os pés assentes no solo, o primeiro objectivo continua como válido e passa pela réplica do espaço existente. Quanto ao balanço possível dos dois anos e meio que o restaurante ProBifanas leva de actividade, Francisco Leitão garante ser positivo, mas a margem de crescimento é ainda muito grande.

Do projecto inicial continua por concretizar a esplanada, que deverá permitir outra visibilidade do espaço no ambiente em que se insere, sendo igualmente necessário uma aposta mais forte na sinalética exterior: “Quem passa, porventura acha que este é um espaço que, até pelo nome, tem bifanas, mas desconhece que temos pratos do dia pelo que se torna necessário reforçar essa comunicação. Ainda assim, o resultado até agora é positivo!”

...à conversa com Francisco Leitão

 

“Passagem pela Ford Lusitana funcionou como uma escola”

 

Mag – Para quem vem da área dos automóveis, apostar na restauração foi uma viragem muito grande?
– Sem dúvida que foi. É um negócio completamente diferente nas exigências de higiene e segurança no trabalho e a componente burocrática, necessária para abrir um restaurante, é muito complexa, mas trabalhar numa multinacional como a Ford também o é. Evidentemente que há questões que são semelhantes face à função que desempenhava na Ford, nomeadamente o contacto com as pessoas, e daí a minha atitude hoje que me permite evidenciar sempre boa disposição ou dar sempre as boas-vindas, mas a minha passagem pela Ford funcionou como uma escola.

Mag– Quais as coisas que fazia por lá e mantém aqui?
– Há muita coisa da minha área financeira que transportei para este projecto, desde o controlo de custos, análise de vendas e rentabilidade, pontos de break-even, tudo ferramentas que tinha na Ford incluindo algumas noções de marketing.

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Mag – Estamos perante um negócio em evolução?
– Procuramos que assim seja. Há pouco tempo lançámos como experiência a bifana em bolo do caco, mas queremos ir mais longe e lançar algo que seja especial. Por exemplo, queremos lançar a bifana de peixe. Já foi testada com alguns clientes e só ainda não o fizemos porque isso implica desdobramento de trabalho na cozinha, mas está pensado o seu lançamento.

Mag – A partir deste espaço em Massamá, continua atento à realidade do sector automóvel?
– Sempre, sempre! Eu “nasci” nos automóveis e sempre foi algo que me fascinou. Mantive sempre muito contacto com os gerentes das concessões mas acima de tudo com os vendedores, tinha alguma reputação junto das equipas de vendas porque estava sempre disponível para ajudar, e se um dia me convidassem para regressar a uma marca automóvel se calhar não diria que não. É algo que ambiciono um dia mais tarde, quem sabe... 

 

texto: Jorge Reis
fotos: Carlos Rodrigues
(in... Consilcar Magazine)

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