REIS5652

Benfica de Bruno Lage cai aos pés do Feyenoord com derrota na Champions

O Benfica consentiu esta quarta-feira no Estádio da Luz a primeira derrota ao sétimo jogo sob as ordens do técnico Bruno Lage, concretamente frente aos neerlandeses do Feyenoord em jogo da terceira jornada da fase de liga da Liga dos Campeões. Num jogo em que a formação visitante esteve sempre no comando no resultado que fechou no último minuto da partida, o Feyenoord, que em Julho último tinha perdido neste mesmo relvado em jogo referente à Eusébio Cup por 5-0, venceu agora por 3-1, com o Benfica a pecar por falta de capacidade de pressão, perdas constantes na luta pelas segundas bolas e erros sucessivos no sector defensivo, onde Otamendi assinou uma exibição marcada por diversos erros que permitiram os golos do Feyenoord.

Em termos efectivos, num jogo em que o árbitro turco Umut Meler não teve um trabalho fácil, num jogo em que para além dos quatro golos que formaram o resultado houve ainda mais três golos anulados depois da intervenção do VAR, nomeadamente dois para o Feyenoord e um para o Benfica, tendo havido ainda decisões no mínimo polémicas. Exemplo disso aconteceu ao minuto 31′ quando o guarda-redes Wellenreuther carregou Di Maria depois de ter falhado na reposição da bola em jogo. O certo é que o juiz da partida considerou ter havido falta ofensiva e nem sequer recorreu ao monitor do VAR para rever este lance.

Para este embate com o campeão neerlandês, o Benfica apresentou aquele que era tido como o seu melhor onze, o mesmo que alinhou frente ao Atlético de Madrid, com Anatoly Trubin na baliza, uma linha defensiva formada por Bah, Tiago Araújo, Otamendi e Carreras, o médio Florentino à frente dos centrais, ainda Aursnes e Kokçu no apoio ao jogo ofensivo, e três homens mais na frente, nomeadamente Di Maria, Akturkoglu e Pavlidis. Já o Feyenoord, depois do já referido jogo em que perdeu neste mesmo Estádio da Luz em jogo referente à Eusébio Cup, apresentou-se desta feita mais forte e ambicioso, com o guarda-redes Wellenreuther, uma linha defensiva formada por Lotomba, Trauner, Hancko e Bueno, três homens na linha média, nomeadamente Hwang, Milambo e Quinten Timber, formando o trio ofensivo com Ibrahim Osman, Ueda e Igor Paixão.

Feyenoord jogou na Luz “à Sporting”

A jogar com um equipamento verde e branco ao jeito da camisola “Stromp” do Sporting, o Feyenoord começou a querer discutir o jogo de igual para igual com o Benfica, e conseguiu fazê-lo a preceito, tirando partido de uma linha defensiva dos encarnados que apareceu neste jogo demasiado permissiva, com Otamendi a acumular alguns erros determinantes que viriam a ser fatais, permitindo os golos do Feyenoord, aos 12’, aos 22’ num lance anulado pelo VAR, e aos 33’, de que resultaria o placard ao intervalo de 2-0 para o Feyenoord.

Sem conseguir ligar o seu jogo ofensivo, o Benfica consentiu as melhores transições ofensivas ao seu adversário nesta terceira ronda da fase de liga da Champions, um conjunto que nos últimos trinta metros foi sempre mais eficaz, perante uma defesa de manteiga do Benfica. A provar isso mesmo surgiu o primeiro golo do jogo, ao minuto 12’, apontado por Ueda, num lance em que Timber solicitou a corrida de Igor Paixão, este cruzou para a entrada de Ueda e o nipónico, sem marcação nas costas de Otamendi que ficou a ver jogar, finalizou de pé direito para o primeiro golo do Feyenoord.

Aos 20 minutos Bah enviou a bola ao poste direito da baliza da turma neerlandesa, na resposta a um pontapé de canto batido por Di Maria de forma tensa, perdendo os encarnados uma oportunidade soberana para empatar a partida. Era ainda assim evidente que o Benfica rondava a baliza à guarda de Wellenreuther e queria reequilibrar a contenda, sendo essa vontade ainda assim insuficiente para o sucesso benfiquista.

A contrariar a vontade dos encarnados, o Feyenoord surgia mais assertivo neste jogo e ao minuto 25’ voltaria mesmo a colocar a bola no fundo das redes da baliza à guarda de Trubin, num lance em que Ueda tirou o melhor partido de um toque de Otamendi que resultou numa verdadeira “assistência” para o que poderia ser o segundo golo do Feyenoord. Os jogadores do conjunto neerlandês ainda celebraram, mas alertado pelo VAR o árbitro pôde verificar que no início da jogada o mesmo Otamendi foi agarrado dentro da área, tendo por isso anulado o golo e assinalado uma falta ofensiva ao ataque do Feyenoord.

Defesa do Benfica pecou
e Otamendi foi o maior pecador

A missão do Benfica revelava-se cada vez mais difícil, com a formação às ordens de Bruno Lage a não conseguir a melhor concentração, nomeadamente no sector defensivo. Por esta altura, porém, os adeptos do Benfica ainda acreditavam que tudo poderia ser resolvido com um primeiro golo dos encarnados, que não só iria permitir empatar a partida como daria um tónico adicional aos pupilos de Bruno Lage. Isso mesmo esteve à beira de acontecer ao minuto 31’, quando Di Maria se queixou de ter sido carregado pelo guarda-redes do Feyenoord num lance que daria uma grande penalidade para o Benfica.

O problema para os encarnados é que, como já demos conta, o árbitro nada assinalou, nem sequer foi alertado para rever o lance por parte do VAR, deixou passar a falta que quanto a nós existiu mesmo sobre o jogador argentino e considerou ter existido uma falta ofensiva deste. A turma neerlandesa recomeçou o jogo com um livre batido pelo seu guarda-redes, e na sequência desse lance, Milambo, depois de receber um passe de Timber, fez o 2-0 para o Feyenoord, atirando ao chão a moral benfiquista num jogo em que a defesa do Benfica e nomeadamente Otamendi continuavam a somar erros fatais para as ambições encarnadas.

Depois do primeiro golo apontado por Ueda, e após o golo anulado ao Feyenoord ao minuto 25, este novo golo para a turma neerlandesa, desta feita válido e que colocava a equipa visitante a vencer por dois golos sem resposta, provocava o desnorte na equipa do Benfica, com alguns dos elementos da turma encarnada a colocarem as mãos na cabeça no momento em que Trubin foi batido para o 2-0. O Benfica acusou o golo sofrido, e mais ainda quando era evidente a falta de capacidade de resposta para regressar à discussão do resultado final da partida.

A vencer por 2-0, o Feyenoord instalou-se quase em permanência no meio-campo defensivo do Benfica que acusou claramente os dois golos sofridos, ficando evidente que a turma da Luz precisava do intervalo para ganhar alguma tranquilidade. E a verdade é que o segundo tempo trouxe mesmo outra atitude por parte da equipa da casa, por essa altura a ter mais posse de bola e a conseguir impedir que o conjunto visitante se mantivesse a jogar no meio-campo do Benfica à beira da baliza de Trubin.

Falhas defensivas infantis
e Di Maria a primar pela ausência

Todavia, ao minuto 56’, e depois do Benfica ter voltado a andar muito perto do golo, com uma bola enviada ao poste da baliza do Feyenoord, foi mesmo a equipa neerlandesa a fazer novo golo, algo que só não complicou mais a vida ao Benfica porque o lance foi anulado uma vez mais, agora por posição irregular de um jogador da turma neerlandesa, Hancko, acabando o resultado por se manter em dois golos de vantagem para o Feyenoord.

Numa noite em que nada corria bem ao Benfica, com alguma falta de intensidade na luta pela segunda bola num jogo pouco assertivo para os encarnados, era ainda assim evidente que um golo poderia permitir o regresso dos encarnados à discussão pelo desfecho da partida. Visando isso mesmo, Bruno Lage operou as primeiras mudanças na equipa encarnada ao minuto 64’, tirando do jogo Di Maria e Florentino para as entradas de Beste e Amdouni.

Logo no primeiro lance em que o Benfica surgiu renovado o golo apareceu mesmo na baliza do Feyenoord, por Akturkoglu, ele que só teve que encostar a bola depois de um primeiro remate de Beste, o lateral de Roger Schmidt transformado por Lage em extremo esquerdo que entrou muito bem no jogo a reclamar uma oportunidade para surgir como titular no onze do Benfica. O guarda-redes Wellenreuther ainda defendeu o primeiro remate de Beste, mas nada pôde fazer para impedir a recarga oportuna do camisola 17 do Benfica que conseguia assim o golo que poderia permitir o regresso da turma da Luz à discussão da partida.

A vencer agora por 2-1, o Feyenoord começou claramente a colocar gelo no jogo, demorando nas reposições de bola e atirando mesmo a bola para fora das quatro linhas para permitir a assistência a jogadores alegadamente em dificuldades físicas.

Na resposta a estas situações o Benfica insistia sempre em cumprir o fair-play, e Bah, por duas vezes, repôs a bola em jogo entregando-a à formação adversária, sendo por isso brindado com um enorme coro de assobios vindo das bancadas onde os adeptos não gostavam que o Feyenoord tirasse partido de algum anti-jogo. Isso mesmo aconteceu ao minuto 71’, quando Lotomba ficou no chão e viria mesmo a ser substituído, com Bruno Lage a aproveitar para mexer de novo na equipa, retirando Pavlidis e Kokçu para as entradas de Arthur Cabral e Renato Sanches.

Ao minuto 77′ Akturkoglu rematou à figura do guardião do Feyenoord, o segundo golo dos encarnados parecia poder aparecer a qualquer instante com o Benfica a tentar reaparecer no jogo, mas jogava mais com o coração do que com a cabeça, isto enquanto que o tempo de jogo começava a esgotar-se para a formação benfiquista, numa noite em que compareceram no Estádio da Luz 61.687 espectadores, entre estes mais de três mil neerlandeses no apoio à formação de Roterdão.

Milambo fechou a discussão
com golo imperdoável

Ao minuto 87’ ainda entrou no jogo Schjeldrup para o lugar de Alexander Bah, com Bruno Lage a colocar todos os argumentos em campo para conseguir pelo menos o golo que permitisse o empate, mas a verdade é que o jogo corria agora, tal como o tempo, a favor do Feyenoord, que procurava jogar no meio-campo defensivo do Benfica e com isso manter a bola longe da sua baliza. O árbitro acabaria por dar mais seis minutos de compensação, francamente pouco para as paragens que o jogo já tivera, e no primeiro dos minutos de compensação, na sequência de um livre junto à bandeirola de canto, o Feyenoord conseguiu atirar um balde de água gelada sobre o Estádio da Luz, com o terceiro golo para a equipa neerlandesa a ser conseguido por Milambo, ele que recebeu a bola em zona frontal à baliza de Trubin, sem marcação e com espaço para rematar para o golo, surpreendendo o guarda-redes ucraniano dos encarnados que nem sequer se fez à bola.

O terceiro jogo dos encarnados na presente edição da Liga dos Campeões ficava assim resolvido, com uma vitória perfeitamente justa por parte do Feyenoord, equipa que conseguiu cinco golos, dois dos quais anulados pelo VAR, perante um Benfica que acumulou muitos erros defensivos infantis, jogou mais com o coração do que com a cabeça quando foi preciso encontrar ânimo e inteligência para repor a igualdade, e nunca teve verdadeiramente o jogo na mão frente a um Feyenoord bem mais frio e eficaz.

Os encarnados mantém os mesmos seis pontos com que chegou a este jogo, nada está perdido para o Benfica no objectivo de passar à fase seguinte da Liga dos Campeões, mas perderam um jogo por culpa própria, com Otamendi e Di Maria a acumularem erros que comprometeram e deitaram por terra o esquema tático do Benfica. O Feyenoord, com o coreano Hwang a dominar o meio-campo e com Ueda e Milambo na frente a colocarem a defesa benfiquista em pedaços, justificaram a vitória sobre o Benfica, “tapando” os dois homens que frente ao Atlético foram determinantes — Akturkoglu e Carreras —, e que neste jogo pouco ou nada conseguiram fazer.

O Benfica terá que começar já a pensar no que terá de fazer frente ao Rio Ave no próximo domingo, em jogo para o campeonato da I Liga, no Estádio da Luz, onde Bruno Lage terá que levar a sua equipa a regressar às vitórias depois deste desaire na Champions que, diga-se, em nada compromete o objectivo da turma da Luz mas obriga-a a corrigir os erros agora cometidos.

Frente ao Rio Ave o Benfica está proibido de perder, sob pena de permitir ainda maior distância para o líder Sporting que já está a oito pontos ainda que os encarnados tenham um jogo a menos, e para a Champions, no próximo jogo, irá deslocar-se a Munique para defrontar o Bayern, equipa que esta quarta-feira foi goleada em Barcelona por 4-1, com o triunfo dos catalães a ser construído com um hat-trick do brasileiro Raphinha.

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis

Sondagem

Qual a sua convicção pessoal relativamente ao curso da guerra na Ucrânia?

View Results

Loading ... Loading ...

Rádio LusoSaber

Facebook

Parcerias

Subscreva a nossa Newsletter

Inscreva-se para receber nossas últimas atualizações na sua caixa de entrada!