Depois de uma primeira parte em que o Sporting jogou de igual para igual com o Dortmund e podia mesmo ter liderado o marcador, o Sporting apostou no segundo tempo na utilização de Viktor Gyokeres e Morita e, logo depois da entrada em campo destes dois jogadores, sofreu o primeiro de três golos que fizeram o resultado negativo para os leões no primeiro jogo do play-off de apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões da UEFA. O Sporting perdeu assim frente ao Borússia de Dortmund por 0-3 e terá comprometido o desfecho deste play-off já que será particularmente difícil para os leões, senão impossível, conseguir inverter este resultado no jogo da segunda mão a realizar na próxima semana em Dortmund.
Com Gyokeres muito longe do que já mostrou poder conseguir, com uma condição física aparentemente débil quando comparada com a que lhe permitiu ascender à condição de um dos avançados mais valiosos do futebol europeu, aparecendo agora bem distante das prestações que lhe permitiram ser apontado como um jogador de 100 milhões de euros, O avançado sueco dos leões, em mais de meia-hora em campo, não ganhou um duelo individual, foi batido em corrida por defesas mais lentos, e tudo isto enquanto o Sporting consentia três golos que terão ditado o desfecho deste play-off após a primeira mão disputada no Estádio de Alvalade. O técnico Rui Borges disse no final do jogo que o jogador precisa de ter minutos, mas o resultado prático dessa conquista de minutos para Gyokeres parece ser nulo ou mesmo negativo para a turma leonina.
E se Gyokeres mostrou estar muito distante da forma física que fez dele um jogador cobiçado por meia Europa do futebol, também o médio Morita mostrou estar ainda longe do seu melhor momento, uma situação que aliada ao facto de Hjulmand ter estado impedido de alinhar neste jogo, a cumprir castigo, resultou num Sporting com um meio-campo bem mais permissivo no segundo tempo e sem capacidade ofensiva.
Geovany Quenda voltou a ser um dos melhores elementos da turma leonina, Fresneda e Maxi Araújo procuraram remar contra a maré e, na linha média, enquanto houve “pernas”, Debast e João Simões foram segurando a turma germânica do Borússia de Dortmund. Só que depois das entradas de Gyokeres e Morita ao minuto 59, o Sporting perdeu força na frente e, ao mesmo tempo, entregou o meio-campo aos alemães. Estes, impondo um pouco mais de velocidade e subindo no terreno, acabaram naturalmente por ditar a sua lei no jogo, com Guirassy a surgir como o homem do jogo, ele que marcou o primeiro golo e fez a assistência para o segundo, aniquilando qualquer ambição do Sporting neste jogo e na eliminatória.
Sporting entrou bem no jogo mas
durou pouco mais de 20 minutos
Curiosamente, o Sporting até entrou bem no primeiro tempo, tendo mesmo conseguido enviar uma bola à trave da baliza do Dortmund. Com Matheus Reis na condição de lateral direito, Fresneda no outro lado da defesa e com Diomande e St. Juste no eixo como centrais, à frente do guarda-redes Rui Silva, o Sporting procurou entrar no jogo com um posicionamento alto no terreno, com Debast e João Simões no meio do terreno, aparecendo na linha mais adiantada Maxi Araújo, Trincão e Quenda com Harder como o elemento em posição mais ofensiva.
Já na turma do Dortmund, uma primeira linha de quatro defesas à frente do guarda-redes Kobel era formada por Svensson, Schlotterbeck, Can e Ryerson, surgindo depois uma linha de quatro elementos formada por Gittens e Adeyemi nas alas e Gross e Sabbitzer a jogarem por dentro, recuando nos momentos defensivos e aparecendo mais perto da defesa leonina quando o Dortmund procurava atacar. Na frente do conjunto alemão jogavam ainda Brandt e Guirassy.
A jogar claramente melhor e a dominar, o Sporting causou um “bruá” entre o público quando, aos quinze minutos, numa altura em que ganhava claramente o meio-campo, Maxi Araújo teve um remate em zona frontal à baliza do Dortmund enviando a bola à trave, num remate em que ficou à vista o primeiro golo dos leões neste jogo.
Só que depois dos primeiros vinte minutos, o jogo perdeu intensidade, o Sporting reduziu a velocidade de construção e a bola passou a rolar mais longe das balizas. Apesar disso, o jogo mantinha-se impulsionado pelo melhor jogo da turma leonina perante um adversário que não conseguia sequer visar a baliza de Rui Silva. Ao invés, o Sporting surgia perdulário no remate final frente ao guarda-redes Kobel que ia chegando para as encomendas.
Até ao final do primeiro tempo o Dortmund foi procurando aproveitar lances em velocidade para as costas da defesa do Sporting mas os leões mantiveram o nulo e as duas equipas recolheram aos balneários num jogo até então sem golos. Depois dos primeiros vinte minutos a dominar e a criar oportunidades, o Sporting baixou o ritmo e passou a defender muito bem perante um Dortmund que foi crescendo na fase final do primeiro tempo, ainda assim sem conseguir criar grandes oportunidades de perigo para as redes da baliza à guarda de Rui Silva.
Rui Silva ainda adiou
o resultado negativo
Para o segundo tempo as duas equipas começaram por manter os respectivos onzes, com o Sporting, a exemplo do que acontecera no arranque do jogo, voltou a entrar melhor na partida, procurando encostar o Dortmund à sua área de baliza. O certo é que o conjunto alemão conseguiu sacudir o jogo para o meio-campo contrário e ganhou mesmo alguns lances concluídos com pontapés de canto mas sem mais consequências. Ainda assim, sobre o minuto 55’, Adeyemi conseguiu visar a baliza do Sporting e Rui Silva brilhou com uma defesa sublime a manter o nulo, respondendo a preceito na primeira vez que o Dortmund teve realmente uma oportunidade de golo.
Viktor Gyokeres, o avançado leonino melhor marcador desta formação às ordens de Rui Borges, foi chamado entrar no jogo, algo que fez ao minuto 59 por troca com Conrad Harder, depois de uma exibição particularmente positiva do jovem dinamarquês pelo esforço que colocou em todos os lances em que participou. Só que um minuto depois, num lance em contragolpe, a bola foi cruzada a partir do lado direito para o interior da área do Sporting onde apareceu Guirassy a cabecear a preceito, tirando a bola do alcance de Rui Silva e colocando-a no fundo das redes para o primeiro golo do jogo e para o Dortmund.
Rui Borges voltava então a mexer na equipa, apostando nas entradas de Morita e Daniel Bragança para as saídas de Matheus Reis e João Simões. O Sporting estava agora em desvantagem e precisava de correr atrás do prejuízo, já com Gyokeres em campo e com um meio-campo reconstruído onde, ainda assim, era perceptível a falta que Hjulmand fazia no conjunto da turma de Alvalade. O Borússia de Dortmund apostava entretanto em Max Beier para o lugar de Gittens para um jogo que agora corria de feição para os alemães, em vantagem no marcador.
Mexidas de Rui Borges
resultaram mal para o Sporting
Rui Borges, que quanto a nós tinha falhado na aposta em Gyokeres, falhou também quando tirou Matheus Reis da posição de lateral-esquerdo, fazendo recuar Maxi Araújo, isto porque as incursões do Dortmund (e os golos) passaram a ser conseguidas exactamente pelo corredor direito do ataque da turma germânica. Isso mesmo aconteceu à passagem do minuto 68’, com o segundo golo do Dortmund, e uma vez mais na resposta a um cruzamento do lado direito, agora feito com a bola a sair rente à relva enviada por Guirassy, servindo Pascal Gross na área do Sporting que, à frente de Rui Silva, não perdoou e fez mesmo o segundo golo do jogo do Dortmund.
O Sporting, que até entrara bem no segundo tempo, ficava assim a perder por 0-2, com a formação alemã a conseguir um elevado nível de eficácia, com dois golos nos dois cruzamentos que bateu para a área dos leões. Rui Borges voltava a mexer na equipa, apostava agora em Eduardo Quaresma e Biel, o avançado contratado ao Bahia neste mercado de Inverno, que assim se pôde estrear ao serviço do Sporting, e retirava Debast e Fresneda, seguindo agora o Sporting na busca de um resultado mais positivo, perante um Dortmund que jogava agora de um modo mais confortável, a gerir o resultado e a vantagem para o jogo da segunda mão.
O Sporting não tinha agora capacidade de explosão no ataque, e mostrava-se permissivo no meio-campo, acabando o Dortmund por fazer o terceiro golo perante os mais de 41 mil espectadores nas bancadas de Alvalade. Ao minuto 82’, numa transição ofensiva em velocidade iniciada na grande área da turma germânica, depois de uma falta a favor do Sporting, Adeyemi recebeu a bola a meio-campo depois de um alívio de Schlotterbeck, combinou com Brandt, voltou a receber a bola e fez o terceiro golo do jogo, resolvendo porventura a eliminatória já que será preciso um milagre do Sporting para poder inverter o rumo deste play-off de apuramento aos oitavos-de-final da Champions.
Poucas opções
perante tantas lesões
Do lado do Dortmund ainda entraram no jogo Duranville e Chukwuemema, dois jovens que este ano estão a aparecer na turma alemã, numa altura em que o Sporting não tinha argumentos para contrariar o domínio do jogo e do marcador pelos homens às ordens do técnico Niko Kovac.
No Sporting, Gyokeres era um elemento a menos dentro das quatro linhas, como era também o médio Morita, dois jogadores que surgiram neste jogo claramente em inferioridade física, numa opção de Rui Borges no mínimo discutível, isto porque aos olhos dos adeptos, e sem mais explicações do Sporting, fica a ideia de que os (muitos) jogadores lesionados nem estão a conseguir recuperar os melhores índices físicos nem conseguem dar o melhor que sabem e podem à equipa do Sporting.
Depois de uma entrada no mercado de Inverno em que o Sporting se apresentou marcado por muitas lesões, e algumas aparentemente complicadas, ou pelo menos longas no modo como os jogadores surgem incapazes de dar o seu melhor à equipa leonina, o clube de Alvalade passou ao lado das possíveis contratações, recrutando apenas um guarda-redes e um extremo (Biel), deixando o técnico Rui Borges com poucas opções para “compor” a sua equipa. E se esta “vai dando” para as competições nacionais, fica claramente curta em jogos com outro nível como este embate com o Borússia de Dortmund.
O jogo desta terça-feira em Alvalade ainda teve mais quatro minutos dados pelo árbitro, acabando com o Sporting desfeito, com três elementos determinantes – Gyokeres, Morita e Bragança – a ganharem minutos mas sem a capacidade de ganhar jogos, uma formação leonina incapaz de responder à vitória do Dortmund em Alvalade, perfeitamente justificada por aquilo que os homens de amarelo fizeram na segunda metade do jogo sobre o relvado de Alvalade.
O Sporting até assinou uma boa primeira parte, mas a capacidade de resposta do Sporting esgotou-se muito cedo, acabando o jogo a perder por três golos e a sofrer para não consentir um quarto golo por equipa do Dortmund que acabou o jogo completamente por cima a dominar e a justificar a vitória.
O Sporting avança agora para o jogo do campeonato da I Liga já no próximo sábado, em Alvalade frente ao Arouca, viajando depois para a Alemanha onde jogará na quarta-feira, dia 18, de novo frente ao Dortmund, num jogo em que só um milagre poderá permitir que os leões prossigam para os oitavos da Champions.
texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis
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