socrates.campus1A detenção de José Sócrates e o caso dos vistos gold ameaçam marcar um momento de viragem na forma como os portugueses olham para a justiça . E, como de uma forma ou de outra, os dois casos alimentam narrativas de misturas tóxicas entre política e negócios vão acabar por condicionar estratégias eleitorais.

Em termos de justiça, as investigações mais recentes apontam novidades – nos vistos gold foram detidos (e posteriormente constituídos arguidos) altos quadros da administração pública e no caso de Sócrates a detenção para interrogatório é uma estreia para um político que já exerceu o cargo de primeiro-ministro. O que para alguns significa um avanço numa real separação de poderes, para outros é motivo de crítica, até pela componente mediática da actuação da justiça, com actores rendidos (ou seduzidos) ao formato tabloide.

Uma leitura rápida da explicação do ex-bastonário da Ordem dos Advogados Rogério Alves ou da opinião de Clara Ferreira Alves ajudam a perceber o que está em causa no plano judicial. No plano politico, dois politólogos, Adelino Maltez e Carlos Jalali, comentaram já o que poderá ser “um ponto de não retorno” e as reais consequências políticas a menos de um ano de eleições.

Fica de tudo isto a certeza de que tanto António Costa como Passos Coelho terão pela frente um eleitorado mais desconfiado e desmotivado, cada vez mais próximo da abstenção ou de novos partidos. E, ainda no plano político e também recentemente, recorde-se que uma forte corrente de opinião (fora e dentro dos respectivos partidos) os obrigou a recuar na questão das subvenções vitalícias a políticos. O País está a mudar.

Os dias que se seguem serão intensos e interessantes. Magistrados e líderes políticos estarão sob apertado escrutínio. E o fascínio pela encenação, directa ou indirecta, de espectáculos mediáticos pode apontar a finais mais ou menos trágicos.

CarlosTrigo

Carlos Trigo

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