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Apagão em Portugal: poderá o caos repetir-se?

Ultrapassadas as primeiras 48 horas sobre o apagão que afectou a Península Ibérica e nomeadamente o território de Portugal continental, a pergunta que todos fazem é se a situação caótica que vivemos se poderá repetir? Ora a resposta dada pelos especialistas é mais um “nim”, pois não se podendo ser alarmista e dizer que vem aí novo apagão, também é certo que os especialistas são os primeiros a dizer que ninguém pode garantir que o episódio de segunda-feira não poderá acontecer de novo num curto ou médio prazo.

Na verdade, sobre a possibilidade de um novo apagão como “réplica” daquele que aconteceu, neste momento, e com a informação disponível, não é possível afirmar com certeza se haverá ou não um novo apagão a curto prazo. Esta incerteza resulta também do facto de serem ainda desconhecidas as causas exatas do apagão de segunda-feira, as quais ainda estão a ser investigadas, e se as autoridades em Portugal apontam Espanha como a origem do problema, aparentemente a partir de uma injecção excessiva de energia produzida por centrais fotovoltaicas no país vizinho, os responsáveis pelos organismos espanhóis que tutelam esta área ainda não chegaram a uma conclusão concreta relativamente ao que se passou.

Certo é que as avarias em sistemas complexos podem ter sequelas. Tal como uma réplica de um sismo, problemas complexos em redes elétricas podem, teoricamente, levar a novas perturbações enquanto o sistema não estiver totalmente estabilizado e as causas primárias resolvidas. Talvez por isso, o administrador da REN (Rede Nacional de Energia) admitiu que o “risco não é zero” de um novo apagão. Estão a ser implementadas medidas de segurança adicionais e o sistema ibérico está a operar de forma separada neste momento para evitar novos problemas mas, enquanto isso, tanto o governo português como a Comissão Europeia anunciaram investigações para apurar as causas do apagão. Compreender a origem do problema revela-se assim crucial para evitar futuras ocorrências.

Estaremos preparados
para novo apagão?

Quanto à preparação de Portugal para reagir de forma mais célere a um novo apagão, é expectável que haja um foco acrescido na melhoria da resposta após este evento. Contudo, há aspetos a considerar, esperando-se que tenha sido possível uma aprendizagem com o ocorrido. Um apagão desta magnitude serve como um teste e uma oportunidade de identificar falhas nos sistemas de alerta, comunicação e resposta. Por outro lado, as empresas de energia e as entidades de proteção civil deverão rever e reforçar os seus planos de contingência para este tipo de situações.

Outra área sensível em redor de todo este problema surge em redor da comunicação, isto porque vários sectores da opinião pública em Portugal, nomeadamente a oposição ao Governo, deixou fortes críticas à forma como se processou a comunicação com o público durante o apagão, sendo de esperar que haja uma maior atenção à forma como a informação é prestada em futuras emergências.

Também a carecer melhoramento está a resiliência da rede eléctrica e a respectiva modernização, tendo ficado evidente que investimentos nestas áreas, e com alguma urgência, são cruciais para evitar futuros apagões. Também por isso, e até porque o tema da capacidade energética do país vai estar presente, naturalmente, na campanha eleitoral para as eleições que se aproximam, o debate sobre o investimento necessário nestas áreas deverá intensificar-se.

Em suma, embora não se possa descartar totalmente a possibilidade de novas perturbações, o foco estará agora em compreender as causas do apagão e em implementar medidas para evitar que se repita e para melhorar a resposta caso volte a acontecer. A transparência nas investigações e a implementação de recomendações serão fundamentais para aumentar a confiança na resiliência do sistema elétrico português, mas se nada se fizer e ficarmos à espera que mais uma qualquer comissão de análise elabore um relatório para permitir legislação a ser aprovada e posteriormente implementada, com toda a demora que estes processos normalmente conhecem em Portugal, não estamos de todo salvaguardados para a eventualidade de novos apagões capazes de parar o nosso país.

Jorge Reis / LusoNotícias

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