A Seleção de Portugal venceu este domingo a sua congénere da Dinamarca, por 5-2, no prolongamento do jogo da segunda mão da eliminatória que permitiu o apuramento para a final four da Liga das Nações, disputado no Estádio de Alvalade, em Lisboa. Depois de um primeiro jogo em Copenhaga em que a Turma das Quinas perdeu por 1-0 com uma exibição sofrível, em que a derrota tangencial acabou por ser um mal menor em face da forma como decorreu aquele jogo, a nossa Seleção surgiu em Alvalade com uma ligeira melhoria, mas ainda assim válida apenas no primeiro quarto de hora, passando a partir daí todo o jogo a correr atrás do prejuízo, permitindo golos à Dinamarca e mantendo a incerteza quanto ao apuramento final para a fase seguinte.
Até aos 84′ minutos, com o jogo empatado a dois golos, Portugal estava eliminado, e só um golo de Trincão permitiu que o jogo fosse para prolongamento, acabando aí por ser o mesmo Trincão, mas também Gonçalo Ramos, dois jogadores saídos do banco de suplentes, a fazerem mais dois golos e a permitirem a festa aos mais de 47 mil espectadores presentes em Alvalade e aos milhões que acompanharam o jogo através da televisão, depois de um sofrimento que se manteve até bem perto do fim desta partida em face da forma pouco consistente como Portugal se apresentou frente à Dinamarca. Agora, ultrapassada esta fase, Portugal terá que defrontar a Alemanha nas meias-finais da Liga das Nações, em jogo a disputar apenas no mês de Junho.
À partida para este jogo frente à Dinamarca, e perante a “obrigação” que a Turma das Quinas tinha de vencer em Alvalade depois da derrota na Dinamarca por 1-0, Portugal apresentava um “onze” com algumas mudanças relativa à partida da primeira mão, mas ainda assim sem músculo, com Vitinha a surgir muitas vezes entre os centrais para uma linha de cinco defesas, deixando o meio-campo a Bernardo Silva e Bruno Fernandes, no apoio a um tridente ofensivo com Francisco Conceição e Rafael Leão com Cristiano Ronaldo pelo meio. E foi com este esquema táctico que Portugal conquistou uma grande penalidade bem cedo no jogo, num lance em que Cristiano Ronaldo foi carregado dentro da área dinamarquês por Jannik Vestergaard. O VAR confirmou o castigo máximo, Cristiano encarregou-se de bater o penálti, mas fê-lo de forma completamente displicente, sem intensidade, permitindo a defesa fácil a Kasper Schmeichel, perdendo Portugal a oportunidade clara de empatar logo ali a eliminatória.











Ronaldo bateu um penálti
para as mãos de Schmeichel
A pressão de Portugal sobre a defesa do conjunto dinamarquês, da qual o ponto alto aconteceu por altura da grande penalidade cometida sobre Cristiano Ronaldo, acabou no entanto por durar pouco mais de 15 minutos, passando o jogo a ser mais discutido a meio-campo, com Portugal a dominar mas sem conseguir criar efectivas oportunidades de golo. Ainda assim, o golo acabou mesmo por acontecer para a Turma das Quinas, ao minuto 38′, mas através de autogolo apontado por Joachim Andersen, ele que acabou por trair Kasper Schmeichel ao responder de cabeça a um pontapé de canto batido do lado esquerdo do ataque de Portugal por Bruno Fernandes. A eliminatória ficava ali empatada e o público em Alvalade acreditava que seria fácil à Turma das Quinas partir para uma vitória mais ou menos tranquila, algo que não podia estar mais distante, na verdade, daquilo que realmente aconteceu.
Desde logo, e apesar de estar em vantagem no jogo e com a eliminatória igualada, Portugal não conseguiu impor o seu futebol perante uma formação dinamarquesa organizada e com um meio-campo mais forte, onde Hjulmand, o médio e capitão do Sporting que jogava esta partida “em casa”, conseguia fechar os caminhos para a baliza de Schmeichel. Em consequência, Portugal não conseguiu construir mais nenhuma oportunidade de golo até ao intervalo, excepção feita ao último lance em que Cristiano Ronaldo chegou a colocar a bola no fundo das redes da baliza da Dinamarca, depois de um brilha ante passe de Bernardo Silva, já no período de compensação dado pelo árbitro, para um golo de imediato anulado porque o camisola 10 da Seleção de Portugal e do Manchester City tinha recebido a bola em posição irregular, adiantado em relação à linha defensiva da formação nórdica.
Perante os 47.123 espectadores que marcaram presença nas bancadas de Alvalade, o intervalo chegou com Portugal a vencer pela vantagem mínima, com o golo completamente fortuito, fruto de um erro do central dinamarquês. A Dinamarca acabou por corrigir alguns posicionamentos, entrou melhor no segundo tempo, começou por falhar o golo do empate ao minuto 54′ num lance em que Nuno Mendes tirou o pão da boca a Eriksen, a bola saiu pela linha de fundo e logo de seguida, a partir do pontapé de canto batido do lado esquerdo do ataque nórdico, a bola passou por cima da área de Portugal para lá do segundo poste onde apareceu Kristenssen, livre de qualquer marcação, a cabecear de forma perfeita fazendo o golo na baliza de Diogo Costa sem que este se pudesse opor. A Dinamarca volta a ficar na frente da eliminatória e a turma das Quinas tinhas que correr de novo atrás do prejuízo.











Rafael Leão em baixo de forma
deu o seu lugar a Diogo Jota
Portugal tinha que mudar qualquer coisa no seu jogo, Rafael Leão, que até ali estava a conseguir ser pouco ou quase nada influente na manobra ofensiva, saiu para dar o seu lugar a Diogo Jota, este passou a jogar mais por dentro permitindo que Nuno Mendes fizesse todo o corredor esquerdo na busca de lances ofensivos, e Portugal ganhou maior acutilância com esta ousadia agora mais assumida.
Decorridos 10 minutos sobre a entrada de Diogo Jota, Portugal fez mesmo o 2-1, ao minuto 70′, com Cristiano Ronaldo a faturar, tirando partido de estar no sítio certo e no momento exacto para fazer a recarga depois de um primeiro remate de Bruno Fernandes. A bola bateu no poste esquerdo da baliza da Dinamarca, ressaltou nas costas de Peter Schmeichel, e ficou à mercê do capitão da Seleção de Portugal que, já de um ângulo difícil, conseguiu ainda assim fazer o golo que permitiu a festa em Alvalade. A eliminatória voltava a estar empatada e tudo estava em aberto.
Era agora a vez da Dinamarca mudar alguma coisa na sua estrutura, Hojlund, que neste jogo foi titular depois de ter sido suplente utilizado em Copenhaga, saiu ao minuto 72′ para dar o seu lugar a Kristiansen e, dois minutos depois, eis que Rúben Dias, que até aí estava a ser um dos melhores elementos em campo, cometia um erro clamoroso, deixando a bola ao alcance de um jogador da Dinamarca em posição de tiro para a baliza à guarda de Diogo Costa. Ruben Dias atrasou mal a bola, Biereth conseguiu interceptar deixando em Dorgu que, da linha de fundo, cruzou para Eriksen que bateu Diogo Costa uma vez mais sem que o guarda-redes de Portugal nada pudesse fazer. Portugal estava uma vez mais em desvantagem e cada vez com menos tempo para conseguir reequilibrar o jogo e a eliminatória.











Minuto 79′ marcado pela troca de Franciscos
…saiu Conceição para a entrada de Trincão
À passagem dos minutos 77′ e 78′ Cristiano Ronaldo voltou a testar a qualidade de Kasper Schmeichel, que defendeu tudo o que pôde, e Roberto Martinez, o seleccionador nacional de Portugal, resolveu mexer de novo na Turma das Quinas, apostando agora em duas alterações diretas, tirando Diogo Dalot e Francisco Conceição, no lado direito da turma de Portugal, fazendo entrar Nelson Semedo e Francisco Trincão. Portugal assumiu por completo a iniciativa do jogo, a Dinamarca passou a jogar acantonada no seu meio-campo, e à passagem do minuto 86′, quando o nervoso miudinho já invadia as bancadas do Estádio de Alvalade, onde o público sofria por Portugal — Roberto Martinez viria a dizer no final do jogo que quem sofre no futebol mais vale não seguir o futebol, demonstrando um desconhecimento completo sobre a forma como o adepto português apoia e sofre pelas suas equipas e pela sua Seleção —, eis que apareceu Francisco Trincão com um remate de fora da área a colocar a bola no fundo da baliza de Schmeichel, para o 3-2 que uma vez mais deixava a eliminatória empatada, obrigando o jogo a seguir para o prolongamento. Trincão estreava-se a marcar e dava razão a todos aqueles que já desde há muito reclamavam a utilização deste extremo sportinguista na Seleção de Portugal.
O jogo ia para prolongamento, Roberto Martinez teve ainda tempo para uma derradeira alteração na formação nacional de Portugal, com a entrada de Gonçalo Ramos por troca com Cristiano Ronaldo, e tudo ficava para poder ser decidido em mais 30 minutos de futebol no Estádio de Alvalade. O jogo recomeçou no prolongamento com Portugal a atacar para a baliza Vítor Damas, onde Schmeichel defendia as redes dinamarquesas, e logo no primeiro minuto deste período suplementar apareceu uma vez mais Francisco Trincão, o herói improvável desta partida, a aparecer para a recarga depois de um primeiro remate de Gonçalo Ramos. Schmeichel defendeu, a bola sobrou para Trincão e este não perdoou, rematando cruzado levando a bola a entrar junto do poste direito da baliza da Dinamarca.








Francisco Trincão e Gonçalo Ramos
decidiram eliminatória para Portugal
Pela primeira vez Portugal estava na frente da eliminatória, perante uma Dinamarca que acusava um enorme desgaste físico, com alguns dos seus jogadores completamente esgotados, nomeadamente o guarda-redes Kasper Schmeichel, ele que teve que receber assistência quando o selecionador dinamarquês já tinha esgotado as substituições. O guarda-redes continuou em campo, mas era evidente que já não estava de modo nenhum nas melhores condições para responder aos remates mais perigosos dos jogadores de Portugal, tendo ainda assim defendido um remate ao minuto 114′ de Bruno Fernandes, esticando o braço num voo magistral a negar o golo a Portugal na defesa mais vistosa de todo o jogo, fazendo lembrar o seu pai, Peter Schmeichel, outrora um rei entre os guarda-redes.
Kasper Schmeichel defendeu o que teria sido o golo de Bruno Fernandes, ficou de novo a queixar-se depois de cair no relvado, e dois minutos depois, num lance em que Trincão ganhou a bola no meio-campo da Dinamarca, colocou-a em Diogo Jota que, já dentro da área da formação nórdica, fez a assistência para a entrada de Gonçalo Ramos que, sem qualquer oposição, e com Schmeichel a não conseguir fazer mais do que assistir ao lance, enviou a bola para o fundo da baliza da Dinamarca, fechando o resultado do jogo em 5-2 e com isso permitindo para Portugal a festa do apuramento para a Final Four da Liga das Nações.
Acabou assim Portugal por tirar o melhor partido da entrada de jogadores normalmente menos utilizados por Roberto Martinez, nomeadamente Gonçalo Ramos, mas principalmente Francisco Trincão, ele que se estreou a marcar pela Seleção de Portugal e logo com dois importantes golos que garantiram a Turma das Quinas a continuidade nesta competição que a formação lusa venceu logo na sua primeira edição.








Roberto Martinez acabou por ser bafejado pela sorte de um resultado positivo quando tudo parecia conjugado para que corresse mal, Portugal segue em frente, e a Dinamarca, que no primeiro jogo venceu por 1-0 quando teve jogo e oportunidades para garantir uma vitória bem mais robusta, pagou em Alvalade o preço de tamanho desperdício permitido em Copenhaga. Portugal agradece!