O Benfica venceu esta quarta-feira o FC Porto, por 2-0, com golos apontados no segundo tempo por Di Maria e Petar Musa, num jogo em que até foi o FC Porto quem entrou melhor no jogo e de algum modo dominou a primeira metade da partida. Roger Schmidt, o treinador dos encarnados, começou por fazer asneira ao apresentar uma equipa sem capacidade de ataque, alinhando sem um verdadeiro ponta de lança e com um meio-campo que raramente teve capacidade de garantir a posse de bola.

Com a sua equipa formada por Vlachodimos na baliza, Bah, António Silva, Otamendi e Ristic na linha defensiva, Okçu e João Neves na linha média, e uma linha de quatro jogadores com missão ofensiva formada por Aursnes, Rafa, João Mário e Di Maria. A surpresa acabava assim por ser o facto de Schmidt ter apostado no início do jogo em deixar no banco Petar Musa, ele que era apontado como titular na equipa depois da negociação de Gonçalo Ramos para o Paris Saint-Germain.

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Outra nota a reter nas escolhas de Schmidt teve a ver com a ausência do lote de convocados do brasileiro David Neres, ele que não cumpriu neste jogo um castigo devido a uma providência cautelar e que, ainda assim, acabou por não ser considerado pelo técnico do Benfica para esta partida. No final do jogo, Roger Schmidt acabaria por justificar a ausência de Neres devido a uma “pequena lesão no joelho”.

Do lado do FC Porto, Sérgio Conceição, que acabou por poder estar no banco de suplentes também devido a uma providência cautelar interposta pelo seu clube depois do técnico ter sido castigado com uma suspensão devido aos acontecimentos no jogo entre FC Porto e Vizela da última temporada. A providência cautelar suspendeu o castigo a Sérgio Conceição e este acabou por dirigir a sua equipa, com Diogo Costa na baliza, Pepê, Pepe, Marcano e Zaidu na defesa, ainda Marko Grujic, Eustaquio, Otávio e Galeno na linha média, e as tarefas ofensivas a cargo de Mehdi Taremi e Danny Namaso.

Com estas perdas do xadrez das duas equipas no tabuleiro, que o mesmo é dizer no tapete verde do Estádio Municipal de Aveiro, foi o FC Porto quem primeiro construiu oportunidades de golos, curiosamente logo nos primeiros segundos da partida quando Galeno conseguiu rematar dentro da área dos encarnados enviando a bola a passar bem perto do poste da baliza de Vlachodimos. O Benfica não conseguia ter bola, os centrais portistas Pepe e Marcano conseguiam jogar bem subidos no terreno de jogo conferindo superioridade numérica no meio-campo ao FC Porto e ao Benfica valia a intensidade do jogo de João Neves que se revelou ao longo do primeiro tempo o elemento que conseguiu dar alguma consistência à sua equipa. Ao invés, João Mário passou por completo ao lado do jogo e Rafa demorava a aparecer.

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Certo é que Petar Musa acabaria por entrar na segunda parte logo ao minuto 46', tal como entrou também Juraséck por troca com Ristic que já tinha visto cartão amarelo, depois do Benfica ter aguentado o “nulo” até ao intervalo, muito por força da falta de eficácia do FC Porto, e foi com Musa no jogo que o Benfica passou a controlar os acontecimentos. E com o jogo mais controlado, a ganhar quase sempre a segunda bola, o Benfica chegou aos golos por duas vezes, primeiro por Di Maria, aos 61 minutos, após uma excelente assistência de Okçu e depois, aos 68 minutos, por Musa com assistência de Rafa, e acabou o Benfica por vencer com inteira justiça um jogo que viria ainda a ter mais incidências, algumas das quais curiosamente fora das quatro linhas.

O FC Porto acusava alguma frustração, principalmente por ter dominado durante todo o primeiro tempo e não ter conseguido transpor esse domínio para o marcador, e já na fase final da partida, depois de um jogo em que o árbitro Luís Godinho mostrou mais de uma dezena de cartões amarelos, com um critério bem apertado, acabou por ter que aligeirar esse critério, mesmo quando teve que mostrar o segundo amarelo e o consequente vermelho. Acabou assim por “perdoar” um segundo amarelo e a expulsão a Pepe, e poucos minutos depois, aos 90', o mesmo Pepe agrediu Juraséck com uma joelhada que o VAR viu e chamou Luís Godinho a ver também. A expulsão de Pepe foi a resposta óbvia do árbitro e Pepe saiu das quatro linhas a mostrar a sua camisola para os adeptos nas bancadas.

Acabou por ser logo no lance seguinte, com o FC Porto a jogar com 10 elementos, que os dragões chegou ao golo, e logo com um verdadeiro “golaço” de Galeno, porventura o jogador mais consistente do conjunto azul e branco. Só que o VAR voltou a intervir e detectou um controlo de bola com o braço por parte de Gonçalo Borges pelo que o golo de Galeno acabou por anulado. Esta decisão, porém, levou ao descontrolo emocional de Sérgio Conceição, com o técnico do FC Porto a insultar o árbitro Luís Godinho de uma forma que ficou clara para todos os que viram o jogo, nomeadamente para quem acompanhou a emissão televisiva. O árbitro não podia ter outra atitude senão exibir o cartão vermelho ao técnico do FC Porto, o que fez, e aí aconteceu o mais inesperado, com Sérgio Conceição a dizer simplesmente ao quarto árbitro um claro “não saio”.

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Luís Godinho deu ordem de expulsão a Sérgio Conceição, este recusou-se a sair numa completa birra, dizendo ao quarto árbitro que teria que ser Luís Godinho a vir ter com ele pessoalmente, o árbitro ainda falou com Marcano, o capitão do FC Porto, para que este intercedesse junto do técnico para que saísse, Conceição manteve a recusa em sair, e depois de alguns minutos acabou mesmo por ser Luís Godinho a vir até Sérgio Conceição para insistir na exibição do cartão vermelho e o técnico portista lá acabou por sair, batendo no peito sobre o símbolo do FC Porto.

O jogo viria a terminar quase um quarto de hora para além dos 90 minutos, o Benfica celebrou a conquista da Taça da Liga, e o FC Porto acabou por deixar o Estádio Municipal de Aveiro em silêncio, com Sérgio Conceição a não passar pela conferência de Imprensa depois da birra feita no banco quando Luís Godinho lhe exibiu o cartão vermelho. A falta de eficácia do FC Porto no primeiro tempo acabou por penalizar a equipa azul e branca e, do lado do Benfica, o volte-face de Roger Schmidt que ganhou o jogo ao intervalo, quando colocou a sua equipa a jogar da forma afinal prevista por quase todos os adeptos.

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Roger Schmidt terá reconhecido as falhas da sua equipa no primeiro tempo e mudou por isso o seu “onze” para o segundo tempo, colocando Musa e Juraséck, colocando Aursnes a fazer o que melhor sabe a partir do meio-campo ofensivo, permitindo a Di Maria finalmente aparecer, devolvendo a garra ao Benfica e conseguindo com isso agarrar o domínio do jogo na etapa complementar quando apareceram os golos, sendo este o resumo que se pode fazer do que se passou em Aveiro, na discussão do primeiro troféu da temporada que acabou por ser ganho pelos encarnados.

O Benfica jogará agora na próxima segunda-feira, no Estádio do Bessa, frente ao Boavista, enquanto que o FC Porto, também na segunda-feira, igualmente em jogo da primeira jornada do campeonato da I Liga, irá visitar o terreno do Moreirense.

texto: Jorge Reis
fotos: ©twitter
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