Com a última meia-hora do jogo da qual o Benfica tirou o melhor proveito, o campeão nacional em título venceu este domingo o Rio Ave, no Estádio da Luz, por 4-1, terminando a primeira volta com menos um ponto do que o Sporting, líder do campeonato. Quanto ao resultado deste jogo, acaba por ser francamente melhor para os encarnados que a exibição, frente a um adversário que marcou primeiro, teve diversas oportunidades para voltar a marcar, mandou duas bolas ao poste da baliza de Trubin e saiu da Luz com uma pesada derrota que, há que o dizer, não a merecia por números tão expressivos.

A qualidade da exibição do Benfica não foi a melhor e até aos primeiros minutos do segundo tempo teria sido normal que o Rio Ave tivesse até ganho o seu primeiro jogo fora de casa no presente campeonato da I Liga,  porque fez por isso, marcou o primeiro golo do jogo e teve oportunidades para marcar por mais duas ou três vezes. Porém, a verdade é que depois do minuto 58', quando Aderllan Santos viu o segundo cartão amarelo e o consequente vermelho, com o Rio Ave reduzido a 10 unidades, o Benfica soltou-se, encontrou-se, e arrancou para uma vitória clara por 4-1, números demasiado pesados para o que fez o Rio Ave mas que traduzem afinal a diferença entre as duas equipas principalmente se uma dela for amputada de um dos seus elementos determinantes da linha defensiva.

Ao contrário do que referiu o treinador do Rio Ave, Luís Freire, no final do jogo, o segundo cartão amarelo a Aderllan Santos foi bem exibido pelo árbitro Iancu Vasilica, isto porque o central do Rio Ave cortou mesmo um passe que colocava Rafa Silva em situação de poder partir em ataque prometedor para a baliza à guarda de Jonathan. Aderllan Santos não permitiu o passe, viu o cartão amarelo e daí o consequente vermelho, fragilizando a sua equipa e permitindo que o Benfica saltasse para uma situação de domínio no jogo que se veio a concretizar no resultado, com o 4-1 final.

O problema nesta situação é que o primeiro cartão amarelo exibido a Aderllan terá sido despropositado, já que o central do Rio Ave disputou a bola com Rafa Silva, tocou na bola, e acabaram por se enrolar os dois jogadores com o árbitro a considerar motivo para amarelo. Aderllan limitou-se a cortar o lance e não deveria ter visto o amarelo, só que depois de ter sido sancionado com um amarelo, o central do Rio Ave teria obrigatoriamente que ter outra atitude no lance em que cortou a bola com a mão e pôs-se a jeito para a expulsão de que o Benfica não é culpado.

Guga abriu a contagem para o Rio Ave ao minuto 9'

Antes do momento da expulsão, e apesar do Benfica ter entrado bem no jogo, o Rio Ave revelou-se particularmente competente, chegando ao golo logo ao minuto 9' por Guga, um homem formado no Benfica e que por isso nem festejou o golo. Depois de um cruzamento de Costinha a partir do corredor direito do ataque do Rio Ave, a bola cruzou toda a grande-área, Boateng não conseguiu interceptar a bola para o remate, acabando o esférico por encontrar do outro lado Fábio Ronaldo.

Este jogador do Rio Ave, ainda dentro da área de baliza, dominou a bola junto à linha de fundo e, perante Aursnes, fez um passe por entre as pernas do lagteral-direito do Benfica para a entrada de Guga Rodrigues que rematou para o golo, colocando o Rio Ave na frente do marcador. Na primeira vez que a turma de Vila do Conde surgiu junto à baliza de Trubin revelou uma enorme eficácia, abrindo a contagem e colocando ainda mais pressão sobre o Benfica.

A jogar já depois do rival Sporting ter ganho o seu jogo, ontem frente ao Desportivo de Chaves, o Benfica tinha, no jogo deste domingo frente ao Rio Ave, da 17ª jornada do campeonato, a responsabilidade de garantir os três pontos para não deixar fugir os leões na frente da classificação da I Liga. Para isso, Roger Schmidt usou a máxima segundo a qual em equipa que ganha não se mexe e repetiu o “onze” do jogo realizado frente ao Sporting de Braga para a Taça de Portugal, com João Neves e Kokçu no meio-campo, Di Maria, Rafa e João Mário atrás de Arthur Cabral e o quarteto defensivo do costume — Aursnes, António Silva, Otamendi e Morato — à frente de Anatoly Trubin.

Do lado da turma de Vila do Conde, o técnico Luís Freire chegava à Luz depois de nove jogos fora de Vila do Conde em que não venceu nenhum, pelo que procurava a primeira vitória fora do seu reduto. Para isso, num esquema táctico 3x5x2, com Jonathan na baliza, Josué, Aderllan Santos e Miguel Nóbrega numa primeira linha defensiva de três centrais, ainda Costinha, João Graça, Amine, Guga e Fábio Ronaldo na linha média e, na frente, Joca e Boateng, com este a jogar na frente mas a vir atrás defender, aparecendo em todo o terreno enquanto teve forças para isso. No final da partida, ele e Guga, o marcador do golo dos homens de Vila do Conde, foram mesmo os melhores jogadores da equipa visitante.

Depois do golo de Guga, o Rio Ave conseguiu soltar-se, aparecendo mais vezes junto à grande-área do Benfica, obrigando mesmo Trubin a uma defesa apertada à passagem do minuto 15’, tardando a equipa da casa no conseguir assentar do seu jogo. Foi por isso preciso esperar até ao minuto 21’ para ver o Benfica jogar de novo no meio-campo do Rio Ave, e ainda assim sem chama nem eficácia, frente a um adversário que continuava a fazer o seu jogo, qual formiguinha em busca dos mantimentos para suportar o inverno, perante um adversário que não justificava nem de perto o favoritismo com que chegou a esta partida.

Arrancada de Rafa na origem de golaço de Di Maria

Sobre o minuto 24’, valeu de novo ao Benfica o guarda-redes Trubin que impediu o golo a Boateng, num lance em que o Rio Ave voltou a estar muito perto de marcar. Olhando para os números, a turma vilacondense somava por esta altura quatro remates à baliza dos encarnados e todos enquadrados, surpreendendo mesmo o Benfica que tardava em encontrar o seu jogo, dando muito espaço aos jogadores de Vila do Conde.

Acabou no entanto por ser o Benfica quem, aos 28’ minutos, chegou ao golo, por Di Maria. Num lance iniciado por João Neves, a solicitar Rafa na frente, este apareceu em velocidade a fazer uma diagonal da esquerda para o meio, acabando por fazer o passe junto à relva para o argentino Di Maria que, sem marcação, de primeira e sem qualquer controlo prévio da bola, rematou a contento para o fundo das redes da baliza do Rio Ave, repondo a igualdade num jogo em que a equipa visitante estava a ser claramente a mais esclarecida no seu futebol.

Ao minuto 39’ depois de uma excelente combinação entre Rafa e João Neves, João Mário tentou bater a bola pior cima do guarda-redes do Rio Ave mas este, com uma palmada, evitou o golo depois de um dos melhores lances do Benfica neste primeiro tempo. Só que ao invés do que os adeptos do Benrfica esperariam, a turma benfiquista não tinha acordado, limitando-se a dar uma volta na cama para continuar a jogar de forma adormecida e sem objectividade.

Ao minuto 43’, um lance polémico na área do Rio Ave, com a bola a bater na mão de um jogador do Rio Ave depois de Jonathan ter procurado colocar a bola em jogo. Os homens do Benfica reclamaram de um possível penálti, mas o árbitro Iancu Vasilica mandou seguir e nada foi assinalado, ficando a convicção a partir das imagens televisivas que a bola terá batido entre a anca e a mão do jogador de forma inadvertida, acabando o homem do Rio Ave por tocar sem consequências na bola numa altura em que estava com o braço encostado ao corpo sem haver por isso motivos para grande penalidade.

Até ao final do primeiro tempo não houve mais situações de destaque a apontar, recolhendo as duas equipas aos balneários com o empate (1-1) a prevalecer, um resultado que se ajustava ao que as duas equipas tinham feito nos primeiros 45 minutos, com o Rio Ave a surpreender um Benfica apático e sem grande velocidade, com o seu futebol a revelar-se muito dependente das arrancadas em velocidade de Rafa Silva, o único homem que no primeiro tempo foi capaz de causar desequilíbrios e com isso levar perigo para a baliza da equipa visitante.

Expulsão de Aderllan Santos tirou o Rio Ave do jogo na Luz

O jogo obrigava o Benfica a entrar no segundo tempo com outra determinação, mas a verdade é que tal como no primeiro tempo, em que o Rio Ave conseguiu surpreender, a segunda metade começou com um enorme aviso para os encarnados quando, logo na primeira jogada, Boateng cabeceou a bola ao poste direito da baliza de Trubin quando este estava já batido. Era assim o Rio Ave a ficar perto de novo golo, num segundo tempo em que o Rio Ave entrava de novo atrevido.

De tal forma assim foi que, ao minuto 49’, depois de um erro crasso de Anatoly Trubin, até ele neste jogo a aparecer nervoso e longe do que mostrara em jogos anteriores, apareceu João Graça a rematar agora ao poste esquerdo, voltando o Rio Ave a andar muito perto do golo.

Se o Benfica fizera um primeiro tempo pouco personalizado e sem chama, entrava agora na segunda metade deste jogo apático e sem objectividade, permitindo que fosse o Rio Ave a ter a iniciativa do jogo. A primeira oportunidade de golo para o Benfica apareceu assim apenas ao minuto 52’, num remate de Arthur Cabral à baliza do Rio Ave onde Jonathan defendeu a preceito.

O jogo continuava assim a ser disputado por um Rio Ave ousado e assertivo, frente a um Benfica que tardava em encontrar o seu ritmo, trocando a bola a meio campo quando teve posse de bola, mas sem objectividade nem rumo.

Ao minuto 58’ aconteceu então o momento que viria a revelar-se determinante no jogo. Aderllan Santosprocurou discutir uma bola com Arthur Cabral, este procurou solicitar Rafa Silva que estava em posição de partir para mais um arranque em velocidade para a baliza do Rio Ave, mas Aderllan Santos, que já tinha um cartão amarelo anterior, cortou a bola com a mão, impedndo o lance prometedor para o ataque benfiquista. O central do Rio Ave viu assim o segundo cartão amarelo no jogo e o consequente vermelho, deixando a turma de Vila do Conde apenas com 10 elementos sobre o relvado.

Da falta assinalada pelo corte ilegal de Aderllan, Di Maria rematou para a baliza e ganhou um pontapé de canto para o Benfica, acabando por ser mesmo a partir do pontapé de canto, antes mesmo do Rio Ave ter tempo para reorganizar a sua equipa, agora com menos um elemento na linha defensiva, que apareceu na grande-área vilacondense o central António Silva a faer o golo que colocava finalmente o Benfica na frente do marcador, ao minuto 61'. Os homens do Rio Ave protestaram o golo do central do Benfica, mas este estava em posição legal, tirou o melhor partido dos ressaltos e fez o golo que colocou o conjunto benfiquista na frente do marcador.

Foi assim com o Benfica já em vantagem no marcador que Roger Schmidt mexeu na sua equipa, apostando em Florentino, Marcos Leonardo e Tiago Gouveia, fazendo sair do jogo Kokçu, Arthur Cabral e Di Maria. o Benfica agarrava finalmente no jogo, com um domínio que não tinha conseguido antes, e começaram finalmente as oportunidade de golo a aparecer para os encarnados, como aconteceu com Tiago Gouveia ao minuto 75’.

Marcos Leonardo estreia-se a marcar no Estádio da Luz

O jovem extremo do Benfica não marcou nesse momento, mas pouco depois, ao minuto 79', perante os 55.238 adeptos nas bancadas do Estádio da Luz, o brasileiro Marcos Leonardo, que entrara pouco antes para o lugar de Arthur Cabral, estreou-se a marcar com um cabeceamento perfeito depois de um cruzamento de Aursnes a partir da linha de fundo para junto da marca da grande penalidade. Sem marcação, o novo reforço do Benfica, ele que nem é de estatura elevada, saltou a preceito e de cabeça marcou o golo dava outra tranquilidade dos encarnados, assinando uma estreia ímpar no futebol do Benfica que representa afinal a chegada deste jogador brasileiro vindo do Santos ao futebol europeu.

Ao minuto 84’ o técnico Luís Freire esgotava as alterações na equipa do Rio Ave, com as apostas em Tanlongo e Aziz, respondendo Roger Schmidt com a troca de Aursnes por Tomas Araújo, acabando o resultado por ser fechado seis minuto depois, em cima do minuto 90’, com o quarto golo do Benfica, agora por João Mário.

Na resposta a um cruzamento de trivela a partir do lado esquerdo feito por Rafa, apareceu João Mário ao segundo poste para fazer o quarto golo neste jogo, um resultado sem dúvida demasiado pesado para aquilo que o Rio Ave fez, nomeadamente no primeiro tempo, mas que resulta também do facto do Rio Ave ter ficado reduzido a 10 unidades após a expulsão de Aderllan.

Rafa Silva foi nomeado o homem do jogo, algo que se justifica já que foi ele quem “rebocou” a equipa do Benfica quando esta surgiu em campo sem força nem garra, sendo justo destacar na equipa do Rio Ave as exibições de Guga e Boateng.

O Benfica, que só começou a jogar realmente ao minuto 60', acabou por somar os três pontos, garantindo afinal o seu principal objectivo, num jogo em que a exibição foi ainda assim cinzenta, com uma primeira parte medíocre, perante um Rio Ave que mostrou qualidade para estar bem melhor no campeonato do que no actual 16º lugar da I Liga.

A turma de Vila do Conde ocupa por isso uma posição intranquila, isto quando se atingiu o final da primeira volta do campeonato e que obriga os homens de Luís Freire a trabalho redobrado para a segunda metade da competição. Já o Benfica avança para a segunda volta a um ponto do líder do campeonato, o Sporting, deixando prever um campeonato disputado e empolgante. Que assim seja!

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis e Luís Moreira Duarte
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