Com um jogo em que valeram os 25 minutos iniciais do primeiro tempo, a que se somaram alguns laivos de qualidade no segunda metade da partida, o Benfica conseguiu esta quarta-feira uma vitória tangencial frente ao Farense, penúltimo classificado da I Liga, por 3-2, no Estádio da Luz em Lisboa, cumprindo assim o objectivo da conquista dos três pontos neste jogo que fechou a 27ª jornada do campeonato. E se é verdade que os encarnados foram os primeiros a marcar e a partir daí estiveram sempre na frente do marcador, também é um facto que o regime do jogo do Benfica foi em modo “suficiente”, cumprindo uma espécie de serviços mínimos que permitiu o triunfo, mas sem esconder a impressão deixada por quase todos que as mentes estão já em regime de foco total para o jogo do próximo domingo, frente ao FC Porto no Estádio do Dragão.
Tendo em conta exactamente o clássico agendado para domingo entre águias e dragões, poderíamos antever que o Benfica poderia poupar alguns dos seus principais titulares, mas Bruno Lage, o técnico dos encarnados, acabou por apostar no poderá ser considerado como o seu melhor onze. Fez assim alinhar o guarda-redes Trubin, os defesas Dahl, António Silva, Otamendi e Carreras, uma linha média com Renato Sanches, a principal novidade na equipa do Benfica, Kokçu e Aursnes, surgindo na frente de ataque Di Maria e Artukoglu no apoio a Vangelis Pavlidis.
Por seu turno, Tozé Marreco, o treinador dos algarvios, escalou um onze com o guarda-redes Ricardo Velho, uma linha de cinco defesas formada por Artur Jorge, Cláudio Falcão, Tomás Ribeiro, Pastor e Neto, três homens no miolo do terreno — Zé Carlos, Miguel Menino e Derick —, surgindo mais adiantados Rony Lopes e Tomané.













Relativamente a este jogo, o presidente do Farense, João Rodrigues, afirmou antes da partida que este seria “o jogo mais fácil” de preparar para o seu clube, justificando esta ideia pelo facto da pressão estar toda do lado do Benfica. Contudo, e ao invés de antecipar facilidades, o Benfica fez alinhar jogadores que à partida poderiam “descansar” tendo em conta o jogo do próximo domingo, frente ao FC Porto, como Di Maria ou Pavlidis, que foram chamados à titularidade sem que Lage mostrasse qualquer intenção de entrar em poupanças.
Florentino acabou assim por ser o principal ausente da equipa encarnada, ele de quem se disse na antevisão para este jogo que se encontrará a recuperar de uma pequena lesão e que, certamente por isso, nem no banco de suplentes se sentou para este embate com o Farense.
Com esquemas tácticos bem definidos, com o Benfica igual a si mesmo e a pressionar alto desde os apito inicial, frente a um Farense que apresentou uma linha de cinco defesas num bloco baixo que começou a ter que defender em face da ofensiva inicial dos encarnados, foi mesmo a equipa da casa que começou a tornar tudo mais fácil para as suas pretensões quando, logo aos 07’ minutos, Akturkoglu apareceu a faturar o primeiro golo.
Numa jogada iniciada por Di Maria, com o argentino a encontrar Aursnes no corredor direito, este serviu Akturkoglu que, no limite do fora de jogo (43 centímetros), recebeu o cruzamento na pequena-área bem em frente da baliza do Farense a encostar para o primeiro golo do jogo.













Tudo parecia fácil para os encarnados, e mais fácil ficou quando, ao minuto 22 surgiu de novo o turco Akturkoglu, agora não a marcar mas a fazer o cruzamento para o interior da área do Farense, onde apareceu Pavlidis no momento certo e no sítio exacto. No meio de três jogadores algarvios, o avançado grego conseguiu encontrar o espaço certo para fazer o segundo golo para o Benfica, deixando a ideia que os encarnados poderiam partir para um resultado volumoso e desequilibrado a seu favor. Com uma grande facilidade em conseguir chegar à área do Farense, o Benfica continuou a construir lances ofensivos, pela direita e pela esquerda, surgindo sempre Pavlidis em condições para criar problemas ao guarda-redes Ricardo Velho.
Só que o ímpeto inicial com que entrou o Benfica perdeu o seu fulgor e os algarvios, sentindo-se menos pressionados, começaram a aventurar-se com subidas ao meio-campo ofensivo. Acabou por ser numa dessas subidas que , ao minuto 30’, num lance em que Akturkoglu tinha ficado deitado no relvado depois de um toque sofrido, o jogo seguiu sem que o árbitro Hélder Carvalho assinalasse qualquer infração.
O Farense aproveitou alguma hesitação dos jogadores do Benfica e Tomané assistiu Miguel Menino que, isolado em frente a Trubin, criou a primeira grande oportunidade para os algarvios. Valeu ao Benfica o facto de Trubin fazer uma excelente ‘mancha’, tirando o golo que parecia finalmente certo para os algarvios. O árbitro parou entretanto o jogo para assistir o turco dos encarnados que continuava deitado na relva e o Farense continuou a perder por 2-0, tendo ainda assim deixado o aviso de que também poderia chegar à baliza de Trubin com resultados práticos menos agradáveis para a equipa da casa.














Farense reduz para 2-1
com golo de Tomás Ribeiro
O Benfica dominava mas agora já sem a mesma intensidade da primeira meia-hora, e eis que ao minuto 43′, depois de um lance ofensivo em que o Farense ganhou um pontapé de canto do lado direito do ataque, apareceu Cláudio Falcão a enviar a bola ao travessão da baliza do Benfica, surgindo na recarga o central Tomás Ribeiro a cabecear a bola para o fundo da baliza de Trubin, fazendo o golo do Farense perante a apatia da defesa da equipa da casa e com isso complicando um pouco a vida ao Benfica que via o Farense reentrar na discussão do jogo.
A partida foi assim para intervalo com o Benfica a vencer por 2-1, num jogo em que o conjunto do Algarve concretizou em golo um dos três remates que conseguiu fazer às redes de Trubin, perante uma formação encarnada que teve mais posse de bola, maior domínio territorial e mais oportunidades, mas cujo sector ofensivo acabou quase sempre enredado pela defesa do Farense, com um sector defensivo sempre muito bem povoado e a tirar partido de alguma confusão dos encarnados no último passe. Ainda que aos repelões, o conjunto algarvio conseguiu aparecer no jogo, reduziu a desvantagem à beira do intervalo e deixou tudo em aberto para a etapa complementar.
Obrigado a fazer mais para “fechar” a discussão do resultado neste jogo, o Benfica voltou ao relvado para o segundo tempo com Leandro Barreiro no lugar de Renato Sanchesque abandonou o jogo com queixas físicas permitindo antever nova lesão. Mantinha entretanto a equipa encarnada a maior pressão sobre a área de baliza do Farense, e procurava dilatar de novo a vantagem que era por esta altura tangencial.











Já o Farense, que manteve o seu onze inicial, continuava a procurar gerir o jogo na expectativa de conseguir surpreender a qualquer instante o último reduto benfiquista. Só que, sobre o minuto 54’, nova combinação do ataque dos encarnados terminou com Pavlidis a receber a linha sobre a linha de fundo, fazendo dali o passe atrasado para Akturkoglu bisar neste jogo, um golo tornado fácil pela boa troca de bola por parte dos pupilos de Bruno Lage.
Akturkoglu colocava o resultado da partida em 3-1 e o Benfica parecia capaz de voltar a dominar, garantindo de novo um resultado mais tranquilo a partir do qual a equipa encarnada procurava geria a partida perante um adversário que, no entanto, ainda viria a surpreender. É que depois de estar a vencer por 3-1, a formação anfitriã voltou a baixar os braços, deixando espaços para que o Farense conseguisse chegar à baliza à guarda de Trubin. Numa dessas incursões, ao minuto 62’, depois de um lance em que os algarvios encontraram espaço pelo corredor esquerdo, com Boloni a receber a bola para cruzar para o interior da área, apareceu Rony Lopes a fazer o segundo golo dos algarvios, reduzindo de novo a desvantagem do Farense e colocando o resultado em 3-2.
O Benfica continuava na frente do marcador, mas consciente de que um lance fortuito poderia deitar tudo a perder, algo pouco desejável por parte de uma equipa que não poderia perder pontos sob pena de permitir que o Sporting se destacasse na liderança do campeonato, e poder ainda fragiliza a sua confiança a poucos dias da visita ao terreno do FC Porto. Em cima do minuto 66′ o Farense mexeu no seu conjunto, com as entradas de Rui Costa e Filipe Soares, por troca com Miguel Menino e Zé Carlos, mudanças que obrigavam o Benfica a ter agora que se preocupar com a velocidade de Rui Costa, capaz de poder surpreender a defesa de Otamendi, António Silva e companhia.











Grande penalidade flagrante sobre António Silva
ignorada pela VAR na Cidade do Futebol
O que viria a causar surpresa foi o lance que envolveu António Silva na área do Farense ao minuto 73’, quando o central do Benfica recebeu em pisão flagrante passível de ser sancionado o conjunto algarvio com uma grande penalidade. O jogador benfiquista ficou caído no relvado queixando-se de dores, porque na verdade foi atingido sobre o tornozelo por um jogador da turma algarvia, mas nem o árbitro e, pior do que isso, nem a VAR Catarina Campos na Cidade do Futebol, terão dado importância ao lance, ficando por assinalar um castigo máximo que poderia permitir ao Benfica passar o resultado para um bem mais tranquilo 4-2. Os protestos a partir do banco benfiquista não se fizeram esperar e Lourenço Coelho, o director para o futebol dos encarnados, viu mesmo o cartão amarelo.
Bruno Lage resolveu então mexer na sua equipa, fez sair Di Maria e Pavlidis que deram os seus lugares a Schjelderup e a Belloti em cima do minuto 75’, numa altura em que a equipa da casa procurava dominar e jogar quase em exclusivo no meio-campo defensivo do Farense.














O jogo mostrava-se agora mais “mastigado” a meio-campo, ainda que fosse evidente algum nervosismo entre os adeptos benfiquista a partir das bancadas, neste jogo com 51.790 espectadores, a sentirem que um lance fortuito poderia permitir um golo do Farense o que retiraria importantes pontos ao Benfica nesta fase do campeonato da I Liga.
Ao minuto 82’, e a dar sinais de querer pelo menos empatar a partida, Tozé Marreco ainda fez entrar três homens para o ataque, nomeadamente Marco Matias, Alex Bermejo e Njye, recolhendo aos balneários Artur Jorge, Tomané e Neto, respondendo Bruno Lage com uma derradeira nmudança no seu conjunto, com a saída de Akturkoglu, permitindo a entrada de Amdouni aos 86’ minutos.
O jogo acabou por prosseguir até ao final sem mais alterações no resultado, o árbitro Hélder Carvalho, que ainda deu mais quatro minutos, acabou por apitar para o final do jogo quando este se desenrolava sem mais polémicas e já com poucos motivos de interesse, acabando o Benfica por somar os três pontos da vitória podendo agora projectar os seus pensamentos para o jogo de domingo frente ao FC Porto. Akturkoglu, até pelos dois golos que marcou mas também pela assistência que fez para o golo de Pavlidis, foi justamente nomeadamente o homem do jogo.









