O Sporting recebeu este sábado o “aflito” Marítimo em jogo da 32ª jornada da I Liga, uma partida em que o conjunto verde-e-branco precisava de ganhar para defender o seu prestígio em casa, perante os seus adeptos, mas também para poder continuar a sonhar com uma presença na Liga dos Campeões.

A possível subida ao terceiro lugar final no campeonato da I Liga resultaria para os leões na consequente classificação para um lugar que dá acesso aos play-offs de apuramento para a Liga dos Campeões, pelo que só a vitória interessava ao Sporting. Só que, do outro lado, a vitória poderia significar para o Marítimo a aproximação a um lugar “fixo” na I Liga para a próxima época e a consequente fuga à despromoção.

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Eram assim duas equipas aflitas e convictas da importância deste jogo aquelas que se apresentavam no relvado do Estádio de Alvalade, com o Sporting a apresentar um “onze” com Adán entre os postes, Diomande, Coates e Matheus Reis como centrais, Bellerín, Ugarte, Pedro Gonçalves e Arthur na linha média, e ainda Edwards, Paulinho e Trincão.

Do outro lado, o Marítimo às ordens do técnico José Gomes surgia em campo com o guarda-redes Marcelo Carné, ainda Paulinho, Zainadine, Moises Mosquera e Vítor Costa na linha defensiva, também João Afonso, e René Santos no meio-campo defensivo, surgindo depois Félix Correia, Diogo Mendes e Xadas numa linha média mais adiantada em apoio ao ponta-de-lança André Vidigal.

E se o favoritismo neste jogo apontava para uma vitória do Sporting, que poderia fazer valer o “factor casa”, a verdade é que foi mesmo o Marítimo quem chegou primeiro ao golo, logo aos 10 minutos, por Vítor Costa.

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A pressão sobre os jogadores leoninos aumentava, e mais ainda com o passar dos minutos do jogo. O Marítimo foi sempre equilibrando o jogo e o Sporting, a perder, ia vendo o nervosismo aumentar e o descernimento diminuir. Do banco das duas equipas os técnicos mexeram nas respectivas equipas, com o Sporting a conseguir “agarrar” o jogo na fase final do segundo tempo, mas tardando em transformar esse domínio do jogo no resultado.

Ainda assim, ao minuto 85', Matheus Costa, central que entrara ao minuto 77' para o lugar de René Santos, teve um desvio infeliz da trajectória da bola acabando por assinar um auto-golo que empatava a partida.

O Sporting acreditava que era possível dar a volta ao resultado que havia indicado a vitória do Marítimo desde os 10 minutos e o técnico Rúben Amorim apostava uma cartada já normal na equipa de Alvalade, com a subida de Coates para o lugar de avançado, recuando Ugarte para defesa-central.

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A verdade é que Coates, a fazer dupla de avançados com Paulinho, conseguiu ao minuto 90'+03' chegar ao golo que significava a cambalhota no marcador. Assistido por Paulinho, Coates aparecia junto ao poste direito da baliza do Marítimo e colocava pela primeira vez o spçorting a vencer, num jogo que, em teoria, deveria durar mais sete minutos para além dos 90 regulamentares. Só que, com quatro minutos por jogar, muito mais ainda iria acontecer em Alvalade.

Com efeito, aos 90'+07', o maritimista Paulinho faz falta sobre o sportinguista Nuno Santos, assiste Riascos e este envia a bola para o fundo da baliza do Sporting. O problema é que o árbitro auxiliar levantou a bandeirinha assinalando a falta de Paulinho, recebendo a indicação do árbitro Tiago Martins para baixa a bandeirinha por o árbitro considerar o golo válido.

O Marítimo fazia assim o 2-2 e, acto contínuo, os jogadores do Sporting rodearam o árbitro Tiago Martins reclamando do facto do fiscal-de-linha ter assinalado a falta do jogador dos madeirenses.

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O dado curioso é que, depois do árbitro ter falado com o seu auxiliar na linha lateral, reconfirmou o golo e acabou por dar segundo cartão amarelo ao guarda-redes Adán do Sporting e o consequente vermelho, deixando o Sporting reduzido a 10 elementos e retirando desde já Adán da partida dos leões na próxima jornada frente ao Benfica.

E quando tudo parecia indicar que as duas equipas iriam terminar o jogo empatadas, eis que surge novo golpe de teatro, com o VAR finalmente a intervir e a dizer a Tiago Martins para ir ver o lance, alertando-o para a possível falta de Paulinho sobre Nuno Santos, afinal aquilo que todos os jogadores do Sporting, nomeadamente o engtretanto expulso Adán, haviam reclamado.

Tiago Martins foi rever o lance, verificou a existência da falta que até o seu auxiliar tinha assinalado em tempo útil, e anulou o golo ao Marítimo, que continuou em desvantagem para um jogo que deveria ter, pelo menos, mais três ou quatro minutos face ao tempo que esteve parado no período de compensação.

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Quanto ao Sporting, os leões até voltavam à condição de líderes no marcador neste jogo, mas tinham outro problema para resolver, isto porque Adán tinha visto o cartão vermelho que Tiago Martins não reverteu, e já não havia substituições disponíveis para a equipa de Alvalade. Acabou assim por ser protagonista o ponta-de-lança leonino Paulinho, ele que vestiu a camisola amarela de Adán para continuar em campo agora como guarda-redes.

E a verdade é que Paulinho ainda teve tempo para fazer uma defesa, atirando-se ao solo para perder alguns segundos no relógio. Levantou-se, pontapeou a bola para o meio-campo contrário e ouviu o apito do árbitro Tiago Martins a assinalar o final do jogo, uma partida com um final completamente caótico com culpas para o juíz que complicou aquilo que era fácil.

Afinal, teria sido suficiente ao juíz deste jogo ter consultado o VAR logo que se apercebeu da diferença de opinião relativamente ao seu auxiliar. Não o fez, fez subir os ânimos dos jogadores do Sporting depois destes sentirem que estavam a ser subtraídos de uma vitória para a qual havia trabalhado afincadamente, e acabou por resolver o embróglio que ele próprio causou sem acautelar algumas das consequências.

Tiago Martins preferiu assumir uma posição de força, garantindo que a versão dele é que estava correcta, contrariando o auxiliar e distribuindo mesmo alguns amarelos a quem não concordou, e teve depois que meter a viola no saco, ou mesmo o apito, assumindo que nada do que tinha dito antes estava correcto. É caso para dizer que Tiago Martins é grande candidato a uma passagem mais ou menos prolongada pela famosa jarra da arbitragem.

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Quanto às duas equipas que discutiram entre si a conquista dos três pontos, o Sporting acabou assim por vencer o Marítimo por 2-1, mantendo-se na perseguição ao Sporting de Braga, com mais quatro pontos no terceiro lugar da I Liga.

Já a turma madeirense, continua na antepenúltima posição no campeonato, com mais três pontos do que o Paços de Ferreira, penúltimo, mas estando já a cinco pontos do Estoril Praia que segue à sua frente. Em termos de projecções, tão difícil promete ser uma possível subida do Sporting do quarto para o terceiro lugar do campeonato da I Liga, agora que faltam disputar duas jornadas, como promete ser igualmente difícil uma fuga do Marítimo aos lugares “complicados” da classificação da I Liga, valendo à turma madeirense o facto do lugar em que se encontra na I Liga lhe permitir ainda disputar um play-off para permanecer no primeiro escalão do futebol português. Contudo, jogar um play-off é apenas mais um exame final para o Marítimo que nada pode tomar por adquirido.

texto: Jorge Reis
fotos: ©twitter
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