Após uma primeira parte do jogo em que o Benfica foi passeando pelo relvado do Estádio da Luz sem grande convicção, acabando mesmo por consentir um golo do Sporting de Braga que foi em vantagem para o intervalo, depois de 45 minutos marcados por um enorme protesto dos elementos da claque No Name Boys na curva sul do primeiro anel das bancadas, os pupilos de Roger Schmidt voltaram ao jogo no segundo tempo com outro espírito, outra determinação e maior capacidade, deram a volta ao jogo e ao resultado e garantiram o triunfo (3-1).
Schmidt, que ainda antes do início do jogo, quando o seu nome foi referido pelo “speaker” no som do Estádio da Luz, recebeu uma enorme assobiadela, mexeu na sua equipa à beira do minuto 70′, ainda que sem nada mudar em termos estratégicos mas refrescando o ataque e dando-lhe “sangue novo”, e quase de imediato o clube da Luz chegou aos golos, circunstância que permitiu a cambalhota no marcador e deu a vitória ao Benfica, desde logo mantendo por mais uma semana a possibilidade dos adeptos do Benfica terem ainda esperança num milagre relativamente à conquista do campeonato da I Liga.
A vitória do Benfica, porém, só se revelou possível na segunda metade do jogo no Estádio da Luz, até porque os primeiros 45 minutos foram algo insípidos acabando por ser o Sporting de Braga a conseguir marcar, ao minuto 29′, a bem da verdade, na única oportunidade efectiva que construiu para marcar, conseguindo assim uma eficácia assinalável.
Antes, ao minuto 19′, os guerreiros do Minho ainda procuraram dar nas vistas, com um remate de Ricardo Horta a obrigar Trubin a uma defesa apertada desviando a bola para a linha de fundo. Do pontapé de canto nada resultou, mas ficou o aviso claro que o Sporting de Braga não estava no Estádio da Luz apenas para ser um adversário fofinho, pretendendo, ao invés, chegar aos pontos através de um resultado positivo. É certo que era até então o Benfica a ter mais posse de bola e mais jogo ofensivo perto da baliza contrária, mas em termos de eficácia o resultado dessa posse revelava-se nulo.








Com João Mário no lugar normalmente ocupado por João Neves, que neste jogo começou a partida no banco ainda a recuperar da lesão sofrida no rosto frente ao Farense, um forte hematoma no sobreolho direito, Di Maria, Rafa e Neres apareciam no apoio a Arthur Cabral mas o primeiro golo do jogo, esse, viria a aparecer na outra baliza, ao já referido minuto 29′, para o Sporting de Braga, num remate de Ricardo Horta à entrada da área com Trubin a ser de algum modo mal batido, ele que não terá visto a bola partir.
No Name Boys pararam o jogo com “tochada” de protesto
O jogo chegava assim à meia-hora com o Benfica em desvantagem e os adeptos, nomeadamente na zona da claque dos No Name Boys, depois de exibirem uma mensagem para Rui Costa — “Presidente, o nosso amor não tem limite!” —, resolveram acender inúmeras tochas que atiraram para o relvado, parando o jogo enquanto se ouvia “O Benfica é nosso até morrer!”
Anatoliy Trubin ainda tentou atirar tochas para fora das quatro linhas, mas a verdade é que vieram novas tochas, acabando o jogo por ficar parado quase cinco minutos, recebendo aqueles elementos da claque a reação dos demais adeptos que em coro gritaram “palhaços”. O jogo tardava assim em recomeçar, com os adeptos do Benfica claramente divididos, isto enquanto a mesma claque que parara o jogo gritava agora um insulto claro dirigido ao técnico dos encarnados: “Schmidt, escuta, és um filho da…”









O ambiente em redor das quatro linhas aquecia assim bem mais do que a intensidade do jogo que entretanto continuava com o Sporting de Braga em vantagem depois do golo de Ricardo Horta. Até ao final do primeiro tempo o árbitro João Pinheiro ainda deu mais quatro minutos de compensação, quanto a nós pouco para o tempo que o jogo havia estado parado, acabando as equipas por recolher aos balneários debaixo de um coro de assobios dos adeptos, claramente descontentes com tudo aquilo a que tinham assistido na primeira metade desta partida no Estádio da Luz.
Kokçu e Marcos Leonardo saltaram do banco… e o Benfica marcou!
Para o segundo tempo começaram por ser mantidos os figurinos das duas equipas, acabando Roger Schmidt por ser o primeiro a alterar algo na sua equipa, ao minuto 50′, fazendo entrar Alvaro Carreras por troca com Bah, uma substituição afinal já conhecida na equipa do Benfica, que obrigou Aursnes a mudar de corredor sem que na frente da equipa nada fosse alterado. Carreras procurava entrar mais rápido pelo seu corredor mas em termos práticos era pouco o que surgia de novo na turma às ordens de Schmidt.








Ao minuto 64′ o Sporting de Braga operava a primeira mexida no seu onze, com a entrada de Vítor Carvalho para o lugar de Zalazar, numa altura em que o jogo se mostrava algo incaracterístico, ainda que com o Benfica mais empenhado em conseguir chegar ao golo, ocupando o meio-campo defensivo do Sporting de Braga mas sem consequências práticas. Ao minuto 69′ o conjunto bracarense operava nova alteração na sua equipa, com a saída de Álvaro Djaló para a entrada de Rony Lopes, respondendo finalmente Roger Schmidt com as trocas de Rafa e Arthur Cabral por Kokçu e Marcos Leonardo, mudanças directas que não significavam alterações estratégicas mas apenas o refrescar de uma equipa que viria a revelar-se determinante para o desbloquear do resultado que se mantinha favorável ao Sporting de Braga.
Com efeito, no primeiro lance em que os dois novos elementos do Benfica em campo participaram activamente no jogo, ao minuto 70′, Marcos Leonardo apareceu a efectuar uma recarga à baliza de Matheus Magalhães para o golo dos encarnados, repondo a igualdade no relvado da Luz para gáudio dos adeptos benfiquistas. O jogo volta assim a estar amparado em termos de resultado, mas era claramente o Benfica quem mandava agora na partida, com mais iniciativa e velocidade sobre a bola em lances ofensivos, frente a um Sporting de Braga que não conseguia sequer abeirar-se com bola até junto da área de baliza à guarda de Trubin.







Di Maria assistiu para golo de Neres “em passe registado com aviso de recepção”
Perante 55.727 espectadores nas bancadas do Estádio da Luz, o Benfica procurava agora conseguir novo golo que permitisse adiantar-se no marcador, frente a um Sporting de Braga que raramente conseguia sair do seu meio-campo defensivo. E esse golo surgiu mesmo, ao minuto 85′, sem dúvida o melhor golo do jogo, apontado de cabeça por David Neres. Di Maria avançou pelo corredor esquerdo do ataque, viu a desmarcação lá do outro lado do número 7 do Benfica, e cruzou longo de uma forma milimétrica para a entrada de cabeça de David Neres a fazer um golo indefensável para Matheus Magalhães. Valeu este golo pela assistência magistral, com um passe à largura do ataque em que a bola foi endereçada “com passe registado e com aviso de recepção”, aparecendo Neres a fazer o golo que fez levantar as bancadas do Estádio da Luz quando alguns adeptos começavam a duvidar se o Benfica conseguiria desfazer aquele empate.
À beira do final do jogo Víctor Gomez carregou Di Maria com uma entrada violenta ainda no meio-campo defensivo dos encarnados, onde não tinha necessidade daquela conduta, e o árbitro João Pinheiro mostrou o cartão vermelho direto ao jogador do Sporting de Braga, cuja equipa teria assim de jogar os sete minutos dados de compensação com menos um elemento sobre o relvado.










No quarto minuto de compensação Di Maria ainda obrigou Matheus Magalhães a uma defesa apertada pela linha de fundo. O jogo prosseguiu primeiro com um pontapé de canto e depois com um lançamento da bola pela linha lateral, e daqui, com a bola a sobrar para dentro da área, onde surgiu Marcos Leonardo que, ultrapassando o bracarense Victor Gómez, à meia volta, conseguiu um remate para novo golo, desfazendo qualquer dúvida quando ao desfecho desta partida. O Benfica passava a vencer por 3-1, Roger Schmidt ainda fez entrar no jogo Tiago Gouveia e Rollheiser por troca com Di Maria e David Neres, mas estes “reforços” praticamente nem tempo tiveram para tocar na bola já que o jogo terminou pouco depois com a vitória justa do Benfica, muito pela forma como procurou no segundo tempo dar uma resposta à desvantagem entretanto vigente.
Marcos Leonardo acabou por ser nomeado “Man of the match” pelos dois golos apontados nesta partida, sendo que para o LusoNotícias o homem sem dúvida mais influente foi o argentino Di Maria, ele que permitiu um golo magnífico ao brasileiro David Neres.
Destaques à parte, o Benfica confirmou com esta vitória o segundo lugar no campeonato da I Liga e o consequente apuramento para os lugares que dão lugar aos playoffs para a Liga dos Campeões, ao mesmo tempo que adiou pelo menos por mais uma semana a possibilidade do Sporting se sagrar campeão, isto num fim de semana de clássico entre Sporting e FC Porto a disputar amanhã no Estádio do Dragão.










Aconteça o que acontecer nesse jogo clássico do futebol português, ainda não será no Dragão que será conhecido o novo campeão nacional. Ficarão a faltar logo depois três jornadas para o final do presente campeonato.