SLB 1-1 SCP 3716

Empate no “Dérbi do Século” adia decisão do título entre Benfica e Sporting

No jogo do ano, por muitos classificado por “dérbi do século” entre Benfica e Sporting e que poderia ter decidido a atribuição do título de campeão nacional para a presente época de 2024-2025, o empate registado no final (1-1) só adiou a decisão da época para a última jornada, ficando o Sporting “com uma mão” no troféu de campeão, dependendo apenas de si mesmo depois de um jogo em que o Benfica deu meio tempo “de avanço”, consentiu um primeiro golo muito cedo e só no segundo tempo conseguiu equilibrar a partida.

Hjulmand foi claramente o homem do jogo na equipa do Sporting, assumindo-se como um verdadeiro capitão dentro das quatro linhas tendo do outro lado um adversário que, impulsionado por cerca de 60 mil adeptos nas bancadas do Estádio da Luz, conseguiu empatar graças a uma jogada magistral de Pavlidis, ele que deu o golo do empate convertido por Akturkoglu, e que poderia, o próprio Pavlidis, ter feito o golo do triunfo quando enviou uma bola à base do poste da baliza de Rui Silva.

À partida para este jogo, o Benfica apresentou o seu “onze” mais esperado, curiosamente com os jogadores mais utilizados por Bruno Lage ao longo da época. Di Maria, que poderá ter feito o seu último jogo no Estádio da Luz, entrou para este dérbi eterno como o 11º jogador mais utilizado, aparecendo nesse “ranking” dos jogadores como o 12º elemento com mais tempo presente na equipa dos encarnados o lateral Bah, agora lesionado. Trubin foi assim, sem surpresas, o guarda-redes, com a linha defensiva formada por Tomás Araújo, Otamendi, António Silva e Carreras, a linha média com Florentino, Aursnes e Kokçu, aparecendo na frente Di Maria e Akturkoglu no apoio ao ponta-de-lança Vangelis Pavlidis.

Já do lado do Sporting, as dúvidas à partida para este jogo eram maiores, incidindo na forma como o técnico Rui Borges iria colocar o meio-campo e os jogadores nos corredores laterais. Rui Silva surgiu assim no seu lugar de guarda-redes, um trio de centrais formado por Gonçalo Inácio, o regressado Diomandé e Eduardo Quaresma, ainda Maxi Araújo e Geny Catamo nos corredores laterais, Hjulmand e Debast no “miolo”, aparecendo na frente Trincão e Pedro Gonçalves no apoio a Gyokeres, tudo isto para um jogo às ordens do árbitro João Pinheiro, com André Narciso na condição de VAR a partir da Cidade do Futebol.

Antes mesmo do apito do árbitro para o início oficial da partida, e enquanto a águia Vitória sobrevoava o relvado, o brasileiro Jonas, antiga glória dos encarnados, era saudado por mais de cinquenta mil adeptos entretanto já presentes nas bancadas, num jogo que chamou ao Estádio da Luz, de acordo com os números oficiais, 63.478 espectadores. Aliás, e por falar em presença nas bancadas, referência para o facto de Rui Costa e Frederico Varandas, os presidentes de Benfica e Sporting, terem acompanhado este que foi desde o início tido como o “dérbi do século” ambos a partir da tribuna presidencial, deixando um sinal de pacificação para bem do futebol português.

Sporting marca cedo
por Francisco Trincão

Iniciado o jogo, e tendo o Benfica procurado um primeiro ataque, a verdade é que não se verificou a pressão por parte dos encarnados que se esperaria por parte da equipa que jogava em casa e com o apoio dos seus adeptos. Ao invés, o Benfica surgiu mais lento, permitindo para o conjunto leonino a iniciativa do jogo, com este a chagar bem cedo ao primeiro golo do jogo, logo ao quarto minuto, apontado por Francisco Trincão. Gyokeres desceu pelo corredor esquerdo, fez o passe para a entrada de Trincão que, pelo meio e sem qualquer marcação por parte de uma defesa que se mostrou sempre demasiado preocupada em tapar os caminhos a Gyokeres, apareceu Trincão a rematar à entrada da área, levando a bola a parar no fundo da baliza de Trubin.

Estava aberta a contagem num jogo em que o Benfica tinha agora que inverter o resultado. Os adeptos benquistas reagiram com um apoio acrescido à sua equipa, mas a verdade é que os comandados de Bruno Lage incorreram em demasiados erros, fazendo todo o seu jogo passar por Di Maria, ele que esteve muitos furos abaixo do que dele se esperaria, e que obrigou a alguns posicionamentos peculiares por parte de outros elementos da equipa de Bruno Lage. Entre estes esteve Aursnes, ele que surgiu várias vezes como um falso extremo, ficando evidente o seu desconforto com aquela posição, mesmo feita por parte de um jogador conhecido pela sua disponibilidade para alinhar em qualquer lugar no terreno.

Três minutos depois do golo do Sporting, Di Maria procurou responder à vantagem leonina, armando um remate de fora da área que levou a bola a passar muito perto dos ferros da baliza de Rui Silva. Contudo, ficou evidente que o Benfica acusava o golo sofrido, observando-se na equipa das águias, durante algum tempo, algumas dificuldades na construção de jogo ofensivo com eficácia. À passagem do primeiro quarto de hora Otamendi viu o cartão amarelo depois de uma falta cometida sobre Geny Catamo, ficando a partir daí mais condicionado no eixo da defesa, permitindo um pontapé livre que quase dava o segundo golo para os leões.

Erros de árbitro e do VAR
influenciaram o resultado

O jogo estava agora aparentemente controlado pelo Sporting, perante um Benfica que tardava a reentrar no jogo. Num lance ofensivo para os leões, Otamendi embrulha-se com Pedro Gonçalves, com um toque na coxa que deveria ter dado origem a um livre direto – a falta aconteceu ainda fora da área –, tendo ficado por exibir um segundo cartão amarelo que daria o vermelho para Otamendi, o que deixaria o Benfica bem cedo reduzido a 10 unidades.

A verdade é que João Pinheiro não assinalou qualquer falta, o VAR também não poderia ter chamado o árbitro porque o lance ocorre fora da área e estava em causa um cartão amarelo e não vermelho, e o jogo prosseguiu sem outras incidências que não um cartão amarelo a um elemento do banco do Sporting por protestos. Logo a seguir foi Hjulmand que viu o cartão amarelo, ele que impediu a marcação de um pontapé livre para o Benfica a meio do meio-campo defensivo verde e branco. Refira-se que este cartão amarelo impede a presença do médio leonino no jogo da última jornada em Alvalade frente ao Vitória de Guimarães.

Pouco depois, ao minuto 25’, ficou por assinalar uma grande penalidade claríssima contra o Sporting, num lance em que Debast empurrou Otamendi, alheando-se da bola e colocando as duas mãos no peito do argentino, atirando-o por terra e impedindo que este saltasse à bola dentro da área leonina, na sequência de um pontapé de canto do lado esquerdo batido por Di Maria. João Pinheiro não assinalou a carga sobre Otamendi e, porventura mais grave, o VAR André Narciso também nada disse, quando ficou evidente nas repetições da transmissão televisiva a existência de uma falta clara de Debast passível de dar origem a um castigo máximo. Os responsáveis do Benfica protestaram este lance e quem viu o cartão amarelo foi o adjunto dos encarnados, Luís Nascimento, o irmão de Bruno Lage que já antes tinha visto um primeiro cartão amarelo e acabou assim por ver o vermelho e recolher aos balneários.

A fase final do primeiro tempo foi marcada por algum equilíbrio, com o Benfica a conseguir jogar mais tempo sobre o meio-campo defensivo do Sporting que, de forma calculista, passava a descer até à baliza contrária apenas pela certa e com lances em privilegiava a posse de bola, colocando pressão sobre a equipa do Benfica. O tempo passava a favor dos leões, conscientes de que estavam na frente do marcador num jogo em que o empate servia para as pretensões leoninas neste dérbi do século. O Benfica, que ao longo da época mostrou preferir sempre jogar em transição, era agora obrigado a pressionar o adversário de uma forma continuada, sentido-se claramente mais desconfortável.

Acabaria aliás por ser o Sporting a colocar a bola no fundo da baliza de Trubin, um golo ao minuto 38′ que João Pinheiro anulou apontando uma falta de Gyokeres sobre António Silva na origem do lance dos leões. O Benfica continuava a ser demasiado dependente de Di Maria e este teimava em não conseguir dar continuidade ao jogo ofensivo dos encarnados, perdendo o Benfica na qualidade do seu jogo. O jogo chegou assim ao intervalo com a vantagem do Sporting, fruto do golo de Trincão, permitindo aos leões saírem para os balneários a 45 minutos de distância do bicampeonato.

Di Maria saiu ao intervalo
após uma primeira parte falhada

O Sporting cumpriu a primeira metade da partida com um jogo muito mais solto e objectivo, a sair da pressão, jogando com um futebol dirigido para Viktor Gyokeres, deixando Pedro Gonçalves e Trincão a aparecerem mais soltos em zonas de perigo para os encarnados. Já do lado do Benfica, a jogar de forma exclusiva para Di Maria, para que este comandasse o jogo da equipa das águias, obrigou quase sempre Aursnes a aparecer como um falso extremo direito, numa posição em que não se sentiu confortável pelo menos ao longo da primeira metade da partida. O Sporting justificava assim plenamente a vantagem no primeiro tempo, com um jogo mais objectivo, porventura mais tranquilo mas com a lição muito melhor estudada. Ficava ainda assim o registo de dois lances polémicos, com decisões erradas da equipa de arbitragem acompanhadas da apatia do VAR que não deu conta sequer de estar a acompanhar o jogo.

Ao intervalo o Benfica tinha que mudar o rumo do jogo e a surpresa começou a desenhar-se quando Schjelderup apareceu a realizar exercícios de aquecimento, ficando claro que iria ser aposta de Lage para o segundo tempo. A surpresa tornou-se maior ainda quando ficou confirmado que o jogador a sair na equipa do Benfica seria o argentino Di Maria, o que levou Bruno Lage a assumiu um novo guião para o jogo, agora com Schjelderup no lado esquerdo do ataque, fazendo rodar Akturkoglu para o lado direito e mantendo-se Pavlidis como o homem mais adiantado dos encarnados. Aursnes surgia agora mais por dentro e Di Maria, que tinha surgido de início como o “joker” do jogo benfiquista, ficou no balneário, para um segundo tempo em que o Benfica precisava de dar a volta ao resultado por esta altura desfavorável aos encarnados.

Sem Di Maria, o jogo do Benfica era agora mais colectivo, nomeadamente no sector ofensivo onde deixou de haver um caminho único da bola passando a surgir vários intervenientes. A resposta de Rui Borges para a equipa do Sporting surgiu à passagem do minuto 60′, quando fez entrar Morita por troca com Debast, uma alteração que deu a ideia de estar já previamente prevista no plano do jogo do treinador leonino, mas que não resultou da melhor forma para as pretensões a turma visitante.

Lance genial de Pavlidis
permitiu o empate para o Benfica

Pouco depois do Sporting mexer na sua equipa, ao minuto 62′, o Benfica fez o golo da igualdade, com Akturkoglu a encostar a bola para dentro da baliza de Rui Silva depois de um lance magistral do grego Vangelis Pavlidis. A entrar pelo lado esquerdo da área de baliza do Sporting, Pavlidis conseguiu ultrapassar cinco adversários, entre eles o recém-entrado Morita, e já na pequena-área serviu na perfeição Akturkoglu que não se fez rogado e confirmou o golo do empate.

O jogo registava agora um empate, um resultado que era ainda assim favorável aos leões que ficaria a depender de si mesmo para o desfecho do campeonato. Rui Borges tirava do jogo Pedro Gonçalves para dar o lugar a Quenda à passagem do minuto 70′, Bruno Lage respondia com a troca de Tomás Araújo por Belotti, e era agora o Benfica que dominava, assumindo o jogo e criando as principais oportunidades para desfazer a igualdade. Isso mesmo aconteceu aos 76’ minutos, quando o italiano Belotti assinou um excelente lance ofensivo, assistindo Pavlidis que, de primeira, rematou com força enviando a bola à base do poste esquerdo da baliza à guarda de Rui Silva. Acabaria ainda assim este por ser o momento em que o Benfica esteve mais perto de desfazer a igualdade.

No último quarto de hora o jogo decorreu com o Benfica no ataque, empurrado pelos adeptos a partir das bancadas, mas o marcador, esse, manteve-se inalterado, com o empate a um golo a servir os interesses do Sporting. O Benfica impunha o seu jogo na fase final perante um Sporting que simplesmente abdicou de lances ofensivos, Rui Borges reforçou o sector mais recuado da sua equipa com as entradas de St. Juste e Matheus Reis, por troca com Eduardo Quaresma e Maxi Araújo, fazendo entrar também Conrad Harder para o lugar de Trincão.

Do lado do Benfica, Bruno Lage respondia com as entradas de Dahl e Bruma por troca com Carreras e Akturkoglu, mas em termos práticos nada mudaria até ao apito final de João Pinheiro, o árbitro da partida que já depois de ter dado por concluída a partida ainda mostrou o cartão vermelho direto a Ricardo Esgaio, do Sporting.

Apito final, um cartão vermelho para o Sporting
e um adepto encarnado em busca do árbitro

João Pinheiro e os seus auxiliares acabaram por sair das quatro linhas escoltados por três agentes das forças de segurança, e já depois de terem sido confrontados por um adepto que, vestido com uma camisola do Benfica, invadiu o relvado e tentou chegar à beira de João Pinheiro, algo que foi evitado pelo benfiquista Kokçu. O adepto foi retirado do relvado pelos stewards e a equipa de arbitragem saiu acompanhada pela polícia e debaixo de uma enorme vaia a partir das bancadas. O resultado acaba assim por se ajustar ao que se passou dentro das quatro linhas, ficando ainda assim registada as falhas clamorosas da equipa de arbitragem, primeiro quando não assinalou a falta de Otamendi sobre Pedro Gonçalves, e depois quando o VAR ignorou o empurrão de Debast ao mesmo Otamendi num lance que teria que permitir o assinalar de um castigo máximo.

O Benfica irá agora disputar a última jornada em Braga, jogando contra o conjunto arsenalista ao mesmo tempo que o Sporting irá jogar, em Alvalade, frente ao Vitória de Guimarães, as duas partidas que irão permitir a decisão final sobre quem irá celebrar o título referente à temporada de 2024-2025. O empate favorece o conjunto leonino, que só depende de si mesmo, o que explica a enorme festa que os adeptos sportinguistas fizeram já depois do jogo na Luz, recebendo o autocarro com o plantel do clube com fogo de artifício e grandes festejos. Ainda assim, haverá que esperar pelo desfecho dos jogos do próximo sábado para saber quem irá erguer o troféu de Campeão Nacional. Depois, no fim-de-semana seguinte, as mesmas equipas terão que se defrontar no Estádio Nacional, no Jamor, na Final da Taça de Portugal, jogo que permitirá o final desta época futebolística sem dúvida emotiva até ao último minuto.

texto: Jorge Reis
fotos: Diogo Faria Reis e Luís Moreira Duarte

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