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FC Porto vence Supertaça com cambalhota olímpica sobre o Sporting

Depois de ter estado a perder por 3-0, fruto de três golos do Sporting no primeiro tempo, aos 6’, aos 9’ e aos 24’ minutos, quando o FC Porto simplesmente primou pela ausência do relvado do Estádio Municipal de Aveiro — os dragões entraram bem no jogo nos primeiro cinco minutos mas rapidamente desapareceram quando o Sporting cresceu e começou a marcar —, e já depois dos adeptos leoninos terem mesmo testado uma tentativa de invasão de campo em face do resultado que parecia resolvido bem cedo na partida, com festejos que envolveram mesmo fogo de artifício que alguns sportinguistas ainda teriam de sobra dos festejos do título de campeão, a equipa às ordens de Rúben Amorim caiu em erros individuais, com a defesa a transformar-se num passador, e acabou por perder um jogo que (repetindo de forma enfática) esteve a vencer por 3-0 e perdeu por culpa própria, com um acumulado de erros individuais.

O FC Porto marcou um golo ainda no primeiro tempo no aproveitar de uma falha de Debast, no segundo tempo marcou mais dois golos e empatou o jogo, voltando a tirar o melhor partido de uma falha da defesa leonina que acusou claramente a ausência da voz de comando de Coates, e já no prolongamento acabou por vencer por 4-3, com um golo do antes proscrito Iván Jaime, conseguido com a “ajuda” de um frango permitido pelo guarda-redes Kovacevic, garantindo assim o FC Porto, contra todas as odds, a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, depois de uma cambalhota enorme no marcador.

Do lado do Sporting, e quando nada o fazia prever, Debaste ofereceu dois golos ao FC Porto, um deles ainda no primeiro tempo, por Galeno, quando os adeptos do Sporting festejavam a aparente vitória com fogo de artifício. Depois Debast voltou a falhar, o FC Porto marcou por Fran Navarro, e pouco depois de novo por Galeno, com os dragões a reporem a igualdade levando desse modo o jogo, o tal que a determinada altura parecia resolvido, agora para um prolongamento inevitável.

O FC Porto, moralizado por ter conseguido anular a desvantagem de três golos, estava agora por cima na partida, e para piorar a vida para o Sporting, a somar aos dois erros de Debast eis que surge outro erro clamoroso, agora do guarda-redes Kovacevic, num já referido frango em que o guardião deixou a bola passar-lhe por cima num chapéu consentido após remate de Iván Jaime.

O frango do guardião leonino resultou no 4-3 para os dragões, acabando por ser com esse resultado que o FC Porto conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira, frente a um Sporting que só se poderá queixar de si mesmo.

Afinal, depois de ter estado a ganhar por 3-0, o Sporting, depois dos adeptos terem invadido o relvado, de terem festejado com fogo de artifício e dos dirigentes terem mesmo colocado a referência da vitória nesta competição no autocarro do clube que tiveram que apagar, acabou este mesmo Sporting por permitir uma tremenda cambalhota no resultado provocada pelo FC Porto que assim entra na temporada de 2024/2025 com a conquista do primeiro troféu.

Sporting teve três pássaros na mão

À partida para mais esta edição da Supertaça Cândido de Oliveira, as duas equipas apresentavam naturalmente iguais nível de ambição, porventura com maior pressão para o lado do Sporting, não apenas porque entrou em campo com o estatuto de campeão nacional, mas também porque o FC Porto se encontra numa fase de reconstrução, ainda mergulhado numa crise financeira profunda que impediu, pelo menos para já, que os dragões fizessem qualquer contratação neste mercado de verão, algo que está a passar ao lado do futebol portista.

Relativamente às duas equipas, o Sporting apresentou a equipa expectável à partida para este jogo, num onze em que apenas a constituição do trio de centrais encerrava algumas dúvidas. Rúben Amorim, contudo, não teve dúvidas e apostou em Kovacevic para a baliza, Eduardo Quaresma, Zeno Debast e Gonçalo Inácio como trio de centrais, deixando Diomandé no banco, escalando ainda Geny Catamo, Hjulmand, Morita e Geovany Quenda na linha média, aparecendo na frente Trincão e Pote no apoio a Viktor Gyokeres.

Já do lado do FC Porto, o técnico Vítor Bruno, neste que foi o primeiro jogo oficial como técnico principal dos dragões, apostou nos jogadores que lhe deram melhores resultados durante a pré-época, trocando apenas os guarda-redes e chamando Diogo Costa à titularidade, ele que relegou Cláudio Ramos para o banco. Na linha defensiva João Mário, Zé Pedro, Otávio e Martim Fernandes surgiram como titulares, ainda Grujic, Alan Varela, Nico González e Gonçalo Borges no meio-campo, sobrando para a frente de ataque a dupla formada por Galeno e Danny Namaso, para um jogo que teve como árbitro João Pinheiro, com as funções de VAR entregues a Tiago Martins.

Ficavam desde logo de fora deste primeiro jogo da época jogadores como Francisco Conceição, Evanilson, Rodrigo Mora ou Pepê na equipa azul e branca, elementos que nem sequer integraram a ficha de jogo. Curiosamente, a propósito de Chico Conceição, surgiram informações mesmo antes do jogo que o extremo portista se encontra lesionado com um problema num glúteo.

Estavam assim reunidas todas as condições para um excelente espectáculo de futebol, no arranque da temporada 2024/2025 do futebol português, com o Estádio Municipal de Aveiro lotado e pronto para a festa num jogo cuja preparação não teve casos e foi inclusivamente antecedido por um almoço entre os presidentes dos dois clubes, num sinal claro de mudança de tempos e atitudes.

Dado o apito inicial por João Pinheiro, foi o FC Porto quem entrou melhor no jogo, procurando instalar-se no meio-campo defensivo do Sporting, tendo sido de Martim Fernandes o primeiro remate à baliza do Sporting, no segundo minuto da partida. Pouco depois, Namaso viu o adiantamento de Kovacevic e não hesitou em tentar fazer um chapéu ao guarda-redes do Sporting, mas a bola passou sobre o travessão da baliza. O FC Porto entrou melhor na partida, mas eis que os lances de futebol estudado do Sporting davam frutos, com a turma de Alvalade a marcar o primeiro golo logo aos seis minutos, na sequência de um pontapé de canto batido do lado esquerdo do ataque, com Pote a fazer a assistência para o golo de Gonçalo Inácio.

O FC Porto levava com um verdadeiro banho de água fria, que rapidamente passaria a gelo, isto porque ao minuto 9’, Gyokeres entrou em velocidade pelo corredor esquerdo, bateu claramente Zé Pedro, o tal que o tinha colocado no bolso na final da Taça de Portugal e que desta feita não teve velocidade para o sueco. Sem oposição, o camisola nove dos leões fez um passe atrasado para a entrada da área onde apareceu Pedro Gonçalves, de primeira, a assinar o segundo golo do Sporting sem que Diogo Costa nada pudesse fazer. O Sporting passava a ganhar por 2-0 e tirava partido de um aparente jogo colectivo mais trabalhado e ainda melhor executado.

Aos 12 minutos Galeno caiu na área do Sporting, depois de um corte em carrinho de Debast, mas João Pinheiro nada assinalou, num lance em que ficou a ideia de uma possível falta para grande penalidade mas que nem o árbitro nem o VAR consideraram dessa forma. Certo é que o Sporting continuava a dominar, e dar conta de um futebol muito mais fluido e com uma acção colectiva a que os dragões não conseguiam responder. Aliás, voltaria a ser de um lance colectivo do Sporting que resultaria o terceiro golo dos leões.

Gyokeres continuava neste jogo sem marcar, mas revelava-se determinante na abertura de brechas na defesa portista, tendo recebido a bola uma vez mais pelo corredor esquerdo, indo até à linha de fundo, e servindo a partir daí para o interior da área de Diogo Costa onde apareceu o miúdo Geovany Quenda, com um pontapé à meia-volta, ele que se estreava pelo Sporting em jogos oficiais, a fazer o 3-0 à passagem do minuto 24’, um golo muito festejado junto ao banco dos leões.

O Sporting liderava o marcador sem espaço para dúvidas, tinha melhor jogo colectivo, mais posse de bola, maior presença sobre o relvado e tudo parecia correr bem aos leões que tinham não um mas três pássaros na mão.

Debast falhou e Galeno marcou

O Sporting tinha conseguido em menos de meia-hora calar os adeptos do FC Porto, deixar em êxtase a claque verde e branca, e dar a ideia de que o jogo poderia mesmo estar resolvido. Porém, como no melhor pano cai a nódoa, eis que ao minuto 28’, depois de um passe em profundidade de Otávio, Debast falhou a intercepção e Galeno, sozinho em frente a Kovacevic, só teve que bater a bola para o sítio certo, reduzindo a desvantagem do FC Porto e fazendo o 3-1, permitindo aos dragões poderem acreditar que era possível reentrar no jogo.

Ao minuto 37’ o árbitro João Pinheiro é obrigado a interromper o jogo, depois dos adeptos do Sporting atrás da baliza de Kovacevic terem arremessado engenhos pirotécnicos para o relvado na zona de ação do guarda-redes, deixando de haver condições para que o jogo prosseguisse durante alguns minutos. Ultrapassado esse período de festejo fora de tempo das claques leoninas, e já com a polícia posicionada junto à bancada onde se encontravam os adeptos do Sporting, o jogo prosseguiu com a turma de Alvalade ainda a mandar no jogo e a justificar a vantagem, frente a um FC Porto que não encontrava antídoto ao melhor futebol dos leões, com as duas equipas a levarem o jogo até ao intervalo com a vantagem do Sporting por 3-1.

Sem alterações nos dois conjuntos, Sporting e FC Porto regressaram ao jogo nos mesmos figurinos com que terminaram os primeiros 45 minutos, com o Sporting a ter mais bola e a ser mais incisivo, perante um FC Porto que dava luta mas de uma forma inconsequente. Ainda assim, os primeiros 10 minutos do segundo tempo foram algo caóticos, com João Pinheiro a procurar deixar jogar mas com vários jogadores a ficarem no chão devido a lutas mais intensas e uma ou outra picardia que em nada beneficiavam a qualidade do jogo. O Sporting aparecia ainda assim mais esclarecido, perante um FC Porto que mostrava garra mas sem um fio condutor.

À passagem do minuto 64’ Vítor Bruno resolvia mudar algo na sua equipa, retirando do onze do FC Porto João Mário e Grujic, para as entradas de Eustáquio e Iván Jaime, mudanças que se revelaram determinantes na mudança do rumo do jogo. É que logo no primeiro lance em que o FC Porto retomou o jogo com estes dois novos jogadores, os dragões voltaram a reduzir a desvantagem, com Nico Gonzalez a marcar e a tirar clara vantagem de mais um erro de Debast, o segundo erro deste central com influência directa no resultado.

Conseguido o segundo golo para o FC Porto, a equipa azul e branca aproximava-se do Sporting, acreditava que poderia voltar a discutir o jogo, e tirou o melhor partido de alguma desorganização da defesa leonina. Afinal, um minuto depois do 3-2, os dragões voltaram a marcar, de novo por Galeno, que bisou na partida, agora na resposta a uma assistência de Eustáquio, o homem que entrara para dar outra força ofensiva ao FC Porto.

FC Porto repôs a igualdade
e levou o jogo para prolongamento

De algum modo contra o que tinha sido o jogo até então, a verdade é que o FC Porto conseguiu responder na mesma moeda ao Sporting, com 10 minutos demolidores, suficientes para repor a igualdade num jogo que ganhava de novo a emoção do imprevisto, com as duas equipas a acreditarem que poderiam superiorizar-se dentro das quatro linhas. O banco do FC Porto aparecia por esta altura mais movimentado e Vítor Bruno fazia nova aposta, agora com a entrada do miúdo Vasco Sousa para o lugar de Nico Gonzalez.

Os bancos continuavam particularmente atarefados, com Vítor Bruno a chamar a jogo Fran Navarro por troca com Gonçalo Borges, respondendo Rúben Amorim com a chamada ao jogo de Marcus Edwards levando à saída de Trincão. Faltavam cinco minutos para o final do tempo regulamentar e ficava claro que qualquer uma das equipas poderia desequilibrar o jogo. Isso mesmo, aliás, poderia ter acontecido ao minuto 87’, num lance em que Kovacevic tirou o golo que parecia certo a Fran Navarro, com a melhor defesa do guardião do Sporting. No lance seguinte o FC Porto colocou mesmo a bola dentro da baliza dos leões, mas o árbitro assinalou uma posição irregular a um jogador portista confirmado pelo VAR que viria a dar conta de um fora-de-jogo por 35 centímetros.

Rúben Amorim percebia que tinha que dar outra solidez ao seu sector defensivo e fazia entrar Daniel Bragança para o lugar de Morita, isto quando o jogo se aproximava do final com o empate a três golos a prevalecer, numa fase em que era o FC Porto que estava por cima em termos de ânimo e qualidade do futebol jogado. Só que nenhuma das equipas conseguia fazer a diferença, acabando o jogo por avançar para um prolongamento que prometia a continuidade do bom espectáculo que se assistira até então.

O FC Porto, que na verdade só apareceu neste jogo no segundo tempo, conseguiu repor a igualdade e reentrar na discussão da partida, e fê-lo numa altura em que o Sporting acusou alguma quebra, senão em termos físicos, pelo menos no discernimento, com Gyokeres já a ajudar alguma falta de gás e menor capacidade de explosão.

Para o prolongamento, Rúben Amorim começou por fazer entrar Diomandé por troca com Debast, ele que havia sido um dos “culpados” em dois dos três golos sofridos pelos leões.

Gyokeres, com a tal falta de gás, não conseguiu dar continuidade a um lance de Marcus Edwards, e começava a ficar evidente que por esta altura era o FC Porto que aparecia melhor, talvez porque nos primeiros 45 minutos simplesmente não esteve em jogo e entregou a iniciativa do encontro ao Sporting.

Frango de Kovacevic
entregou Supertaça aos dragões

Ao minuto 101′ Rúben Amorim voltava a mexer na sua equipa, com Pote e Gonçalo Inácio a darem os seus lugares a Fresneda e Mateus Fernandes, num momento que viria a revelar-se determinante. É que, logo no lance seguinte, Iván Jaime rematou à baliza do Sporting, a bola ainda toca num defesa contrário, ganha altura, e acaba por entrar ao jeito de um chapéu sobre o guarda-redes Kovacevic, ele que ofereceu o quarto golo ao FC Porto, talvez por se ter fiado no golpe de vista ou por ter perdido a noção do espaço em que se encontrava, acabando a bola por passar entre as mãos do guarda-redes e a trave, num verdadeiro frango dado pelo guardião leonino.

Perante a oferta de Kovacevic, Ruben Amorim recorreu ao derradeiro trunfo que tinha no banco, chamando ao jogo Rodrigo Ribeiro para o lugar de Hjulmand, respondendo Vítor Bruno com a aposta em David Carmo para o lado esquerdo da defesa por troca com Namaso.

Sem força física para mais nem ideias capazes de trazer algo de novo ao jogo depois de quase duas horas de futebol intenso por parte das duas equipas, o jogo caminho até ao final dos 120 minutos, João Pinheiro ainda permitiu mais um minuto de compensação, porventura pouco face às vezes que o jogo esteve parado na fase final do mesmo devido a dores musculares dos jogadores do FC Porto, acabando por se ouvir o apito final do árbitro com os jogadores portista e os seus adeptos a festejarem a conquista deste primeiro título da época 24/25, a Supertaça Cândido de Oliveira que teve certamente outro sabor para o grupo de trabalho à ordens de Vítor Bruno pela forma como foi conquistada.

Está dado o pontapé de saída para a nova época de futebol, e logo com um jogo aberto e bem disputado entre dois dos “grandes” do nosso futebol, FC Porto e Sporting, num jogo com sete golos, emoção a rodos e uma verdadeira cambalhota olímpica que permitiu inverter um resultado de 3-0… para 3-4! Parabéns ao FC Porto!

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis

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