O acerto na escolha do internacional sueco Gyokeres, que marcou dois golos em dois minutos, colocando o Sporting a vencer por 2-0 ainda no primeiro tempo, e a “estrelinha” de um golo de Paulinho já nos minutos finais do período de compensação quando a turma de Alvalade tinha dois golos do Vizela na segunda parte e o jogo se encontrava empatado, resumem de uma forma particularmente sucinta a história do jogo entre as duas equipas, partida referente à primeira jornada do campeonato da I Liga.
Sendo certo que o Sporting sai deste jogo com a felicidade da conquista dos três pontos, não conseguiu afastar a bipolaridade que já na última época caracterizou a turma leonina, capaz do melhor e do pior no mesmo jogo, tendo aqui conseguido os três pontos mesmo ao cair do pano.
E a verdade é que a bipolaridade do Sporting também não será alheia à forma como Rúben Amorim mexeu na sua equipa, nomeadamente ao intervalo e na fase inicial do segundo tempo, quando retirou do jogo o jovem Geny Catamo para a entrada de Ricardo Esgaio, ao minuto 55, quando o “miúdo” moçambicano estava a ser um dos melhores em campo, isto já depois de ter saído ao intervalo Daniel Bragança para dar o seu lugar a Marcus Edwards, duas mudanças que pouco melhoraram no futebol do Sporting, que ao invés perdeu mesmo imaginação e velocidade, passando a ser mais “pastoso” e lento, sem a capacidade de colocar a bola na frente onde Gyokeres e Trincão passaram a receber menos vezes e em piores condições no passe.
Refira-se que, para este jogo, Rúben Amorim escalou uma equipa com o guarda-redes Adán, o trio de centrais formado por Inácio, Coates e Diomande, ainda Matheus Reis e Geny Catamo nas alas, com Daniel Bragança e Morita no “miolo” atrás de um trio formado por Trincão e Pedro Gonçalves no apoio a Gyokeres.
Já do outro lado, o técnico do Vizela, Pablo Villar, deu a titularidade no primeiro jogo do campeonato a Buntic na baliza, com Tomás Silva, Bruno Wilson, Anderson Jesus e Matheus Pereira na linha defensiva, ainda Bustamante e Diogo Nascimento no meio-campo, e três médios mais projectados quando o Vizela tinha a bola, nomeadamente Kiko, Samu e Nuno Moreira, deixando Essende como o homem mais adiantado no terreno.
Com este esquema das duas equipas, o primeiro grande destaque do jogo acabou mesmo por recair em Gyokeres, pela forma como surgiu no ataque leonino, e naturalmente pelos dois golos que apontou aos 14 e aos 15 minutos, em dois lances em que o internacional sueco mostrou excelente controlo de bola, capacidade na luta direta com os adversários e objectividade na forma como rematou por duas vezes para os dois golos do Sporting.
Primeiro tirou dois adversários da frente para rematar de pé esquerdo para o poste mais distante da baliza de Buntic, e depois, no minuto seguinte, recuperou uma bola no meio-campo do Vizela, puxou agora para a direita, voltou a tirar dois adversários do caminho e, desta feita com o pé direito, fez o 2-0 para a alegria dos quase 40 mil adeptos que permitiram uma excelente moldura humana nas bancadas de Alvalade neste jogo inaugural do campeonato para os leões e vizelenses.
Certo é que o Sporting manteve a toada do jogo particularmente intensa e veloz nos primeiros 30 minutos, foi criando oportunidades que não concretizou e chegou ao intervalo a merecer por completo a vantagem de dois golos num jogo que parecia estar decidido. Só que no segundo tempo o ritmo do jogo passou a ser ditado pelo Vizela, que conseguiu congelar as iniciativas do Sporting, e de tal forma o fez que também em dois minutos, tal como os leões o haviam feito no primeiro tempo, a equipa visitante fez dois golos.
O primeiro golo do Vizela foi assim apontado por Essende, num lance vertical da turma do Vizela iniciado no guarda-redes Buntic para Nuno Moreira e deste para Essende, com o avançado a tirar o melhor partido de uma hesitação de Adán que quis sair ao encontro do avançado francês mas ficou a meio, permitindo que Samuel Essende ganhasse o ressalto e rematasse para o golo.
Depois, no minuto seguinte, um verdadeiro balde de água gelada foi atirado sobre os adeptos do Sporting quando Coates errou na saída da bola, Tomás Silva conseguiu cruzar a partir do corredor direito e Nuno Moreira apareceu já na grande área do Sporting a encostar ao segundo poste para o empate.
A partir daqui, passou a ser o Vizela a controlar o ritmo do jogo, impondo sobre o Sporting um nervosismo que foi crescendo conforme os minutos iam passando e o final da partida se aproximava. As mudanças que Rúben Amorim operou na sua equipa não resultaram de todo, com Esgaio a ficar uns furos abaixo de Geny Catamo, Edwards a aparecer em campo lento e sem ideias ao contrário do que tinha estado Trincão, que também saiu para dar o seu lugar a Paulinho, passando o Sporting assumidamente a jogar com dois homens no coração da área do Vizela.
Ora foi mesmo com Paulinho que o sporting acabou por ser bafejado pela fortuna quando, ao minuto 90'+09', naquele que prometia ser porventura o último lance do jogo, com o sporting já a cruzar para o interior da grande-área da equipa visitante, Gyokeres ganhou uma primeira bola de cabeça, Anderson apareceu a responder procurando afastar a bola da sua baliza mas colcou-a no pé direito de Paulinho, que estava no momento e no sítio certos, sobre a linha da pequena área da baliza vizelense, para rematar para o terceiro golo do Sporting, num lance em que Buntic ainda tocou com a mão esquerda na bola mas não conseguiu evitar o golo leonino.
O Sporting garantiu assim uma vitória suada sobre o Vizela, num jogo em que Rúben Amorim terá ficado com a certeza, se é que ainda não a tinha antes, que terá muito trabalho pela frente se quiser mesmo andar lá na frente do campeonato na luta pelo título como já referiu ser seu objectivo para este ano. Resta saber se para isso irá contar com a tal estrelinha que o Sporting encontrou neste encontro, um jogo em que Gyokeres apresentou da melhor forma as suas credenciais no primeiro jogo a sério pelos leões, e em que o médio Morten Hjulmand esteve já no Estádio de Alvalade a assistir ao jogo daquela que será a sua equipa para os próximos anos. Uma palavra final para a equipa do Vizela que, depois deste jogo, saiu de Alvalade sem qualquer ponto mas com a garantia que tem uma equipa competente para permitir uma temporada interessante de acompanhar.