Morreu este sábado, pelas 15h28, com 92 anos, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, co-fundador do Partido Socialista, 17º Presidente da República Portuguesa , uma figura marcante e incontornável da história de Portugal.
Internado no hospital da Cruz Vermelha desde o passado dia 13 de Dezembro, Mário Soares sofreu um agravamento do estado de saúde no dia de Natal, passando a estar em coma profundo desde essa altura, acabando por falaecer este sábado, provocando um coro de de vozes dos mais diversos quadrantes a lamentar a morte daquele que muito contribuiu para aquilo que é hoje a realidade política de Portugal, uma democracia parlamentar liberal europeia.
Logo que se soube da morte de Mário Soares, as reacções começaram a surgir de todos os quadrantes da vida política e social portuguesa, mas também dos quatro cantos do Mundo, com os jornais e as agências internacionais a colocarem o nome do antigo Presidente da República nas primeiras páginas das suas edições online. Dirigentes políticos internacionais rapidamente deixaram palavras de pesar relativamente ao falecimento de Soares, ao mesmo tempo que, por cá, todos os partidos reagiam à partida do histórico líder socialista com mensagens elogiosas para aquele que parte deixando um legado de enorme responsabilidade no caminho que a democracia lusa trilhou nas últimas décadas após a revolução de 25 de Abril de 1974.
Desde o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que lembrou ter sido Soares um homem que “nunca desistiu de um Portugal livre, de uma Europa livre, de um mundo livre”, até Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da Rapública, para quem Soares se confunde com “o último quartel do século XX”, considerando que “a palavra de ordem "Soares é fixe" vai perdurar durante muitos anos”, mas também António Costa, o primeiro-ministro de Portugal que se encontra na Índia em visita de Estado e que irá por isso falhar as cerimónias fúnebres de Soares, mas que desde aquele país lembrou que “Mário Soares foi um homem que durante toda a sua vida se bateu pela liberdade, contra a ditadura, sofrendo a prisão, a deportação e o exílio”, acrescentando que “a perda de Mário Soares é a perda de alguém que teria sido insubstituível na nossa história recente”, foram várias as reacções na política interna.
Do estrangeiro, o socialista espanhol Felipe González apontou Soares como o "patriarca" da democracia portuguesa, enquanto Lula da Silva disse de Mário Soares ter sido “um dos grandes homens públicos do século XX, não só de Portugal mas da Europa e do mundo.”
Junto dos cidadão anónimos, e no "barómetro" em que se constituem hoje em dia as redes sociais na expressão de opiniões, Mários Soares foi um tema igualmente incontornável junto dos portugueses, gerando palavras e respeito, elogio e saudade de muitos, mas também aqui e ali algumas palavras menos agradáveis, nomeadamente daqueles que não lhe perdoam a forma que consideram "incorrecta" como conduziu o processo de descolonização das antigas colónias africanas logo após o 25 de Abril.
O funeral de Mário Soares está agendado para a próxima terça-feira, para o cemitério dos Prazeres, estando previstas exéquias de Estado para as cerimónias fúnebres deste homem que foi primeiro-ministro de Portugal por duas vezes, primeiro entre Julho de 1976 e Agosto de 1978, e depois entre Junho de 1983 e Novembro de 1985, vindo mais tarde a ser Presidente da República em dois mandatos consecutivos de Março de 1986 a Março de 1996. Em Fevereiro de 2006, então já com 81 anos, foi de novo candidato à Presidência da República, num acto eleitoral em que teve o apoio do Partido Socialista então dirigido por José Sócrates, que teve em Soares um candidato que permitiu "fugir" ao apoio a Manuel Alegre na corrida para Belém. Só que nessas eleições de 2006, Soares acabou por não conseguir mais do que 11 por cento dos votos, ficando no terceiro lugar atrás do vencedor Cavaco Silva, e do próprio Manuel Alegre, que terminou no segundo lugar desse acto eleitoral mesmo sem contar com o apoio oficial do Partido Socialista.
Natural de Lisboa, onde nasceu a 7 de Dezembro de 1924, filho do antigo sacerdote, professor e pedagogo João Lopes Soares, antigo Ministro das Colónias na Primeira República, e de Elisa Nobre Baptista, professora da instrução primária, Mário Soares morreu igualmente num dia 7, mas do corrente mês de Fevereiro de 2017, aos 92 anos, depois de uma vida durante a qual sempre se assumiu como "republicano, socialista e laico!"
JR