Um autogolo de Jorge Fernandes no corte de um cruzamento de Di Maria pelo lado direito do ataque, ao minuto 10', e a expulsão de João Mendes na equipa do Vitória ao minuto 19', determinaram a história de um jogo que acabou por ficar fácil para o Benfica, por um lado pela incapacidade do Vitória em responder a preceito ao bom futebol dos encarnados, e por outro lado pelos bons golos que a equipa da casa concretizou, chegando ao intervalo desde logo com uma vantagem clara de 3-0. O segundo tempo começou praticamente com o quarto golo da equipa da casa, desta feita por apontado por Aursnes, com um remate em jeito a garantir um chapéu sobre Varela, colocando o Benfica a vencer por 4-0 com aquele que viria a ser o último golo da partida, numa vitória afinal justificada pelo futebol produzido pelos encarnados.
Num jogo em que Roger Schmidt teve tempo e oportunidade para quase tudo, até para dar minutos de jogo a elementos normalmente menos utilizados, como Morato, João Victor e Tomás Araújo, o Benfica acabou por vencer de forma justa, podendo apenas o resultado por pecar por escasso, isto porque foram muitas as oportunidades que a equipa da casa teve para marcar, nomeadamente no segundo tempo, em que a eficácia aí acabou por não ser a melhor.
À partida para este jogo, e sem fazer grandes concessões na vontade de mudança na sua equipa defendida por muitos adeptos ao longo da semana, o técnico do Benfica, Roger Schmidt, apostou desta feita na titularidade de Petar Musa no lugar de Arthur Cabral, numa equipa em que manteve Samuel Soares na baliza, Aursnes a lateral esquerdo, numa linha defensiva em que surgiram também Bah, Otamendi e António Silva, com João Neves e Kokçu na linha média, e ainda Di Maria, Rafa e João Mário nas costas do ponta-de-lança. Como opções, Schmidt tinha no banco Trubin, Morato, Neres, Arthur Cabral, Tengstedt, Chiquinho, João Victor, Tomás Araújo e Florentino. O certo é que Petar Musa não conseguiu traduzir em golos esta titularidade, mesmo perante uma equipa em inferioridade numérica, com o Benfica balanceado para o ataque permitindo que as oportunidades de golo surgissem a partir dos pés de vários elementos da equipa da casa.
Do lado do Vitória, o técnico brasileiro Paulo Turra, ele que surgiu na ficha técnica na condição de delegado ao jogo pois não possui as qualificações necessárias para assumir a condição de treinador principal, chamou a jogo para esta partida no terreno do campeão nacional o guarda-redes Bruno Varela, ainda Jorge Fernandes, Manu e Mikel Villanueva numa linha de três centrais, também Miguel Maga, Tiago Silva, Dani Silva, João Mendes e Afonso Freitas num meio-campo em que os alas tinham por missão ajudar a formar uma linha de cinco defesas, não deixando de subir no terreno quando a equipa vimaranense tinha a posse de bola, “sobrando” para as tarefas mais ofensivas André Silva e Jota Silva, este último claramente o elemento mais rápido e mais perigoso para a baliza à guarda de Samuel Soares. No banco de suplentes, Turra tinha à partida para este jogo da 4ª jornada da I Liga Charles, Tomás Ribeiro, Tomás Handel, Safira, Nelson da Luz, André André, Adrian Butzke, Zé Carlos e Tounkara.
Com os esquemas das duas equipas bem definido, num jogo dirigido pelo árbitro Nuno Almeida com André Narciso na condição de VAR, o jogo começou com o Benfica a pressionar a linha defensiva do Vitória, procurando manter a formação visitante no seu meio-campo defensivo em face da pressão de elementos como Di Maria, Rafa e João Mário, nomeadamente este último a aparecer neste jogo em evidência. Ainda assim, ao minuto 07', Jota Silva apareceu isolado num contra-ataque rápido, acabando por enviar a bola à base do poste direito da baliza de Samuel. Será importante referir que o avançado do Vitória estava em posição irregular, a qual chegou mesmo a ser assinalada pelo árbitro auxiliar, mas o juíz Nuno Almeida deixou o lance prosseguir sem nada assinalar visto que, a partir do ressalto, a bola ficou na posse do Benfica pelo que parar o jogo só iria bbeneficiar o infrator.
Ao minuto 10, numa saída rápida para o ataque, Di Maria apareceu pelo lado direito, cruzou de trivela para solicitar o croata Petar Musa, mas Jorge Fernandes, na tentativa de impedir o golo a Musa, acabou ele mesmo por fazer o autogolo, abrindo a contagem para a turma benfiquista. A partir daqui, em desvantagem no marcador, o Vitória ainda apareceu a jogar balanceado para o ataque, procurando pressionar alto, respondendo o Benfica com a tentativa de aproveitar os espaços atrás da linha defensiva vitoriana num jogo que ganhou por esta altura grande velocidade.
Expulsão ao minuto 19 revelou-se determinante
Com as duas equipas a apostarem na velocidade, acabou por ser normal o aparecimento de situações de choque entre os jogadores das duas equipas, com o primeiro cartão amarelo a ser mostrado ao minuto 16', exibido a Tiago Silva depois de uma carga feia sobre Rafa. Três minutos depois, ao minuto 19', acabaria por acontecer o lance determinante do encontro, com o vimaranense João Mendes a ver o cartão vermelho direto depois de uma carga sobre Otamendi — atingiu o central argentino na cara num lance mais descuidado que poderia ter lesionado fortemente o jogador do Benfica —, ficando a tarefa do Vitória ainda mais difícil neste jogo, encontrando-se já em desvantagem e a partir dali a jogar com um elemento a menos dentro das quatro linhas.
Em vantagem no marcador e com mais um elemento em campo, o Benfica passou a dominar o jogo de uma forma fácil, com posse de bola em todo o terreno, encostando ainda mais a equipa do Vitória à sua zona de baliza. Fruto desta tendência ofensiva do Benfica, os golos apareceram naturalmente, nomeadamente ao minuto 32 quando, após uma combinação entre João Mário e Rafa Silva, este assistiu Angel Di Maria que só teve que encostar para o fundo da baliza vitoriana. Estava assim feito o 2-0 para os encarnados.
Pelo meio o Vitória acusava alguma dificuldade em acompanhar a velocidade do jogo benfiquista, acabando alguns jogadores da equipa visitante por recorrer a faltas por vezes mais duras. Não admirou por isso que o árbitro Nuno Almeida acabasse por exibir mais algumas cartolinas amarelas, nomeadamente ao minuto 39', quando Jota Silva entrou de forma mais dura sobre Rafa Silva. A verdade é que essa era uma das formas de travar os homens do Benfica que conseguiam excelentes combinações quase sempre a terminar com a criação de perigo dentro da grande-área do Vitória. E quando não era possível entrar no último reduto vitoriano havia sempre quem recorresse ao pontapé do meio da rua. Isso mesmo, aliás, foi o que fez Orkun Kokçu quando, sobre o minuto derradeiro do primeiro tempo, depois de uma assistência de Di Maria, estreou-se a marcar com a camisola do Benfica com um remate de primeira desferido de fora da área a bater Bruno Varela sem qualquer hipótese de defesa para este.
O Benfica chegava assim ao intervalo a vencer por 3-0, num jogo que se apresentava fácil para os pupilos de Roger Schmidt. Aliás, mais fácil ficou quando, logo nos primeiros instantes do segundo tempo, o Benfica chegou ao 4-0, num golo de belo efeito de Aursnes. João Mário obrigou Bruno Varela a uma defesa apertada e, na recarga, com o pontapé em jeito fazendo a bola bater no solo para um chapéu ao guarda-redes do Vitória, Aursnes apareceu a assinar o quarto golo. Se já antes era difícil ao Vitória pensar em algo mais do que minimizar o prejuízo, a partir dali, a jogar com menos um elemento, o Vitória passava a ter uma tarefa hercúlea, não apenas em termos de jogo jogado, mas principalmente na capacidade anímica face a uma equipa que ao minuto 46' passava a vencer por 4-0 e sem contestação.
De Otamendi e António Silva a Morato e Tiago Araújo
Ao minuto 51', e depois de mais um apontamento excelente de Aursnes, Petar Musa recebeu a bola junto à marca da grande penalidade e rematou sem oposição, enviando a bola à trave da baliza de Bruno Varela quando já se gritava o suposto quinto golo a partir das bancadas do Estádio da Luz. João Neves ainda tentou ser ele a fazer o quinto da partida num remate desferido de longe em zona frontal à baliza, com a bola a passar rente ao poste esquerdo e o quinto golo, esse, acabaria mesmo por não surgir no jogo que teve, ainda assim, muitas incidências.
Com o jogo claramente resolvido, Roger Schmidt resolveu mexer na sua equipa, apostando em dar algum tempo de jogo a elementos menos utilizados. Assim, desde logo ao minuto 64', o brasileiro João Victor, jogador contratado como central mas que terá agora lugar no plantel benfiquista na condição de lateral direito, entrou em jogo por troca com o titular daquela posição, Bah, ao mesmo tempo que também David Neres entrava em campo para a saída de João Mário, com este a ser aplaudido pelo público na Luz que reconheceu a boa exibição neste jogo do médio ofensivo do Benfica.
Curiosamente, mesmo a perder e com um jogador a menos, o Vitória nunca baixou os braços e procurou sempre deixar a sua marca no jogo. Isso mesmo aconteceu ao minuto 78' quando, num lance particularmente confuso, Samuel Soares “perdeu-se” completamente dentro da pequena área e permitiu que Nélson da Luz aparecesse quase sobre a linha de golo a empurrar a bola para dentro da baliza dos encarnados. Valeu ao Benfica o facto da bola ter sido tocada pelo jogador do Vitória com o cotovelo, pelo que o golo acabou por ser invalidado pelo VAR num lance que não deixou de permitir uma enorme atrapalhação defensiva da turma benfiquista com Samuel Soares “aos papéis”.
Roger Schmidt continuou a refrescar a equipa, fazendo entrar em campo ao minuto 81' Morato e Arthur Cabral, por troca com Otamendi e Petar Musa, isto enquanto que, na equipa do Vitória, André André entrava para o lugar de entrou André André por troca com Mikel Villanueva. O público — estiveram no Estádio da Luz 60.403 espectadores — estava satisfeito com o resultado, chegaram mesmo a ouvir-se alguns olés vindos das bancadas, e já perto do final houve tempo para a derradeira substituição na equipa do Benfica, com o jovem central Tiago Araújo a entrar oara o lugar de António Silva, uma mundança que provocou nova alteração na posse da braçadeira de capitão na equipa encarnada. Depois de Otamendi e António Silva, a saída destes dois jogadores acabou por promover a capitão o norueguês Fredrik Aursnes, o jogador mais polivalente de actual plantel benfiquista.
Aursnes a lateral esquerdo e capitão de equipa
Perto do final ainda “cheirou” a golo no relvado da Luz, quando o árbitro Nuno Almeida assinalou uma grande penalidade por suposto corte com o braço por parte de Afonso Freitas. Só que, chamado a rever o lance por parte do VAR, o juíz da partida verificou que o jogador do Vitória manteve sempre o braço colado ao corpo, acabando por reverter a decisão anterior prosseguindo tudo na mesma em termos de resultado. O jogo acabou pouco depois, com o Benfica a somar mais três pontos no campeonato e logo frente a uma das equipas que estava até agora totalmente vitoriosa nas jornadas anteriores. Os adeptos benfiquistas deixaram o Estádio da Luz claramente bem dispostos depois de uma vitória convincente e até o técnico Roger Schmidt acabou por afirmar no final do jogo que “agora é que começa a nova época”. Afinal, e se assim for, dirão os benfiquistas que nada será melhor do que começar com uma vitória clara, até porque dos jogos anteriores já poucos parecem ter memória.
Nota final para a nomeação de Fredrik Aursnes como o “Homem do Jogo”, numa partida em que outros elementos, como Di Maria, João Neves ou mesmo Kokçu ou João Mário pelo que fez enquanto esteve em campo, poderiam merecer igual destaque. Quanto à equipa do Vitória, depois de um jogo em que tudo lhe correu mal, restará esquecer rapidamente este desaire e regressar ao empenho que apresentou nas três primeiras jornadas de um campeonato que ainda agora começou e em que nada está definido. Afinal, Roger Schmidt não estará totalmente certo quando diz que o campeonato começou agora, mas também é verdade que nenhum desaire é para já irrecuperável.