Um jogo pobre, mal jogado, repleto de equívocos, sem garra nem empenho por parte da Seleção Nacional de Portugal orientada pelo selecionador Roberto Martinez, frente à sua congénere da Dinamarca, em Copenhaga, terminou com a vitória tangencial do conjunto dinamarquês por 1-0. Portugal perdeu assim com um resultado que acabou por ser o mal menor para a Turma das Quinas, isto porque escapou por pouco de sofrer uma derrota bem mais pesada frente a um adversário afinal acessível em face da qualidade individual dos jogadores de Portugal.
O problema é que Roberto Martinez nunca conseguiu formar com a qualidade individual dos internacionais portugueses uma equipa de qualidade colectiva. Ao invés, o onze inicial escolhido por Martinez mostrou desde muito cedo que não conseguia encontrar os melhores caminhos para a baliza de Kasper Schmeichel, e só não começou a perder mais cedo porque Diogo Costa defendeu uma grande penalidade e era evidente que a solução para o jogo luso tinha que ser outra. Ainda assim, Martinez insistiu nas suas escolhas, e, quando avançou para as primeiras mudanças, trocou defesas e médios defensivos, mantendo em campo durante tem a mais apostas falhadas em Pedro Neto, mas também em Vitinha e João Neves, dupla que ficou a anos-luz de distância daquilo que tem feito ao serviço do Paris Saint-Germain.
Acessível à qualidade dos jogadores de Portugal, a formação do Dinamarca acabou por se apresentar com um futebol muito mais objectivo, justificando desde muito cedo a vantagem no marcador frente à Turma das Quinas. Roberto Martinez apostou em Diogo Costa para a baliza, uma defesa formada por Dalot, Rúben Dias, Renato Veiga e Nuno Mendes, deixando no banco Gonçalo Inácio, apostando ainda em Bruno Fernandes, João Neves e Vitinha para a linha média, com Pedro Neto, Cristiano Ronaldo e Rafael Leão no ataque.




Do outro lado, o técnico dinamarquês também surpreendia, desde logo por deixar no banco o avançado do Manchester United Hojlund, formando o onze com o guarda-redes Schmeichel, os defesas Kristensen, Andersen, Vestergaard e Maehle, ainda Norgaard e Hjulmand na organização do jogo, com Lindstrom, Eriksen e Isaksen no apoio ao avançado Biereth.
No banco de Portugal ficavam assim, para além de Gonçalo Inácio, outras opções como, só a título de exemplo, os médios João Palhinha e Bernardo Silva, mas também os elementos de cariz ofensivo como João Félix, Geovany Quenda, Trincão e Diogo Jota, ficando fora da convocatória Francisco Conceição e Gonçalo Ramos. Já Brian Reimer, o selecionador da Dinamarca, apostou na titularidade do sportinguista Hjulmand, deixando no banco Hojlund mas também Conrad Harder, acabando por garantir uma vitória, a quarta de sempre desta seleção nórdica num total de 17 jogos em que se registaram dois empates e 11 vitórias para a Turma das Quinas.
Favoritismo e qualidade individual
não chega para ganhar jogos
Portugal partia para este jogo com um natural favoritismo, mas a apatia e a incapacidade de alterar o rumo da partida desde muito cedo permitiu a qualquer observador a convicção de que o conjunto nórdico poderia vencer. Alguns erros individuais dos portugueses só permitiram aumentar ainda mais a intensidade dessa ideia, e a verdade é que Portugal não começou a perder mais cedo porque ao minuto 24′, depois de um penálti concedido por Renato Veiga, que cortou com a mão um remate de Eriksen, o mesmo Eriksen bateu o castigo máximo mas permitiu a defesa de Diogo Costa.
A Turma das Quinas chegou assim ao intervalo a conseguir manter o nulo no marcador, de algum modo a mascarar o domínio que a Dinamarca tinha conseguido nos primeiros 45 minutos, e Portugal, ao invés de apostar em alterar algo no ataque, preferiu chamar ao jogo Nélson Semedo por troca com Diogo Dalot, ao minuto 66′, e mais tarde Gonçalo Inácio e Ruben Neves para as saídas de Renato Veiga e Rafael Leão, estes ao minuto 76′.




Só que, pelo meio, também Brian Reimer tinha mexido no onze da Dinamarca, apostando em Skov Olsen e Hojlund por troca com Lindstrom e Biereth, à passagem do minuto 69′, acabando por ser a solução vinda do banco, através de Hojlund, a permitir o golo para a Dinamarca, dando a vantagem à formação da casa que levou até ao final. Ironicamente, Hojlund acabou por fazer a conhecida celebração do golo “à Cristiano Ronaldo”, afirmando no final do jogo que foi apenas uma forma de celebrar o seu ídolo, mas deixando certamente no capitão de Portugal uma sensação pouco agradável perante este desfecho da partida de Copenhaga.
Portugal acabou assim por se livrar de uma derrota que poderia ter sido pesada, colocando em causa esta eliminatória, segurando o mal menor no resultado já que, tendo perdido por 1-0 em Copenhaga, poderá agora inverter este resultado no próximo domingo no Estádio de Alvalade, altura em que se exige a Portugal que vença por mais de dois golos e desse forma garanta a continuidade nesta Liga das Nações. Ainda assim, não se espera tarefa fácil para a Nossa Seleção, até porque a Dinamarca, para além de estar a ganhar depois do primeiro jogo, virá jogar a Lisboa, em Alvalade, sem nada a perder, perante um adversário que será favorito como também já era no jogo desta quinta-feira e que não comprovou esse favoritismo.


Roberto Martinez terá agora que mudar o chip da Turma das Quinas e conseguir dar a volta a esta eliminatória, correndo o risco de permitir que Portugal possa perder desde já a sua primeira competição nos jogos que marcam a chegada de Pedro Proença à presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Não se poderá dizer que Martinez tem o seu lugar em causa, mas também não estará propriamente seguro, nomeadamente se não conseguir inverter o rumo desta eliminatória frente a um adversário que é claramente de um patamar tão diferente quanto inferior ao que ocupar a Seleção de Portugal.