Um golo de Taremi no primeiro tempo do jogo, com o iraniano a regressar aos golos no FC Porto tirando partido de uma falha da defesa contrária, e a ausência de um matador no futebol do Estrela da Amadora que se mostrou uma equipa organizada e lutadora mas sem um finalizador à altura, permitiu aos dragões a vitória pela diferença mínima no jogo realizado esta sexta-feira no Estádio José Gomes, na Reboleira.

O FC Porto acaba assim por garantir à quinta jornada uma vitória lisonjeira, perante um adversário que voltou a dar conta de ter uma manta curta em termos de equipa, bem montada a partir da defesa mas sem grande capacidade de se esticar depois no ataque de forma eficaz.

Os tricolores, a jogarem num relvado que historicamente nunca foi fácil para os “grandes”, construíram várias oportunidades, nomeadamente no segundo tempo, quando se revelaram particularmente perdulários, frente a um conjunto azul e branco que depois do intervalo praticamente não incomodou o guarda-redes Bruno Brígido. Só que o golo feito na primeira metade da partida revelou-se determinante, permitindo uma vitória para o FC Porto que valeu bem mais pelos três pontos e nem tanto assim pela exibição dos dragões.

Conceição revoluciona onze portista

Curiosamente, o jogo começou bem antes do apito inicial do árbitro João Pinheiro, quando do lado do FC Porto o técnico Sérgio Conceição, nesta partida de regresso ao banco de suplentes do vice-campeão nacional, resolveu operar uma verdadeira revolução na turma portista, colocando em campo um “onze” com três centrais mas, estranhamente, sem nenhum central no banco de suplentes, circunstância que viria a revelar-se determinante com o desenrolar do jogo quando Marcano se lesionou logo nos minutos iniciais.

Assim, com Diogo Costa entre postes, a defesa surgiu com Pepe, David Carmo e Marcano, uma linha média com Gonçalo Borges, Iván Jaime, André Franco, Alan Varela e Galeno, e uma dupla ofensiva com Evanilson e Fran Navarro.

Do lado do Estrela da Amadora, o técnico Sérgio Vieira respondeu com um “onze” previsível, com Bruno Brígido na baliza, igualmente três centrais — Omorwa, Miguel Lopes e Kialonda Gaspar —, uma linha média com quatro jogadores — Hevertton, Aloísio, Leo Cordeiro e João Reis — e ainda Leo Jabá e Ronald no apoio a Ronaldo Tavares, claramente o homem mais adiantado a procurar jogar quase sempre na entrada da grande área do FC Porto.

Lance polémico logo aos três minutos

Com estes esquemas tácticos, os problemas começaram por surgir para o lado do conjunto visitante, desde logo ao minuto 3', quando Ivan Jaime deu um toque no pé de Ronald impedindo este de rematar, num lance ao qual, curiosamente, nem o árbitro nem o VAR deram importância, e que quanto a nós deveria ter merecido outra atenção.

Pouco depois, ao minuto 5', Pepe entra de carrinho sobre Leo Jabá, o árbitro João Pinheiro assinalou a grande penalidade, mas chamado a rever o lance pelo VAR, reverteu a sua decisão anulando o castigo máximo, quanto a nós numa decisão correcta já que o carrinho de Pepe nem sequer impediu o remate do jogador do Estrela que enviou a bola pela linha de fundo com um remate desenquadrado.

Pelo meio, entre os dois lances anteriores, o central portista Marcano lesionou-se, ao que tudo indica com alguma gravidade, e teve que abandonar as quatro linhas, sendo Sérgio Conceição obrigado a chamar para o seu lugar Wendell, ele que não é defesa central mas que acabaria por cumprir aquela função sem comprometer. O FC Porto entrava assim no jogo pressionado e com problemas na sua equipa, perante um Estrela da Amadora que dava conta da intenção de dar luta pelos pontos em disputa neste jogo de abertura da quinta jornada o campeonato da I Liga. E se as complicações já tinham começado para os dragões, elas prosseguiram já que à passagem do primeiro quarto-de-hora foi a vez de Evanilson ter que deixar o jogo, também ele lesionado num joelho, obrigando à entrada de Taremi na partida para a segunda substituição forçada na equipa visitante em apenas 15 minutos de jogo.

Faixa do Benfica traz à memória avião do Chapecoense

Ao minuto 18' surgia um pormenor curioso fora das quatro linhas deste jogo, aliás fora mesmo do Estádio José Gomes, mas que se revelou capaz de fazer reagir os adeptos do FC Porto nas bancadas do Estádio José Gomes. Num edifício próximo do recinto dos tricolores, adeptos do Benfica exibiram uma faixa alusiva ao 38º título de campeão da sua equipa, provocando a reação imediata da claque dos Super Dragões. Na resposta, os Super Dragões entoaram um cântico de gosto no mínimo duvidoso: “Ai quem me dera que o avião do Chapecoense fosse do Benfica!”

O Estrela da Amadora continuava a pressionar a formação visitante, pecando apenas na finalização, faltando claramente o descernimento para aproveitar o maior caudal ofensivo que raramente teve a conclusão ao nível desejado pelos adeptos da equipa da casa.

Acabou por ser um pouco contra a corrente do jogo, à passagem da meia-hora, que a equipa do FC Porto se adiantou no marcador, num lance em que o nigeriano Omorwa tardou a subir no terreno, falhando a linha de subida da defesa do Estrela da Amadora e permitindo que Taremi recebesse a bola em posição regular, podendo depois rematar ao poste mais distante para um golo inquestionável em que a bola foi colocada fora do alcance de Brígido num bom remate do avançado iraniano.

Golo de Taremi resolveu jogo difícil para os dragões

O FC Porto passava a partir dali a estar na frente do marcador, num altura em que se esperava que o os dragões pudessem finalmente assumir o comando do jogo e partir até para uma vitória mais dilatada. Contudo, não foi isso que aconteceu, prosseguindo o Estrela da Amadora a ter mais posse de bola, mais lances ofensivos e a manter com tudo isso o FC Porto a jogar em sofrimento em todo o segundo tempo.

Na segunda parte a equipa da casa foi refrescada com a entrada de alguns elementos, como o central Mansour, outro jogador de grande qualidade que entrou para o lugar do jovem nigeriano Omorwa, mas também Regis Ndo e Pedro Sá, chamados para os lugares de Léo Jabá e Aloísio Souza, alterações que refrescaram o jogo tricolocor sem mudar a respectiva matriz.

Já do lado do FC Porto, Sérgio Conceição, depois das duas alterações forçadas na primeira fase do jogo, acabou por fazer mais três alterações de uma assentada na etapa complementar, ao minuto 73', com as entradas de Pepê, Eustáquio e Romário Baró, saindo Gonçalo Borges, André Franco e Ivan Jaime, alterações que terão procurado dar outro fôlego à equiap portista — Romário Baró entrou muito bem no jogo dos azuis e brancos —, mas também acautelado a necessidade de Sérgio Conceição em poupar elementos como Gonçalo Borges e Ivan Jaime para o jogo da próxima terça-feira, frente ao Shakhtar Donetsk para a Liga dos Campeões.

Ndour e Kikas entraram para marcar mas só assustaram

Do lado do Estrela da Amadora ainda houve a possibilidade de entrar o jovem senegalês Ndour para o lugar de Ronaldo Tavares, completamente esgotado, e pouco depois também de Kikas por troca com Miguel Lopes. Acabariam por ser estes dois jogadores do Estrela da Amadora a falhar duas oportunidades soberanas para golo, primeiro com Ndour a tentar finalizar com um remate de bicicleta um lance em que estava sozinho dentro da área portista, acabando a bola por sair por alto, e depois com Kikas a rematar para o golo, já com Diogo Costa batido, valendo ao FC Porto o médio Alan Varela que, sobre a linha de golo, impediu o que seria o empate para os tricolores.

O árbitro João Pinheiro acabou por dar cinco minutos de compensação no segundo tempo, afinal bem menos do que já aconteceu neste campeonato em que nas quatro primeiras jornadas houve jogos com mais 15 e 20 minutos ou mais de compensação, e o jogo terminou mesmo com a vitória tangencial do FC Porto, um resultado sem dúvida bem melhor do que a exibição dos comandados de Sérgio Conceição que por certo ficou convicto de que terá ainda muito trabalho para colocar este conjunto azul e branco ao melhor nível, capaz de conseguir triunfos mais convictos e determinados como por certo pretenderá já na próxima terça-feira no jogo da Liga dos Campeões.

Já do lado do Estrela da Amadora, deixou claro que o Estádio José Gomes tem tudo para continuar a ser um palco difícil para os “grandes”, mostrando ainda assim que faltam argumentos a esta equipa de Sérgio Vieira para conseguir concretizar a qualidade do futebol que consegue nas movimentações verticais da sua equipa, afinal deficitária no último terço do terreno onde os golos precisam de mais eficácia para aparecerem nas balizas contrárias.

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis
Pin It