No embate entre Golias e David, que o mesmo é dizer entre o campeão nacional Sporting e o modesto Amarante, clube que milita na Liga 3, os leões, agora orientados por João Pereira depois da saída de Rúben Amorim e com uma equipa em que as principais figuras foram poupadas para o jogo da próxima terça-feira, referente à Liga dos Campeões, a turma leonina garantiu uma vitória tão expressiva quanto natural e tranquila, por 6-0. E tão importante quanto o resultado foi a qualidade da exibição leonina, sem dúvida convincente, num jogo em que houve goleada mas ainda deu para que Viktor Gyokeres, mesmo tendo entrado no jogo já depois do intervalo, conseguisse marcar um golo e enviar por duas vezes a bola aos ferros da baliza amarantina.
Naquele que foi o jogo de estreia do técnico João Pereira à frente dos destinos do Sporting, um jogo que era apontado como teoricamente mais fácil e que cumpriu as expectativas, os leões apareceram em campo aparentemente liderados por Tiago Teixeira, o adjunto que tem credenciais para assumir o comando da equipa leonina a partir do banco, com um “onze de Taça” escolhido por João Pereira com Markovic entre os postes, St. Juste, Gonçalo Inácio e Matheus Reis a formarem o trio de centrais, ainda Esgaio, Daniel Bragança, Hjulmand e Fresneda, aparecendo na frente Trincão, Marcus Edwards e Conrad Harder, neste jogo o nórdico de serviço para a busca dos golos para os leões.







Do lado contrário, o Amarante, com um esquema táctico em 5x3x2, apresentou em Alvalade o guarda-redes Didi, ainda Obama, João Filipe, Diogo Vila, Godwin e Daniel Alves, também Hélder Pedro, Okoli e Faissal, sobrando para as acções ofensivas Ka Semedo apoiado por Dinho.
No tal jogo entre Golias e David, com os amarantinos claramente no papel mais fraco, o Sporting entrou no jogo com tranquilidade e confiança, justificando esse estado de espírito com o primeiro golo logo aos 10’ minutos.
Nm lance verticalizado com uma entrada a partir do meio-campo pelo meio, Marcus Edwards, em velocidade, controlou a bola já sobre a meia-lua da área amarantina, puxou do pé esquerdo para o pé direito e rematou de forma certeira para o golo de abertura nesta partida. Pouco depois, ao minuto 15’, de uma forma aparentemente fácil, Daniel Bragança foi à linha de fundo e fez uma assistência com um passe atrasado para a entrada de Ricardo Esgaio, com este a fazer o mais fácil que foi o golo, colocando o Sporting a vencer por 2-0.










Harder no lugar de Gyokeres
e Trincão superlativo
Com Conrad Harder como o homem mais adiantado no terreno, o Sporting apresentou-se com cinco homens nas costas do nórdico, com Daniel Bragança a surgir como um segundo avançado nas costas de Harder, ladeado por Edwards e Trincão a aparecerem pelo meio, surgindo Esgaio e Fresneda no corredores e ficando Hjulmand como o elemento de transição dos três centrais para a frente de ataque perante uma equipa do Amarante demasiado ingénua e macia.
O Sporting dominava e isso mesmo ficou claro à passagem do minuto 26′, quando Trincão enviou a bola à base do poste esquerdo da baliza à guarda de Didi, sobrando para Conrad Harder que falhou um golo de baliza completamente aberta, ficando cabisbaixo tal foi a grandeza do falhanço. Harder não marcou naquele momento mas no minuto seguinte, e depois de uma recuperação de bola por parte dos leões, o dinamarquês encontrou-se em posição de remate e não se fez rogado, concretizando o terceiro golo do Sporting neste jogo de Taça de Portugal.








Sobre o derradeiro minuto do primeiro tempo, Marcus Edwards, depois de uma linda jogada de combinação entre os homens do Sporting, só teve que encostar de pé esquerdo já quase sobre a linha de golo para o quarto golo e o segundo para a conta pessoal do jogador inglês, numa resposta fácil a um passe de Daniel Gragança.
Perante um adversário que poucas ou nenhumas complicações causaram à equipa agora orientada por João Pereira, o Sporting construiu uma vantagem tranquila ao longo dos primeiros 45 minutos, chegando o jogo ao intervalo com os leões a vencerem por 4-0 de uma forma tão justa quanto natural em face da diferença de valor entre as duas equipas no relvado do Estádio de Alvalade.
Para o segundo tempo, João Pereira operou as primeiras mudanças na equipa leonina com as apostas em Morita e Quenda, ficando nos balneários St. Juste e Hjulmand, mudanças que obrigaram Ricardo Esgaio a aparecer como central na equipa do Sporting.








Do lado do Amarante, por esta altura sem mudanças no onze, mudou apenas o esquema táctico, agora com quatro homens no meio-campo, sobrando apenas Ka Semedo para posicionamento ofensivo numa equipa em que Dinho recuou para a linha média por forma a que a sua equipa procurasse ter mais posse de bola no meio-campo. Ainda assim, o domínio do jogo manteve-se por completo na equipa da casa, na qual o guarda-redes Kovacevic se manteve como um mero espectador junto à sua baliza.
Em termos de marcador, este voltou a sofrer uma mudança ao minuto 56’, com o quinto golo dos leões, num remate de longe por Francisco Trincão, ele que já merecia o golo e que conseguiu com um remate forte por entre os defesas do Amarante a bater Didi. As opções para o Amarante não eram muitas, mas o técnico Álvaro Madureira pôde ainda apostar nas entradas de Katty e Mica para as saídas de Dinho o Faissal. Na resposta, à passagem do minuto 65’, João Pereira fez entrar Viktor Gyokeres e ainda o jovem médio João Simões, ele que pôde assim estrear-se com a camisola da equipa principal do Sporting lançado pelo novo técnico leonino. Para as entradas destes dois elementos saíram Gonçalo Inácio e Francisco Trincão, com este último a receber um enorme aplauso vindo das bancadas.







Gyokeres passou a assumir o centro do ataque, com Harder do lado esquerdo e Edwards descaído para a direita, isto enquanto que na defesa Matheus Reis surgia agora como central do meio, com Esgaio a central direito e Fresneda a central esquerdo, com Quenda e João Simões a jogarem nas alas da formação leonina.
Dois jovens leões debutantes
e mais um golo de Gyokeres
Com 36.074 espectadores nas bancadas de Alvalade a acompanharem a estreia de João Pereira, o Sporting manteve o domínio completo no jogo perante uma formação do Amarante inofensiva que pouco mais foi fazendo do que procurar fechar os caminhos de entrada para a sua área de baliza. Ao minuto 73’ foi tempo para nova estreia na equipa do Sporting, com a entrada do jovem madeirense Henrique Arraiol por troca com Daniel Bragança, já com João Pereira a deixar a sua marca com o lançamento de dois jovens da formação do Sporting.
Ao minuto 75’ Viktor Gyokeres assumiu a marcação de um livre directo, em zona frontal à baliza do Amarante, depois de uma falta que ele próprio sofreu, mas no remate, forte, a bola foi ao encontro do poste esquerdo da baliza à guarda de Didi, perdendo o Sporting por esta altura o que seria o sexto golo do jogo.










Do lado do Amarante ainda havia tempo para colocar mais dois jogadores na partida, nomeadamente Chico Sousa e Cardoso, por troca com Helder Pedro e Ka Semedo, isto numa partida em que os jogadores amarantinos procuravam já tirar o melhor partido desta passagem pelo palco do campeão nacional, num jogo em que os leões tinham tudo perfeitamente controlado.
Quem queria aparecer de facto neste jogo era Viktor Gyokeres, ele que à passagem do minuto 82’, de novo com uma marcação de um livre direto em zona frontal à baliza de Didi, voltou a enviar a bola ao mesmo poste esquerdo da baliza amarantina, agora depois de um desvio num jogador da equipa visitante.
A partida desenrolava-se agora num ritmo bem mais lento, com o Sporting a controlar a vantagem perante um Amarante que não conseguia sequer construir um lance digno de nota no meio-campo leonino. Pelo meio ainda houve tempo para que o guarda-redes Didi fizesse uma finta na pequena-área da sua baliza a Viktor Gyokeres, num momento de sangue frio do guarda-redes digno de registo, porventura o lance que ficará na memória de quem assistiu à prestação desta equipa da Liga 3 no relvado de Alvalade.










Sobre o minuto 88’, depois de um lance iniciado por Conrad Harder a partir do lado esquerdo, Viktor Gyokeres recebeu um toque no pé de apoio, o árbitro assinalou o castigo máximo e o avançado sueco pôde então fazer o seu golo da praxe, na transformação do castigo máximo. Com um pontapé forte, Didi caiu para o lado esquerdo e a bola entrou quase a meio da baliza com muita força e as bancadas exultaram com uma explosão de alegria em face deste golo a partir da marca dos 11 metros.
O Sporting passava assim a vencer por 6-0 no jogo de estreia de João Pereira, um jogo em que o técnico pôde lançar dois jovens jogadores, deu golos aos seus homens da frente e garantiu uma vitória perfeitamente justa e plena de tranquilidade, podendo os leões apontar já todos os pensamentos ao jogo da próxima terça-feira frente ao Arsenal referente à quinta ronda da Liga dos Campeões.
Quase sem tempo de compensação dado pelo árbitro, num jogo que decorreu sem grandes paragens e em que o resultado não deixava margens para grandes dúvidas ou ajustes, o apito final confirmou o 6-0, com o Sporting a poder apontar baterias para o jogo com o Arsenal de Londres de terça-feira, ao mesmo tempo que o Amarante pôde cumprir o sonho de jogar num palco dos grandes do futebol português, um sonho para alguns dos seus jogadores que, independentemente do resultado, não conseguiram esconder as lágrimas pela emoção de terem chegado ali, fazendo-o na companhia de cerca de dois milhares de adeptos que viajaram desde Amarante até Lisboa para aplaudir os seus rapazes.










O Sporting ganhou bem, não deixou dúvidas quanto à justiça da goleada por 6-0, mas fê-lo perante um adversário francamente inferior em termos de qualidade que jogou ainda assim um futebol positivo, ajudando à festa da Taça de Portugal. Os leões conseguiram, com este desfecho, ser a primeira equipa apurada para os oitavos-de-final da Taça de Portugal.