O Burnley venceu esta terça-feira o Benfica no Estádio do Restelo, por 2-0, naquele que terá sido o penúltimo jogo de pré-temporada dos encarnados, um jogo em que Roger Schmidt voltou a apresentar um “onze” completamente distinto em cada metade da partida, tendo a formação britânica apontado os dois golos que fizeram o resultado final da partida à segunda equipa do Benfica, depois do empate a zero com que terminaram os primeiros 45 minutos.
Para este jogo de preparação da nova temporada, Roger Schmidt escalou um onze com Vlachodimos na baliza, a linha defensiva já esperada, com Bah e Juraséck nas alas e António Silva e Morato como centrais — Otamendi continua a recuperar de lesão —, Kokcu e Aursnes desta vez a formarem a dupla de médios, com Di Maria, Rafa e João Mário no apoio a Gonçalo Ramos. Do lado da turma britânica, o técnico Vicent Kompany apresentou como onze titular Muric como guarda-redes, Muric, O'Shea, Ekdal, Al-Dakhil e Dodgson na defesa, ainda Gudmundsson, Cork, Townsend e Twine na linha média e, mais adiantados Rodríguez e Weghorst.
Sempre com o guarda-redes muito adiantado no terreno, o Burnley foi permitindo o comando do jogo ao Benfica mas sem deixar de procurar surpreender Vlachodimos, como aconteceu ao minuto 17 quando Townsend, com um remate de fora da área, fez passar a bola bem perto do poste direito da baliza do Benfica. Ainda assim, o controlo do jogo era mesmo dos encarnados que de forma tranquila e com o apoio do público que encheu as bancadas do Estádio do Restelo foi instalando o seu jogo no meio campo do Burnley. Ao minuto 23 João Mário primeiro e Gonçalo Ramos depois ficaram muito perto do que poderia ter sido o primeiro golo do Benfica mas o nulo não foi desfeito.
Bem menos tempo a aparecer demorou o primeiro cartão amarelo, exibido ao minuto 30' para Cork, do Burnley, depois de uma falta cometida sobre Rafa, quando este se preparava para invadir o meio-campo contrário em velocidade para um potencial lance de perigo. Cork agarrou o veloz 27 dos encarnados e o árbitro Pedro Ramalho não teve outra solução senão mostrar a primeira cartolina amarela do jogo.
Com o aproximar do intervalo o Burnley começou a soltar mais o seu futebol e a conseguir jogar no meio-campo do Benfica, numa fase do jogo menos esclarecida e sem grande chama para qualquer um dos conjuntos. À passagem do minuto 39 Gonçalo Ramos ainda ameaçou a baliza contrária com um remate por cima da trave depois de um bom pormenor de João Mário, mas o intervalo acabaria por chegar sem que o empate sem golos fosse desfeito. Bem em cima do apito para o intervalo, Gonçalo Ramos voltou a rematar para golo, mas o guarda-redes Muric defendeu a bola enviando-a por cima da trave.
Di Maria, que nos outros jogos foi sempre o motor do Benfica enquanto esteve em campo, acusou desta feita algum cansaço, Rafa ressentiu-se com a ausência das melhores combinações com o argentino e João Mário, com bons apontamentos, deixou aberta a candidatura à titularidade na linha média ofensiva do Benfica para o arranque de temporada que se aproxima.
João Neves a lateral-direito e Florentino em baixo nível
Para o segundo tempo, e a exemplo do que tem feito nos jogos de pré-temporada, Roger Schmidt mudou todo o onze, apostando agora em Samuel Soares na baliza, Tomás Araújo e João Victor como centrais, João Neves de forma surpreendente a lateral direito e Ristic na ala contrária como lateral esquerdo. Florentino e Chiquinho foram chamados às missões do meio-campo, com Schjelderup, Tengstedt e Neres nas costas do ponta-de-lança que passou agora a ser Petar Musa. Aliás, foi mesmo Petar Musa quem criou a primeira grande oportunidade de golo no segundo tempo, com um remate colocado a levar a bola a passar muito perto da baliza à guarda de Muric. Do lado do Burnley, o técnico Vincent Kompany chamou a jogo Amdouny e Taylor, para as saídas de Al-Dakhil e Weghorst.
O Benfica não marcou, como aliás não o tinha conseguido fazer durante todo o primeiro tempo, e acabou mesmo por ser o Burnley a bater Samuel Soares, numa iniciativa individual de Dodgson. Depois de um passe errado de João Neves no lado direito, a bola chega ao corredor contrário aos pés de Dodgson que, depois de tirar da sua frente Ristic rematou para o primeiro poste surpreendendo Samuel Soares, que permitiu a entrada da bola na sua baliza no poste que deveria ser “seu”.
Kompany viu a sua equipa adiantar-se no marcador, voltou a mexer no onze do Burnley agora com as entradas de Roberts e Zaroury, curiosamente para a saída de Dodgson, o autor do golo, e Twine, e voltaria a ser feliz, com o Burnley a marcar o segundo golo do jogo, ao minuto 82' por Ekdal, que tirou também ele o melhor partido de um erro agora mais clamoroso de Samuel Soares. Townsend rematou forte de fora da área, Samuel Soares permitiu que a bola patesse no chão à sua frente e depois no seu peito saltando para a frente, e apareceu aí Ekdal a fazer a recarga sem oposição para o 2-0.
Estava feito o resultado final de mais este jogo de pré-época do Benfica, com a primeira derrota dos encarnados em jogos de preparação desde que Roger Schmidt assumiu o controlo da equipa benfiquista — na época passada o Benfica venceu todos os jogos de pré-época —, um resultado que premeia o Burnley pelo melhor futebol no segundo tempo, mas que castiga o Benfica pela ausência de eficácia nos primeiros 45 minutos, quando teve jogo e oportunidades para conseguir outro resultado no placard do Estádio do Restelo.
Falta um lateral direito e um guarda-redes
Ficou a convicção de que continua a faltar ao Benfica um lateral-direito para alternar com Bah, nomeadamente depois de ter saído Gilberto que era a segunda escolha da época passada, do mesmo modo que ficou claro que Samuel Soares ainda não está pronto a assumir a baliza do Benfica se Vlachodimos tiver algum problema ao longo da época, pelo que a contratação de um guarda-redes mais experiente será também uma prioridade para os encarnados nesta fase em que o mercado está aberto até ao final de Agosto.
Depois, caso Gonçalo Ramos seja negociado neste mercado de transferências, naturalmente que a sua saída terá que ser colmatada com a entrada de um jogador para a mesma posição, isto a julgar pelo que se viu neste penúltimo jogo de pré-época do Benfica.
À parte de novas possíveis contratações, ficou também a convicção de que o Benfica terá neste momento um núcleo duro de 16 ou 17 jogadores que irão permitir a construção da equipa principal às ordens de Roger Schmidt, nomeadamente os onze que entraram de início frente ao Burnley, a quem poderemos somar Ristic, João Neves (não a lateral direito), Chiquinho, Schjelderup, Neres e Musa. Todos os restantes, inclusivé Florentino, que tem jogado na “segunda equipa” e sem grande fulgor, partem atrás dos jogadores referidos e claramente como opções secundárias para Roger Schmidt.
No próximo domingo os encarnados jogam com o Feyenoord na Holanda aquele que deverá ser o último jogo de preparação para a nova época, e nove dias depois, a 9 de Agosto, terão o primeiro grande jogo a sério, em Aveiro com o FC Porto para a discussão da Supertaça Cândido de Oliveira.