E vão 21 os jogos oficiais  desde o arranque da presente temporada em que o Benfica continua sem conhecer o sabor da derrota, tendo este sábado somado mais um triunfo tranquilo de 5-0 sobre o Desportivo de Chaves, em jogo da 11ª jornada da I Liga. Entre dois jogos da milionária Liga dos Campeões — o Benfica recebeu e venceu a Juventus na passada terça-feira por 4-3 e terá agora que jogar na quarta-feira em Israel frente ao Maccabi Haifa estando em aberto a vitória no Grupo H da Champions —, o técnico Roger Schmidt encarou esta partida com a mesma filosofia que tem marcado a temporada dos encarnados, escalando um “onze” sem surpresas, mas também sem poupanças de jogadores, e a vitória aconteceu com total normalidade.

Com Vlachodimos na baliza e a linha defensiva “do costume”, com Bah, Otamendi, António Silva e Grimaldo, o “onze” do Benfica foi completado também com os elementos do costume, com Aursnes e Enzo na linha média, e ainda Neres, Rafa e João Mário atrás de Gonçalo Ramos. Já do lado do Chaves, o técnico Vítor Campelos apostou em Paulo Vitor para a baliza, João Correia, Steven Vitória, Nélson Monte e João Queirós como quarteto defensivo, João Mendes, Guima e João Teixeira na linha média e, mais adiantados, Abass Issah, Hector e Jonny Arriba. Só que num jogo “apresentado” pela águia Vitória que no habitual voo acabou por não pousar sobre o símbolo do clube, falhando o plano inicial, os jogadores de Schmidt não admitiram falhas.

No arranque do jogo com o Desportivo de Chavez a águia Vitória falhou o objectivo do seu voo
e não pousou no símbolo dos encarnados, acabando por pousar em pleno relvado,
bem perto daquela que viria a ser a baliza dos flavienses no primeiro tempo...
e os golos apareceram exactamente ali pouco depois!

No jogo em que David Neres voltou à titularidade, Aursnes surgiu mais recuado no terreno ao lado de Enzo Fernandez relegando desta vez Florentino para o banco de suplentes

De Grimaldo, cujo o contrato com o Benfica termina no final da presente época,
diz-se que o clube da Luz está a procurar renovar e que o jogador estará na porta de saída.
Até lá, porém, está a responder a alto nível e cada lance de bola parada é meio golo do lateral espanhol

Num jogo em que David Neres voltou à titularidade por troca com Florentino, fazendo Aursnes recuar no terreno para o lado de Enzo, o mesmo Neres acabou por abrir a contagem logo ao segundo minuto da partida. com um bonito golo num pontapé desferido ainda fora da grande área da formação flaviense. E se o primeiro golo permitia desconfiar que o Benfica vinha com tudo para conseguir um triunfo tranquilo, o segundo apareceu logo depois, ao minuto 10', por Grimaldo, na transformação de um livre directo em que o espanhol colocou a bola fora do alcance eficaz do guarda-redes Paulo Silva que ainda tocou na bola mas sem possibilidade de impedir o golo.

A jogar de forma descontraída, com evidentes automatismos que simplesmente deitavam por terra a oposição do conjunto flaviense, o Benfica foi construindo a sua vantagem para aquilo que viria a ser uma goleada, frente a um adversário que teve também uma ou outra oportunidade, mas que viu o golo ser-lhe negado pelo conjunto do Benfica, ou por uma ou outra intervenção de bom nível do guarda-redes Vlachodimos, nomeadamente quando impediu um golo ao Chaves depois de um erro de Enzo Fernandez. Antes do intervalo o Benfica ainda aumentou a vantagem com o terceiro golo apontado por Gonçalo Ramos que respondeu da melhor forma a um cruzamento de Aursnes.

David Neres cruzou ao segundo poste, encontrou Gonçalo Ramos
e este esteve à beira de marcar, mas neste lance a bola saiu
junto ao poste da baliza de Paulo Silva... pela linha de fundo!

Com mais um golo marcado neste jogo, o jovem Gonçalo Ramos soma já sete golos na I Liga sendo o líder da tabela de goleadores no campeonato português

Aos 18 anos, António Silva continua a ser um titular indiscutível na condição de defesa central,
ao lado do “capitão” Otamendi, e o Benfica vai ter que dispensar algum dos outros
cinco centrais actualmente presentes no plantel principal

Com o público em sintonia com a sua equipa, o Benfica chegava ao intervalo com o jogo aparentemente resolvido e no arranque para a segunda metade voltavam os golos, ainda que aqui e ali anulados pelo VAR por alguns centímetros de exactidão. Isso mesmo aconteceu ao minuto 54 quando Enzo colcou a bola no fundo das redes do Chaves mas o golo foi anulado por uma posição irregular de Aursnes durante o carrocel de passes que culminaram no golo.

Vitor Campelos, o técnico do conjunto transmontanto apostou então para o segundo tempo em Juninho e Euller, mas o Benfica continuava com os seus jogadores em perfeita sintonia com o público a permitirem um bom espectáculo que continuaria a ser completado por mais golos. Antes, porém, Roger Schmidt também mexeu na equipa benfiquista com as chamadas ao onze de Gilberto e Florentino, ao minuto 63' e depois também por Diogo Gonçalves e Peter Musa, e foi já com o seu “onze” renovado que o Benfica fez o quarto golo, exactamente por Peter Musa, ao minuto 84', depois de uma assistência de Enzo Fernandez.

Antes do final do jogo ainda houve tempo para a entrada de Chiquinho na equipa da casa e já nos minutos de compensação Rafa esteve à beira de fazer o quinto golo do jogo, aos 90'+02', num lance em que o guarda-redes Paulo Vítor respondeu com uma excelente defesa. Foi no entanto uma questão de minutos pois logo a seguir seria a vez de Gilberto rematar de fora da área e enviar a bola à trave da baliza flaviense e, na recarga, mais rápido que todos os demais, apareceu Rafa para cabecear a bola para o fundo das redes, fechando o resultado do jogo num tão justo quanto descontraído pela forma como conseguido o 5-0.

Chamado do banco de suplentes no segundo tempo,
o croata Petar Musa cumpriu e marcou o quarto golo
dos encarnados frente ao Desportivo de Chaves

Nas poucas vezes em que foi chamado a intervir, o guarda-redes Vlachodimos assinou duas grandes defesas, uma delas então de dificuldade extrema a responder a um lance “nascido” de um erro de Enzo Fernandez...

Rafa continua a ser o homem de quem se fala no futebol do Benfica...
não vai à Selecção Nacional por opção própria, continua a ser um dos melhores
na equipa encarnada e os golos continuam a aparecer a partir dos seus pés

Perante um Desportivo de Chaves que nunca facilitou nem caiu em campo, o Benfica foi simplesmente mais forte e manteve sempre um ritmo elevado ao qual a turma visitante não conseguiu responder de forma eficaz. Uma ou outra vez Vlachodimos teve que se aplicar na baliza do Benfica, mas mesmo aí a resposta do guardião grego esteve a preceito com aquilo que os seus companheiros iam fazendo dentro das quatro linhas, acabando o Benfica por conseguir ultrapassar o 21º jogo oficial sem conhecer o sabor da derrota, somando três empates — frente ao Vitória de Guimarães e duas vezes perante o Paris Saint-Germain — e 18 vitórias, num início de época que coloca o conjunto encarnado claramente na frente dos demais conjuntos da I Liga e entre os melhores da Champions League da UEFA. É aliás para a competição europeia que o Benfica voltará a entrar em campo já na próxima quarta-feira, no terreno do Maccabi Haifa, onde poderá conquistar o primeiro lugar no grupo H de apuramento para os oitavos de final d Liga dos Campeões.

Para já, para além da goleada e do bom jogo, ficam prestações de primeiro nível dos pupilos de Roger Schmidt, num jogo em que fica difícil destacar um elemento como homem do jogo, de um lote onde se destacam ainda assim Enzo, Aursnes, Rafa ou David Neres, sem dúvida os melhores jogadores em campo em mais uma tarde de futebol de qualidade no Estádio da Luz por parte de uma equipa para a qual já começam a faltar adjectivos para a qualificar, nomeadamente naqueles jogos em que tudo corre bem. E neste... tudo correu bem!

A sintonia entre os adeptos do Benfica e a equipa às ordens de Roger Schmidt
continua bem evidente pelo que os pedidos de vitórias
e a exigência dos adeptos não páram de aumentar

texto: Jorge Reis
fotos: Luís Moreira Duarte
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