Apresentando duas equipas distintas para cada uma das metades do jogo entre Benfica e Al Nassr, no Torneio do Algarve, o técnico alemão Roger Schmidt viu o seu Benfica golear a turma árabe do Al Nassr por 4-1 com exibições de alto nível de Di Maria, o melhor em campo na nossa perspectiva, mas também de Rafa e Jurasék no primeiro tempo, bem assim como de Schjelderup e Ristic na segunda metade da partida. Do lado do Al Nassr ficou claro que Ronaldo é o elemento que faz a diferença para (muito) melhor do que todos os outros, podendo ainda serem apontados pela positiva Brozovic, Talisca e Sultan, o lateral direito que a espaços, principalmente no segundo tempo, assinou algumas boas iniciativas.

Em termos práticos, Roger Schmidt começou por apresentar um “onze” que poderá muito bem ser o conjunto titular para o arranque de época dos encarnados, faltando apenas o agentino Otamendi, ausente por lesão neste jogo, substituído por Morato. Com Vlachodimos na baliza, Morato e António Silva como a dupla de centrais com este último na condição de capitão do Benfica, Bah e Jurasék nos corredores laterais, João Neves e Kokcu no “miolo” e uma linha de três jogadores — Di Maria, Rafa e Neres — nas costas de Gonçalo Ramos, o Benfica dominou, marcou e justificou em pleno a vantagem de 3-1 ao intervalo. Na segunda parte tudo viria a ser diferente, também por força da mudança completa do “onze”, mas nem por isso o Benfica deixou de dominar e conseguiu mesmo o quarto golo que fechou o marcador em 4-1, apontado pelo jovem Schjelderup, ele que promete ser um jogador em destaque na época que agora arranca.

Relva seca rega-se... duas vezes!

Antes mesmo do arranque do jogo, um detalhe dava conta da importância de Cristiano Ronaldo na equipa do Al Nassr e, afinal, em tudo aquilo que ele se envolve. Já depois do aquecimento das duas equipas e depois de ambas terem recolhdio aos balneários, o relvado foi devidamente regado, como é prática corrente nos diversos relvados de futebol para permitir que a bola role com mais facilidade permitindo um jogo mais rápido e tecnicista para as duas equipas em campo. Acontece que, já depois das duas equipas terem regressado às quatro linhas e terem posado para a fotografia inicial, Cristiano Ronaldo baixou-se, passou a mão pela relva e disse de forma simples aos elementos da organização: “Está seca!”

A observação de Cristiano Ronaldo foi como uma ordem para a organização do Torneio do Algarve e, já com as duas equipas em campo prontas a avançar para o jogo, a verdade é que o sistema de rega do relvado foi de novo accionado e uma vez mais a relva foi regada, afinal por que o capitão do Al Nassr tinha dado a indicação de que a relva não estava devidamente molhada. É caso para dizer que quem sabe sabe, mas também quem pode manda... e Cristiano Ronaldo mandou!

Em termos de história do jogo, esta começou com o Al Nassr a tentar surpreender, em velocidade, numa situação de perigo para a baliza de Vlachodimos que terminou num pontapé de canto para a turma árabe. Parecia dado o mote para um jogo equilibrado mas a verdade é que a partir daí o Benfica agarrou o jogo e raramente permitiu grandes veleidades ao conjunto do Al Nassr. Ao quarto minuto foi a vez de António Silva surgir a cabecear a bola após um pontapé de canto a partir do corredor esquerdo do ataque dos encarnados, mas a bola saiu sem força para as mãos do guarda-redes Nawaf. Do lance nada resultou, mas João Neves ainda tentou rematar à baliza do Al Nassr, uma vez mais sem efeitos práticos.

Ao minuto 7 foi a vez de CR7 tentar a sua sorte, surgindo isolado entre os centrais do Benfica, em velocidade, a procurar bater Vlachodimos, com este a segurar a bola e a impedir o golo da turma árabe. Ficava no entanto claro que o Al Nassr estava resumido à velocidade de Cristiano Ronaldo e às iniciativas de Talisca e Brozovic, ainda que este último exagerasse por vezes na forma como entrava sobre os adversários (Di Maria que o diga numa falta sofrida à passagem dos 10 minutos).

Ao minuto 14 Rafa teve tudo para abrir a contagem. Kokcu serviu Jurasek, este centrou a contento e Rafa, com um toque mais em jeito, fez a bola passar junto ao poste esquerdo da baliza do Al Nassr quando parecia evidente que o marcador fosse funcionar ali mesmo. Com o jogo a dar mais Benfica, o Al Nassr ia tentando contrariar o melhor futebol dos encarnados que, todavia, facilmente conseguiam reclamar para si o meio-campo defensivo da equipa liderada por Cristiano Ronaldo.

Di Maria, Rafa e Dimaria... o caminho para o golo!

Chegados ao minuto 22, surgiu finalmente o primeiro golo do Benfica. Num lance de combinação entre Rafa e Di Maria, o primeiro recebeu a bola do argentino quando entrava em velocidade na grande-área do Al Nassr, assistiu de novo Di Maria e este, depois de deixar um adversário para trás, só teve que bater o guarda-redes Nawaf que pouco mais pôde fazer senão assistir à festa dos encarnados. O golo de Di Maria veio galvanizar os adeptos e o apoio ao Benfica aumentou ainda mais de tom a partir das bancadas.

À passagem da meia hora foi a vez de Gonçalo Ramos fazer o segundo golo, e uma vez depois de uma assistência de Rafa num lance iniciado por... Di Maria. O golo ainda demorou a ser confirmado pelo VAR, mas a verdade é que não havia dúvidas, nem quanto à legalidade do golo, nem quanto à superioridade dos encarnados, com Rafa, Di Maria e Kokcu, este de uma forma mais discreta, a revelarem-se determinantes na forma como fluía o jogo do Benfica. Ao minuto 38 foi a vez de Bah servir Gonçalo Ramos que, uma vez mais isolado na frente de Nawaf, colocou a bola no fundo das redes da baliza do Al Nassr para o terceiro golo do jogo.

Mesmo a perder, o Al Nassr procurou sempre jogar em velocidade no contra-ataque e a verdade é que conseguiu mesmo chegar ao golo ao minuto 41, por Khaled, num lance em que surgiu entre os centrais do Benfica e, com uma finalização que parecia algo trapalhona, acabou mesmo por fazer o golo para a turma árabe, colocando o resultado em 3-1 com que viria a ser atingido o intervalo.

Para o segundo tempo, Roger Schmidt resolveu então mudar toda a equipa, fazendo alinhar Samuel Soares na baliza, Lucas Veríssimo e Tiago Almeida como centrais, Ristic e nos corredores laterais, Florentino e Chiquinho no meio do terreno e nova linha de três elementos — João Mário, Schjelderup e Aursnes — nas costas do ponta de lança que para o segundo tempo foi Petar Musa. Com esta nova formação o Benfica demorou um poco a assentar o seu jogo, foi evidente alguma falta de entrosamento de um ou outro jogador nos momentos da finalização, mas continuou a equipa encarnada a ter mais jogo e mais posse de bola. Em destaque nesta segunda metade da partida estiveram Ristic, Schjelderup e Samuel Soares, ele que quando foi chamado a intervir foi eficaz, defendendo mesmo um remate de Cristiano Ronaldo que levava selo de golo.

Já do lado do Al Nassr, sem alterações para o segundo tempo, nada mudou, com Brozovic e Sultan a serem os elementos mais esforçados no meio-campo da turma árabe, sobrando para Talisca e Cristiano Ronaldo as principais acções ofensivas, ainda assim sem resultados práticos. Com o decorrer da partida, o técnico português Luís Castro ainda viu a sua equipa sofrer o quarto golo, na estreia do norueguês Schjelderup a marcar ao minuto 68'. Ristic fez um bom remate a partir do corredor esquerdo, Nawaf defendeu mas não segurou a bola e Shcjelderup, ao segundo poste, apareceu oportuno para assinar o quarto golo, de algum modo merecido pelo empenho que este jovem jogador evidenciou durante a segunda metade da partida.

Pouca parra e menos uvas na equipa do Al Nassr

Antes do quarto golo, Talisca viu o único cartão amarelo do jogo ao minuto 54' depois de um gesto mais ríspido para com o árbitro, na sequência de uma falta cometida sobre João Mário, e Luís Castro pôde fazer algumas mudanças na sua equipa, chamando ao jogo Abdulfattah Adam, Adul Al-Sulayhem, Meshari Al-Nemer e ainda Ali Al-Hassan, este ao minuto 84 para a saída de Cristiano Ronaldo, com o internacional português a merecer uma enorme ovação por parte do público no Estádio do Algarve. Apesar destas mudanças, a verdade é que o futebol do Al Nassr nunca melhorou o suficiente para atrapalhar as ambições do Benfica, ficando claro que o técnico português Luís Castro terá muito trabalho para construir uma equipa competitiva. Afinal de contas, Cristiano Ronaldo está acima da média, Brozovic tenta preencher o meio-campo, mas uma ou duas andorinhas não conseguem de todo fazer a Primavera e isso está longe de ser conseguido nesta formação árabe.

No final, e por entre dezenas de tentativas de invasões de campo por crianças e jovens em busca de autógrafos dos seus ídolos, como aconteceu mesmo ao longo do jogo por duas vezes, as duas equipas puderam realizar uma série de cinco pontapés da marca da grande penalidade, exigência do regulamento do Torneio do Algarve para acautelar a eventual necessidade de desempate para a atribuição do título de vencedor deste torneio, tendo Benfica e Al Nassr convertido todas as grandes penalidades atribuídas a cada equipa. Fica para a estatística a vitória plenamente justa por parte do Benfica perante um adversário que deu sinal de grandes fraquezas, nomeadamente no capítulo defensivo. Quanto a outras notas, as referência à eficácia da dupla de médios formada por João Neves e Kokcu, ao brilho do futebol de Di Maria e à boa combnaçião deste com Rafa Silva, e ainda ao empenho e qualidade de algumas prestações individuais como as de Neres, Schjelderup, Jurakséc e Ristic.

O Benfica jogará agora esta sexta-feira frente ao Celta de Vigo para se saber quem levará para casa o troféu de vencedor do Torneio do Algarve.

Jorge Reis e Diogo Faria Reis (fotos)

 

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