Erros vários, um autogolo caricato, lesões pouco explicáveis, ansiedade em barda, uma expulsão irresponsável e pouca eficácia na finalização, tudo aconteceu ao Sporting no jogo deste sábado em Alvalade na recepção ao Arouca, um jogo em que as duas equipas terminaram empatadas a dois golos num jogo em que qualquer um dos conjuntos poderia ter somado os três pontos da vitória, acabando o Sporting por conseguir segurar um ponto num jogo em que esteve à beira de deixar seguir os três pontos da vitória para o Arouca.
Tendo entrado em campo para este jogo em Alvalade depois de ter já conhecimento da vitória do Benfica nos Açores, frente ao Santa Clara, a equipa leonina sabia que só a vitória interessava para manter as águias a uma distância de quatro pontos na corrida pelo título. Porém, o Santa Clara, que nunca se remeteu a um jogo meramente defensivo no seu meio-campo, revelou-se um adversário particularmente ousado e complicado, acabando por garantir com mérito um empate, num jogo em que esteve à beira de poder vencer.
Rui Borges escalou um “onze” com Rui Silva na baliza, Fresneda, St. Juste, Gonçalo Inácio e Maxi Araújo na linha defensiva, ainda João Simões e Morten Hjulmand no meio-campo, aparecendo Trincão, Daniel Bragança e Geovany Quenda nas costa de Viktor Gyökeres, agora regressado à titularidade na equipa do Sporting. Por seu turno, Vasco Seabra apostou para este jogo em Mantl entre os postes, Tiago Esgaio, Jose Fontán, Chico Lamba e Weverson, também David Simão e Fukui à frente da defesa, jogando depois Trezza, Sylla e Pablo Gonzálbez com Henrique Araújo como o homem mais adiantado da turma beirã.








No arranque de um jogo em que tudo começou por acontecer ao Sporting, o Arouca chegou à vantagem logo aos oito minutos, com o golo mais caricato da época, marcado na própria baliza pelo guarda-redes Rui Silva. O defesa central neerlandês do Sporting, St. Juste, fez um atraso de bola desde o meio-campo para o guarda-redes, a bola descreveu um arco, tendo chegado até junto do guarda-redes quando este tinha tempo para tudo, mas Rui Silva acabou por tentar controlar a bola com um toque de calcanhar que atirou a bola para o fundo das redes, para espanto geral de todos os que acompanhavam este jogo nas bancadas do Estádio de Alvalade.
Autogolo de Rui Silva e lesões de St.Juste
e Bragança… tudo em apenas seis minutos!
Estava assim dado início a um jogo particularmente complicado para os leões, frente a um adversário que chegou ao relvado de Alvalade num bom momento, impulsionado pelo seu treinador Vasco Seabra que, desde que entrou, tem conseguido uma boa prestação para o conjunto beirão.
E se o autogolo de Rui Silva surgia como o primeiro percalço para o Sporting, o segundo aconteceu logo a seguir, isto porque aos 11 minutos uma lesão obrigou St. Juste a abandonar as quatro linhas, ele que na prática começou a acusar a lesão logo nos primeiros minutos e deu indicações de não poder prosseguir em jogo pouco depois, dando o seu lugar a Zeno Debast. Três minutos depois, outra lesão para o conjunto leonino, agora de Daniel Bragança, ele que saiu do relvado amparado por dois elementos da equipa técnica do Sporting, dando o seu lugar a Conrad Harder, num início de jogo inteiramente azarado para os comandados de Rui Borges, frente a um Arouca que procurava subir no terreno sempre que possível, pressionando um guarda-redes que começou este jogo particularmente nervoso, ainda mais depois do golo em que ele próprio colocou a sua equipa em desvantagem.










O Sporting precisava de se reencontrar dentro das quatro linhas, ganhar alguma tranquilidade, e para isso terá sido determinante o que se passou ao minuto 17’, o golo do empate para o Sporting, apontado por Conrad Harder depois de uma assistência de Gyokeres, por esta altura os dois homens mais adiantados da turma leonina.
Gyokeres recebeu a bola na faixa central, serviu Harder que entrava na área pelo lado direito e, a partir daí, o jovem avançado dinamarquês rematou cruzado, levando a bola a passar à frente do guarda-redes Mantl para entrar na baliza do Arouca junto ao poste contrário.
O jogo prosseguiu sempre muito disputado, com o Sporting a ter mais posse de bola mas a encontrar pela frente um Arouca que nunca baixou os braços, e à passagem do minuto 40’ o Arouca voltava a impor o silêncio em Alvalade, num lance em que a bola beijou a trave da baliza de Rui Silva, acabando por ficar à vista o segundo golo do conjunto visitante que só viria um pouco mais tarde.
Erros de Hjulmand deram um golo ao Arouca
e deixaram o Sporting a jogar com 10











Foi mesmo preciso esperar mais alguns minutos para que, já na compensação do primeiro tempo, depois do árbitro ter dado mais seis minutos, um lance dentro área do Sporting acabasse por permitir nova mudança no resultado. Primeiro foi João Simões a tocar na bola com a mão, num lance em que o árbitro considerou meramente casual, mas pouco depois um agarrão de Morten Hjulmand sobre Henrique Araújo teve mesmo consequências. O árbitro Miguel Nogueira começou por deixar passar, aparentemente por não se ter apercebido, mas, alertado pelo VAR Fábio Melo, veio a dar a indicação de que o capitão leonino fez mesmo a falta e assinalou o castigo máximo. Chamado a converter a grande penalidade, o mesmo Henrique Araújo rematou a meia altura, colocando de novo o Arouca em vantagem no cair do pano do primeiro tempo deste jogo em Alvalade.
Para o segundo tempo, e depois de uma entrada mais assertiva por parte do Sporting, que procurou encostar o Arouca à sua zona defensiva, a verdade é que foi o conjunto visitante a criar as melhores oportunidades de golo, obrigando Rui Silva a responder por duas vezes com excelentes defesas a remates desferidos do meio da rua, com potência e direção, pelos avançados arouquenses.
Entretanto, e como que para complicar ainda mais o jogo leonino, Hjulmand, que já tinha visto um primeiro cartão amarelo no final do primeiro tempo no lance da grande penalidade para o Arouca, voltou a ver novo amarelo, ao minuto 62’, depois de ter atingido com o cotovelo o rosto de Taichi Fukui, agora no meio-campo defensivo do Sporting, ficando a turma de Alvalade reduzida a 10 unidades e com a obrigação de correr atrás do resultado por esta altura negativo para as pretensões da turma campeã nacional.








Harder tentava remar contra a maré
mas era o Arouca a ser mais assertivo
Ao minuto 75’, num lance de grande qualidade de Conrad Harder, sem dúvida o melhor elemento do Sporting nesta partida, em que o dinamarquês levou a bola até à linha de fundo, fazendo um passe atrasado para a entrada da área, apareceu Francisco Trincão a rematar a preceito para o segundo golo leonino, repondo a igualdade em Alvalade num jogo que estava tudo menos a correr bem para as pretensões da equipa da casa.
Com o golo de Trincão, os adeptos em Alvalade ganharam outra confiança e a equipa de Rui Borges voltou a acreditar que seria possível virar o resultado, mesmo encontrando-se em desvantagem numérica depois da expulsão de Hjulmand. Só que o Arouca também não desarmava, protagonizando sempre bons lances ofensivos, quase sempre com perigo para a baliza de Rui Silva, ele que precisou sempre de ter em atenção os remates certeiros de longe, e com alguma potência, dos homens da formação beirã.
O jogo apresentava-se agora empatado no marcador, à entrada dos últimos 10 minutos, com os 39.258 espectadores nas bancadas a procurarem equilibrar o desequilíbrio numérico dentro do relvado depois da expulsão de Morten Hjulmand.








Já nos minutos de compensação dados pelo árbitro na fase final da partida, o jogo poderia ter perfeitamente “caído” para qualquer uma das equipas, nomeadamente para o Sporting, quando Conrad Harder deu um toque de calcanhar que fez a bola passar rente ao poste esquerdo da baliza do Arouca, e depois num lance em que o mesmo Harder fez um cruzamento para o que poderia ser um cabeceamento vitorioso de Gyokeres, ele que está ainda muito distante do que sabe e pode, e falhou o que parecia um golo garantido.
Na resposta, o Arouca conseguiu colocar dois homens isolados em frente a Rui Silva, aos 90’+04′. Brian Mansilla foi ultrapassando os defesas do Sporting, ganhando consecutivos ressaltos, e já dentro da área leonina, apenas com Rui Silva pela frente, encontrou o seu companheiro de equipa Jason Remeseiro, com os dois a atrapalharem-se mutuamente, acabando este último por tentar enviar a bola para o fundo da baliza do Sporting sem conseguir bater o guardião leonino.
Em dois jogos o Sporting perdeu quatro pontos
na vantagem para o Benfica na luta pela I Liga











O jogo acabou pouco depois, com as duas equipas a empatarem a partida (2-2), num jogo emotivo e com muitas oportunidades de golo, concluído com um prémio para o Arouca que conseguiu pontuar no terreno de um adversário de outro campeonato, o Sporting, tendo este sido incapaz de confirmar o favoritismo com que partiu para este embate da 22ª jornada do campeonato da I Liga.
Nota para o bom jogo colectivo dos dois conjuntos, nomeadamente do Arouca que se revelou sempre assertivo e ousado mesmo perante um adversário teoricamente superior, havendo que deixar uma referência, no Sporting, para o dinamarquês Conrad Harder, ele que nem sequer foi titular, entrou por força da lesão de Daniel Bragança ao minuto 14′, tendo a partir daí sido um constante inconformado, assinando um golo e uma assistência, tendo falhado por pouco o terceiro golo dos leões.
O Sporting, agora com o Benfica mais próximo na corrida pelo título, a apenas dois pontos de distância, avança agora para o embate na próxima quarta-feira com a AS Roma, em Itália, onde terá a difícil senão impossível tarefa de virar um resultado negativo de 0-3 averbado na última terça-feira em Alvalade, no playoff de apuramento para os oitavos de final da Champions League da UEFA. Depois disso, regressarão os leões ao futebol doméstico, com um jogo em casa do AVS.





Já o Arouca, que com este jogo passou a somar 24 pontos, encontrando-se na 12ª posição da I Liga, irá receber no próximo fim-de-semana a turma do Farense que neste momento ocupa um dos lugares de despromoção do campeonato luso da I Liga.