Num jogo em que o Sporting conseguiu 81 por cento de posse de bola contra apenas 19 do lado contrário, a turma de Alvalade, a jogar perante o seu público, garantiu frente ao Casa Pia a oitava vitória consecutiva em oito jornadas já disputadas, e com isso manteve a liderança confortável do campeonato. Apesar disso, o jogo dos leões frente aos gansos foi tudo menos fácil, com poucas oportunidades efectivas de golo para o que contribuiu o facto do Casa Pia jogar praticamente com duas linhas quase sempre encostadas à sua grande-área, de forma defensiva, abdicando do ataque e dificultando em muito o jogo ofensivo do Sporting.
Com os leões a equiparem de camisola rosa, no âmbito de uma campanha de sensibilização e prevenção do cancro da mama, o jogo começou com a equipa do Sporting a ter naturalmente mais posse de bola e maior iniciativa, jogando sobre o meio-campo defensivo do Casa Pia. Ainda assim, o primeiro lance de perigo aconteceu logo aos dois minutos mas junto à baliza do Sporting, onde Franco Israel foi colocado à prova com um remate de Lelo, no único lance em que a formação visitante conseguiu descer até à baliza contrária na primeira meia-hora de jogo. Além disso, na primeira parte, apenas ao minuto 35′ o Casa Pia voltou a rondar a baliza de Franco Israel, tendo ganho um pontapé de canto sem qualquer consequência prática para o jogo.










Sem poder contar com Diomande, lesionado, e deixando Nuno Santos, Morita e Quenda no banco de suplentes, as ausências na equipa leonina em termos comparativos com o onze que defrontou o PSV Eindhoven no jogo referente à Liga dos Campeões, Rúben Amorim apostou em Franco Israel entre os postes, Quaresma, Debast e Gonçalo Inácio como centrais, ainda Geny Catamo, Hjulmand, Daniel Bragança e Maxi Araújo na linha média, surgindo na frente o trio desta feita formado por Francisco Trincão, Gyökeres e Harder.
Já o Casa Pia, a jogar num claro 5x4x1, com Cassiano como o homem mais adiantado, surgiu em Alvalade com Sequeira na baliza, André Geraldes, João Goulart, Kluivert, Zolotic e Lelo na linha defensiva, aparecendo na linha média Larranzabal, Kraev, Rafael Brito, e Svensson, isto numa equipa a jogar bem compacta, em que o próprio Cassiano jogava atrás da linha de meio-campo, formando duas linhas encostadas à retaguarda, procurando deixar pouco espaço para as movimentações de Trincão, Gyokeres e Harder, mas também Daniel Bragança que surgia na formação leonina como um elemento que procurou sempre jogar entre linhas para desmontar a equipa forasteira.
O Sporting dominava mas nem por isso conseguia criar oportunidades evidentes de golo. Gyokeres apareceu sempre muito tapado pelos defesas do Casa Pia e Harder, mais liberto, nunca conseguiu encontrar os melhores espaços para receber a bola de forma consequente. Acabou assim por ser Francisco Trincão a “abrir o livro” a partir do corredor direito, e Daniel Bragança e furar linhas, formando assim a dupla que mais fez para causar desequilíbrios, algo que só viria a ser conseguido de forma efectiva ao minuto 39’ com o primeiro golo do jogo.










Francisco Trincão acreditou que poderia ultrapassar as linhas defensivas do Casa Pia, engatou uma velocidade mais forte, furou as linhas adversárias, levou a bola até ao limite do terreno para, a partir daí e já sem marcação, servir com um passe atrasado para a entrada de Daniel Bragança que só teve que encostar para o primeiro golo da noite em Alvalade. Grande lance de Trincão e um golo merecido por Daniel Bragança, ele que não foi chamado por Roberto Martinez aos trabalhos da Seleção mas que mostrou uma vez mais ter faro de golo e estar num bom momento de forma.
Daniel Bragança foi o melhor em campo
Até ao intervalo, o golo de Daniel Bragança ditou a diferença no marcador, com vantagem para o Sporting que teve mais posse de bola, mais iniciativa, mas alguma inconsequência, também pela boa colocação no terreno dos homens às ordens de João Pereira.
Para o segundo tempo Rúben Amorim resolveu mexer na sua equipa, retirando Harder, ele que tinha feito muito pouco nos primeiros 45 minutos, chamando a jogo Morita para a linha média, libertando deste modo Daniel Bragança para continuar a provocar os desequilíbrios que conseguiu no primeiro tempo. Curiosamente, em termos práticos, passou a ser Morita quem apareceu mais na frente, no lado esquerdo no apoio a Gyokeres, mantendo-se Trincão na direita, surgindo Bragança a partir do meio a aparecer nas costas de Viktor Gyokeres, passando este a ser o jogador mais adiantado do Sporting, em cunha no meio dos centrais do Casa Pia.
Ao minuto 55’ foi Morita que esteve perto de marcar, depois de uma bonita jogada de combinação em que participaram vários jogadores leoninos com o médio japonês a ter espaço para o último toque na bola para golo, aparecendo Sequeira a impedir o segundo tento para os leões desviando a bola pela linha de fundo.








Ao minuto 63’ Maxi Araújo saiu na formação leonina para dar o seu lugar a Nuno Santos, e praticamente no lance seguinte o Casa Pia teve uma oportunidade soberana para chegar ao empate, com Franco Israel a negar o golo à turma visitante. Na resposta foi a vez do Sporting andar perto do golo, aqui com Trincão a fazer um remate forte que levou a bola ainda a tocar na trave da baliza de Sequeira.
O jogo entrava numa fase de parada e resposta, os técnicos dos dois conjuntos operavam algumas mudanças e as oportunidades sucediam-se agora de um e outro lado. Cassiano, praticamente no último lance em que foi protagonista, obrigou Franco Israel a defender a bola junto ao poste direito da sua baliza pela linha de fundo, respondendo o Sporting com novo período de posse de bola. Por esta altura já entraram na formação do Casa Pia Miguel Sousa e Pablo Roberto, por troca com Rafael Brito e Cassiano, tendo Rúben Amorim respondido com as apostas em Quenda e Fresneda, para as saídas de Geny Catamo e Gonçalo Inácio, mas também em Ricardo Esgaio por troca com Eduardo Quaresma.
Consumadas as alterações nos dois conjuntos, o minuto 78’ trouxe um momento determinante ao jogo, isto porque por esta altura Gyokeres foi travado em falta dentro da área do Casa Pia por Kluivert. O árbitro Miguel Nogueira não hesitou em assinalar o castigo máximo e o mesmo Gyokeres encarregou-se de bater o penálti, enviando a bola para o lado esquerdo de Sequeira. Este adivinhou o lado, ainda tocou na bola, mas esta passou-lhe por baixo do corpo resultando no segundo golo para o Sporting e na festa do homem da máscara, ele que assim regressou aos golos na turma de Alvalade, fazendo o 2-0 e fechando de algum modo a discussão desta partida.
Perante os 42.887 espectadores presentes em Alvalade, o Sporting pôde ganhar alguma tranquilidade perante um adversário que acordou muito tarde para o jogo, numa altura em que os leões venciam já por dois golos e tinham a contenda, senão ganha em termos efectivos, pelo menos controlada e com dois golos de vantagem, o que passava por ser praticamente a mesma coisa que ter os três pontos assegurados e mais uma vitória na I Liga, a oitava consecutiva no presente campeonato.








O Casa Pia conseguiu sacudir a pressão do Sporting nos minutos finais da partida, pôde finalmente esticar a sua equipa e pisar terrenos ofensivos que ao longo de quase toda a partida não explorou, mas fê-lo quando o Sporting já tinha fechado a contenda, faturando mais três pontos e com isso consolidando a liderança no campeonato da I Liga no qual pretende conseguir o bicampeonato.
Ultrapassada a paragem do campeonato para os compromissos da Seleção Nacional, que vai disputar dois jogos referente à Liga das Nações, o Sporting volta a jogar no próximo dia 26 de Outubro, um sábado, no terreno do Famalicão, já depois de, na véspera, o Casa Pia ter recebido em Rio Maior a formação do Nacional da Madeira, de acordo com o calendário da nona jornada da I Liga.
