Num jogo que o Benfica resolveu já na fase final do jogo, com um golo do recém-entrado Tengstedt, na primeira vem em que tocou na bola depois de sair do banco de suplentes, e com o segundo golo apontado por Rafa a fechar o marcador, fica o registo do onze escolhido pelo técnico dos encarnados, Roger Schmidt, que apostou no jovem guarda-redes Samuel Soares como titular, com o ucraniano Turbin no banco de suplentes, depois de uma alegada discussão que terá existido entre Vlachodimos e Schmidt.
O técnico do Benfica, que no final da partida preferiu não comentar quando lhe perguntaram se o guarda-redes grego lhe pediu ou não alguma explicação, acabou assim por ficar no centro da polémica mesmo depois do clube da Luz ter ganho os três pontos, fazendo-o frente a um organizado Estrela da Amadora a quem faltou frescura física para discutir o jogo de igual para igual ao longo do tempo regulamentar.
As opções de Roger Schmidt, porém, começaram por dar azo a todas as conversas entre os adeptos do Benfica que encheram o Estádio da Luz — estiveram nas bancadas 58.479 adeptos segundo os números oficiais —, desde logo pela aposta em Samuel Soares em detrimento de Vlachodimos, que nem sequer terá estado nos camarotes da Luz a assistir ao jogo, mas também pela colocação de Aursnes a lateral-esquerdo, remetendo o lateral Ristic para o banco de suplentes.
Com Jurasek lesionado, e quando se esperaria que o técnico apostasse no lateral-direito de raíz disponível no plantel, Schmidt poderá ter “queimado” Ristic quando simplesmente não contou com ele, apostando no médio norueguês.
Com Fredrik Aursnes a aparecer no corredor direito, João Mário pôde aparecer como titular na linha média, ele que acabou por assinar uma exibição deficitária, tal como Aursnes também nunca conseguiu ser a melhor solução no corredor esquerdo, onde procurou sempre o pé direito para cruzar para a grande área do Estrela, perdendo com isso em tempo e eficácia na forma como o fez.
Roger Schmidt apostou na colocação em simultâneo em João Mário e Aursnes na equipa, o Estrela da Amadora foi fechando da melhor forma os caminhos para a sua baliza, e a verdade é que só na fase final do segundo tempo, quando Schmidt finalmente fez entrar David Neres para a saída de João Mário, o Benfica conseguiu finalmente desbloquear o jogo, coisa que os encarnados nunca conseguiram antes da entrada do brasileiro.
Aliás, o treinador alemão do Benfica teve ainda outra decisão no mínimo discutível, quando ao intervalo apostou em Florentino para a saída de João Neves, porventura para acautelar um eventual segundo cartão amarelo para o miúdo do Benfica, ele que já tinha visto o cartão na primeira metade da partida.
Florentino mostrou-se sempre menos imaginativo do que havia sido Neves, e o Benfica perdeu criatividade no seu meio-campo durante a fase inicial do segundo tempo.
Samuel Soares na baliza e Aursnes a lateral direito
Assim, Roger Schmidt apostou em Samuel Soares para a baliza, com uma linha defensiva formada por Aursnes, António Silva, Otamendi e Bah, Kokçu e João Neves no “miolo”, e um trio formado por João Mário, Rafa e Di Maria no apoio ao avançado brasileiro Arthur Cabral, jogador que se estreou com a camisola do Benfica mas que mostrou ainda uma clara dificuldade em se mostrar eficaz na combinação com os seus novos companheiros de equipa.
Já do lado do Estrela da Amadora, o técnico Sérgio Vieira, a partir da bancada já que cumpriu um jogo de castigo, depois de ter sido expulso na jornada anterior quando a turma da Reboleira consentiu em casa uma derrota frente ao Vitória (0-1), escalou para esta partida o guarda-redes Bruno Brízido, ainda João Reis, Gaspar Kialonda e Mansur como centrais, Leo Jabá, Leonardo, Vitó e Omorwa na linha média, e também Ronald e Hevertton no apoio a Ronaldo.
Apresentou-se assim a turma tricolor com uma equipa bem montada que se desdobrou quase sempre da melhor forma, de um 3x5x2 quando tinha a posse de bola para um 5x4x1 quando foi preciso defender e fechar os caminhos para a sua baliza.
Com o Benfica a ter sempre mais posse de bola, as consequências disso foram quase sempre nulas, excepção feita a alguns lances concluídos por Di Maria que assinou um emotivo duelo individual com o guarda-redes Bruno Brígido com este a assinar um punhado de defesas de grande qualidade. Do lado do Estrela, foram poucas as vezes que realmente incomodou o jovem guarda-redes Samuel Soares, acabando este por responder sempre a preceito num jogo em que nunca foi verdadeiramente testado.
Já no segundo tempo, na equipa do Estrela da Amadora, uma lesão de Mansur obrigou o conjunto tricolor a jogar em termos efectivos com menos um jogador pela incapacidade daquele defesa em dar o seu melhor contributo quando a equipa visitante teve que fechar os caminhos para a sua baliza.
Neres foi homem do jogo no lugar de João Mário
Acabou assim, como já aqui foi dito, por ser a entrada de David Neres, ao minuto 69', por troca pelo pouco influente João Mário, que se revelou determinante no jogo, nomeadamente na forma como o Benfica passou a dominar e a criar perigo efectivo junto da baliza de Brígido.
Ao minuto 74' o guarda-redes do Estrela da Amadora defendeu um golo eminente a Kokçu, no lance seguinte foi Arthur Cabral que viu Brígido defender um lance de golo, com Di Maria a rematar à malha lateral da baliza dos tricolres, e só com nova alteração na equipa benfiquista, com a entrada de Tengstedt para a posição de Arthur Cabral, surgiu finalmente o golo que desbloqueou o marcador.
David Neres foi à linha de fundo, cruzou para a pequena-área, e na primeira vez que o avançado dinamarquês tocou na bola aproveitou da melhor forma a assistência de Neres para fazer o primeiro golo do jogo ao minuto 79'.
E se David Neres fez tudo bem ao assistir Casper Tengstedt para o 1-o, fez tudo melhor ainda quando, ao minuto 90'+03', fez gato sapato da defesa do Estrela da Amadora, conseguindo depois, com toda a tranquilidade, isolar Rafa que, frente a Bruno Brígido, deixou que este caísse no relvado para lhe enviar a bola sobre o corpo com um “mini-chapéu” que terminou no 2-0, o resultado final da partida.
O Benfica acabou assim por vencer com toda a justiça um jogo que chegou a ser complicado para os encarnados, também pela boa resposta do Estrela da Amadora que se revelou uma equipa bem organizada e com enorme espírito de luta, tendo a vitória chegado a partir dos pés de David Neres, ele que fez as assistências para os dois golos da partida e que terá justificado em absoluto a titularidade que Schmidt lhe tem recusado até aqui.
Esperemos para ver o que acontecerá no próximo jogo dos encarnados, no próximo sábado, em Barcelos, no terreno do Gil Vicente, altura em que se saberá se Neres irá ser titular, e já agora também quem será chamado à titularidade na baliza do Benfica.