Um autogolo de André Horta ao minuto 53' e um golo de Otávio ao minuto 81', permitiram este domingo ao FC Porto vencer o jogo da Final da Taça de Portugal, no Estádio Nacional, no Jamor, com a consequente conquista para os Dragões do terceiro título na presente época, a Taça de Portugal de 2022-2023. Num jogo em que foi sempre superior, dominando o adversárioe remetendo-o ao seu meio-campo defensivo, o FC Porto justificou por absoluto a vitória e, mesmo num período do jogo em que jogou em inferioridade numérica, depois da expulsão de Wendell ao minuto 62, por carga sobre Djaló, o Sporting de Braga conseguiu inverter a tendência do encontro.

Com as bancadas do Estádio Nacional quase lotadas, com mais adeptos do FC Porto mas com os bracarenses ainda assim em bom número, o jogo foi antecedido por uma cerimónia com muitos jovens no relvado que ali cantaram o Hino Nacional. Pena foi que todos aqueles jovens acabassem por ter que sair do recinto porque não foi acautelada a reserva de lugares nas bancadas, naquela que foi a única falha da organização deste jogo que acabou por ser um bonito espectáculo de futebol. Conseguir sair da bancada de Imprensa para a Sala de Imprensa no final do jogo foi uma tarefa quase impossível para os jornalistas que têm que caminhar lado a lado com os adeptos, uma questão aparentemente irresolúvel no Estádio Nacional que já faz parte do folclore da Taça de Portugal, como faz parte de igual modo o ambiente de festa que invade a mata do Jamor nas horas que antecedem o jogo.

Ultrapassada a festa de apresentação do jogo, que teve direito até à passagem de dois aviões da Força Aérea Portuguesa em voo rasante ao recinto com um som ensurdecedor, foi tempo para as duas equipas esgrimirem os seus argumentos pela conquista da Taça de Portugal. Do lado do Sporting de Braga, o técnico Artur Jorge chamou ao “onze” inicial o guarda-redes Matheus, ainda uma linha defensiva com Borja, Niakaté, Tormena e Gómez, quatro elementos na linha média — Bruma, Musrati, André Horta e Iuri Medeiros — e ainda Ricardo Horta e Abel Ruiz como os homens mais adiantados. Por seu turno, Sérgio Conceição, o técnico do FC Porto, chamou ao jogo Cláudio Ramos como guarda-redes titular, Pepê, Pepe, Marcano e Wendell na defesa, ainda Uribe, Otávio, Eustáquio e Galeno na linha média e, na frente, Taremi e Evanilson.

FC Porto dominou, marcou... e ganhou!

Logo ao minuto 2', Pepe deu um pisão em Abel Ruíz que o árbitro João Pinheiro não viu, ficando por exibir um cartão amarelo e por assinalar o livre directo correspondente. O certo é que foi o lance em que os bracarenses estiveram mais perto da baliza de Cláudio Ramos no primeiro tempo já que a partir daí o FC Porto assumiu a posse de bola e instalou-se quase por completo no meio-campo defensivo da turma bracarense, ficando o guarda-redes portista quase como mero espectador nos primeiros 45 minutos, período em que fez uma única defesa a um remate de Ricardo Horta ao minuto 38'. Pouco depois, uma contrariedade para o FC Porto já que Evanilson teve que ser substituído por lesão, tendo sido chamado para o seu lugar Toni Martinez, acabando o primeiro tempo pouco depois com o nulo a fazer lei no marcador, resultado que, por essa altura, poderia, na verdade, pender já para o lado dos azuis e brancos.

E se os golos não apareceram no primeiro tempo, a verdade é que o FC Porto chagou ao golo bem cedo logo depois do intervalo, ao minuto 53, num lance concluído com um protagonista improvável, Galeno entrou veloz pelo corredor esquerdo, cruzou para a frente da baliza do Sporting de Braga, a bola passou por quase todos os jogadores ali presentes e, quando Toni Martinez já se preparava para meter o pé e aproveitar a assistência para o golo, apareceu André Horta a fazer o corte da trajectória do esférico, mas acabando por fazer um autogolo num lance em que o guarda-redes Matheus nada pôde fazer para evitar a festa dos azuis e brancos. Com a sua equipa em desvantagem, Artur Jorge operou três alterações na sua equipa, chamando a jogo Mendes, Djaló e Racic, para as saídas de Iuri Medeiros, Borja e André Horta, este último o autor do autogolo que fazia por esta altura o marcador da partida.

Pouco depois, ao minuto 61, Wendell foi autor de uma entrada particularmente dura à perna de Djaló que o árbitro João Pinheiro começou por sancionar com um cartão amarelo. Contudo, chamado a rever o lance pelo VAR Nuno Almeida, o juíz da partida rapidamente verificou que a dureza da falta impunha outra medida e não hesitou em mostrar o cartão vermelho direto para o jogador do FC Porto, que deixava assim a sua equipa a jogar com apenas 10 elementos. Sérgio Conceição teve que voltar a mexer na sua equipa e fez sair Toni Martinez, jogador que tinha entrado no primeiro tempo para o lugar de Evanilson e que acabou assim por sair ao minuto 67' para dar o seu lugar a Zaidu.

Como controlar até a jogar com 10

A verdade é que, mesmo a jogar em inferioridade numérica, o Sporting de Braga nunca conseguiu assumir o jogo, tendo sido sempre o FC Porto quem atacou mais, dominou mais e criou as principais oportunidades de golo. Já a turma bracarense, quando teve bola, limitou-se quase sempre a lateralizar o jogo, ter posse de bola consentida pelos portistas e raramente conseguiu levar algum perigo até perto da baliza de Cláudio Ramos. Artur Jorge, o técnico bracarense, apostou então tudo o que tinha no banco, chamou a jogo Banza e Pizzi, para as saídas de Gómez e Tormena, mas a tarde era claramente do FC Porto.

Ao minuto 79 Niakaté fez uma falta feia sobre Taremi, quando este se preparava para ficar isolado em corrida em frente a Matheus, e João Pinheiro não hesitou, mostrando desta feita o cartão vermelho direto ao defesa do Sporting de Braga sem ter que receber qualquer indicação do VAR. As duas equipas ficavam assim de novo em igualdade numérica, mas o melhor futebol do FC Porto era evidente, acabando por justificar o segundo golo do jogo que apareceu ao minuto 81'. Galeno, o mesmo homem que já havia feito o cruzamento para o primeiro golo, voltou a aparecer do lado esquerdo para novo cruzamento, aparecendo agora Otávio em velocidade que, mais rápido que Racic, enviou a bola para o fundo da baliza de Matheus para o 2-0 com que viria a terminar a partida.

Festa em tons de azul e branco

Até ao final o marcador não voltou a sofrer qualquer alteração, mas bem que isso poderia ter acontecido já que Galeno, o autor das assistências para os dois golos, assinou um pontapé de mestre, ao minutio 90'+03', levando a bola à trave da baliza bracarense mesmo no ângulo da baliza, num remate que pela qualidade e intenção com que foi feito merecia outro desfecho. Certo é que a bola não entrou e pouco depois o juíz João Pinheiro assinalou o fecho desta final da Taça de Portugal com o triunfo merecido pelo FC Porto por 2-0 e a festa a ser feita em tons de azul e branco.

A Taça de Portugal acabou assim por ser entregue pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao capitão do FC Porto, Pepe, que a entregou ao técnico Sérgio Conceição para que fosse este a levantar o troféu na Tribuna de Honra do Estádio Nacional, naquele que foi, afinal, o fecho da época de 2022-2023, ficando desde já ditado o primeiro clássico da próxima temporada, a discussão da Supertaça Cândido de Oliveira, entre o campeão nacional Benfica e o vencedor da Taça de Portugal FC Porto, a disputar no início de Agosto. Até lá, o futebol português vai de férias, prometendo voltar muito em breve.

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texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis 
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