PSP-ClaqueBenfica01A meio do primeiro tempo do jogo entre Benfica e Arouca, este sábado, quando os "encarnados" já venciam por dois golos, pancadaria na bancada do topo sul surpreendeu tudo e todos , obrigando muitos adeptos a fugir do local procurando entrar no relvado com crianças ao colo em fuga do local da confusão. O que poderia parecer mais estranho é que os conflitos tinham surgido numa zona em que apenas se encontravam adeptos do Benfica, ligados à claque do clube os No Name Boys, mas afinal eram estes mesmos que estavam na origem dos conflitos, numa questão que já vem desde há algum tempo e que continua sem umc conclusão à vista.

O problema resulta da necessidade dos clubes em "legalizarem" as suas claques, uma situação que acolhe aprovação junto de algumas alas da claque dos "encarnados", mas que é recusada por outros elementos daquele mesmo grupo de adeptos benfiquistas, gerando-se aqui a divisão e as consequentes escaramuças. Provocação de um lado, provocação do outro, e uma vez mais ontem o caldo entornou em pleno jogo, num estádio com mais de 51 mil espectadores, em que alguns, acompanhados de crianças alheios a tudo aquilo, tiveram que fugir impedidos de ver tranquilamente o jogo que queriam acompanhar e puxar pela sua equipa.

Se desde logo é incompreensível que a violência possa surgir e crescer nos recintos desportivos, mais o será que essa mesma violência surja entre adeptos do mesmo clube, muitos que vão aos estádios com todos os propósitos menos os de ver a sua equipa e apoiar os seus jogadores. Sem querer aqui tomar partido por esta ou aquela facção, a verdade é que todos aqueles que têm orgulho em integrar uma claque, assumida como tal ou não, deveriam ser os primeiros a defender os princípios desportivos de apoio correcto e com princípios ao respectivo clube.

Não se diga no entanto que a culpa morre solteira porque não se conhecem os responsáveis já que estes se encontram bem identificados. As autoridades sabem quem provoca as confusões, que neste caso prosseguiram mesmo depois dos agentes policiais se encontrarem na bancada, e os próprio clubes também conhecem o problema e em muitos casos pouco ou nada fazem.

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Queixam-se os clubes do procedimento dos seus adeptos quando, por exemplo, provocam distúrbios ao ponto das instituições desportivas europeias, como a UEFA, ameaçar com castigos significativos, mas quando há oportunidade de deixar mensagens de algum modo didácticas aos seus próprios adeptos condenando tais actos condenam quem aponta os problemas, preferindo varrer o lixo para debaixo do tapete do que irradicá-lo de facto. Não deveriam ser os próprios clubes a organizar a casa e antecipar os problemas ao invés de assobiar para o ar como se nada fosse com eles?

Ver tochas a cair em chamas em pleno relvado quase acertando os jogadores do próprio clube, como acontece infelizmente com alguma regularidade nos relvados portugueses, ou ver, como este sábado, adultos a terem que fugir das bancadas com crianças ao colo são imagens a que ninguém deveria querer nem ter que assistir. Ver uma bancada, em pleno jogo de futebol, ter que ser guardada por agentes policiais como ali estivesses perigosos delinquentes, é algo que não deveria ser possível em nenhum estádio desportivo do nosso país ou de qualquer outro local do mundo. Aos adeptos dos clubes, de todos eles, honrem as cores dos mesmos... mas não assim!

editorial: Jorge Reis
fotos: ©LusoGolo 

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