Com algum sofrimento, perante um adversário bem organizado que, na segunda parte, e depois de ter marcado o seu golo, acabou por vender cara a derrota, o Benfica conseguiu ainda assim vencer este sábado a turma do Estoril Praia, por 1-2, no relvado do Estádio António Coimbra da Mota, na Amoreira, garantindo assim a liderança do campeonato da I Liga ainda que à condição, pelo menos até ao desfecho do embate agendado para amanhã entre Sporting e Gil Vicente. Depois deste triunfo, o Benfica poderá agora concentrar atenções no dérbi do próximo fim-de-semana, o jogo sem dúvida decisivo ao colocar frente a frente os maiores rivais do futebol português, Benfica e Sporting, e que terá o aliciante acrescido de poder permitir a atribuição de mais um título nacional. Uma vitória dos leões perante a turma de Barcelos, amanhã, colocará águias e leões em igualdade pontual, devendo ser esse o cenário para o “dérbi eterno” agendado para as 18 horas do próximo sábado.
Independentemente do que acontecer amanhã no embate entre Sporting e Gil Vicente, o Benfica tinha que vencer este jogo com o Estoril Praia para poder apresentar-se nas melhores condições frente ao seu eterno rival, o Sporting, na discussão do título da temporada de 2024-2025. Sendo certo que o Benfica foi quase sempre superior à turma canarinha, principalmente durante a primeira parte, quando o onze estorilista foi totalmente inofensivo, a verdade é que no segundo tempo, e principalmente depois de ter feito o seu golo, fruto de alguma apatia do Benfica na etapa complementar, o Estoril Praia mostrou outra faceta. Reentrou na discussão da partida, obrigou o Benfica a sofrer para conseguir somar os três pontos, num jogo bem disputado, e provocou certamente alguns picos de ansiedade junto dos adeptos benfiquistas, que terão ainda roído as unhas perante a incerteza do resultado nos últimos minutos da partida, quando um hipotético golo da equipa da casa deitaria a perder a conquista dos três pontos por parte dos comandados de Bruno Lage.










À partida para este jogo, e enquanto o técnico do Estoril, Ian Cathro, mudava apenas duas pedras, referentes aos dois jogadores impedidos de alinhar por castigo — Pedro Carvalho substituiu Wagner Pina no corredor direito, enquanto Jandro Orellana foi chamado para o lugar de Jordan Holsgrove —, Bruno Lage apostava na gestão do seu plantel visando o jogo do próximo fim de semana, frente ao Sporting, deixando de fora o argentino Di Maria e apostando num onze com Amdouni na frente pelo lado direito. Trubin foi o guarda-redes, a defesa foi formada por Tomás Araújo, Nicolás Otamendi, António Silva e Samuel Dahl, ainda o habitual trio do meio-campo com Florentino Luís, Fredrik Aursnes e Orkun Kökçü, aparecendo na frente Zeki Amdouni e Akturkoglu no apoio a Vangelis Pavlidis.
Superioridade do Benfica no primeiro tempo
foi insuficiente para os encarnados “fecharem” o jogo
Como seria de esperar, o Benfica começou a pressionar sobre o meio-campo defensivo dos canarinhos logo desde o primeiro minuto. Aos cinco minutos, Aursnes, lançado numa jogada de transição, apareceu isolado em frente a Joel Robles, obrigando este a desviar para a linha de fundo, permitindo um pontapé de canto que não teve consequências. Foi por isso necessário esperar mais dois minutos para que o mesmo Aursnes, lançado por Kokçu a partir do corredor esquerdo, aparecesse isolado em frente a Joel Robles para inaugurar a contagem com o primeiro golo para os encarnados.
O Benfica entrava melhor na partida, justificava a vantagem e continuava em busca do golo, agora para dilatar a vantagem sobre um Estoril que, mesmo em desvantagem, foi procurando pausar o jogo e, com isso, retirar iniciativa à turma visitante. À passagem do minuto 27’ o grego Pavlidis viu um cartão amarelo depois de uma queda em zona frontal à grande-área do Estoril, num lance em que o árbitro João Gonçalves considerou ter existido simulação por parte do avançado dos encarnados. A partir dali o grego do Benfica sabia que não poderia facilitar, isto porque um segundo amarelo não só deixaria o Benfica com menos um elemento frente ao Estoril Praia, como o impediria de alinhar no próximo sábado frente ao Sporting.











Tornava-se evidente, até pela velocidade que imprimiu sempre no jogo, que o Benfica queria resolver este jogo bem cedo. Todavia, foi preciso esperar pelo minuto 35 para, a partir de um pontapé livre batido do lado direito do ataque por Samuel Dahl, aparecer Nicola Otamendi a fazer o segundo golo, no limite do fora-de-jogo, batendo o seu sétimo golo na presente época e fazendo o seu melhor registo com a camisola do Benfica. A partir dali e até ao intervalo iria manter-se a vantagem de dois golos para o Benfica, num jogo em que Anatoliy Trubin prosseguiu como mero espectador, com a bola quase em permanência no meio-campo defensivo do Estoril Praia.
A história do segundo tempo, porém, tendo começado em tudo idêntica ao que havia sido a marcha dos primeiros 45 minutos, acabou por se alterar, fruto de um jogo menos conseguido do Benfica, mas também de um melhor acerto por parte dos homens do Estoril Praia. Com os mesmos onzes para o segundo tempo, as duas equipas começaram por apresentar o mesmo registo, com o Benfica a dominar e a ter mais posse de bola perto da baliza de Robles, frente a um Estoril Praia que raramente conseguia descer até junto de Trubin. Bruno Lage colocou cinco elementos a aquecer — Leandro Barreiro, Bruma, Belloti, Tiago Gouveia e Schjelderup —, acabando por fazer a primeira alteração na formação benfiquista à volta do minuto 55’, quando Amdouni sentiu um problema físico que o obrigou a ficar deitado no relvado, de onde saiu apenas com o apoio da equipa médica. Lage determinou então a entrada de Schjelderup, dando indicações a Di Maria para que passasse o argentino a ser o quinto elemento na área dos exercícios de aquecimento.
Otamendi fez penálti que o árbitro
assinalou sem quaisquer dúvidas
Aos 60 minutos, e depois de uma entrada mais ríspida sobre Florentino, Jandro Orellana viu o cartão amarelo, o primeiro para a formação do Estoril Praia neste jogo. Quem se aleijou neste lance acabou no entanto por ser o jogador do Estoril Praia, que deu o seu lugar a Tiago Brito, e no lance em que se retomou a partida, naquela que foi uma das poucas descidas dos canarinhos até junto da baliza do Benfica, Begraoui foi tocado no pé esquerdo por Otamendi, já claramente dentro da grande-área, levando o árbitro João Gonçalves a apontar de imediato para a marca da grande penalidade sem precisar sequer da indicação do VAR.










Surgia assim ao minuto 66′ um castigo máximo bem assinalado e favorável ao conjunto estorilista, penálti que o mesmo Begraoui se encarregou de bater. Só que, na transformação da grande penalidade, o avançado do Estoril não conseguiu iludir Trubin, acabando este por defender o remate do avançado canarinho. A bola ressaltou para a frente do guarda-redes, a recarga surgiu por parte de um homem do Estoril Praia, mas a bola subiu até bater na trave, saindo pela linha de fundo, perdendo o Estoril uma oportunidade soberana para reentrar logo ali no jogo.
Naquela que foi praticamente até então a única oportunidade criada pela equipa da casa, o Estoril desperdiçava uma grande penalidade, mantendo-se o Benfica a jogar perto da baliza da equipa da casa, isto quando os adeptos já pediam a Bruno Lage maior celeridade na troca de elementos, nomeadamente de Pavlidis que tinha um cartão amarelo desde o minuto 27’ correndo afinal o risco de ver um segundo amarelo e ficar impedido de alinhar no jogo do título frente ao Sporting, no próximo fim-de-semana. Era evidente que o Benfica estava a perder gás, mas Lage demorava a reagir, começando o Estoril Praia a conseguir ter mais posse de bola e jogar mais próximo da área de baliza dos encarnados.
Quem acabou por mexer primeiro na sua equipa foi o técnico estorilista Ian Cathro, tirando Begraoui, o homem que havia falhado a grande penalidade, e André Laximicant, determinando as entradas de Alejandro Marqués e Rafik Guitane, vindo a ser este o jogador que deu outro rumo ao jogo estorilista, afirmando-se como o patrão do meio-campo da equipa da casa.








Estoril Praia marcou, assustou,
mas não conseguiu mais do que isso
O Estoril Praia, que já antes estivera perto do golo com a grande-penalidade que desperdiçou, acreditou finalmente que poderia causar danos no sector recuado do Benfica, e agora com maior frescura física tirou mesmo o melhor partido das alterações impostas por Ian Cathro, chegando o Estoril Praia ao golo na baliza de Trubin, à passagem do minuto 78′, com um golo obtido por Zanocelo. Rafik Guitane fez a assistência com um passe recuado, e Zanocelo apareceu a saltar mais alto a cabecear para o golo, permitindo ao Estoril Praia reentrar no jogo, aproveitando até alguma intranquilidade que os jogadores do Benfica não conseguiram esconder.
Num recinto rodeado por 5026 espectadores, com uma enorme maioria formada por adeptos do Benfica, os pupilos de Bruno Lage eram agora “empurrados” também a partir das bancadas, de onde se exigiu alguma reacção por parte de Bruno Lage junto da equipa. Acabaram assim por ser chamados ao jogo Belotti e Leandro Barreiro, para os lugares de Pavlidis e Arkturkoglu, à passagem do minuto 79′, logo depois do golo estorilista, naquelas que acabaram por ser as únicas mudanças na formação benfiquista. Sobre o minuto 85′ ficou, quanto a nós, uma grande penalidade por assinalar depois de uma carga sobre Belotti, dentro da pequena-área do Estoril Praia, acabando o jogo por terminar com a vantagem tangencial do Benfica a permitir ainda assim aos encarnados somar os três pontos desejados.










Já o Estoril Praia, numa posição perfeitamente tranquila na tabela classificativa, perdeu este jogo com o Benfica mas saiu das quatro linhas de cabeça erguida, consciente de que esteve à beira de causar um problema maior para o Benfica, fruto do melhor futebol praticado pelos canarinhos na etapa complementar, mas também do jogo menos esclarecido que os encarnados apresentaram na fase final do jogo, nomeadamente depois da grande penalidade defendida por Trubin ao minuto 76′.
Ficam desde já os olhos postos na próxima jornada, com a possível decisão do campeonato da I Liga agendada para sábado, às 18 horas, isto quando o Benfica receber o Sporting no Estádio da Luz, no “Dérbi Eterno” em que tudo poderá ser decidido… ou nem por isso caso nenhuma das equipas se consiga superiorizar-se, ficando nesse caso a decisão do campeonato adiada por mais uma semana, um cenário que, sendo possível, é encarado por muito pouco provável por adeptos do Benfica e do Sporting, ambos a puxarem pelas suas cores.






